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— É um desses casos em que a arte do raciocínio deveria ser usada mais para a separação de detalhes do que para obtenção de novos evidências. A tragédia foi tão incomum, tão completa de tamanha importância particular para tantas pessoas, que estamos sofrendo de excesso de suposições, conjecturas e hipóteses. A dificuldade é separar o quadro real dos fatos – os fatos absolutos, inegáveis – das fantasias dos teóricos e dos repórteres. Então, a partir dessa base sólida, a nossa obrigação é verificar quais conclusões podem ser tiradas e quais são os pontos especiais em torno dos quais gira todo o mistério. Na noite da terça-feira, recebi telegrama do coronel Ross, dono do cavalo, e do inspetor Gregory, que cuida do caso, solicitando a minha cooperação. [The memoirs of Sherlock Holmes / Arthur Conan Doyle ; traduzido por Silvio Antuna, Ed. Principis, 2019, p. 08].
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Porque, por que, porquê e por quê?
Pra que tantos porquês, não é, minha gente?
★ Quando usar o "Por que" (separado e sem acento)
No começo de perguntas diretas, ou seja, aquelas que têm um ponto de interrogação:
Por que você está triste? Por que não foi à aula ontem? Por que não tenta experimentar?
Em perguntas indiretas, aquelas que não tem o ponto de interrogação, mas que dão a entender que existe uma dúvida acerca do motivo. Para te ajudar, você pode substituir por "por qual motivo":
Gostaria de saber por que você fez isso. (Gostaria de saber por qual motivo você fez isso.) Eu não sei por que ele fez isso. (Eu não sei por qual motivo ele fez isso.)
★ Quando usar o "Por quê" (separado e com acento)
No final perguntas diretas. Ou seja, quando ele 'tá coladinho com o ponto de interrogação:
Você não veio, por quê? Você parece meio triste, por quê?
Isolado, com sentido de "motivo". Quando ele aparecer sozinho ou então antes de uma vírgula:
Não sei por quê, mas tenho um pressentimento ruim. Eu não o vi hoje. Por quê? Ele não me disse por quê, mas eu descobri.
★ Quando usar o "Porque" (junto e sem acento):
Em explicações, justificativas ou razões:
Ele não veio porque estava doente. Estudo muito porque quero passar no vestibular.
★ Quando usar o "Porquê" (junto e com acento):
Quando tem sentido de substantivo, significando "motivo" ou "razão". Você sempre vai vê-lo com o artigo "o" antes, então fica essa dica pra você lembrar:
O porquê de sua ausência ainda é um mistério. (O motivo de sua ausência ainda é um mistério.) Descobri o porquê de tudo. (Descobri o motivo de tudo.)
E é isso por hoje, pessoal! ☕
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Pontuações em diálogos
Vamos ao café de hoje.
Além do travessão para sinalizar o discurso direto (fala real do personagem), temos algumas regras a seguir em relação a pontuações.
Antes de falar sobre elas, preciso esclarecer o que são verbos dicendi e sentiendi.
Os verbos dicendi são aqueles que apresentam a forma pela qual alguém se expressa. Por exemplo: disse, falou, contou, respondeu, perguntou, afirmou, repetiu, acrescentou, etc.
Já os verbos sentiendi são aqueles que expressam as emoções ou estados psicológicos do personagem. Por exemplo: balbuciou, gaguejou, suspirou, riu, exclamou, gritou, vociferou, lamentou, etc.
Dito isso, podemos prosseguir.
Quando um diálogo é seguido de uma narração que contém esses verbos (dicendi e sentiendi), o correto é não pontuar com o ponto final e iniciar a narrativa com letra minúscula.
Exemplos:
— Você está bem? — perguntei. — Eu acho que eles foram embora — ela disse. — Você precisa vir conosco — insisti. — O que acha de partirmos amanhã? — ele sussurrou. — Não temos mais novidades sobre o caso — a voz monótona do atendende repetiu.
No caso do diálogo seguido de uma narração sem os verbos dicendi e sentiendi, a fala deve ser pontuada (com ponto final, exclamação, interrogação, reticências) e a sequência deverá ser iniciada com letra maiúscula.
Exemplos:
— Temos que ir ali também. — Apontei para a loja. — Mas esta menina aqui... — Ele apontou para mim. — Você está bem? — Ouvi a preocupação na voz dela e me sentei na cama. — Sim. — Ele se virou. — Foi a minha esposa que me escreveu. — Pode deixar comigo. — A voz dele era suave. — Vou resolver isso. — Pronto. — Dá uma risada de satisfação. — Aí está.
