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Ainda não achei nenhum cartão postal com cara de designer aqui na Tailândia. Esse é bem simplezinho, mas escrito com muito amor. Hoje andei em um tuktuk verde com vermelho bem watermelon sugar. Peguei ele saindo desse templo do postal e desci na Chinatown. Dizem que é o maior do mundo. Louco. Comi o 1º Pad Thai. Não sei se você ia gostar. Eu achei ok. Saudades de você.
Cartão postal para Manu. 30/01/2020
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A Tailândia tem cheiro de Doritos. Essa foi a primeira cosa que pensei quando cheguei em Bangkok. Mas eu estava errada. Aqui em Bangkok cada passo que você dá na rua é um cheiro diferente. Todas as quadras tem pelo menos uma “barraca” de streetfood e cada um tem um cheiro. Alguns muito bons, outros peculiares. É incrível. Logo cedo eles já tão cozinhando e os locais, já mandando um pratão na rua. Lindo de ver. Nem as fotos descrevem...
Cartão postal para Filippe Luy. 30/01/2020
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Não lembro mais de tantos detalhes, mas daqui dois anos vou lembrar menos ainda
Acordei de madrugada e rolei na cama na tentativa de dormir de novo. Estava, pela primeira vez na vida, aprendendo a lidar com aquele negócio famoso que chamam de Jet Lag, que é a dificuldade de adaptar o sono após viajar para um lugar com o fuso horário diferente. Eu estava 10 horas adiantada em relação ao horário que estava acostumada. Então se ali era 1 hora da madrugada de um dia, no Brasil ainda era 3 da tarde do dia anterior. Fiquei algumas horas acordada na cama do hostel olhando para o teto do beliche e usando um pouco o celular. O quarto estava escuro e em silêncio e eu me sentia completamente desperta, mas ainda mal começava a madrugada, então sabia que tinha que voltar a dormir para me forçar a acostumar com o fuso. Comecei a ver algum filme na Netflix pelo celular mesmo e depois de algum tempo (que pareceu muito) eu dormi de novo e acordei apenas na manh�� seguinte com o meu despertador, que desliguei rapidinho para não atrapalhar o sono das outras pessoas no quarto.
Peguei as roupas que eu vestiria para fazer o primeiro passeio turístico em Bangkok, e fui para o banheiro do hostel me trocar. Diferente do quarto, que era apenas para meninas, o banheiro era misto. Vi perto da porta, um par de chinelos da havaianas com a bandeirinha do Brasil e pensei que talvez houvesse algum brasileiro hospedado lá. Mais tarde descobri que na Tailândia há uma grande variedade de opções de cópias das havaianas brasileiras a venda no mercado, e há também as originais nos shoppings, que eram bem mais caras. Fiz minha higiene básica da manhã e desci para o andar térreo, onde estava sendo servido o café da manhã incluso na hospedagem. Me servi de um pedaço de pão de forma tostado (muito comum nos cafés da manhã lá), um ovo frito meio sem graça e uns enroladinhos assados de salsicha. Tinha também geleia.
Comi quietinha olhando tudo em volta. Vários estrangeiros de todos os lugares tomando café da manhã também. O térreo do hostel era um café, que mais tarde também atendia pessoas que não estavam hospedadas lá. Muitos hostels na Tailândia funcionam assim. Hostel + Café, Hostel + Lavanderia, Hostel + Bar, etc. Enquanto eu comia, fiquei no mapa do meu celular olhando a melhor rota para ir aos lugares que eu tinha escolhido para o primeiro dia. Assim que terminei de comer, já subi no quarto pegar as coisas e fui para o meu passeio. O primeiro destino seria o The Grand Palace Bangkok, que dava 20 minutos de caminhada. Fui sentindo a brisa da manhã, e fotografando com a minha câmera analógica tudo que eu achava interessante. As calçadas eram cheias de coisas, como barracas de streetfood sendo montadas ou já em funcionamento mesmo sendo tão cedo, com locais comendo em mesinhas desmontáveis, muitos vasos grandes de plantas, vasos grandes com água dentro e peixinhos, bicicletas estacionadas. As ruas principais eram largas e um pouco difíceis de atravessar. Eu usava a tática de observar alguém que parecesse local e apertar o passo quando a pessoa fosse atravessar, confiava e ia na sombra dela.
