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PUTA

Precisamos falar diretamente da puta

Da puta mãe, que é fecundada no terreno baldio

Depois tem um filho pra lembrar de seu pai

Da puta que nunca teve o tal fruto

Que em um grito mudo

Encerrou tal possibilidade

E com ela, a própria vida.

Precisamos despudoradamente falar sobre a puta

Que vendeu um boquete às quatro e vinte.

E daquelas tantas 

PUTAS

que “tomaram o doce”.

falar daquela que é puta e é virgem, como uma entidade

que se casa aos 19 com um amor covarde.

falar e gritar sobre a puta

aquela que fazia bolo esperando o marido chegar

e daquela que na vida inteira, só fez apanhar.

e sobre a puta que escolheu

e sobre a puta que morreu

e sobre as tantas putas que o mundo enlouqueceu.

a puta que extorque o homem

a puta que também pode ser homem

a puta que não tem nome

melhor mentir 

me esconder

a puta eu

a puta você.

-Luana Moura

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Vento Festival

O Vento zumbiu no meu ouvido

Que ali fala de índio sem índio

O Vento zumbi ao meu ouvido

Que no palco há praça

Mas pro índio calçada

Carcaça

Desgraça

O festival das maravilhas

Mas não de todas as raças.

Feito meu poema só uma tataraneta branquela qualquer

O Vento em São Sebastião

Mas cadê Odé?

Vocês não são o que são

Mataram seus próprios pajés

O tema do evento é @ índix

Mas só to vendo gente indie.

-Luana Moura

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Abril, 2015

Índio: Quem é Mas não foi E hoje canta na praça Pedindo 1kg de arroz. -Luana Moura

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Você sabe o que é brinquedo lolita?

O que haverá no mundo para nos salvar Se a ONU não limita a deep web? O que haverá para nos salvar Se não há quem proteja pobre... A nós só cabe a tortura A máscara tragédia A sepultura. Você sabe o que é o brinquedo lolita? É o que o macho faz com a mulher Horror Horror, o que nos cabe Sem Chapolim Sem nave Se Jeová existe Um covarde. O que haverá para nos salvar Se eles tem dinheiro E nós Nem braços Nem pernas Nem dente. -Luana Moura

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Fracasso

Sem sexo Sem alma Sem calma. Eu não tenho o que vender. -Luana Moura.

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Mulher é doce Não é a monarquia do falo. Mulher é fruta Mais arrepio, muitos calos Mulher pedaço de um além não descoberto E sexuais trejeitos que não cabem nesse verso. Mulher não é mulher É coisa maior que esse quem invento É melhor pior que essa persona pôster. É luta, é filho, ou só orgasmo infinito. É aquela que muda o rumo da história. É dedo, Cheiro, tempo Mulher é tempo Mas não reina a monarquia do falo. -Luana Moura.

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Silêncio

As vezes 

Escrevo

E apago.

-Luana Moura

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Confissão utilitária

Confesso, caro leitor, Leitora, Que estais a ler Versos noturnos. Madrugadas à fundo De amor e poema. Isso é porque posso E porque palavra não goza rápido. -Luana Moura

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Último Pedido

A comida de gosto enjoativo Qual minha anemia come Para não morrer. Mas que diabos é isso de comer Para ter vida? Não bastasse existir… Não basta o verso? As dívidas? Não basta eu ter Alguns bons anos E deitar-me, estendida Em qualquer lugar? Comer dá-me embrulho Viver também É nó por toda pele. O necessário Ostensivo Por que não me deixa A biologia Em paz Com meu desabar?! Sem o medo do corpo Definhar Sem consumir minha Nula energia Quisera eu Ser apenas culpa Com peso nas costas Mas barriga vazia.

-Luana Moura

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Trauma

Para os grandes lábios da culpa Estende-se a nuca de Ana afoita A terapia acusa A vida é muito louca.

-Luana Moura

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Visita de terça

Você passa-me o cigarro Ensaio de uma coisa que Nunca aconteceu. Pousa na minha varanda E ninguém o ouve lá fora Antes de mim. Fala que já vai embora Você contador de histórias Passa o cigarro pra mim Sopra a fumaça na minha cara Diz que não quer discutir. Diz que foi parar no hospital No hotel, no caramba Por causa de café. Essa vida como é, Bebedores de café Na fé Do seu passar sem fim. -Luana Moura

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Para tocar na banda

Qual é a música Dos teus dedos Quando repousam Sobre meus ossos? -Luana Moura

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Janela

O vento é tão gente Quanto a chuva Mas a chuva chora. -Luana Moura

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Por aqui

Por Aqui anda-se sem trem Sem asfalto Sem pé Sem rua. Por Aqui anda sem gente Sem dente Sem porta e janela. Por Aqui não passou ele, Por Aqui sem bilhete Sem outro Sem ela. Por Aqui é tão desnecessário Bonito e ordinário Como qualquer poema. -Luana Moura.

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Trapaça

Eu tinha cinco anos Quando começei a fumar. Meu pai fumava cachimbo, Eu, cotonetes. Até hoje Ele não escuta muito bem. -Luana Moura.

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Primeira Verdade

Suco de laranja A saudade o que é. Um café, Um chalé, Uma corrida até a varanda... Saudade uma ciranda Qual não deixa dormir. Nostalgia: O cheiro, O tempo, O frio, Dominga. Nostalgia sempre É domingo. Saudade A semana inteira. -Luana Moura.

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Renata e seus mais alguns anos

Renata Fumou um baseado. Renata É tão absolutamente calma. Renata queria tanto uma batata Um beijo Um pênis. Renata quer ser acrobata Para aumentar sua autoestima. -Luana Moura.