Veja que nos exemplos a narração tem uma ação (um verbo) do personagem e não é sobre a fala dele. Ou então é uma descrição que não se relaciona diretamente com a fala.
Parece um pouco confuso a princípio, mas com a prática esse conhecimento se torna intuitivo.
A dica que eu dou é pensar o seguinte: o verbo da narração tem a ver com a fala? Explica como ela foi dita? Se sim, sem ponto final e letra minúscula.
Se o verbo não se relaciona com o que foi dito (ou seja, não expressa sobre a fala), então é pontuação e letra maiúscula.
Oskei? É isso por hoje ☕
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Como usar o Onde, o Em que e o Aonde
O café de hoje é um pouquinho amargo, mas vamos a ele.
Tem uma coisinha que vem me perturbando cada vez que vejo as sinopses no spirit e está na hora de falar sobre ela: o monstrinho chamado "onde".
Alguém tem que falar sobre ele e seu uso indevido. Sim, não está nada correto explicar na sinopse "Onde personagem tal faz coisa tal e etc". Por favor, precisamos parar com esse hábito 🙏
Por que, Nuwa? Porque o "onde" só pode se referir a lugares físicos. Lugares que existem de fato. A fanfic não é um lugar físico que existe. É uma história. Pura abstração. Por isso o "onde" não deve ser usado como vem sendo nas sinopses (para se referenciar à história).
O que deve ser utilizado no lugar? O nosso querido "em que" ou o "no/na qual". Esses podem referenciar tanto locais físicos quanto lugares intangíveis. É até um coringa caso você esteja com dúvida se deve ou não usar o onde.
Outro ponto a ser observado é que também não podemos utilizar o "onde" quando falamos sobre um lugar no tempo! Para este caso devemos usar o "quando".
Portanto, está incorreto dizer:
Foi neste livro onde achei vários personagens interessantes. (usar: em que/no qual) Foi onde eu tive a ideia de construir um barco. (usar: quando) Esta é a lei onde consta a explicação sobre a proibição mencionada no discurso dele. (usar: em que/na qual) Foi o ano onde comecei a praticar esportes. (usar: quando/em que/no qual) Onde personagem A e personagem B são amigos e vivem uma emocionante aventura. (usar: em que) Aí foi onde todo mundo começou a correr para lá e para cá. (usar: quando)
Agora, vamos aos exemplos corretos e perceba a diferença deles para os exemplos de cima:
Foi nesta escola onde estudei. Foi nesta escola em que/na qual estudei. Não tinha lanchonete por perto onde nós estávamos. Não tinha lanchonete por perto no lugar em que/no qual nós estávamos. Ele colocou na caixa onde estavam os discos. Ele colocou na caixa em que/na qual estavam os discos Onde você guardou os livros? Em que/qual lugar você guardou os livros?
Outra coisa importante de se saber é a diferença entre o "onde" e o "aonde". Como usá-los?
Primeiro devemos pensar que o "onde" transmite ideia de permanência enquanto o "aonde" transmite a ideia de movimento.
Se a ideia que está sendo transmitida na sentença é de ir de um lugar a outro, o correto é usar o "aonde".
Veja alguns exemplos:
Aonde você vai? Eu vou aonde você for. Ele foi aonde? Alguém sabe aonde foram parar as minhas coisas? Não souberam me dizer aonde levarão os pertences dela.
Lembrando que não existe: para aonde você vai?
O "para onde" e o "aonde" são equivalentes, então é redudante e incorreto usar esse "para aonde". Ou você utiliza um ou o outro. Note que você pode substituir o "aonde" nos exemplos acima pelo "para onde" e o significado permanecerá o mesmo. (É até um bom macete para utilizar caso você tenha dúvidas se deve ou não usar o aonde.)
Claro, na hora de falar acaba escapando o onde em tudo que é lugar e isso é natural. Faz parte. Mas é bom praticar até na hora de falar que é para você não se confundir na hora de escrever.
Quanto mais aplicamos as regras do português no nosso dia a dia, mais fortalecemos o aprendizado e menos erros cometemos na hora de escrever.
Certo, pessoas? Então fechou ☕
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Alguns métodos para planejar sua história
Aproveitando o assunto sobre planejamento, além do método das Três Partes (Introdução, Desenvolvimento, Desfecho), também temos outras formas de planejar uma história. Uma delas é através do método Cubo, que basicamente envolve 6 perguntas (as 6 faces de um cubo) que precisam ser respondidas.
Quem são os principais personagens na história?
