Quero para mim o espírito desta frase, transformada a forma para a casar com o que eu sou: Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
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Dar um rosto para o tempo
Trazer uma saudade nos olhos
Ela não era uma profissional
Mas tinha um olhar precioso para cada rua
Para cada pessoa ou ser que cruzava o seu caminho
Para ela fotografia é pegar uma saudade com as mãos
E ela sempre terá uma saudade nova
Uma saudade no olhar
Tem uma mania linda de registrar tudo enquanto vive tudo
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Seu coração dói
Uma dor invisível e vermelha
Um sangue estranho que escorre de um
futuro que não existirá
Por que ele a deixou?
Eram perfeitos juntos
Ela chora um soluço
Não quer consolo de ninguém
Não quer jargões
Ou frases de efeito
Hoje ela quer chorar
Ligar o chuveiro e sentar nua no chão
E ver um futuro lindo
Escorrer pelo ralo
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Ela sempre teve uma alma terrivelmente livre
E esse tipo de pessoa vai despertar amor/ódio
Nas pessoas que a cercam
Ela diz aquilo que deve ser dito e cala aquilo
que deve ser silêncio
Seus pés e sua alma sempre vão para onde
Ela deseja ir
E sua alma sempre reencontrara um meio
De olhar para o céu
O gigante e infinito azul
Onde ela pode voar
Mesmo que sozinha
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Ela é das cores
Por isso sempre gostou do carnaval
Da sua parte lúdica
Das ruas sem carros inundadas por sorrisos
Bem humanos
Da chuva cores pintadas de papel
Onde todos esquecem o rótulo, os diplomas
E tudo aquilo que sabe separar as pessoas
O som não para
Assim
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Foi tão jovem
Foi escondido de todos
É inacreditável o quão rapidamente a vida pode sumir
Um mergulho em uma cachoeira
Ele era um ótimo nadador
Nadou para sempre
Desapareceu no desconhecido
Virou uma saudade dolorida
Tão aguda
Ela chora pelo amigo
Pelo ombro forte e confortável
Ela chora pelo sorriso generoso
E pela paz cheirosa que havia nos seus olhos
Dizer adeus para um amigo tão moço
É tão difícil
Adeus
Uma palavra tão pequena e tão impronunciável
Adeus amigo, ela disse
Agora ele mora nela
Na casa da memória
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Quantas vezes ela deixou de sair
Deixou de ver o mundo
Deixou os amigos de lado por um instante
Para ficar naquele lugar tão intimo
O quarto
O lugar em que ela era apenas ela
Com todas suas inseguranças
Com todos os choros
Com todas as paixões
Com todos os desejos
Um lugar onde ela poderia ser nada
Sendo tudo
Esse lugar sempre será seu refugio
Um lugar sagrado para seu riso e seu choro
O quarto
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Um frio na barriga e o verão no coração
Deitar a cabeça no ombro
Uma conversa branda e carinhosa
Um banco em um parque
Discutiam os mesmos livros
O coração estava repleto de música
Mãos dadas
Almas e línguas sempre enroscadas
O amor é uma perfeição feita para os imperfeitos
Viajavam juntos
Sorriam juntos
Conversavam dentro do silêncio
E ela com um sorriso que tomava conta
do corpo todo
Deixavam o futuro para o amanhã
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Para ela o silêncio é necessidade
Como alimento
Já faz algum tempo que ela se esconde
Dentro do silêncio
Quer ser invisível e apagar a própria voz
E pensar na sua própria vida
Às vezes chora
Outras vezes fecha os olhos
Esse pequeno ritual se torna cada vez
Mais frequente
As vezes fazem muito barulho
Os egos gigantes esmagam tudo
Silêncio
Sem som
Mas repleto de voz interna
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Começou com uma pequena, meio escondida
Um coração
Agora elas se multiplicaram
Vão pelos braços, as pernas, as costas
Quanto mais ela se conhece, mais desenhos
Surgem pelo seu corpo
Tatuagens para uns
Mas para ela são simplesmente pedaços de sua alma
Que afloram na estação certa
