Olá, meu nome é Vagner Barreto. Este blog compõe uma das etapas da disciplina Teoria II do Mestrado em Antropologia, na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), ministrada pelas professoras Claudia Turra-Magni e Patrícia Pinheiro. Os posts podem ser lidos em ordens diversas e abrem links para postagens e temas relacionados. Amplia, assim, as possibilidades de leituras e de ângulos sobre minha pesquisa em festas raves.
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Jamais fomos modernos
Bruno Latour, antropólogo francês, possui, em sua formação, uma graduação em filosofia, como é comum na tradição antropológica francesa, marcada pela erudição de seus autores, como Marcel Mauss e Claude Lévi-Strauss.
Em Jamais fomos modernos, o autor cita alguns dos marcos do período histórico em que a obra foi pensada - especialmente a queda do muro de Berlim e o fim da Guerra Fria.
Neste contexto, encerra-se uma possibilidade socialista, ao mesmo tempo em que fica claro o fracasso do capitalismo como modelo econômico de mercado, somado à destruição ambiental. O resultado disto para o autor são “artigos híbridos”, “tramas de ciências”.
“Crise”
Se a leitura do jornal diário é a reza do homem moderno, que estranho é o homem que hoje reza lendo estes assuntos confusos. Toda a cultura e toda a natureza são diariamente reviradas ali.
Porém, para Latour, a junção de temas faz com que eles se situem em campos híbridos, assim como o nosso modo de pensar a respeito deles. Ao mesmo tempo, o autor pensa assimetria nas Ciências, a produção de conhecimento e o Poder. Uma Antropologia da Ciência e da Técnica - ou Science studies, nos termos do autor.
Críticos “pensadores da sociedade”, os Science studies dividem os estudos em: (1) fatos que podem ser entendidos como descrições técnicas dos dados. Mas, para Latour, mais do que um apanhado de informações, o que se faz é uma análise sociocultura; (2) análises de poder pontuais de negociatas e arranjos políticos. Porém, o autor argumenta que não se trata apenas de contextos sociais e de interesses do poder, mas sim de seu envolvimento nos coletivos e nos objetos; ou, como (3) que não falam nem da coisa em si, nem dos humanos entre eles, logo voltam-se para o Discurso.
É verdade, entretanto, que se trata de retórica, estratégia textual, escrita, contextualizas e semiótica, mas de uma nova forma que se conecta ao mesmo tempo a natureza das coisas e ao contexto social, sem contudo, reduzir-se nem a uma coisa nem a outra.
Redes sociotécnicas
Ofereça às disciplinas estabelecidas uma bela rede sociotécnica, algumas belas traduções, e as primeiras extrairão os conceitos, arrancando deles todas as raízes que poderiam liga-los ao social ou a retorica; as segundas irão amputar a dimensão social e política, purificando-a de qualquer objeto; as terceiras, enfim, conservarão o discurso, mas irão purga-lo de qualquer aderência indevida a realidade - horresco referens - e aos jogos de poder.
. [...] quando eu descrevo a bactéria do antraz atenuada par Pasteur (Latour, 1984a) ou os peptídeos do cérebro de Guillemin (Latour, 1988a), os críticos pensam que estamos falando de técnicas e de ciências. Como estas últimas são, para eles, marginais, ou na melhor das hipóteses manifestam apenas o puro pensamento instrumental e calculista, aqueles que se interessam por política ou pelas almas podem deixa-las de lado. Entretanto, estas pesquisas não dizem respeito a natureza ou ao conhecimento, as coisas-em-si, mas antes a seu envolvimento com nossos coletivos e com os sujeitos.
[...]. A América não será a mesma antes e depois da eletricidade; o contexto social do século XIX não será o mesmo se for construído com pobres coitados ou com pobres infestados por micróbios; quanto ao sujeito inconsciente estendido sobre seu divã, como será diferente caso seu cérebro seco descarregue neuro transmissores ou caso seu cérebro úmido secrete hormônios. Nenhum destes estudos pode reutilizar aquilo que os sociólogos, psicólogos ou economistas nos dizem do contexto social para aplica-lo às ciências exatas.
Etnografia e a capacidade de juntar (justapor?) elementos distintos, mas que são, ao mesmo tempo, social, real e narrado.
Se o analista for sutil, ira retratar redes que se parecerão ao extremo com as tramas sociotécnicas que nos traçamos ao seguir os micróbios, os misseis ou as pilhas de combustível em nossas próprias sociedades. Nós também temos medo que o céu caia sobre nossa cabeça. Nós também relacionamos o gesto ínfimo de pressionar um aerossol a interdições que envolvem o céu. Nós também devemos levar em conta as leis, o poder e a moral para compreender o que nossas ciências dizem sabre a química da alta atmosfera.