Em que lugar a história acontece?
Qual é o problema principal da história?
Como esse problema é resolvido?
Qual é o tema central da história?
De que parte da história você mais gosta?
Também temos o método A Jornada do Herói, que consiste contar sua história em 9 fases (originalmente são 12, mas resolvi resumir):
Mundo comum: usado para descrever o mundo normal do personagem, aquilo que acontece antes do início da aventura. Usado especialmente para provocar o interesse do leitor, mas sem iniciar o conflito/problema.
O chamado: quando o problema se apresenta ao protagonista.
Reticência ou recusa do chamado: o protagonista não aceita ou demora a aceitar o desafio.
Encontro com o mentor: o protagonista encontra alguém, mais sábio e experiente, que o incita a aceitar a jornada. Na ausência de um mentor, você pode optar para usar esse momento apenas como um catalisador, ou seja, para provocar o protagonista a ser movido a aceitar o chamado. Aumentar o senso de urgência ou acontecer algo que realmente impacta o personagem a ponto de fazê-lo assumir a responsabilidade.
O caminho de ida: quando o protagonista abandona o mundo comum e entra no mundo mágico/diferente. Ele começa a enfrentar as suas primeiras provações, encontra aliados e se depara com seus inimigos. Esse é um bom momento para explicar o funcionamento universo mágico/diferente para o entendimento do leitor. Use esse espaço para fazê-lo ter sucesso em seus primeiros testes e para explorar o seu desenvolvimento conforme ele reage aos desafios.
Provação difícil ou traumática: um momento crucial, que normalmente põe o protagonista entre a vida e a morte.
Recompensa: o protagonista supera seu medo, derrota o desafio principal e obtém algo em troca.
O caminho de volta: O herói deve voltar para o mundo comum. Aqui ele pode enfrentar mais uma situação em que ele emprega tudo o que foi aprendido em sua jornada. Como uma pedra que foi lapidada, ele não é mais a mesma pessoa que começou a jornada.
Resolução: aqui é o momento para encerrar a história de modo a mostrar como o protagonista foi transformado, seja para o bem ou para o mal. Se ele partiu em busca de algo, se ele o conseguiu, se conseguirá ajudar o bem comum, o que fará com isso, etc.
Também temos o método Floco de Neve, que consiste começar com algo pequeno, uma frase, e a partir disso expandir o volume de informações. As etapas são:
O núcleo da ideia: Comece com uma ideia básica para sua história. Pode ser um personagem, um cenário, um evento ou uma simples pergunta. Resuma-a em apenas uma frase.
Expansão gradual: A partir dessa ideia central, comece a expandir a história em diferentes direções, como se os braços de um floco de neve estivessem se formando. Cada ramo representará um aspecto diferente da sua história, como:
Personagens: Crie perfis detalhados para seus personagens, incluindo suas personalidades, motivações, histórias de vida e relacionamentos.
Enredo: Desenvolva a trama principal da sua história, com um início, meio e fim bem definidos.
Cenário: Crie um mundo detalhado para sua história, com suas próprias regras, leis e culturas.
Temas: Explore os temas centrais da sua história, como amor, perda, amizade, etc.
Detalhamento: Conforme você explora cada ramo, adicione mais detalhes e complexidade à sua história. Por exemplo, você pode criar subplots, desenvolver os personagens secundários, explorar os conflitos internos e externos dos personagens, etc.
Revisão e edição: Após completar a estrutura básica da sua história, revise e edite o material para garantir que tudo se encaixe perfeitamente e que a história seja coesa e interessante.
Exemplo prático:
1. A ideia em uma frase: Um detetive particular investiga o desaparecimento de uma jovem em uma pequena cidade litorânea.
2. Expansão para um parágrafo: Em uma pacata cidade litorânea, conhecida por suas praias desertas e clima ameno, o detetive particular, um homem taciturno e experiente, é contratado para investigar o misterioso desaparecimento de uma jovem. A comunidade local, inicialmente acolhedora, revela segredos sombrios à medida que a investigação avança.
3. Criação de fichas de personagens:
Detetive: John Carter, 40 anos, divorciado, viciado em café e cigarro. Possui um passado obscuro e habilidades de investigação aguçadas.
A vítima: Emily Wright, 18 anos, estudante de arte, popular e com muitos amigos.
O prefeito: Um político ambicioso com segredos obscuros e uma ligação com a vítima.
A melhor amiga da vítima: Uma garota rebelde com um passado conturbado e um segredo que pode ser a chave para o caso.
