memoriasalissa

[memoriasalissa]

Manteremos isso em segredo, benzinho, como deve ser. Você se cuida daí e eu vou me cuidando por aqui, tudo bem? E daqui algum tempo nós nos encontraremos de novo. Você me conta sobre seus novos projetos e eu te conto sobre aquele livro que você me indicou e eu terminei de ler. E assim, vamos seguindo até o dia em que a vida colabore com a gente e nos dê uma chance. Porque você sabe, nem que seja lá no fundo, pelo menos por um tempo, que daríamos certo.

só falta o universo concordar com isso.

Cadê seu Romeu, Julieta?

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Ontem eu ouvi Lágrimas do Baco, e eu chorei muito, meu peito ardia tanto que eu pensei que ia ser a hora que eu iria morrer, mas não foi, depois de um tempo as minhas lágrimas secaram, meu peito foi parando de arder e doer, mas você... você ficou na minha cabeça, martelando. Não lembro mais da sua voz, não lembro mais do cheiro da sua pele, não lembro mais do seu abraço, aliás, o meu ainda não encaixou com ninguém. Agora de tarde fui mexer em uma bolsa e achei fotos polaroid nossas que eu fiz uma vez pra você, que ficava na estante do seu quarto, junto com cartas que eu boba, fazia para você também, e em cada foto estava escrito uma dedicação de amor. Meu peito voltou a doer e a arder, meu rosto ficou quente e eu chorei tudo de novo, pensei em tirar foto delas e te mandar, mas não faria diferença alguma, eu s�� ia me doer mais e você iria agir de forma indiferente. Então, eu as rasguei em pedacinhos e joguei no lixo como se aquilo não importasse mais pra mim... Apesar de chorar todos os dias, de ter você nos meus sonhos e de ainda não conseguir te esquecer, eu aprendi a seguir, sem te procurar. Tem doido muito, espero que você esteja bem, eu ainda te amo...

[memoriasalissa]

Eu escrevo tudo o que sinto, então me perdoe se você me lê e só vê sofrimento, pois é o que estou sentindo no momento. Espero, futuramente, escrever poemas felizes, mas, agora, não é o que ando sentindo.

— nominalmente.

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via weheartit

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Argentina

Desde que mudei pra cá parece que até os dias bons são cinzas, nem as paisagens mais bonitas conseguem apagar de mim a solidão que me assola desde que decidi largar tudo e recomeçar em um novo pais. Nem a sensualidade da noite Argentina, nem a meia luz que trás aquele ar de que ‘coisas-boas-podem-acontecer’, a comida e a boa arte me animam. Mudei na esperança de que tudo fosse diferente, porém os nossos pensamentos estão atrelados a nós mesmos e não a lugares, nada muda enquanto continuarmos a repetir os mesmos ciclos, mesmo que dentro da nossa própria cabeça.

- Pouco Sutil.

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00:37

Ao abrir os olhos pela primeira vez era como se uma imensidão de vida e ar tomasse conta de mim. Dizem que o primeiro choro é o mais dolorido já que os pulmões se expandem e ocorre a entrada de ar. o mais engraçado é que eu nasci dormindo e os médicos presentes disseram a minha mãe de que eu era um bebê diferente, daqueles que não choram e que apenas sossegam. a minha escala de apgar foi 7/10. faltou oxigênio o suficiente na barriga da minha mãe para que eu pudesse respirar, e então eu fiquei em observação por algum tempo até entao, poder ir para a casa. sao exatos 0h21, e eu tomei 6 cp de alprazolam e não fizeram o efeito desejado, que é o sono. antigamente eu tomava dois e dormia 5min depois, o efeito era rapido e a sensação era boa. estou digitando isso pelo notebook. Queria que tudo fosse facil, que nossos amigos (no caso, os amigos deles que ja me conheceram) nao tivessem me conhecido... tudo isso torna tudo muito dificil e acaba me magoando.

Nao podemos colocar nem na bio do instagram que estamos juntos por receio talvez de julgamentos alheios desses amigos... conversando com ele mais cedo eu percebi que no casamento do lucas com a namorada eu nao vou poder ir, e que no nosso casamento, caso realmente aconteça, ele também nao irá poder vir. hoje sao 4 de fevereiro de 2022, dia 23 faz exatos 8 anos no qual eu falo da minha morte. talvez me dopar de remedios ou me jogar na frente de algo.

Mas sabe, ultimamente eu tenho pensando em como o Joao se sentiria com isso, eu nao quero acabar com a vida dele, nao quero que ele fique mal com a minha partida mesmo que em algum lugar eu esteja bem. mas sempre aparece um empecilio para "atrapalhar", por que nao nos conhecemos antes? por que ao inves de pedir o numero do fulano eu nao pedi o dele?

Eu tenho certeza de que estariamos juntos ate hoje e eu nao precisaria ter passado nem pela metade no qual eu passei. hoje é mais um desabafo porque é mais facil digitar no computador e passar para o diario depois. escrever a mao cansa, nao sei como faziam antigamente com aquelas maquinas ou ate mesmo com penas e escreviam livros e mais livros. eu nao aguentaria, na verdade, o meu proposito é bem peculiar, furar as pessoas, limpar a bunda delas, cuidar da parte democratica e chata de um hospital, ter toda a responsabilidade em cima de mim.

