Missões no mundo com um Qzão das minhas percepções e inclinações do meu coração
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Somos Um Milagre - Parte 1
Ano de 2001. Eu ainda com 14 anos, estava eufórica, afinal, era meu primeiro show internacional e com a banda que mais gostava ever. Korn. Caramba, só de falar o nome dava aquela coisa no peito. Eu ferrada de grana, era estudante e pobre, mas tive a felicidade de ter uma irmã mais velha muito parceira. Com o dinheiro que ela me deu, dei um jeito de conseguir o ingresso, e mesmo sem saber se iria ser barrada no dia por conta da idade bem abaixo da indicada, investi todos aqueles centavinhos preciosos na fé de que nada poderia me deter.
Já me esforcei várias vezes pra lembrar o mês daquele show, mas não teve jeito. Sei que o dia foi realmente loooouco! Com uns amigos alugamos uma van porque eu morava numa parte do fim do mundo, e voltar pra casa na madrugada seria impossível de outro jeito. O que rolou naquela van... prefiro não cometar, mas foi loucura que rendeu fofoca da boa para o motorista contar e recontar pra vizinhança inteira... Uhuuu, chegamos! Tentando não tremer e transparecer confiança, entreguei meu ticket para o segurança que mal me revistou e me liberou. Tô dentrooooo @#%$&*#!!!!! (um palavrão qualquer eu soltei). E mesmo sem grana pra pagar a água de ouro que vendiam lá dentro, não economizei saliva. Cantei, gritei, pulei e me bati. “Um dos melhores shows da minha vida, nunca vou me esquecer”, pensei. A verdade é que de fato, nunca me esqueci.
Ano de 2004. Minha vida estava um lixo. Tinha terminado um namoro que levou minhas esperanças na vida junto. Eu estava numa fase que tentava a qualquer custo negar o buraco negro aberto no meu peito. A música “Hole In The Earth” do Deftones me lembra muito sobre. Aprendi a ser mecânica, essa era a única maneira de me manter funcionando mesmo sem sentir nada além de tristeza. Foi ai que ouvi no rádio: “guitarrista do Korn deixa banda porque se tornou cristão”. Whattt??? Booom! Uma bomba estorou no meu coração, mas foi um sentimento bom. Quando criança eu havia tido intenso contato com Cristo, então ao ouvir a notícia fiquei pessoalmente chocada e, no fundo, animada, pois se Jesus alcançou aquele louco um dia ele iria me redimir também.
Ano de 2005. Minha vida estava um lixo ainda pior. Eu havia parado com coisas mais pesadas, mas o álcool estava me dominando de um jeito que as coisas estavam realmente saindo do meu controle. E eu negava com tanta força que acreditava estar numa das melhores fases da vida. Ledo engano. Foi quando Jesus veio sem eu nem perceber e falou comigo na sala de casa, através de um rádio que mudou a sintonia sozinho. Chorei por 3 horas seguidas, e dali pra frente oficializar meu encontro com Ele, foi rápido. Saber que meus ícones do rock como Rodolfo do Raimundo e o Head do Korn também tinham se tornado cristãos, me deixava mais confortável com a decisão.
Dali pra frente assumi uma vida muito crente. Abracei a fé com tanta força que mal podia olhar pra fora daquele mundinho em que me isolei. Demorei muito até ser curada da depressão, então mesmo tendo uma vida renovada em cristo, ela me levou ao engano de que me isolar e negar minha história seria a melhor decisão. Cara, vocês não tem noção do quão perdida me senti. Tudo o que eu aprendi era que fazer tudo o que mandavam seria a coisa certa. Isso era ser cristão. Assim eu vivi de uma maneira tão insegura que eu não conseguia impor minhas opiniões nem sequer ser quem eu era. Foi muito difícil quebrar com tudo isso, mas o dia da quebra chegou.
2012. Ano do início de uma mudança radical. Ainda no final de 2011 eu reencontrei o grupo pelo qual aceitei (pela 2a vez), publicamente a Jesus e em 2012 fui para escola missionária deles na Alemanha. Permaneci com esse grupo pelos 3 anos à frente. Foram anos muito difíceis, mas também de muito aprendizado e crescimento.
2015. Abandonei tudo. Vida missionária, igreja, amigos e minha cidade natal. A depressão estava voltando com tanta força que eu já não podia mais negar. Decidi que precisava recomeçar. Embora meu desejo por missões ainda fosse intenso, voltei a uma vida normal. Essa parte eu contarei melhor em uma outra ocasião. O que posso tirar daqui é que foi um restart mesmo. Tive que ser eu por mim mesma. Eu não tinha mais nada e ninguém a quem provar, então aqui vi o que de verdade fazia parte de mim e o que não. Também vi o que de mim não prestava e comecei a dar um jeito de jogar fora.
2017. É sobre esse ano que realmente quero falar, eu só não podia fazer sem antes contar o que me fez chegar aqui. Leia a parte 2.
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Somos Um Milagre - Parte 2
2017. Meses antes desse ano começar eu já estava sabendo que o Korn viria ao Brasil. Esperei ansiosamente o anúncio dos locais e valores. Um “Uffa” ao saber que tocariam em Curitiba, cidade a 3hs de casa e um “Aiii” para o preço dos tickets. Eu queria tanto ir que já estava pensando no que vender para conseguir levantar a grana. Estava caro demais. Os meses passaram e nada de dinheiro. Eu estava tão inclinada a ir que comecei a orar sobre. Meu desejo de ver como a banda estava após o retorno do Head e a possibilidade de me infiltrar no evangelismo, me enchia o coração, além, é claro, de curtir muito o som da banda.