4. Expansão do parágrafo principal:
A investigação: O detetive Carter começa a investigar o desaparecimento de Emily, entrevistando testemunhas, analisando evidências e desvendando os segredos da cidade.
A comunidade: A pequena cidade, inicialmente acolhedora, revela-se um lugar com muitos segredos e conflitos.
O mistério: O desaparecimento de Emily está ligado a um antigo mistério que assombra a cidade há décadas.
5. Detalhes sobre o cenário:
A cidade: Uma pequena cidade litorânea com um porto, uma praia deserta, um farol antigo e uma floresta densa.
A época: Verão.
A atmosfera: Sombria, misteriosa e com um clima de suspense.
6. Criação de subplots:
O passado do detetive: Uma investigação anterior que o traumatizou e o tornou um homem solitário.
O romance: O detetive se envolve em um romance com a bibliotecária da cidade, que possui informações importantes sobre o caso.
A conspiração: Uma conspiração envolvendo o prefeito e outros membros da comunidade para esconder um segredo obscuro.
7. Desenvolvimento dos personagens:
John Carter: Ao longo da investigação, Carter se torna mais próximo de Emily e de sua família, descobrindo um lado mais humano de si mesmo.
Emily Wright: A história de Emily é revelada através de flashbacks e depoimentos de seus amigos e familiares.
O prefeito: Suas ambições políticas o levam a cometer atos cada vez mais desesperados para proteger seus segredos.
8. Resolução:
O detetive Carter finalmente descobre a verdade sobre o desaparecimento de Emily e desmascara a conspiração que assombra a cidade. No entanto, a resolução do caso tem um custo pessoal para ele.
Você vê que basicamente todos são muito parecidos e buscam a mesma coisa que o método das Três Partes. O que vai diferenciar é a riqueza de detalhes, o tamanho da narrativa, os pontos em que a atenção será concentrada. A estrutura pode ser quebrada, é claro, mas entender a sequência te permite ter uma noção daquilo que sua história pretende contar.
E aqui encerramos mais um post. No futuro abordarei outros métodos.
Aproveite!☕
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O tempo na narrativa
Você deve estar familiarizado/a com os tempos verbais, certo? Presente, passado e futuro.
Hoje vamos entender a importância de não mesclá-los na sua escrita.
Bora lá.
Quando você decide escrever, também decide em que tempo escrever. É uma decisão que deve ser feita com intenção, já que dependendo da sua escolha, a abordagem da história mudará.
Uma história no presente apresenta os fatos "em tempo real". Acho muito importante frisar isso, pois quando você narra ao mesmo tempo em que as coisas acontecem, não pode deixar que seu personagem seja onisciente ou vidente. Também não antecipe informações, já que o o personagem e o leitor estão acompanhando à medida que as coisas vão acontecendo.
Por causa dessa característica de tempo real, o tempo presente é ideal para construir narrativas com mais tensão, pois possibilita o elemento surpresa (não que não seja possível escrever no passado e ainda criar um suspense). Ele também é conhecido por ter uma maior facilidade em criar uma aproximação do leitor-personagem.
Já uma história no passado, como o próprio nome diz, narra uma coisa que já aconteceu. Então o narrador, no caso você, está falando do futuro e já sabe o que acontece. Utilizar esse tempo verbal dá uma maior permissão na hora de contar sobre detalhes e também para deixar falsas pistas. Também possibilita o foreshadowing, que é quando você insinua o que está por vir na sua história.
Você pode se sair bem em qualquer tempo, desde que preste atenção às suas particularidades. E uma vez que decidir, seja consistente. Não misture tempos verbais na sua narrativa ou você vai confundir o leitor.
Não estou falando de ir e vir no tempo, como no caso dos flashbacks. Quando as seções estão bem divididas, não há problema.
A questão a que me refiro é esta aqui:
"Era também por esse motivo que Jisung não curtia muito participar de eventos. Suas produções vinham de acordo com sua inspiração e não era todo dia que ele se sentia inclinado a colocar alguma coisa no papel. Para ser sincero, ele gostava mais de gastar o tempo dormindo do que rabiscando desenhos sem sentido. Mas sempre que acordava no humor propício, ele ia lá e fazia alguma coisa grandiosa. Talvez hoje não seja o dia, ele pensa sem qualquer preocupação. Já está acostumado com isso. Ele se explica à diretora, que não tem outra opção a não ser a de aceitar que Jisung não fará nada sob pressão. Ele volta todos os dias para o muro até que isso se torna irritante e um fardo. Gasta algumas horas olhando para ele e desiste quando não encontra nada que considera de valor em sua imaginação. Nesse ínterim, uma galera tentou persuadi-lo com conselhos. Queriam que ele desenhasse um dragão; uma abelha gigante; uma sátira política. Perdeu as contas de quantos tinham pedido por animes e por paisagens turísticas. Claro que não ouviu qualquer uma dessas sugestões. Se havia algo que odiava mais do que ser pressionado, era quando queriam induzi-lo a fazer algo que não queria. Ainda mais relacionado à sua arte, território exclusivamente seu." Através dos Anos, Nuwahours.
