Devaneios de uma sonhadora. Histórias avulsas, que se entrelaçam e se completam.
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Lottie&Norris - February 13th, 2024 - Monte Carlo.
Não pudemos nos despedir do nosso filho. Não havia corpo para velar, para enterrar ou sequer fotos para um memorial. Não havia marcas do nosso filho neste mundo, sem ser aquelas deixadas em nossos corações.
E movidos pelos nossos corações, eu e Lottie fomos honrar a breve vida do nosso filho doando um pouco de todo esse amor acumulado para quem não tem amor de praticamente ninguém.
Como o tema do quarto dele seria safari com muitos bichinhos de pelúcia, compramos vários destes para entregar em um lar de crianças ao lado da igreja que iremos casar.
Brincar com aquelas crianças foi como ver a luz em dias tão sombrios. Criaturas tão puras, que carregam traumas que eu jamais irei imaginar, mas ainda assim, sempre com um sorriso no rosto...
Eu e Lottie tínhamos acabado de brincar de pega-pega com um grupo de franceses recém chegados no orfanato, quando ela se sentou em um banco da varanda e eu fui buscar água dentro da casa.
As moças que cuidavam dos lares - as tias, como as crianças chamavam - estavam todas lá fora, então saí sozinho à procura de um filtro. E foi quando eu escutei aquele choro inquieto vindo da sala. Um dos dois nenéns que faziam a hora da soneca havia acordado. Era um menino bochechudo, com os olhos mais lindos que já vi.
Em um movimento instintivo, o peguei no colo e conversei com ele até que se acalmasse. Quando parou de chorar, ele encostou a boquinha no meu queixo como se quisesse me dar um beijo e deitou sua cabecinha em meu ombro.
Desisti da água e o levei para onde Lottie estava. Eu precisava que ela conhecesse o menino mais lindo que eu já tinha visto em toda a minha vida. Os apresentei e de início, senti minha esposa um pouco receosa, mas continuei com ele ali.
O receio se acabou no exato momento que ela pegou o bebê no colo. Todo o brilho que eu vi no olhar dela no momento em que descobrimos que teríamos um bebê, voltou subitamente. Ela o beijou na bochecha e o mundo parou para os dois se conectarem um ao outro.
Não conseguimos ir embora no horário combinado. Lottie sequer largou Enrico por um minuto depois que eu o entreguei à ela. Após colocarmos ele para dormir, fomos embora na certeza que tínhamos deixado nosso filho para trás. E que com certeza, voltaríamos para buscá-lo.
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Lottie&Norris - February, 2024 - Monte Carlo.
Eu era o homem mais feliz do mundo. Eu tive tudo durante 10 dias e foram os melhores dias que eu vivi.
Estava tranquilo no quarto esperando a Lottie voltar do banheiro, era óbvio que o brilho "diferente" que eu disse que ela estava era coisa da minha cabeça. E então ela parou na porta do banheiro e murmurou algo que eu não entendi antes de me entregar o teste que estampava um claríssimo "grávida". Fiquei sem reação porque queria sorrir, chorar, gritar e me desesperar ao mesmo tempo. Voltei ao meu corpo e abracei a minha noiva o mais forte que pude, tentando passar confiança e calma para ela. Eu sabia que se eu estava assim, ela estaria pior. Dali pra frente, foi uma euforia sem fim. Nossos corações batiam em compasso por um serzinho do tamanhinho de uma uva, o nosso Pontinho. Nossos amigos e familiares também faziam parte de toda a felicidade, para completar toda a animação pela chegada do nosso tão amado bebê.
E então, tudo acabou.