Etnografia at home. Etnografia dos modernos.
E se jamais tivermos sido modernos? A antropologia comparada se tornaria então possível. As redes encontrariam um lar.
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O perfil do artista visual Phil Evans apresenta os processos de montagem, desmontagem e remontagem de imagens sobre a cidade e o cotidiano urbano, com usos de variadas técnicas, como a paper cut.
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Os robôs
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Kraftwerk quer dizer “usina de força” em alemão. O grupo Kraftwert surgiu nos anos de 1970 e é considerado o antecessor da música pop eletrônica. Além disso, incorporaram em sua carreira, até os dias atuais, a tecnologia como parte da performance que realizam em palco.
We're charging our battery
And now we're full of energy
We are the robots
We are the robots
We are the robots
We are the robots
A obra dos alemães apresenta uma perspectiva pessimista sobre o futuro e as relações sociais, pós anos 1960 e movimento hippie. Algumas de suas criações inspiram-se em obras como Admirável mundo novo, de Aldous Huxley, e 1984, de George Orwell.
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Metodologia dos cafés, Parte 2
(PARTICIPARAM: TAIS, TANIZE, PATRÍCIA, CLAUDIA, LISANDRO, DIEGO)
Por que a imagem do ciborgue pode superar epistemologias dualistas e o que isto tem a ver com uma ciência feminista?
Donna Haraway é uma bióloga que se interessou por filosofia da ciência. A autora é assumidamente lésbica, feminista e socialista, dados que ajudam a entender a produção voltada para as assimetrias entre gêneros na academia e no campo das pesquisas. Estes temas costumam pontuar a obra da autora.
Como ciborgue a autora entende a junção entre a atuação da tecnologia e o corpo humano. Um dos aspectos abordados no debate foi que a tecnologia é vista de forma ampliada, não apenas enquanto máquina, mas enquanto tecnologia no dia a dia. Como exemplo foi citado a variedade de xampus e produtos para os cabelos que surgiram nos últimos anos, voltados para todos os variados tipos cabelos, e como a indústria de cosméticos se apropria de discursos dos movimentos sociais para comercializar os produtos. Para Haraway somos “ontologicamente ciborgues”.
A autora define ciborgue como “um organismo cibernético, um híbrido de máquina e organismo, uma criatura de realidade social e também uma criatura de ficção”. Mas também como
criaturas que são simultaneamente animal e máquina, que habitam mundos que são, de forma ambígua, tanto naturais quanto fabricados. A medicina moderna também está cheia de ciborgues, de junções entre organismo e máquina, cada qual concebido como um dispositivo codificado, em uma intimidade e com um poder que nunca, antes, existiu na história da sexualidade. (HARAWAY, 2000: 40).
A autora contrapõe as epistemologias dualista ao complexificar, de um ponto de vista materialista histórico-dialético, as relações sociais, culturais, políticas, econômicas, ambientais que permeiam a pesquisa cientifica e a manifestação disto por meio do ciborgue. Neste sentido, a ideia de desempenho máximo do ciborgue também é um objetivo de mercado.
Nesse sentido a autora de aproxima os estudos de gênero com trabalhos de Antropologia da Ciência, como as pesquisas desenvolvidas por Bruno Latour. Ou uma Antropologia de Laboratório, como no estudo de caso sobre os chimpanzés, citados pela autora, com objetivo de apresentar as relações que ocorrem nas pesquisas das “ciências duras”, borrando as fronteiras entre as áreas do conhecimento.
Ao mesmo tempo, Haraway problematiza, de uma perspectiva feminista, a forma como os resultados das pesquisas são apropriados pelo campo social e ajudam a produzir e reproduzir discursos, com privilégio das ciências exatas sobre os outros campos. Isso remete aos estudos de poder sobre a produção do conhecimento, especialmente as posições ocupadas por pesquisadores homens nos laboratórios, na academia e nos centros de pesquisas.
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Metodologia dos cafés, Parte 1
(PARTICIPARAM: TANIZE, TAIS, CLAUDIA, PATRÍCIA, SIMONE)
Explicar, na proposta de método comparativo de Strathern:
- quais pressupostos teóricos da proposta?
- como a autora considera o feminismo para o trabalho antropológico?