Sim! Eu também erro! 😁 Até pouco tempo atrás eu não era tão consciente dos tempos verbais e ia escrevendo conforme chegava à minha cabeça. E confesso que ainda estou pegando o jeito.
Acho até legal usar algo meu (que precisa de revisão urgente) para mostrar como a mistura acontece na prática. Também quero evidenciar o quanto é comum se atrapalhar com isso. Se você prestar atenção às conversas das pessoas no cotidiano, vai entender como a gente vai e volta sem nem perceber. A gente se entende, mas na escrita isso não pode acontecer.
Lá no meu textinho de exemplo, eu marquei de vermelho o tempo passado, de roxo o tempo presente e de azul os verbos que deveriam ser alterados porque não servem nem para um nem para o outro naquele contexto.
Para ficar ainda melhor de visualizar, vou colocar aqui como fica após a correção:
No passado:
Ele voltava todos os dias para o muro até que isso se tornasse irritante e um fardo. Gastava algumas horas olhando para ele e desistia quando não encontrava nada que considerasse de valor em sua imaginação. Nesse ínterim, uma galera tentava persuadi-lo com conselhos. Queriam que ele desenhasse um dragão; uma abelha gigante; uma sátira política. Perdera as contas de quantos tinham pedido por animes e por paisagens turísticas.
No presente:
Ele volta todos os dias para o muro até que isso se torna irritante e um fardo. Gasta algumas horas olhando para ele e desiste quando não encontra nada que considere de valor em sua imaginação. Nesse ínterim, uma galera tenta persuadi-lo com conselhos. Querem que ele desenhe um dragão; uma abelha gigante; uma sátira política. Perde as contas de quantos pedem por animes e por paisagens turísticas.
O correto é isto: não ficar alternando tempos dentro dos parágrafos e entre eles, como eu fiz lá em cima. Ou você escreve a história no presente ou no passado. Do contrário, você corre o risco de criar um nó na cabeça do leitor (e na sua também).
Mas e aqueles casos em que estou citando algo que aconteceu, uma lembrança, etc? Eu tenho que modificar os verbos, certo? Certo! Só que é preciso prestar atenção na conjugação.
Vamos aos exemplos para entender melhor:
Tempo presente, citando coisas do passado:
Caminho pela rua e observo as casas antigas. Algumas ainda conservam as características da época em que foram construídas, com janelas de madeira e telhados de cerâmica. Imagino as famílias que ali viveram, as histórias que foram contadas dentro dessas paredes. A cada passo, descubro novos detalhes que me transportam para outro tempo.
Tempo passado, citando coisas que aconteceram antes desse passado:
Quando chegou à casa de campo, a encontrou completamente transformada. As árvores que plantara ainda eram pequenas mudas quando se mudara, mas agora formavam uma bela sombra sobre a varanda. A piscina, que construíra com tanto cuidado, estava verde e cheia de folhas. Sentiu uma tristeza profunda ao perceber como o tempo havia passado e como as coisas haviam mudado. Lembrava-se dos momentos felizes que ali vivera, das festas que organizara e das noites estreladas que passara no jardim.
Aproveitando esse gancho, é um bom momento para falarmos sobre o pretérito-mais-que-perfeito, esse verbo de nome bonito. Ele já te deu trabalho? (por favor, diz que sim e não me deixe sozinha nesse mar de gramática). Pois então, vamos aprender um pouco sobre ele e, quem sabe, sanar as dúvidas (que eu espero que você as tenha ou esse post não faz sentido aaaaa).
Acho que fica melhor se eu usar uma linha do tempo para explicar.
Plin 🌟 [efeito especial]:
O pretérito mais-que-perfeito nada mais é do que uma ação que aconteceu antes de outra que já está no passado. Você pode usá-lo com esses sufixos (-ara, -era, -ira) ou então fazer uso do verbo "ter" (ou "haver) + o particípio do verbo principal.