Chegando lá, a rua era fechada na frente do lugar. Algumas pessoas tentavam oferecer entrada (tickets) para entrar lá, mas ignorei como os blogs de viagem me orientavam a fazer, pois se tratavam de golpes. Fui até um grande portal, onde estavam muitos turistas esperando para entrar. À direita estava a cabine para comprar o ingresso, que me custou 500 bahts. Também tinha uma placa que proibia a entrada de pessoas de bermuda, regata, ou chinelo, em respeito a religião. Se uma mulher estivesse com alguma roupa muito decotada, eles alugavam xales para se enrolar. O templo era relativamente grande, cheio de imagens do Budha em ouro, muitos espelhos, telhados pontudos e tudo mais. Nas áreas cobertas era obrigatório entrar descalço, o que causava uma cena um pouco cômica das pessoas em pé retirando seus tênis e meias e colocando dentro de um saquinho. Observei uma moça asiática jovem que estava fotografando com uma câmera amador-profissional e pensei que era para ela que eu ia pedir para tirar uma foto minha. Me aproximei dela e pedi, mas achei que ficou horrível. Me arrependi de não levar um pau de selfie ou algo do tipo.
Depois de ficar um tempo por lá, saí e do outro lado da rua já vi algumas lojinhas. Em uma loja de lembrancinhas, comprei um elefantinho de metal para dar para a minha irmã e dois cartões postais, que não eram dos mais bonitos. Também comprei 3 selos. A loja ao lado era uma loja de filmes de fotografia analógica, então aproveitei para comprar um. O preço era rasoavelmente bom. Então eu fui para um templo ao lado desse templo maior, o Wat Pho, o templo do Buda Inclinado. Era um templo semelhante ao anterior, mas com detalhes diferentes. Me lembro também de ter visto uma parte com várias criancinhas andando em fileira, todas de máscara cirúrgica no rosto. Pensei se elas estudavam lá ou algo assim.
Saindo do Wat Pho, fui até os tuktuks que estavam parados ali. Todos eram muito coloridos e tinham enfeites inusitados. Peguei um relativamente básico: teto azul com luzinhas vermelhas, frente verde limão, e a parte em que eu sentava era vermelha por dentro e verde por fora, parecendo uma melancia. Era hora da minha próxima parada: A China Town de Bangkok.
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enquanto aqui o sol tá se pondo, lá em casa é 8 da manhã
Ok, então o meu vôo de Franfkurt para Bangkok era exatamente as 22h da Alemanha. E eu chegaria quase 15h da Tailândia. O que, mesmo fazendo vários cálculos na minha cabeça, ainda me deixa confusa sobre o tempo de duração daquele vôo. Mas foi bem comprido, tenho certeza. Dessa vez o vôo não tinha wifi, e eu estava sentada no canto da fileira do meio dessa vez, o que era um pouco menos confortável que no outro vôo. Sem contar que dessa vez não tinha assentos vazios, todo mundo estava lá deixando o lugar mais apertado. Do meu lado tinha um garoto que falava francês. Pensei que ele devia ser uns 3 anos mais novo que eu. Ele estava viajando com um grupo enorme de vários outros meninos da mesma idade que ele, sei porque estavam bem animados e fazendo piadas em francês entre eles no começo da viagem. Mas pra ser sincera não lembro muito bem desse vôo. Eu lembro que dormi menos ainda que a primeira viagem, apesar de estar meio cansada do dia inteiro de passeio e apesar de na minha cabeça serem pra lá das 22h. Lembro também que foi nesse vôo que eu assisti o filme do Goldfinch e fiquei meio decepcionada. Quando estávamos quase chegando em Bangkok, os comissários entregaram um papel retangular que já me era conhecido por causa dos muuuuuitos blogs de dicas de viagem para a Tailândia que eu tinha visto na internet nos meses anteriores. Era o papelzinho para entregar preenchido na imigração do aeroporto. Preenchi tudo certinho com uma caneta preta que tava na minha pochete e depois emprestei a caneta pro menino do lado. Nesse finzinho de vôo eu fiquei passando na minha cabeça tudo o que eu tinha que fazer quando chegasse lá, de acordo com o post no blog de título “O Que Fazer Quando Chegar No Aeroporto Em Bangkok: Passo A Passo”:
Primeiro, com o passaporte, o certificado de vacinação internacional e o papel de imigração em mãos, eu teria que ir caminhando por um grande corredor cheio de arranjos de plantas com flores amarelas e seguir as placas que diziam Health Control (Vigilância Sanitária). Achei estranho que mais ninguém do vôo estava procurando o Health Control, estavam indo direto para a parte da imigração, mas depois me toquei que só alguns países que exigem o certificado de vacinação. No caso, brasileiros precisam comprovar que já tomaram a vacina da febre amarela. No Health Control só tinha eu. Preenchi um questionário que a mulher que trabalhava lá me indicou e depois entreguei pra ela com o certificado. Ela carimbou o verso do meu papel de imigração e disse que já estava tudo certo.