Marilyn Strathern é uma antropóloga britânica conhecida pelos estudos de gênero e feminismo. A autora realizou suas pesquisas de campo em Papua Nova-Guiné, entre os Hagen, com foco para nas relações de gênero entre este coletivo, mas seus trabalhos incluem também estudos culturais e pesquisas sobre pós-parentesco.
No texto Gênero da dádiva, traduzido para o português brasileiro apenas em 2006, Marilyn Strathern a partir dos campos do conhecimento do Feminismo e da Antropologia faz um exercício de pensar as práticas e os discursos do Feminismo e da Antropologia, bem como as incidências que cada campo pode ter um sobre o outro. Neste percurso, mostra como os métodos antropológicos - construídos sob lógicas ocidentais - podem desconsiderar pressupostos dos interlocutores não ocidentais.
Mas as minhas intenções eram o oposto – não a de completar os termos faltantes nas conceitualizações nativas, porém a de criar espaços que faltavam na análise exógena. Não se trata de os melanésios não terem representações de unidades ou de entidades totais, mas de as obscurecermos em nossas análises. (STRATHERN, 2006: 38).
Um dos primeiros pressupostos que a autora questiona é o de Sociedade, pautado em uma lógica ocidental de estruturação social, onde a sociedade pressupõe a cultura e o indivíduo. Logo, o indivíduo nasce envolvido pela Sociedade, e por meio da cultura é socializado.
Logo nas primeiras páginas, a autora destaca como a categoria Mulheres muitas vezes é pensada como algo estático. A contradição é, ao mesmo tempo, perceber que a Sociedade ocidental reconhece a existências de diversas formas de sociedade e, antropologicamente, a produção do conhecimento atesta que os seres humanos são socioculturalmente distintos, porém, a categoria Mulheres não era devidamente contextualizada no espaço e no tempo das pesquisas etnográficas. Dessa forma, a autora problematiza algumas etnografias britânicas clássicas realizadas, dentro do mito antropológico, pelos “pais fundadores” do campo, como Malinowsky e Radcliffe-Brown, por exemplo..
Partindo da lógica de que todas as sociedades produzem assimetrias entre os gêneros, a autora aponta como o Feminismo pode transpor estas diferenças tendo como ponto de vista as relações ocidentais de gênero, para um contexto etnográfico melanésio onde as relações seguem uma lógica compósita de gênero.
Mas o movimento feminista tem tão claramente as suas raízes na sociedade ocidental que é também imperativo contextualizar seus próprios pressupostos. O motivo é respeitável, visto que o próprio pensamento feminista busca desalojar hipóteses e prejulgamentos. Levo a sério esse esforço através de questionamento das premissas de seu ataque às premissas antropológicas. (STRATHERN, 2006: 23).
Para demonstrar a ausência de estudos de gênero, Strathern realiza uma análise algumas monografias sobre a produção antropológica na região de Papua Nova-Guiné, e, por meio do levantamento, não deixa de evidenciar o aumento de estudos realizados por antropólogas, mas, também, o privilégio dos interlocutores masculinos nas pesquisas realizadas por homens.
Utilizando a categoria de Ficção, baseado na leitura de Roy Wagner, a autora pensa na produção de etnografias enquanto uma invenção ocidental sobre os povos nativos. Em uma inversão dos polos, a autora usa a produção antropológica para demonstrar o a história do pensamento antropológico, manifestada por alguns de seus autores clássicos. O que não deixa ser um reflexo do contexto de dominação e colonialismo em que nasce a antropologia britânica.
O trabalho Mulheres, raça e classe, de Angela Davis, sobre as mulheres negras estadunidenses é um exemplo da aproximação teórica feminista dos estudos culturais. Autores homens tendiam a retratar as famílias negras segundo o modelo euro-americano (família nuclear heterossexual), mas Davis destaca que a família negra é uma família expandida, que inclui – além do pai, da mãe e dos filhos e filhas – também os tios, os avós e os não parentes.
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Invenções
Tranco pelo lado de fora a porta do meu apartamento - ela tem duas fechaduras pelo lado de fora e quatro fechaduras pelo lado de dentro – com medo dos roubos. Ao todo são quatro chaves. Duas da porta do apartamento. Uma da porta do prédio. Uma do portão. Às vezes, na pressa, confundo qual delas devo usar primeiro.
Caminho cinco minutos e estou na pracinha que fica ao lado da Avenida Dom Joaquim, um dos melhores pedaços pelotenses. Ponto de encontros nos dias de verão. Local de caminhadas. A pracinha tem brinquedos, bancos, área verde, barraquinhas de comida. Não deixa de ser um arremedo de vegetação na beira de, bem, de uma Avenida movimentada. O lugar tem alguns coqueiros imperiais, adequados para a Princesa do Sul. No gramado, no meio das duas pistas da Avenida, muitos correm ao fim da tarde; passeiam com seus animais de estimação; um ou outro passeia à cavalo, afinal, estamos no Rio Grande do Sul; andam de bicicletas. Em duplas, trios, sozinhos.