Acordei um grito da Lottie e o meu coração parou ali. Lottie nunca gritava, ela sequer falava ou ria alto. "Amor, é sangue. Eu estou sangrando!" foram as palavras que vieram no momento em que ela viu que eu tinha me sentado. O que aconteceu depois é um vulto na minha mente. Lembro de me trocar e colocar um moletom na Lottie. Lembro de querer chorar pelo meu filho e pela minha mulher. Lembro de que até irmos dormir, ela era uma leoa e agora eu tinha o ser mais abatido em meus braços. Não tive coragem de pedir para ela ter forças e descer até o carro, então a carreguei com cuidado escadas abaixo e seguimos em silêncio até o hospital, sem soltarmos as mãos e com o soluço baixinho da Lottie. Ela foi colocada em uma cadeira de rodas no exato momento que perdeu a consciência. Eu falava desesperado que ela estava grávida e era hipotensa e pedia com todas as minhas forças que salvassem meu filho e a minha noiva. A Lottie foi levada para procedimento e, na sala de espera, tentei ter esperanças e imaginar a melhor das possibilidades. Mas o destino não queria que ficasse tudo bem e eu sabia disso no momento em que o enfermeiro me chamou e me conduziu até um quarto. No caminho, com uma voz doce, ele me explicou "Sr. Norris, eu sinto muito, mas não pudemos fazer nada pelo feto. É natural que o corpo da mulher rejeite a primeira gestação por considerar uma ameaça. Sua esposa esta sob efeito da anestesia da curetagem... Sinto muito mais uma vez". Não era natural. Não era natural que o mundo inteiro desmoronasse assim e ali, sentado na poltrona ao lado da Lottie, eu chorei. Chorei até aliviar a minha alma. Chorei pelo filho, chorei por não ser mais pai e chorei por não fazer ideia de como diria para a pessoa que mais amo nesse mundo que o nosso sonho agora era uma estrela no céu.
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Eu jamais imaginei que Maria Eugênia fosse apaixonada por mim.
Eu posso ter sido inocente, lerdo ou qualquer coisa assim, mas eu jamais imaginei que nenhuma das três pudessem se apaixonar por mim.
Crescemos todos juntos rodeados pelo universo do Polo europeu, formado por um grupo seleto de alto padrão, detentor de poder e dinheiro – muito dinheiro.
Dentro desse universo, não há quem não tenha ouvido falar das trigêmeas: Maria Eugênia, Maria Eudora e Maria Elisa. As espanholas são filhas de um famoso ex-jogador da modalidade, Andreas Ferdinand e não escaparam de crescer em meio ao caos do privado ciclo social da profissão do pai. Já eu sou filho de um grande investidor do esporte e cresci como a promessa do Polo, recebendo atenção especial de Ferdinand graças a amizade de longa data que ele mantém com meus pais.
Para completar a bolha social perfeita, quase todas as crianças ligadas ao Polo eram criadas juntas no mesmo internato, o St. James School, em Londres, que tinha uma liga interna de Polo imaculada e revelou os maiores nomes do esporte dos últimos 20 anos.
Desta forma, eu estava com elas o tempo todo, fosse na escola, em eventos sociais ou férias em família. E assim, eu sou o melhor amigo de Maria Eugênia desde que me entendo por gente. Éramos parceiros de crime, carne e unha, cu e calça e o que mais quiserem colocar! E então acabou.
Maria Eugênia & Luther | Londres | Outubro 2019
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Olhei para ele com os olhos cheios de lágrimas, apesar de odiar chorar quando discutíamos. Ele me encarou. Minha situação não o compadecia.
– Babi, o que eu estou dizendo é que essa oportunidade não me dará espaço para distrações. Eu preciso estar focado.
– Eu sou uma distração? Apenas uma distração? – Enfatizei a última parte que havia doído como faca na minha alma.
– Claro que não, Bárbara. Eu só estou dizendo que essa é uma oportunidade que eu tenho que agarrar, é uma vida nova a partir de agora.
"E você não cabe nela" completei na minha cabeça. Eu tentava encarar tudo com clareza. Já havíamos terminado antes, eu já havia passado por aquilo. Eu sabia como prosseguir.
Quanta mentira! Eu não sabia bosta nenhuma.
– Na sua nova vida não tem espaço pra sua namorada com problemas psicológicos, não é? É essa preocupação que você não pode ter.