De lá, finalmente fui procurar a parte da imigração. No caminho pra lá, tinha uma área que parecia um pouco improvisada. Eles fecharam o corredor com aquelas fitas de fazer fila e tinha que passar uma pessoa por vez para o lado de lá. Apontado para as pessoas tinha uma maquininha que parecia uma filmadora. Não entendi muito bem o que era, mas depois descobri que aquela máquina era um termômetro. Eles estavam medindo a temperatura de quem entrava no país por causa daquele tal corona vírus que tava rolando lá na china e tinha ouvido comentar.
A “sala” de imigração era um lugar enorme com muita gente em fila e várias cabinezinhas com homens e mulheres tailandeses olhando os passaportes. Fiquei com um pouco de medo, mas entrei na fila. Uma mulher uniformizada ficava indicando em qual era pra entrar e eu obedeci ela e fiquei esperando a minha vez. Quando o oficial me chamou, ele deu uma olhada no meu passaporte e conferiu as informações. Ele pediu então pra eu afastar o cabelo dos olhos que ele ia tirar umas fotos minhas com a webcam, que ele apontou pra mim, e foi isso. Bem tranquilo.
Depois que oficialmente entrei na Tailândia, guardei meu passaporte na minha pochetinha e dei de cara com um painel do tamanho de uma tela de cinema na minha frente. Lá ele tinha as informações de todos os vôos saindo e chegando no aeroporto. E nos que chegavam, estava escrito a esteira onde tinhamos que ir para pegar a nossa mala. O Aeroporto Suvarnabhumi é um aeroporto enorme. Esteira atrás de esteira, parecia que nunca chegava a do meu vôo. E quando cheguei, ainda tinha muita esteira depois da minha. Fiquei lá esperando vir o meu mochilão. Demorou um pouco, e comecei a ficar apreensiva de ela não vir. Mas veio. A mochila marrom no meio das malas de rodinha, veio dentro de uma badeija branca, acho que para ela não ser atropelada pelas outras.
Depois de pegar a minha mochila, troquei uma quantia de dólares para bahts. Como o dinheiro deles vale “menos”, veio um bolo bem gordo de notas para eu guardar na minha carteira. Me senti riquissima. Comprei também um chip de celular e paguei uma quantia que depois de uns meses descobri que era absurdo o tanto que eu paguei. Mas não me culpei, porque eu precisava de internet no celular. Mochileira de primeira é perdida mesmo né. Comecei a receber uns sms em tailandês e eu só esperava que não tivesse dado nada errado.
Depois de fazer tudo que eu precisava fazer, fui como quem sabe onde está, como quem sabe o que está fazendo, pegar o tal do ônibus S1 que eu tinha lido a respeito. Era só sair no portão 7 do aeroporto e do outro lado da rua é o ponto do tal ônibus é o jeito mais barato de ir para o centro. Ele me deixaria na Khao San Road, que pelo que tinha visto na internet, era uma das ruas mais famosas/turísticas de Bangkok, e que daria uns 10 minutos de caminhada para o meu hostel. Pra minha sorte, o S1 já estava estacionado na vaga quando eu cheguei. Até dei uma corridinha humilhante (por causa das mochilas) porque fiquei com medo de ele sair sem mim. Entrei e senti um bafo de calor lá dentro, tava bem quente e com um pouco de cheiro de suor. O ônibus tinha cortininhas na janela e uns homens que acho que eram russos, sentados nas primeiras cadeiras. Sentei em uma cadeira individual e acomodei minha mochila no chão aos meus pés. Aproveitei pra mandar mensagem pra minha família avisando que cheguei. Eles estavam bem curiosos. Na internet dizia que esse ônibus saia de meia em meia hora, mas levaram uns bons 40 minutos para encher de pessoas e finalmente sair. A cobradora era uma mulher troncuda com o cabelo curtinho e franja. Entreguei 100 bahts pra ela e ela me deu o troco de 30 bahts e uns papeizinhos coloridos que era o recibo. Ela perguntou em inglês onde eu ia descer e eu falei Khao San Road.
Foi uma viagem de mais ou menos uma hora e meia até a tal da rua Khao San Road. Eu olhava tudo em volta com os olhos esbugalhados. Era bem diferente do Brasil, e mais diferente ainda da Alemanha. Lembro que meu pai mandou uma mensagem: “Como que é? Não é mais primeiro mundo igual a Alemanha né?” (Minha família pensou que eu não fosse me adaptar). Mas eu já tava amando.