Os carros passam por todos os lados. Muitos estacionam e sentam próximos ao carro, na calçada. Conversam. Tomam chimarrão. A pracinha é frequentada por pessoas de todas as faixas etárias. Muitos pets correm pelo gramado. É possível ouvir a música de um restaurante, próxima.
Levo também o meu chimarrão. Tomo um mate sozinho, sem olhar para nenhum lugar em específico. Sento no chão – encostado em um coqueiro imperial – para estar mais em contato com a natureza. Noto que o cara que dança sobre os bancos está de novo ali. Já havia visto ele pela praça, sempre dançando sobre um banco. No princípio achei estranho. Mas foi apenas uma primeira impressão. Ele gosta de ficar sobre o banco e dançar. Apenas. O banco onde ele costuma ficar já está torto, imagino que o motivo tenha sido ele, sua dança, seu peso. Seu corpo. Ele reproduz com seus braços movimentos pautados pelo ranger dos ferros dos balanços onde algumas crianças brincam.
De repente, as crianças desistem de andar nos balanços, Entretidas com alguma novidade, talvez. A fisionomia do dançarino se altera. Parece triste; olha para os lados. Busca com os olhos o esconderijo do som para voltarem a brincar. O som não volta.
É mais um dia normal na cidade.
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Antropologia semiótica
A obra de Clifford Geertz aponta a centralidade do conceito de cultura na Antropologia. Para o autor, a categoria pode, em alguns casos, ser imprecisa, escorregadia. Assim,defende um conceito semiótico de cultura. O indivíduo é, ao mesmo tempo, sujeito e objeto. O coletivo precede, mas existe uma margem de ação, onde reside a criação de significado - próximo a sociologia de Weber.
O autor entende a Antropologia como uma ciência interpretativa, em busca de significado. A prática etnográfica, nesta perspectiva, não é apenas um método, mas um esforço intelectual com objetivo de realizar uma descrição densa. Para isso, o autor recorre ao exemplo de Ryle a respeito das piscadelas (GEERTZ, 2008: 5).
“Conforme salienta Ryle, o piscador executou duas ações - contrair a pálpebra e piscar - enquanto o que tem um tique nervoso apenas executou uma - contraiu a pálpebra. Contrair as pálpebras de propósito, quando existe um código público no qual agir assim significa um sinal conspiratório, é piscar. É tudo que há a respeito: uma partícula de comportamento, um sinal de cultura - e voilà! - um gesto.”
Para Geertz, descrever densamente é criar contextos. Tecer. Próximo ao trabalho do artesão. O etnógrafo trabalha na construção de construções de outras pessoas. Para analisar, é preciso escolher entre as estruturas de significação.
Na perspectiva de uma Antropologia Interpretativa, a etnografia deve dar conta da multiplicidade de estruturas conceituais complexas, muitas delas sobrepostas ou amarradas umas às outras, que são estranhas, irregulares.
A cultura é pública, ao mesmo tempo objetiva e subjetiva. O que está em questão são os significados que podem ser inteligíveis, quando descrito com densidade. Densidade é a busca do antropólogo por sentidos.
Em adesão a perspectiva da Escola Estadunidense de Antropologia, ou Escola Americana, o trabalho antropológico proposto pelo autor não se preocupa com uma estrutura abrangente e universal, mas com eventos particulares, restritos, temporais e efêmeros, buscando interpretá-lo a partir dos significados dos diversos atores. O método de acesso à cultura é tão relevante quando o objeto da cultura e ambos se confundem.
A a interpretação etnográfica é interpretativa do discurso social; é interpretativa do discurso social extinguível fixado em um texto; e é microscópica. O trabalho de campo deve ser obsessivo, de longo prazo, qualitativo, participante, em contextos confinados, mas ao mesmo tempo criativa e inventiva.
Antropologia como fabricação. Antropologia como ficção. Ou, na perspectiva de Dawsey, como fricção.
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Lévi-Strauss nos trópicos
Lévi-Strauss, ao longo de sua estadia em terras brasileiras, se dedicou ao estudo da sociedade Bororo, com foco na complexificação desta sociedade, especialmente sua fórmula dualista de pensar as relações.