– Não foi o que eu quis dizer. – ele quase sussurrou.
– Foi exatamente o que você quis dizer, Lipe. – minha voz saiu ainda mais inaudível. Meu rosto estava molhado e vermelho, o que me fazia querer explodir ou me esconder.
– Amo você, Bá. Vai doer demais em mim também, mas vai ser melhor assim. – ele se aproximou e tentou erguer meu rosto, mas eu desviei antes que sua mão chegasse ao meu queixo.
– Não minta para nós dois. Me deixar é só o fim do ciclo que você encerrou. Você tem o mundo agora e pessoas incríveis para escolher.
– Há dois anos eu te escolhi também, Bárbara. Eu te conquistei e te amei cada minuto. – Seu tom de voz demonstrou dor pela primeira vez desde que iniciamos aquela conversa.
– E ainda assim vai se livrar de mim sem olhar pra trás.
Felipe ficou em silêncio e desviou o olhar para baixo. Eu não podia perdê-lo de novo, mas ele estava disposto a me deixar.
Bárbara e Felipe | Paraná - BR | Jan. 2023
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Ouvi em silêncio tudo o que minha mãe disse naquela mesa. Ela sempre fazia questão de dizer o quão horrível eu era para quem quisesse ouvir, especialmente se esse alguém fosse um familiar de Felipe. Minha ex-sogra me olhava piedosa e até tentou argumentar com a minha mãe que tinha sido um término em conjunto. Mas minha mãe sabia bem que quem tinha botado um fim em tudo havia sido Felipe.
Quando me cansei de ouvir todos os meus defeitos, desencostei do batente da porta e saí sem me despedir. Pedi licença para passar entre os garotos jogados no sofá e o videogame na TV, o que atraiu a atenção indesejada de Felipe. Ele se levantou e foi em direção à "mesa das mães", de onde eu tinha vindo e eu pude ouvir minha ex-sogra sussurrando alguma coisa baixinho enquanto eu arrumava minhas coisas.
Passei pela porta e sentei na escadinha da varanda, esperando meu celular ligar para que eu pudesse chamar um Uber.
– Quer me contar o que aconteceu? – Felipe se sentou ao meu lado, balançando a chave do carro entre os dedos.
– Não e você também não precisa deixar o seu churrasco, eu vou pedir um uber pra casa do meu pai.
– Não vou te levar pra casa do seu pai. – ele tirou o celular da minha mão e se levantou, estendendo o braço para que eu fizesse o mesmo.
Saímos do condomínio e pegamos uma estrada que eu não conhecia muito bem, mas sabia que era na direção contrária ao centro da cidade.
– Pra onde a gente tá indo? – Felipe não respondeu, ao invés disso, aumentou o volume do rádio. Tocada Unstoppable da Sea, uma das minhas músicas favoritas.
– Pra lugar nenhum. – ele finalmente respondeu e acelerou ainda mais. A música se misturou ao ronco alto do motor, abri as janelas pra sentir o ar gelado do começo da noite.
Era libertador estar naquela estrada deserta, só com a luz dos faróis e das estrelas, numa velocidade em que meu coração parecia querer saltar. Eu era imparável! E o sorriso no rosto de Felipe indicava que ele também sabia isso.
Quando a música acabou, Felipe foi aos poucos diminuindo a velocidade, até chegar à um retorno.
Voltamos para a cidade em silêncio, a música estava baixa e os vidros fechados, mas o clima era confortável. Quando estávamos quase nos aproximando do prédio do meu pai, eu perguntei:
– Por que fez isso?
– Porque a velocidade é o melhor remédio, mas eu infelizmente não posso te colocar num carro de fórmula 1.
Fazia sentido. Ele sempre dizia que quando corria, esquecia do mundo ao redor.
Ficamos mais alguns minutos em silêncio, estacionados em frente ao prédio e quando eu fui me despedir para finalmente enfrentar os olhos de um pai pouco contente com as atitudes da ex-esposa, Felipe me beijou.