Assim que pisei para fora do ônibus, vi que o sol estava começando a se por. Tirei uma foto da cena e pensei “essa é a primeira foto de Bangkok”. Fui andando pela Khaosan que já tinha várias pessoas andando e bebendo. Era uma rua turística que parecia uma feira de rua. Vários cabides com roupas no estilo das calças com estampas de elefante que você é obrigado a comprar quando vai pra Tailândia. Bares com pessoas sentadas em mesinhas na calçada. Banquinhas de Street Food. Muitas. Pessoas vendendo souvenirs. Uma banquinha de fruit shake. E eu ali. Com um mochilão nas costas, uma mochila na barriga, a pochete grudada no corpo, segurando uma blusa de frio que não condizia com o clima de lá, tropeçando. Eu tinha visto no google maps que eu tinha que andar até o fim da rua e fui. Chegando lá eu lembrei que eu estava a pelo menos umas 6h sem comer nada. Paguei 20 bahts num fruit shake de manga e vi o cara triturando os cubos de manga com gelo. Todas as frutas eram muito frescas. Com meu fruit shake em mãos, eu já sabia que não estava em condições de ir até o hostel andando. Já ia escurecer em breve, eu estava podre de cansada, com as malas, e com fome! Peguei meu celular para chamar um Grab (o Uber da Tailândia), quando um homem chegou em mim e falou: TUK TUK? E eu falei: por que não né? Combinamos um preço. Eu pedi menos. Ele diminuiu. E assim eu fiz minha primeira viagem de tuktuk. Eu, minhas mochilas e meu shake de manga. O homem se perdeu um pouco, mas no fim achamos o meu hostel, que era o Krit Hostel e ficava numa ruazinha bem estreita. Paguei ele e ele ficou com um sorriso estranho. Achei esquisito, pensei se tinha pago muito caro para a viagem curta. Provavelmente. Mas eu tava muito cansada pra criar novas teorias.
Entrei no hostel e fiz todo o esquema de check in, tirar foto do passaporte, pegar chave, toalha, tudo mais. Na entrada do hostel tinha uma sala que era apenas para deixar os sapatos. Cheio de sapatos por lá, de todos os hóspedes do hostel. A moça fez um pequeno tour por lá para me mostrar tudo e me mostrou minha cama, que ficava na parte debaixo de um beliche bem ao lado da porta.
A primeira coisa que eu fiz foi ir tomar um banho depois de todos esses dias sem tomar banho. Mesmo não sendo um chuveiro propriamente dito (era uma ducha fixada na parede), o banho foi incrível. Era muito bom me sentir limpinha pela primeira vez em tanto tempo. E foi esse banho que fez meu corpo todo relaxar e desistir de procurar por uma janta. Eu deitei na minha cama, fechei minha cortininha e conversei um pouco por mensagem até capotar de sono, e não devia ser nem 21h ainda. Mas eu tinha ligado o despertador para começar a turistas já de manhãzinha no dia seguinte.
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escovano dente no aeroporto depois de toma banho de lencinho umidecido e de blusinha nova
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algumas fotos de Franfkurt, que depois eu revelei lá em Bangkok. janeiro de 2020
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esse texto vai ser comprido
A primeira coisa que eu senti quando dei a pisada para fora do avião foi um tufo de ar frio que passou pelo buraquinho entre o avião e o corredor do aeroporto. Tinha um cara jovem pedindo para ver o passaporte de todo mundo, e eu mostrei pra ele quando chegou a minha vez. Ele disse que podia passar. Entrei num corredor imenso que levava para outra parte do aeroporto. Não sabia direito onde eu estava indo, mas ia. Peguei o celular pra tirar uma foto do avião que eu tinha acabado de sair e já fiz um vídeo para mandar pra minha mãe dizendo que cheguei. Falei assim que tava muito frio, eu já tava com a blusona de frio que eu tinha levado só para aquele dia, já que pensava que ia estar muito calor na Tailândia. No Brasil era bem cedinho, e pra mim já era umas 10h e pouco da manhã. Eu consegui conectar o celular no wifi do aeroporto que devia ser melhor que o wifi da minha casa e avisei minha família que tava tudo bem.
Depois de mandar umas mensagens para eles, fui em direção à parte da imigração, que tava muito fazia. Não peguei fila nenhuma e fui pro primeiro guichê e coloquei meu passaporte na mesinha pro homem pegar. Ele deu uma olhadinha e perguntou: “Pra onde vai?” E eu falei: “Pra Tailândia” E ele falou: “Quando é seu vôo?” E eu: “Hoje a noite” E ele: “Ah, então vai ficar aqui só por uns segundos?” (Eu lembro que ele usou a palavra segundos, achei meio engraçado) E eu: “Sim, você quer ver minha passagem?” E ele falou: “Não precisa” E já carimbou meu passaporte, permitindo minha entrada na Alemanha (!!!!).
