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Me Viu...
Quando já não era mais nada, quando a estrada já havia deixado de ser asfaltada, ali, bem ali, mesmo longe de tudo e de todos, onde todos os lugares já haviam passado a ser lugar nenhum, Ele me viu.
Quando já havia deixado de ter tudo o que um dia possui, e nada mais de interesse à alguêm me restava, quando nada que me destacasse em meio a multidão, que me fizesse notar existia, Ele me viu.
Quando todas as cores do Carnaval já haviam desbotado, mesmo os infeites de Natal haviam sido retirados, o pinheiro que enfeitava minha sala e até os balões de aniversário haviam murchado.
Quando o cinza passou a reinar, a poeira já cobria cada canto de cada quarto, quando o relógio já havia parado e o tempo se perdido dentro de si, quando não haviam mais diferenças entre dias e noites, quando tudo já havia se tornado nada e nada mais fazia sentido algum, bem ali, perdido no canto, como uma drácma ou um talendo que já havia sido esquecido, ali, bem ali Ele me viu.
Tirou o pó, moveu cada movel que a tempos haviam ficado imóveis, escancarou cada uma das janelas que à anos não se abriam, deixou o sol e o ar leve e novo entrar.
Abriu cada gaveta, tirou todos os utensilios que já haviam ficado inúteis e os afiou, lavou, limpou, renovou, deu corda no velho relógio que havia ficado inútil, e fez com que o tempo voltasse a andar.
Me viu, me sorriu, me encontrou, me tirou do canto e me abraçou. Me lavou com sua vida, devolveu a visão que já se havia perdido, me mostrou que pra Ele eu nunca havia deixado de existir, que mesmo indo pra longe, nunca pude fazê-Lo esquecer que um dia havia me prometido amor eterno.
Me entregou novamente o amor que um dia eu havia recusado, mas que por Ele permaneceu ali, bem guardado. Me fez entender que desde o início de tudo aquilo, mesmo não sabendo ou admitindo, o que eu mais queria era ser encontrado.
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