A minha cabeça está cheia e nao tem muito nexo nas coisas que eu escrevo, no momento eu só queria poder sair e andar por um parque onde eu sentiria o vento das arvores batendo no meu rosto e dizendo que eu ainda preciso viver. alias, eu sempre quis ser uma arvore, daquelas bem grandes que nunca caem, com o tronco bem largo, que quando uma pessoa diz, "vou tentar abraçar' precisaria de mais de duas pessoas para ver a imensidão. mas eu nao queria ser uma arvore que da flores e frutos. eu só queria ser uma arvore com a copa lá pertinho do ceu para admiriar tudo ao redor e fazer com que o oxigenio que eu produziria fosse emanado para a sociedade. ultimamente o unico oxigenio que eu produzo é o gas carbonico, o gás que nao é benéfico para os seres humanos.

Quem sabe um dia eu vá para outra dimensao e me torne uma dessas arvores gigantes, ou quem sabe eu me torne um gigante que come mc donalds e me empantufo de batatas fritas sem ter que lidar com a pressao das blogueiras do instagram e tiktok. sao só pensamentos aleatorios de uma pessoa frustrada com a vida. nao vale a pena ler, mas se leu até agora, parabéns. ou voce é um completo a toa ou sente algo por mim. das duas, meu eterno agradecimento. Bjs, Alissa

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a montanha

Em um dia chuvoso como de costume eu gosto de andar pelas montanhas, florestas e tudo no qual há a presença de arvores no geral. isso me faz pensar em como somo minúsculos perto de avatares verdes que produzem oxigênio para que nos humanos consigamos viver. ir para o interior dos lugares é perceber o ar limpo, as cachoeiras que rondam o local, o barulho dos passarinhos, o radinho tocando as 5h00 da manha com alguma musica bem antiga daquelas que os idosos costumam ouvir. para ser sincera, eu nunca cogitei a ideia de ser uma idosa. eu não me imagino em 2070, com filhos e netos correndo pela minha casa metade campo metade beira de praia, na praia é um local no qual eu me sinto bem. eu gosto de ver a imensidão do mar a noite e de imaginar o que acontece lá dentro, quando ninguém esta observando, se os peixes estão dormindo de olhos abertos por causa dos predadores ao redor ou se eles apenas fecham os olhos e esperam algo acontecer. o que geralmente acontece, faz parte da cadeia alimentar. e onde eu quero chegar com isso tudo?

Eu quero chegar na parte que eu sou a base da cadeia alimentar, aquela parte que todos os predadores conseguem captar e se alimentar. eu só espero o fim. eu nasci para isso, para o fim. dentro da baleia eu conversava e ouvia a baleia mãe falando sobre a gravidez indesejada e que queria que eu fosse um menino, essas coisas de gênero me confundem, por que não amar uma menina? por que não aceitar que um peixe fêmea venha ao mundo e se torne um ninguém?

Meu pai, um tubarão mal que nunca me quis sumiu pelo mundo. eu evolui e virei uma pessoa. a pessoa que vai ate a montanha e quando chega no penhasco sente alivio por finalmente dar um ponto final na historia de peixes, baleias, sobre a vida.

A montanha é verde e cheia de vida mas eu sou imensa e cheia de tristezas. tristezas nas quais eu nao consigo suportar. o copo transbordou. meu pé direito está a ponto de pular da montanha, calculando cada milésimo de segundo no qual meu sistema nervoso central irá desligar e perceber que aquilo é o suicídio de mais uma pessoa que passou 21 anos tentando ser alguém. tudo o que eu escrevi são metáforas de algo que eu realmente sinto. eu sinto muito pelas pessoas que já magoei, sinto muito pelas que me magoaram, sinto muito por me culpar pela morte da minha baleia, aquela que deveria viver mais de 120 anos e cuidar de mim para que nenhum outro predador tentasse me machucar.

Infelizmente ela foi embora cedo demais por uma doença na qual eu não tive nem oportunidades de diagnosticar rápido o suficiente. Mas a questão não é totalmente essa. A questão é que eu sei que a montanha esta me esperando, e o precipício dela se encontra com meu pé direito pronto para uma leve brisa bater e me deixar cair. As vezes a vida não foi feita para pessoas como eu, com um buraco no peito e no corpo inteiro, as vezes a vida é só um emaranhado de sexo que gerou um outro ser humano inútil que se entope de remédio quando tudo sai sob seu controle.

Quando eu acreditava em deus, eu pedia a ele e implorava para que me levasse embora daqui, mas como ele não existe, não me levou e ainda quebrou meu celular. então ultimamente eu só peço a vida para que me leve, e que faça com que o Joao e a Suzana fiquem bem e entendem de que é chegada a hora de ir, e que onde quer que eu esteja, estarei emanando amor e força para que ambos sigam sua vida e sejam felizes, encontrem uma família e cuidem delas como eu não pude ter.

Por fim, eu pulei da montanha. meu coração parou antes de chegar ao chão. o coração é só um órgão que cabe na nossa mão. todos nos somos puro ossos, músculos, tendões, ligações nervosas e quem sabe, alma. a minha já foi, mas espero que a de vocês continuem bem, a montanha é verde e lá embaixo tem um mar azul esperando calmamente mais um viajante. se há outra vida, eu não sei, mas eu não ligo de tentar encontrar novamente.