Saí de lá com a mochila nas costas e olhando para os lados, talvez um pouco atordoada de não ter dormido direito no avião. Fui um pouco pra direita, depois dei meia volta e fui pro outro lado. Eu tava procurando um locker que eu pudesse deixar a minha mochila. Acho que não expliquei ainda o que aconteceria a seguir então aqui vai: eu tinha 12 horas de conexão em Frankfurt, na Alemanha, antes de ir para Bangkok. Então o meu plano era pegar um trem para ir para o centro da cidade e explorar o máximo possível nessas horas. O meu roteiro incluia: Romerberg, que pelo que eu pesquisei era meio que o centro histórico da cidade, a ponte de ferro, que era uma dessas pontes que os casais colocam cadeados, a rua dos museus, e o que mais desse para ir nesse tempo que eu tinha.
Parei num pequeno guichê que parecia ser de informações e perguntei onde eu poderia achar um locker. O homem abriu um sorrisão e foi muito gentil comigo. Eu lembro do rosto dele. Ele era um homem careca e negro, com aquele sorriso em que a bochecha fica saliente. Ele pegou um papelzinho e ia falando enquanto escrevia as palavras chaves no papel: “Tá vendo essas placas? Você segue elas até achar a B1, e então você vai achar um guichê escrito nãolembrooque service. Lá você pode deixar a sua mochila pagando uns trocados.” Agradeci muito e achei certinho o balcão que ele falou. Depois eu descobri que aquele homem não estava num guichê de informações, mas um guichê de pacotes turísticos, o que me fez pensar que ele tinha sido mais gentil ainda. Dobrei e guardei o papel como recordação.
Minha primeira compra na Alemanha: Uma água no McDonalds. Eu precisava trocar os meus euros para comprar uma passagem do trem que ia para o centro. A mulher do McDonalds falou assim: “Sparkling or still? (Com gás ou sem?)” E eu: “No, just water (Água)”. E ela bem séria: “Yes. Sparkling or still?” E eu: Ah!!!! Still, please.... Thank you...... E peguei minha água e meu troco.
Era exatamente 11:14 quando eu paguei 9,75 euros na passagem do trem numa máquina de autoatendimento. Na passagem (que eu também guardei) tá escrito Tageskare Erwachsene e era uma passagem de dia inteiro que me permitiria ir e voltar do centro quantas vezes eu quisesse. Eu já sabia disso, porque tinha pesquisado videos do tipo “O que fazer numa conexão de no mínimo 4h de conexão em Frankfurt” e porque a Sara tinha me explicado também, que eu tinha que descer numa estação chamada Konstablerwache. A língua alemã é um pouco assustadora né.
O trem chegou no horário certinho que indicava no painel. Me deixava tranquila que tudo que tava escrito bem grandão em Alemão, em baixo estava escrito menor em Inglês. Não precisava mostrar o ticket pra ninguém, só entrar e sentar no trem e descer na estação correta. Fui olhando tudo e aproveitando cada segundo da viagem. O trem estava bem vazio, só tinha alguns senhores lendo o jornal, um grupo de pessoas aqui ou ali. A paisagem era linda e o dia estava nublado, bem com cara de frio mesmo. Eu, segurando minha garrafinha de água na mão, fiquei captando o máximo de informações que eu podia lembrar. No começo, era só várias árvores secas e algumas estações de trem, e mais pra frente, começava as paisagens de cidades. Eu estava radiante e me sentia num filme.
Konstablerwache é uma estação de trem e quando você desce nela você sai numa rua que é um calçadão bem limpinho. O chão tava meio molhado como se tivesse chovido algumas horas antes e o céu bem cinza indicava isso mesmo. O vento era muito, muito frio, tanto que imediatamente já senti minhas bochechas ardendo um pouco e a nuvenzinha de vapor saindo da minha boca que nem eu fazia quando eu era criança. Vi umas lojas que pensei que queria voltar lá se sobrasse tempo. Lembro que achei engraçado que eu fui flanando pela cidade, andando meio que com rumo meio que sem e acabei chegando onde eu queria mesmo. Eu não tinha mapa no celular (porque não tinha internet), mas nem precisava! Além de Franfkurt ser uma cidade pequena, eu sentia que parecia que eu estava em casa. Mas uma versão da casa que eu não conhecia nada, mas parecia que eu sabia me achar. Comecei a ganhar confiança que talvez sobrevivesse super bem aos próximos meses que estavam por vir. Eu sabia me virar sozinha!