A obra do autor expande os estudos sobre parentesco. Ao trazer o irmão da mãe para a relação, Lévi-Strauss evidencia o casamento como uma aliança entre famílias e dá uma dimensão política ao parentesco. Este passa a ser visto como um dispositivo relacional, para articulação pessoal.
Na obra do autor encontramos uma possibilidade de quebra na relação entre natureza e cultura, que marca fortemente a sociedade ocidental. Esta perspectiva determinou, por muitos anos, o modo de fazer antropológico.
Nos estudos sobre o dualismo entre os Bororos, a identidade pode ser vista como algo provisório. Colocada como instabilidade, que não pode durar. Sempre circunstancial, relativa aos termos da relação. Não é essencializada. Talvez aponte para a dificuldade de se pensar em perda ou busca da identidade, uma vez que ela é virtual, no sentido de sempre vir a ser realizada. Em processo. Um dualismo em perpétuo desequilíbrio. É interessante pensar em identidade enquanto uma lacuna. Sempre provisória. Associação que se faz, e se percebe a si, a partir do diferente. O entendimento de si apenas é possível olhando para o outro. O que preenche a lacuna: excesso de significante, ou a ideia de mana.
Para o autor, a noção de mana não é da ordem do real, mas do pensamento, e pertence a dimensão simbólica e inconsciente da troca. O símbolo é mais forte que a coisa que ele simboliza, assim todo mito deve ter um símbolo. Com isso, o autor possibilita pensar o tabu do incesto e a necessidade de se abrir para o outro por meio de trocas. A troca em si não é o importante, mas secundária. O importante é o estabelecimento do vinculo. O preenchimento dessa lacuna entre um e outro. O preenchimento daquilo do que é significado.
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Untrust Us
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La cocaina no es buena para su salud
La cocaina is not good for you
La cocaina no es buena para su salud
La cocaina is not good for you
La cocaina no es buena para su salud
La cocaina is not good for you
La cocaina no es buena para su salud
La cocaina is not good for you
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Ex-fábrica
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A fábrica abandonada evidencia o sucesso do capitalismo financeiro sobre o capitalismo industrial. As grandes fortunas mudam de fronteiras nacionais na velocidade de um clic, conforme as vantagens oferecidas. Índia. China. Em caso de golpe, algum país da América Latina.
Como brincadeira, ou como forma de resistência, sobretudo no contexto europeu, algumas ex-fábricas, às vezes, servem como espaço para a realização de festas raves.
Para Canevacci (2005: 90), nestes casos,
A ex-fábrica está descontextualizada e modificada em interzona do prazer. Um pedaço moderno da metrópole, nascido para funções produtivistas e colapsado, é lavado e sujado de novo com códigos arranhados dos Mazinga-trash, por baixo de uma música techno compulsiva que fragmenta qualquer unidade do eu (ou do coletivo) e o faz viajar num quase espaço destinado a viver uma única longa noite.
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Rede sociotécnica
Deixei de lado o livro Saturno nos Trópicos, de Moacir Scliar, e fui ler a obra Jamais Fomos Modernos, de Bruno Latour.
Não deixa de ser uma experiência interessante. Latour é um filósofo, que atua no campo antropológico e se volta para a ciência e para a técnica; Scliar é um médico, que atua no campo literário e se volta para uma espécie de melancolia à brasileira.
Enquanto Latour - ancorado em um tradição antropológica francesa onde tem peso a erudição de autores como Mauss e Lévi-Strauss - destaca a necessidade de seguir o tema e acompanhar o objeto de análise, Scliar se debruça sobre a melancolia e costura seu tema com referências de vários campos do conhecimento.
Nas palavras de Scliar (2003: 108),
Também a festa era um antídoto para a tristeza do cotidiano. No final do medievo e no começo da modernidade multiplicaram-se as festividades populares, ligadas ou não à Igreja. É a época em que os goliardos, estudantes que se vestiam de maneira característica, com guizos nos chapéus de várias pontas, percorriam a Inglaterra, a França e a Alemanha recitando poemas debochados (que serviram de inspiração para os Carmina Burana de Carl Orff) e apresentando sátiras contra a Igreja”.
Imagem: Pierre Verger
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Para dentro
Este blog busca expor algumas camadas da pesquisa “Festas raves: entre o campo e a cidade”.
Imagens.
Textos.
Teoria.
Vídeos.
Áudios.
Campo.
Cidade.
Justapostos, como em uma montagem. Uma montagem (possível) das festas raves. Muitos caminhos. Assim como a forma escolhida para o blog.
Nas palavras de Suely Rolnik, “Todas as entradas são boas, desde que as saídas sejam múltiplas”.
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