Como flores em uma primavera
De intensidade e autoconhecimento
Fragmentos que falam do tempo
Esses desenhos são para ela se lembrar
Da sua própria alma
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Tantos sonhos
Todos são muito simples
Por isso são sonhos muito complicados
Um amor repleto de clichês
Um canto para morar e algumas plantas
Viagens para dentro de si mesma e para
Muitos lugares do globo
O seu coração sempre terá uma capacidade
Incrível de sonhar acordado
Como se tudo fosse possível
E como toda sonhadora
Às vezes ela perde a esperança
E se reencontra no amanhã
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Todos querem algo
Uma tv, uma viagem, um carro, etc
Coisa
Objetos
Ela sempre achou justo esses desejos
E também possuía algumas dessas vontades
Mas ela não entende o mundo
Onde as pessoas são valorizadas pelo o que possuem
Ela sabe que não é o tamanho da casa
Que faz um lar
Ela não quer coisas
Quer lembranças e saudade
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Um lugar que sempre foi refúgio
Ela lembra bem das viagens de Gulliver
E agora, um pouco mais velha, mas com o deslumbramento da infância nos olhos
Ela descobriu o cavaleiro de triste figura
E sorriu
Pois ela sabe como é ser Quixote
Em enxergar um mundo que as pessoas ainda não podem enxergar
Os livros são o esconderijo quando tudo
Fica cinza demais
Tudo fica sem cor
Onde as pessoas planejam todo o próximo passo
Ela corre para a estante amarela
E se esconde nas páginas imateriais
E fica lá
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Curtos
Longos
Loiros
Ruivos
Castanhos
Mudar
Ela gosta de mudar
Para continuar sendo ela mesma
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Frequentemente ela é invadida pela música
Sim, a música derruba a porta e entra sem pedir
Invade o seu corpo e alma
A dança é a consequência
Em qualquer lugar
Seja no carro, no chuveiro, no palco ou nas boates
Ela dança
Para libertar o que está dentro
Já sorriu
Já chorou
Enquanto o corpo se movimenta
As pessoas acham estranha essa mania
De dançar sozinha
Mas ela dança com a multidão que está do lado de dentro
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Ela não se lembra começou sua paixão Pelas viagens Talvez seja um adorável vírus Que faça com que o corpo tenha necessidades por novos lugares Esticar a visão Ver novas faces de natureza e pessoas Sentir a brisa do mar ou das montanhas Quando ela está na estrada O mundo todo se transforma em paisagem Tudo assume a sua própria beleza E quando ela volta pra rotina Ela está maior Mais rica apesar das despesas Mais humana Mais infinita Até o vírus se manifestar novamente E a vontade de estar em movimento ser insuportável Não tem cura
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A noite estrelada Um quadro com pinceladas violentas E uma harmonia tão bela e serena Um homem que transformou o tormento em beleza Ela nunca esqueceu aquele primeiro olhar Para a tela de Vicent Apaixonaram-se ali Ela e a arte Ficou com os sentidos em confusão A música que sopra como vento em seus ouvidos As telas, gravuras, fotografias e esculturas Que desafiam os olhos tão realistas A literatura que incendeia a vida A dança que transforma o corpo em sonho E dizem que a paixão não dura a vida toda
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Dentro dela Existe um canto para ser sozinha Ela escuta muitas amigas Que temem estar sozinhas A palavra solidão tem um som insuportável Para algumas pessoas Mas dessa forma ela sabe que sempre estará sozinha Ela tem um lado de ser só dela Um lado de sensações e sentimentos Que ela não deseja compartilhar Um lado que permite autoconhecimento Como um espelho de olhar a alma Ela sempre foi atraída por tudo aquilo Que as pessoas temem Muitas vezes ela vai para a solidão Para se encontrar Para visitar uma velha amiga Para passear pela própria alma
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