Na rua tinham várias lojinhas, uma mais bonita que a outra. Uma floricultura com muitas flores rosa branco e amarelo do lado de fora, uma loja só com itens do Tintin que se chamava TinTin, uma loja escrito Designers House, várias lojas de turistas. Entrei numa lojinha de Coisas Pequenas. Ela era toda colorida, com vários itenzinhos muito fofos e muitos inuteis bem do jeito que eu gosto. E eu queria tudo, mas só comprei dois cartões postal com ilustrações meio tipo rococó, meio kitsch. Um pra mandar pra Thay, um pra eu guardar pra mim.
No vento frio, achei Romerberg, que estava bem vazia. Tirei umas fotos como toda turista e fui procurar a tal ponte de ferro que ficava lá perto. Achei bem rápido e foi lá que eu comecei a sentir muito, muito frio. O vento que vinha da água parecia mais cortante. Entrando na ponte, vi um homem que parecia ser um morador de rua pedindo dinheiro. Andei pela ponte e achei tudo lindo. Parei lá pra apreciar um pouco o momento. Tirei algumas fotos da ponte e dos cadeados, mas estava começando a ficar insuportável de frio ficar lá. A minha roupa, que era a minha roupa mais quente do Brasil, claramente não era nada preparada para aquilo que eu estava sentindo. Eu tentava tirar algumas fotos no celular e às vezes o meu dedo falhava na função de fotografar, de tão frio. Do outro lado da ponte, ficava a rua com os museus, que eu tinha ouvido falar também. Atravessei lá e comecei a andar pela rua, mas desisti, porque estava M U I T O F R I O. Voltei pela ponte e tirei só mais umas fotos, em que eu fingia não estar com tanto frio assim mas meu corpo inteiro tremia debaixo da roupa. Voltei por Romerberg, onde eu entrei numa lojinha e comprei mais um cartão postal para enviar pros meus pais. Escolhi o menos feio. Daí me toquei que talvez todo aquele frio que eu estava sentindo devesse ser pela falta de comida, porque já deviam ser umas 14h e eu não comia desde antes de sair do avião, quando eu comi um sanduíche de abobrinha de café da manhã (não parece, mas o sanduíche era incrível). Decidi que era hora de almoçar.
Fui andando e passei na frente de alguns restaurantes e cafés, onde tudo parecia ser muito caro. Continuei em frente como se soubesse onde eu estava indo e de repente, à minha esquerda, tinha uma entrada que dava num lugar tipo os mercados municipais aqui do Brasil. Era lindo! Lá estava cheio de gente, e tinha aquecimento. Decidi que ia almoçar lá. Dei várias voltas pelo mercado pensando o que eu poderia comer. Tinha barracas de frutas, cogumelos de todos os tipos, berries, conservas, pães, carne, peixe, tudo! Tudo muito bonito e muito fresco. Igual o mercadão mesmo. Eu decidi comprar um quiche de brócolis que a moça esquentou pra mim e eu comi sentadinha lá do lado do balcão. Enquanto comia eu fiquei meio frustrada com a minha escolha de comida. Não porque era ruim (era muito bom!), mas pensava que devia ter pego alguma coisa mais tradicional. Ia ser minha única refeição lá e eu comprei um quiche. Mas eu me perdoei porque eu estava com muita fome e muito frio para continuar procurando por outra coisa.
Dei mais algumas voltas pelo mercadão e saí de volta pra rua, pra enfrentar o frio de novo e continuar explorando a cidade. Achei uma papelaria e entrei lá na missão de comprar um lápis para a coleção. Comprei um e aproveitei pra perguntar pra atendente se eles vendiam selo. Ela falou que não, mas falou para eu ir em uma banquinha de revista que lá eu acharia. Ela fechou o caixa e saiu na porta da papelaria pra me mostrar por onde ir para achar a banquinha. Todo mundo era muito legal. Eu agradeci e fui achar a banquinha.
Comprei na banquinha 3 selos: um para os meus pais, um para a minha irmã e de novo, um pra guardar pra mim. Decidi que ia escrever os postais naquela hora, só precisava de um canto para eu sentar e escrever. Acabei passando por um café que tinha duas mesas do lado de fora e entrei lá. Pedi um café com leite quente e aproveitei para tentar derreter o gelo que parecia estar sendo formado na minha mão. Em uma das mesas lá fora tinha dois homens bem vestidos conversando e tomando um café. E a outra mesa estava “vazia” apenas com algumas sobras de pão e muitos passarinhos voando em volta dela comendo as sobras. Sentei com os passarinhos. Comecei a escrever os postais e percebi que minha letra estava horrível porque minha mão estava congelada.