Calma, vou usar um exemplo:
Ele terminara de consertar quando Ivan chegou. Ele tinha terminado de consertar quando Ivan chegou.
Note que a ação de consertar foi encerrada antes da chegada do Ivan. É muito diferente de dizer:
Ele terminou de consertar quando Ivan chegou.
Que dá a entender que o conserto terminou ao mesmo tempo da chegada de Ivan. Percebe a diferença?
Isso é bem importante de se ter em mente. Principalmente para você que decide escrever sua história no passado. Eu sei que parece um tanto embolado na hora de escrever (e que parece mais bonito usar o pretérito mais-que-perfeito), mas se preocupe com esse detalhe para não errar. Faz muita diferença na narração.
Se você ainda está com dúvida, eu recomendo esse vídeo, que é ótimo em explicar tudo isso que eu falei.
Para finalizar o conteúdo de hoje, vou dar mais alguns exemplos sobre como você pode abordar eventos passados quando a história está no passado.
Você pode usar a forma mais direta, ou seja, citando exatamente o que foi dito e como aconteceu:
Ao adentrar a antiga livraria, um aroma de papel velho e couro o envolveu. Lembrou-se da primeira vez que ali esteve, quando criança. Seu pai o conduzira até a seção de aventuras para apontar uma estante repleta de livros. — A vida é como uma grande aventura, meu filho. E os livros são os mapas que nos guiam por ela — ele dissera.
Ou pode citar de uma forma indireta:
Ao adentrar a antiga livraria, um aroma de papel velho e couro o envolveu. Lembrou-se da primeira vez que ali esteve, quando criança. Seu pai havia lhe explicado que os livros eram como mapas que nos guiam pelas aventuras da vida.
Tem mais coisa para dizer sobre os tempos verbais, mas acho que por hoje está bom, não é? Até aqui já conseguimos ver o básico sobre o assunto e um pouco sobre os queridos flashbacks.
E fique na paz, pois isso tudo pode ser corrigido numa revisão. Sei que a princípio pode te dar uma pressão na hora de escrever, porque aí você fica preocupado se está certo ou não, mas relaxe! Essa parte de ver o que está certo ou não vem na edição! Não fique preso nisso na hora de escrever. 'Tá bom? (depois tenho que fazer um post sobre isso, haha)
E se causar nó na cabeça, eu sugiro ir praticando, que é o que vem me ajudando a ter mais clareza. Para te falar bem a verdade, depois que comecei a prestar atenção nisso, meus textos fluíram bem melhor, então espero que isso te ajude também! 🍩☕
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Expressão e Arte
Expressar os nossos sentimentos em forma de arte é como viajar por uma estrada, cortando o vento e fitando as passagens mais diversas durante o percurso.
É como escrever para outros autores esperanto que a carga emocional cravada na carta chegue até eles de alguma forma, mas não necessária seja compreendida e sim, lida.
Gosto quando meus desenhos fluem para além de mim. A expressão no rosto é de satisfação do artista quando sua arte encontra caminhos que a levarão a lugares longínquos.
A arte é como a extensão de quem a produziu. É uma jovem aventureira que está vivendo a sua vida longe de casa.
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O Melhor Amigo do Homem
Pintando de arco-íris o seu dia
O cão é o melhor amigo do ser humano?
Ele é, certamente, um animal de quatro patas que adora latir, que gosta de fazer muito xixi e cocô dentro de casa, assim como adora pedir comida ao seu dono expressando um olhar do Gato de Botas do Shrek (uns olhinhos brilhantes, persuasivos e pedinchões).
Graças a ele, há dias de bagunça na casa. Por isso que os humanos dizem repentinamente “vou vender esse cachorro!” ou “darei ele ao primeiro que passar na rua!” — tudo da boca para fora, sempre.
Contudo, é no fim daquele dia difícil — aqueles que são nada fáceis para o ser humano — que o melhor amigo homem age: deitando-se no chão com sua barriguinha molenga virada para cima, sorrindo com a linguinha de fora, abanando o rabinho e pedindo carinho (essa é uma combinação encantadora de gestos que tende a provocar sensações boas no ser humano) tornando aquele dia, então, mais vibrante e suportável.
Os animais de estimação são verdadeiramente importantes para nós. Há quem prefira não os ter, é direito. Mas aqueles que preferirem o direito de tê-los ganham carinho extra em dias turbulentos. Claro que é preciso atenção e cuidados. Pois eles possuem garras, dentes afiados, músculos… Além de uma barriguinha molenga virada para cima pedindo carinho incessantemente.