Não como me beijava quando estávamos juntos, não como quando eu apareci na porta da casa dele implorando pra voltar. Era um beijo doce, que transmitia conforto, mas também parecia um beijo de um Felipe ansioso e quase aliviado por estar ali.
Não tive coragem de perguntar se ele sentia o que parecia sentir enquanto subíamos para o quarto, tampouco perguntei no outro dia quando ele me acordou com um sorriso no rosto.
Detalhes não importavam mais.
Bárbara e Felipe | Paraná - BR | 2022
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"Ele saiu chorando porque se arrepende, Clara, porque sabe que fez a escolha errada e te perdeu. Sabe também que não importa o quão maravilhosa ela seja, ela não é você e nunca será."
ele fez uma breve pausa.
"O que ele te fez, não se faz à alguém e se fui eu quem te ajudou a entender isso, que ótimo!"
ele parou de falar mais uma vez, era como se estivesse tentando organizar seus pensamentos.
"Eu infelizmente não te conheci antes dele e eu não sei como você era, mas se eu devolvi esse brilho no seu olhar toda vez que você fala sobre algo que ama, isso basta para que eu não dê mais nenhum passo sem você. Pode me mandar ir embora, pode dizer que está me fazendo de muleta, de ponte ou sei lá. Eu não ligo, Clara. Estou aqui porquê quero e é aqui que eu vou ficar."
Clara&Benjamin| Londres | Outubro de 2021
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— Meu Deus, o que você está fazendo aqui? — perguntei enquanto o abraçava, sem conseguir disfarçar que Martín era a última pessoa que eu esperava ver ali, almoçando com o meu irm��o. — Por que você não me avisou que estava voltando?
— Porque da última vez que conversamos, você terminou comigo, lembra? — ele respondeu com um sorriso nos lábios, me fazendo ficar extremamente vermelha.
Demorei um pouco para conseguir pensar em uma resposta, puxei a cadeira ao lado dele e me sentei, vendo um rápido filme passar diante dos meus olhos: Eu e Martín no aeroporto, o painel chamando o próximo voo para Madrid, ele me perguntando se deveria esperar por mim na Espanha e eu, após sinceras desculpas, dizendo que não. E assim, quebrei a promessa que tinha feito menos de um mês antes.
— Eu não vou ficar — falei repentinamente, voltando a levantar e quebrando o olhar com Martín. Meu irmão me olhou indignado, já que eu tinha combinado de almoçar com ele hoje. — Só vim trazer os documentos que você me pediu, preciso urgente voltar pra universidade, surgiu uma vaga naquela palestra que eu te falei. — entreguei o envelope à ele e me voltei para Martín, que falou primeiro:
— Que pena, eu esperava que almoçássemos juntos. Posso te levar pra jantar, pelo menos?
Ok, por essa eu não esperava.
— Claro, vejo você às oito. — ele concorda.
O caminho do restaurante até a universidade foi como andar nas nuvens, Martín voltar pra ficar era tudo que eu mais desejava e parecia até sonho que ele não me odiasse. Eu mal podia esperar por aquele jantar.
Amélie&Martín | Inglaterra | 20 de Agosto de 2021
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— Foi um ótimo dia, não foi? — Martín perguntou assim que me deitei em seu peito. — Acho que eu nunca vou entender perfeitamente o porquê você não gosta da Espanha.
— Porque eu nasci aqui. — Respondi serena, olhando para seus olhos azuis acinzentados. — E também há lugares melhores para se morar como, por exemplo, a Inglaterra.
— Mas você nasceu em Barcelona, não acha que Madrid é tão diferente de lá?
— Sim, mas continua sendo a Espanha.
— Há controvérsias — ele disse e eu concordei com um sorriso.
— Ok, você me venceu. — conclui e lhe depositei um beijo.
— Então por que você não vem para Madrid comigo? — Ele me pegou completamente desprevenida e eu o encarei (malditos olhos perfeitos que me tiram a concentração).