Depois que escrevi os postais parei para olhar bem em volta. O café ficava numa esquina. Os passarinhos ainda estavam voando na minha volta. Do outro lado da rua dava para ver a caixa de correio amarela, que me falaram que era só colocar o postal na caixa e mais nada! A marquise do café era listrada rosa com branco. Eu fiquei pensando que o dia que eu voltar para Frankfurt quero achar aquele café e aquela mesa que eu sentei para escrever os postais. Eu vou achar. Olhei para a placa da esquina com o nome da rua e jurei que ia lembrar do nome dela. Não lembro mais o nome da rua, mas acho que sei voltar lá sim. Uma família com crianças queria sentar na mesa então eu peguei minhas coisas e desocupei o lugar. Eu precisava me movimentar mesmo. Atravessei a rua e coloquei os dois postais na caixa.
Depois disso não aconteceu muito mais. Eu fui nas lojas do calçadão e fiquei indignada com o preço muito mais barato de lojas como a Zara. Fui numa loja chamada Primark também e comprei um moletom vermelho por muitos poucos euros. E depois disso, decidi voltar para o aeroporto. Comprei um folhado de maçã antes de voltar e pedi pra embalar para viagem. Tinha várias coisas de maçã lá, achei que devia ser uma fruta importante pra eles.
Ainda devia ser apenas o final da tarde quando eu cheguei no aeroporto de Frankfurt e meu vôo ia ser só as 22h, então fui pro banheiro e me limpei com lencinhos umidecidos. Fiz uma nota mental de avisar a Thay comprar lencinhos umidecidos para o vôo para o Japão. Era péssimo ficar sem tomar banho. Troquei de roupa e coloquei meu moletom novo e tirei uma foto no espelho escovando o dente.
Passei pelo Raio-X e o moço perguntou bem rápido se tinha líquidos na minha mochila. Eu não entendi direito e falei que não. Mas tinha, então a minha mochila foi separada e quando eu fui pegar ela vi o moço da segurança olhando meu chaveiro que era um apito de madeira da Ilha do Mel que o Lucas tinha me dado alguns meses antes. Ele teve que revistar minha mochila e deu um sermãozinho falando que tinha sim, um pacotinho de álcool em gel na minha mochila. Mas ficou tudo bem, ele nem viu a mochila até o fim, de tanta tranqueira que tinha.
Fiquei sentada na sala de embarque porque ainda tinha algumas horas até o meu vôo. Conectei meu celular de novo no wifi e avisei minha mãe que já tava de volta, que ela não se preocupasse, eu não ia perder meu vôo dessa vez. Tinham várias mensagens dos meus amigos perguntando se eu já tinha chegado na Tailândia. Conversei um pouco e decidi baixar o tinder. Eu lembro que mandei uma mensagem pro Lucas falando algo tipo “amigo eu não acredito que eu sou mais valorizada no tinder daqui do que no do Brasil e ainda com pessoas mt mais gatas” e dai ele falou alguma coisa de eu JÁ estar piranhando e eu falei que óbvio. Conheci meu primeiro crush alemão aquele dia, que depois eu explico porque estou dizendo isso aqui.
Eu tava podre de cansada na hora que anunciaram o meu vôo para Bangkok, e fui toda toda felizinha.
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por onde a gente passa para chegar lá
O meu começou assim: o meu vôo de Londrina para o aeroporto de Guarulhos era às 11h da manhã, então é óbvio que às 8h51 eu já estava no aeroporto de Londrina. Óbvio apenas porque minha mãe sempre falou assim: “melhor chegar cedo e ficar lá esperando do que perder a hora. Avião, se perder, não tem jeito. Melhor chegar cedo.” Perguntou muitas vezes se peguei o rg, se peguei o passaporte, os dólares, o celular, o carregador do celular, a pastinha com papéis de coisas importantes do visto e do seguro como se ela não tivesse perguntado a semana anterior inteira. Ela é assim mesmo, já acostumei. Até herdei um pouco da neura dela. Eu acho. Na noite anterior, minha avó veio pra mim como qualquer avó chega na surdina pra enfiar na mão do neto sem que mais ninguém veja umas notas de dinheiro. “Pra comer alguma coisa no aeroporto” ela falou. E depois me deu o que eu mais gostei: um amuletinho da religião dela. Budista nitirem. Ela me contou que aquele amuletinho ela ganhou da mãe dela quando ela era jovem. Era um quadradinho de bronze menor que uma moeda com alguns kanjis que eu não conhecia. “Vai te proteger e vai te dar sorte”. E me deu também um sapinho. Um sapinho de pedra do tamanho da unha do meu dedinho. “Sapo em japonês é Kaeru, você sabe né. Você sabe que kaeru também significa voltar né. Esse sapinho você leva pra você voltar pra casa tudo bem.” Fiquei muito feliz. Guardei o amuletinho e o sapinho na minha latinha de bala que tava na minha mochila. A latinha vermelha praticamente vazia, agora só tinha o amuleto, o sapinho, e um papelzinho bem pequeno escrito: “Para voltar cheio” com as letras da minha irmã. Essa é a minha latinha de tesouros da Tailândia.