O ser humano necessita de amigos assim. Então, por favor, não maltrate os animais. Se você não gosta de animais, é direito. Mas nunca pense em maltratá-los. Não maltrate nenhum deles, sejam eles cães, gatos, passarinhos, aves, peixes, répteis, quaisquer que sejam. Porque eles SÃO verdadeiramente importantes a alguém. Destarte, eles podem ser O MELHOR AMIGO DO SER HUMANO.
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O Pequeno Príncipe
O livro “Le Petit Prince” do escritor e aviador francês Antoine de Saint-Exupéry, e traduzido no Brasil por dom Marcos Barbosa, é minha obra -- para adultos, porém disfarçada de história infantil -- preferida.
Um ponto positivo nessa obra me fez entender os sentimentos de alguém como um verdadeiro dom.
Certo principezinho teve um encontro marcado com uma raposa e isso mudou a sua vida.
Essa raposa lhe ensinou sobre o que é cativar. Aquele pequeno príncipe possuía dúvidas quanto ao verdadeiro amor. Foi-lhe ensinado que o tempo que se "perde" com alguém é que gera momentos dignos de cativar o outro.
Todas às vezes que ocorre mágoas e ressentimentos, os quais deixam o corpo sobrecarregado, somente a renúncia ao próprio eu (sendo deixado para trás) por ambas as partes, aliada a um certo sacrifício, é que poderia consertar os erros do passado, assim como as despedidas abruptas. Essa interpretação é mais minha.
Assim, o principezinho aprendeu por conta de suas experiências e encontros marcados com personagens sábios… fez o que precisava ser feito para que se reencontrasse com a sua amada, orgulhosa e frágil rosa. Então partiu dali, retornando para o seu pequeno asteroide.
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Afinal, donde vem nossas inspirações?
Foto de Steven Houston na Unsplash
A origem das ideias há de ser divina. Um jovem pregador contou certa vez sobre como Deus teria ensinado os seres humanos a falar. Dessa língua divinal e primordial, derivaram todos os idiomas atuais, sendo repassados à cada nova geração desde o início dos tempos. O jovem pregador afirmou ainda que, na falta de quem retransmitisse o dom da fala a um bebê, por experiência, a criança jamais poderia falar, mesmo quando na fase adulta.
A humanidade não se contenta em guardar somente para si os seus sonhos, desejos, amores e paixões, conhecimentos e sabedorias, pois sempre consegue um jeito para expressá-los, externalizando-os. Alguém pode nunca ter ouvido um som, uma nota musical se quer na vida, mas exprime-se e não é muda, os seus pensamentos mais íntimos são ouvidos e sentidas, as suas emoções assim que retratadas.
As Mil e Uma Noites
Uma personagem de um livro antigo, tornou-se heroína sem nunca ter levantado nada senão o timbre de sua voz.
Conta a história que em um reino havia um Sudão, o qual casara-se muitas vezes, e que no dia seguinte ao seu casamento, livrava-se com uma ordem de quem governa de sua recém-esposa. E é então que a nossa jovem heroína surge, chamada Sherazade. Uma linda mulher que caíra nas graças daquele rei e sabia que, após o casamento, só lhe restaria mais uma noite de vida ali diante daquela situação sufocante em que se encontrava.
Na noite de suas núpcias, ela tomou a liberdade e começou a conversar com o Sudão, iniciando uma história após outra de ação, mistério, drama, aventura, comédia, amor... Numa época sem serviços de streaming, ela criou séries de histórias fascinantes contadas todas as noites até os primeiros raios de sol surgirem no oriente para o governante daquele reino.
O Sudão vinha até aquela mulher ansiosamente sempre ao findar do dia, somente para poder ouvi-la terminar a história da noite anterior e começar uma nova. Assim, 1001 noites passaram-se. Com efeito, o rei nunca mais quis se separar daquela inteligentíssima e encantadora mulher.
A humanidade foi agraciada ainda com o dom de gravar as palavras nos mais diversos meios, tanto físicos quanto virtuais. Fez símbolos, representou sílabas, fonemas, frases inteiras, criou linguagens e códigos. Com isso, os conhecimentos e as experiências continuaram a ser retransmitidos.
Dom Casmurro
Outra personagem, sem muitas qualidades heroicas dessa vez, narrou em um certo livro a sua própria história de vida.
História essa com dúvidas e reflexões sobre amor e traição que perduram mesmo décadas após sua publicação. De tão ardilosa e sábia que foi, conseguiu persuadir os leitores e fê-los brigarem entre si, por gerações, a respeito de uma suposta traição ao qual o nosso narrador teria sofrido por parte de sua esposa amada com o seu melhor amigo.