— Porque você não vai voltar pra Madrid, não agora. — O sorriso que ele esboçava antes, desapareceu completamente de seu rosto.
— Você sabe que eu não posso te garantir isso, não sabe? — Sua pergunta veio acompanhada de um olhar preocupado enquanto ele removia uma mecha de cabelo que grudara em meus lábios. Assenti como resposta e ele me beijou.
Passamos mais alguns minutos em silêncio, todavia a minha mente gritava conselhos e ordens, como se estivesse dívida em duas partes que nunca chegavam em um acordo.
A respiração de Martín tinha ficado mais pesada e eu sussurrei seu nome baixinho. Houve uma resposta tão baixa quanto o meu chamado.
— Desde que fiquemos bem longe da minha família, eu te sigo em Madrid, em Sevilla, San Sebastian ou em qualquer outro lugar que for preciso.
Eu despejei e me arrependi logo depois, estávamos há menos de 3 meses juntos e eu já havia assinado um termo verbal de casamento, no mínimo, ele deveria me achar maluca.
Mas sua reação foi contrária à tudo que imaginei, já que Martín simplesmente apagou o abajur do seu lado, que era a fonte de luz do quarto e, após um "Eu te amo" abafado, me beijou.
Amélie&Martín | Madrid, Espanha | Presente-12 de Junho de 2021
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Me tranquei no quarto do hotel após um longo dia. Toda a organização para o evento havia tomado os meus pensamentos naquele sábado dramático de dia dos namorados, mas então, eu estava finalmente sozinha com toda a falta que ele me fazia.
Eu queria gritar, eu queria chorar, queria poder consertar aquele momento meses atrás quando tudo começou a dar errado, mas eu não podia.
Assim como eu também não podia voltar naquela noite quando ele me abraçou e disse que era incapaz de me deixar, porque ele foi.
Olhei para a belíssima cidade que se desenhava fora da janela do meu quarto, a Belo Horizonte que eu havia crescido e que passava horas detalhando em histórias mágicas da minha infância para Hector.
Desejei pegar o próximo avião de volta à Europa, desejei estar no Rio para poder atravessar todo o atlântico na braçada só para poder estar nos braços dele.
Por fim, fechei as cortinas e aceitei a minha derrota. Hector havia seguido a vida dele e eu não fazia ideia de como iria seguir a minha.
Clara&Hector | Minas Gerais | Presente - 12/06/2021
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Ele me afastou e se virou, ponderando por um instante.
"Eu falhei Amélie, eu sinto muito, mas eu falhei e você estava certa o tempo todo. Eu não posso mais continuar com isso, eu não quero mais sexo sem sentimento."
Eu congelei, sem resposta ou qualquer esboço de reação.
"Eu te desafiei porque eu tinha certeza que você estava blefando e eu tinha mais certeza ainda que eu era frio o suficiente pra te levar pra cama e não lembrar do seu sorriso no outro dia, mas ele é lindo demais e eu penso nele o dia inteiro, eu penso no seu cheiro e no abraço que você me dá quando precisa de um abrigo mesmo que não admita isso a si mesma. Eu estou completamente apaixonado por você, Amélie e eu sinto muito por quebrar o nosso acordo."
Ele me olhou por mais alguns instantes, seus olhos azuis procurando desesperadamente resposta nos meus. Eu não tinha uma resposta e ele se virou, passando pela porta do meu quarto.
"Martín, volta aqui" chamei correndo para o mesanino, de onde eu via ele começar a descer as escadas. "Eu..." Comecei, mas não tinha uma continuação. Eu não podia mentir pra ele, dizer as mesmas lindas coisas que ele havia acabado de me dizer, mas o meu coração doía só de imaginar a possibilidade de vê-lo ir embora."Eu comecei a assistir aquela série que você falou" não era mentira, eu vi um episódio e meio. "E também estou querendo atualizar meu Instagram de fotografia" todo Instagram é de fotografia, mas ele iria entender que não era o meu pessoal e sim o profissional (que não era tão profissional assim).