De qualquer forma, às 8h51 eu estava lá. De mochilão nas costas e de mochilinha na barriga, pastinha de coisas importantes na mão e um suspiro grandão preso no peito pensando que é agora. Era agora. Enquanto eu fazia o check in e despachava o meu mochilão marrom meio desengonçado naquela esteira de aeroporto, minha tia e minha avó pararam pra conversar com um casal de meia idade que estava no aeroporto. Me despedi da minha mochila porque depois dali, só ia ver ela de novo a dois oceanos de distância.
“Ó Cami, deixa eu te apresentar eles. Acabamos de conhecer eles e eles também estão indo pro exterior e vão passar o dia em Guarulhos, você pode ficar com eles”, minha tia falou quando eu voltei do check-in. “Ah…” Eu falei segurando um riso nervoso e cumprimentei eles. Falei que muito prazer, e obrigada. Tirei umas fotos com a família e dei um abraço apertado de despedida na minha tia, na minha avó “Agora a próxima vez que a gente se ver vai ser no Japão, viu?”. Abracei o meu pai e na minha mãe, pra quem falei “não vai chorar não viu?”. Mas ela chorou. Entrei na sala de embarque com o tal casal que também ia passar o dia em Guarulhos. Passamos pelo raio-X, e eu sorri pra eles meio que sem graça. Eles foram pra fileira de cadeiras do lado esquerdo e eu fui pra primeira do lado direito. Não nos vimos mais e aquilo era um alívio.
Posso dizer com firmeza que em Guarulhos foi o lugar que eu mais tive a sensação de estar perdida durante a viagem inteira. Eita aeroporto grande, nem sei pra quê! Eu lembro que eu cheguei em Guarulhos com a mochilinha nas costas olhando para os lados procurando alguma coisa que nem sei o quê. Eu ainda ia ficar lá por mais pelo menos 6 horas. Achei um canto e sentei lá para almoçar. Eu tinha uns oniguiris na mochila, que minha mãe tinha embalado pra mim. Comi bem feliz sentadinha no chão do aeroporto. Depois de comer, eu recebi algumas ligações e mensagens de amigos que estavam aproveitando minhas últimas horas em solos brasileiros pra se despedir de mim e pedir que eu trouxesse um elefante para eles. Anotado. Eu lembro também de ter sentado em uma mesinha para começar a escrever o meu caderninho de anotações da viagem. Tava escrevendo algumas informações importantes tipo o número do trem que eu teria que pegar em Frankfurt, o nome e endereço do primeiro hostel que eu ia ficar em Bangkok, e tudo essas informações que achei que seriam importantes de ter caso alguma coisa acontecesse com o meu celular quando eu chegasse lá.
Meu vôo para Frankfurt era às 18h45 pela companhia aérea Lufthansa. Foi bem fácil achar meu assento. Era tipo assim: assento da janela, mais um, e daí eu, e daí o corredor. Ao meu lado direito tinha uma garota de cabelão loiro enrolado maravilhoso, que falava um idioma que eu não sabia qual era. Foi aí que eu me dei conta que a partir dalí, acabou português. Ai meu Deus. Tava acontecendo. Um homem se sentou na janela, e entre nós não tinha mais ninguém, o que foi ótimo para nós dois. Durante a viagem eu: vi o pôr do sol, assisti Harry Potter A Pedra Filosofal, dormi, comi, olhei para os lados, dormi de novo, aprendi a usar banheiro de avião, ri sozinha, depois de 8h de vôo descobri que pegava wi-fi lá de cima, twittei alguma coisa sobre descobrir que tinha wi-fi lá de cima, era madrugada no Brasil, comi mais, e aí: cheguei em Frankfurt as 10h da manhã, no horário deles. Os pézinho pulando de alegria, o coração igual.
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