Deu pistas e mais pistas, onde umas levavam à certeza do ato consumado, enquanto outras levavam a inocência mútua dos acusados, resultando em um impasse. Enquanto o narrador nos conduz, leitores vorazes e ferozes, a tal discussão, ao mesmo tempo, sutilmente nos distrai quanto a si próprio.
Ora, no início da história recebe a alcunha de dom Casmurro dada a ele por um poeta irritado com a sua falta de empatia. Em outra parte da narração, questiona-se sobre quando a sua amada teria se transformado numa mulher em quem não pudesse confiar. Mas... e quanto a sua verdadeira natureza descrita nas entrelinhas, quando foi que o nosso personagem-protagonista-narrador e advogado [e doente de ciúmes] havia se tornado em casmurro e recebido o título de dom? Será que no início de sua narração ou será que bem antes disso, no início de seu romance juvenil, quando demostrou possuir inseguranças de um adolescente?
Perdera uma inteligentíssima e única mulher.
A verdade é que nem sempre alcançamos as respostas de nossas mais inquietas dúvidas e questionamentos. Graças a Deus podemos ter todo tempo do mundo ao viver eternamente debruçados sobre os textos mais diversos de infinitos autores, na tentativa de poder alcançá-las.
A Vida de Pi
E foi assim que outra sobrevivente personagem embarcou em um bote salva-vidas na companhia de alguns animais de zoológico.
Viveu à deriva no imenso mar por dias e mais dias. Sobrevivendo na companhia dos animais, suportando-os tanto quanto a. História tão absurda! Pois uma mamãe orangotango de modo algum apareceria flutuando por sobre uma penca de bananas até o bote.
Os investigadores da companhia de seguros jamais poderiam relatar isso de forma oficial em seu relatório final a respeito do único sobrevivente de um naufrágio em alto mar.
No entanto, o que se deveria fazer quando a verdade está escrita nas entrelinhas da experiência de quem relata? A forma de se contar uma história e de se montar um texto varia de autor para autor, alguns chegam a se assemelhar em estilos, usam técnicas e estruturas semelhantes; mas a experiência retransmitida possui uma assinatura, uma digital própria e única que revela o caráter do autor, do personagem, do narrador, do protagonista... tal qual do leitor (ao que tange a sua interpretação).
Os olhos são as janelas da alma. Se pudéssemos olhar, sem timidez e fixamente para dentro dessas janelas, então nossa comunicação seria mais clara e precisa, bem como empática.
O Pequeno Príncipe
Entender os sentimentos de alguém é outro verdadeiro dom, não só recebido como também repassado. Assim como na história de um principezinho que teve um encontro marcado com uma raposa.
Essa raposa lhe ensinou sobre o que é cativar. Aquele pequeno príncipe possuía dúvidas quanto ao verdadeiro amor. Foi-lhe ensinado que o tempo que se perde com alguém é que gera momentos dignos de cativar o outro.
Todas às vezes que ocorre mágoas e ressentimentos, os quais deixam o corpo carregado e com sobrepeso, somente a renúncia ao próprio eu (deixado para trás) por ambas as partes, aliada a um certo sacrifício, é que poderia consertar os erros do passado, as despedidas abruptas. Essa interpretação é mais minha. Isso tudo o principezinho aprendeu por conta de suas próprias experiências e encontros marcados com diversos personagens... Fez o que fez para que se reencontrasse com a sua orgulhosa e frágil rosa.
Parece-me que há muita leitura ainda, muitas frases e ideias a serem anotadas. Enquanto houver luz e inspiração divinas, haverá vários textos a serem criados. Por isso, convido você, amigo leitor, a continuar neste bote cheio de figuras, e questionamentos, e inseguranças, e amores, e sonhos, rumo a um mar cheio de textos em busca de seus contextos. Se você já foi cativado pela leitura e pela escrita, então sinta-se à vontade para se fazer presente nesta aventura.
Nota do autor:
Escrever qualquer coisa que seja implica em se utilizar de uma poderosa arte que inclui observação e capacidade de compreensão/interpretação. Aqui fiz um breve comentário sobre a literatura com base em alguns livros de ficção que conheço. A partir de agora, começo a me aventurar na arte de escrever e desejo poder retratar o mundo usando as palavras. Por isso, criei este blog simples e espero que gostem. Ah, deem uma passadinha por aqui sempre que o próximo trem passar. Até mais!
Foto de Tyler Nix na Unsplash
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