Martín me olhou desconfiado, ponderou por alguns segundos e olhou para a sala abaixo, mas por fim, subiu as escadas de volta. O abracei num gesto impulsivo, mais grata do que nunca por sentir o seu perfume adocicado.
Talvez eu também estivesse apaixonada por Martín.
Amélie&Martín | Londres, Inglaterra | Março de 2021
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— Quanta gente nessa casa. — Comentou Lia assim que passou por Heron, que havia ido abrir a porta para as duas garotas que chegavam de surpresa no meio meio café da manhã. A quantidade de pessoas na casa também espantou Maggie, que não disse nada.
A realidade era que as duas se surpreenderam com a presença de Kaden ali, às dez horas da manhã de uma segunda-feira, preparando o café na cozinha dos Blanco. Ely estar ali, era tão normal quanto o ar que respiravam.
— Acorda. — Maggie passou por todos sem cumprimentá-los, indo diretamente até Eva Blanco e arremessando uma almofada em seu rosto. — Acorda. — a cena se repetiu.
Eva se protestou, se virou e tentou se defender ao máximo das investidas da amiga, mas no final se deu por derrotada e se sentou, feliz por ver a dupla ali, Maggie sorria satisfeita e se juntou à Kaden próximo à ilha.
Lia pediu então a atenção de todos, que se reuniram em volta da bancada. Eva abraçou Ely, ainda sonolenta e um pouco desatenta.
— Desde que chegamos aqui, vocês nos acolheram como parte da família, nos entenderam e nos ajudaram a aceitar a nós mesmas. Dito isto, gostaríamos de chamar vocês dois para serem nossas testemunhas de casamento.
Eva deixou o queixo cair e soltou um "vocês vão casar!" meio abafado graças ao gritinho histérico que escapava.
— Tipo madrinhas de honra?
— Não, Heron, tipo precisamos de alguém que comprovem que nos casamos. Não se sinta importante, a Lia faz tudo parecer grande. — respondeu Maggie à indagação de Blanco.
— É importante sim. — Retrucou Lia — Vai ser diferente, mas vai ser muito especial.
Depois de abraços e algumas lágrimas, o que era pra ser uma rápida visita para o convite, se tornou um almoço e uma tarde de muitas conversas jogadas fora. Maggie mantinha sua curiosidade perante Kaden, mas o rapaz era discreto demais, ela ainda teria a oportunidade de ficar próxima à Eva e descobrir o que estava acontecendo ali.
Eva&Ely | Londres | Abril, 2021.
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"Amélie já passou por muita coisa, Martín, desde amores loucos que a traíram, até aventuras de uma noite que a perseguiram por anos. Ela é traumatizada, acho que só ela conhece a dor que Teresa a causou...
Mas uma coisa eu posso te garantir, ela está apaixonada por você, se não estivesse não estaríamos tendo esta conversa, ao invés disso, ela teria me contado em detalhes como te conheceu e enjoou de você. É, dessa vez definitivamente é diferente, porque por mais que ela tenha medo, ela tem muito mais medo de fugir e te perder."
Amélie&Martín | Londres | Abril, 2021.
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Depois de horas chorando abraçada à garrafa de vinho, eu decidi que era hora de deixar Hector ir e no segundo seguinte, disquei seu número e liguei, eu iria implorar para que ele ficasse. Ouvi então o telefone tocar no andar debaixo.
"Droga." Pensei. "Será que ele esqueceu o celular aqui justo hoje?".
Quando destranquei a porta do quarto, lá estava ele, me encarando com seus negros olhinhos miudinhos que estavam tão serenos nos últimos dias, eu havia reparado.
"Você ainda está aqui." Sussurrei.
"Se eu fosse embora, seria obrigado a voltar e não digo isto porque você me ligaria pedindo para que o fizesse, mas sim porque eu seria incapaz de te deixar aqui sozinha."
Clara&Hector | Inglaterra | Presente - 15/05/2021
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