Faltando pouco mais de 2 semanas para o show de Curitiba vi algumas postagem de amigos da Europa fazendo evangelismo com ele. Caramba, uma luz no fim do túnel! Não falava com esse pessoal fazia um tempo, fiquei com medo de parecer interesseira. Um belo dia perdi o sono pensando sobre e pedi: “Deus, fala comigo”. Fui fazer meu devocional e ao abrir a bíblia, BOM! Bati o olho em um versículo que dizia “Deleite-se no Senhor e ele atenderá aos desejos do seu coração” Salmos 37:4. Era o que eu precisava ouvir. Larguei a vergonha de lado e escrevi para um líder Europeu da missão que acompanhou o Head, contei minha história e a importância daquele momento e esperei. A resposta demorou um pouco e ainda veio acompanhada de um “não sei se consigo”, mas o “eu vou tentar” foi suficiente pra me encher ainda mais de esperança. As semanas passaram e faltando apenas um dia para o show recebi a direção para falar com um líder brasileiro e depois com o de Curitiba, que por sinal já é um conhecido meu de longa data. “Não consigo, liberaram apenas eu e mais uma outra pessoa”. Não me abalei. Insisti e apenas perguntei: “posso ir com vocês? Se me deixarem entrar, entrei; se não deixarem, vou embora.” “Tudo bem, vai”, ele disse. Cara, não sei nem dizer a felicidade que senti com isso. Eu não tinha um sim, mas eu sabia que Deus ia cumprir o que havia dito.
Perdi o ônibus que iria pra Curitiba no horário programado. Cheguei mais tarde que o previsto, atravessei uma briga de rua, quase entrei no tubo errado e por muito pouco não pego o ônibus errado também. Quase 21h do dia 21.04.2017 estava eu chegando em frente ao Live Curitiba. Liguei para meu amigo que pediu para eu esperar e 10 minutos depois ele aparece um uma credencial escrita “KORN - Familiar | Amigo”. Uauuu, consegui!!!!
Entrei, conheci o lugar e fomos direto ao ponto. A direção do Head era: com as pulseirinhas brancas que entregou iriamos pelo show procurar algumas pessoas que tivessem interesse em ouvir ele falar sobre sua saída, retorno ao Korn e sua fé. A orientação havia sido para orarmos pedindo a Deus que nos mostrasse quem deveriam ser essas pessoas e na abordagem olharmos em seus olhos fazendo o convite. Falamos com alguns fans e no final, com a última pulseirinha, passei por uma garota que fez meu coração apertar. Era ela! Na hora eu estava acompanhando meu amigo e acabei a perdendo de vista. O show ia começar e eu ia ficar embaixo, próximo ao palco então me apressei pra encontrá-la e nada. Eu orei “Deus me traz essa menina!”, dei de costas e lá estava ela passando na minha frente! Fiz o convite e passamos o show todo juntas. Eu, ela e um outro amigo maluco por Korn que me pedia a cada segundo para ir junto com ela conhecer o Head.
O show foi incrível. Fiquei pertinho do palco e a cada canção mergulhava na minha própria história de vida. Ouvir “Falling Away From Me”, “Freak On a Leash” e “Blind”, era a lembrança do quanto minha vida era parecida com o que cantavam no final dos anos 90 e início dos anos 2000.
O show terminou e lá estavam todos. O Head veio e numa naturalidade e simplicidade começou a compartilhar sobre sua saída da banda, o quanto sua vida estava bagunçada naquele momento e como a espiritualidade mudou tudo isso. Ele falou sobre como a religião quer ditar o que devemos ou não fazer enquanto Jesus quer apenas um relacionamento real e íntimo com todos. Aplausos vieram quando disse que Deus se mostra mais a pessoas podres do que para as santas. Vi algumas pessoas emocionadas. Seu testemunho foi encerrado com um grande abraço entre os fans que fizeram uma oração optando por uma vida com Jesus, um pedido por salvação. Carinhosamente o Head tirou foto e conversou com cada fã. Um deles, com o estilo mais pesado de todos, o emocionou ao confessar que havia desistido do suicídio após ouvir seu testemunho. A garota que mencionei antes, se despediu agradecendo pela oportunidade: “Foi Deus quem fez isso. Deus sempre faz essas coisas. Eu sei, ele esta comigo.”
Após falar com todos tive a oportunidade de conversar com ele e brevemente contar minha história de vida, da influência da banda nela e da influência do próprio Head após sua conversão. Tivemos um tempo (breve) juntos. No finalzinho ele escreveu no meu livro “You Are a Miracle” (Você é um milagre). Eu nunca tinha parado pra refletir profundamente sobre isso, mas olhando para trás, sou mesmo um milagre. Depois de tantos abusos e flertes com a morte, hoje eu estou viva e, ainda mais, querendo doar a vida que recebi. Cada um de nós é o seu próprio milagre. Você não esta aqui por acaso, nenhum de nós esta.
O que vi ali foi a maior demonstração do que Jesus fala em Mateus 5:14,15:
"Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte. E, também, ninguém acende uma candeia e a coloca debaixo de uma vasilha. Pelo contrário, coloca-a no lugar apropriado, e assim ilumina a todos os que estão na casa.”
A luz só tem o valor do seu brilho na escuridão. Não se brilha onde já é iluminado. Quem esta na escuridão procura por luz e salvação.
Segue abaixo alguns registros que fiz.
youtube
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