lowongravitas

[lowongravitas]

Eu odeio essa pessoa, ele viu minha mãe sofrer abusos psicológicos durante anos sem fazer nada, machucou física e psicologicamente pessoas em acessos de raiva, se afastou pessoas que o queriam bem e se aproximou de quem só tinha o mau pra trazer.

Ele me prendeu em ciclos de vícios antigos e me convenceu de que coisas horríveis eram as mais belas de todo o mundo. Já chorei por ele, em alguns momentos eu quis acabar com a existência desse idiota, meu sonho é me afastar de tudo o que ele representa.

Recentemente me disseram que talvez fosse uma boa ideia o perdoar, seguir em frente entendendo seus motivos e suas razões, mas como posso fazer isso? Meu maior inimigo é a pior pessoa do mundo, horrível, sem escrúpulos, um monstro idiota, um pobre coitado que perdido e sem rumo se machuca e machuca os outros ao seu redor.

Perdão é algo que se oferece a quem merece, nunca poderia perdoar alguém tão ruim quanto o meu nêmesis, Eu mesmo.

[lowongravitas]

Subindo a rua me deparei com uma curiosa visão: Um lindo dia, Sol a pino, céu azul e vento fresco. Passarinhos cantando, árvores floridas e pessoas sorridentes subindo e descendo. Tudo lindo e perfeito, como uma cena de filme, como um quadro de um pintor otimista, como uma música alegre e animada que fala da juventude dos dias de alguém. Subindo a rua me deparei com uma curiosa visão: Na janela de uma lojinha, dessas de bairro onde o dono ainda mantém em um caderninho as contas do pessoal, vi algo como uma nuvem, pequenininha, escura como uma ovelha que se esfregou em carvão, carregada e triste, dela choviam gotas de uma garoa chata, que não parecia que iria embora tão cedo. Subindo a rua me deparei com uma curiosa visão: Minha primeira posse na vida, uma nuvenzinha, uma que nunca vai embora e está sempre a gotejar, só minha, única e sempre fora do alcance das minhas mãos, sempre a me molhar. O sol lindo lá fora sempre encoberto pela nuvenzinha, assim como o céu azul, o vento, que parece fresco, me congela os ossos. Das árvores e dos passarinhos só sei por notícias de outros, pessoas sorridentes parecem rir de mim e da minha nuvem.

Subindo a rua.

Que saudade de subir a minha rua.

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Série 4/4

Os prédios, cada vez mais altos ficam, enquanto o céu se racha em dois e jorra água no mundo que conheço. Os mesmos prédios se misturam com cardumes e afundam ao meu redor, respondendo o oceano sobre mim.

Eu sou a música que me envelopa num abraço frio e melancólico, acordes quebrados, melodia triste e cadenciada, se arrastando oitavas acima e despencando acordes abaixo.

Do lindo céu estrelado levo seu brilho e canções, das estrelas cintilantes a energia e tons, levemente pelas tuas sinfonias sou carregado e sei que, nunca mais, ninguém me aspergirá o oceano novamente.

[lowongravitas]

Série 3/4

Me entregue, eu quero tudo, tudo o que se pode ter, amar não é tomar tudo o que existe para si?

Então me entregue, eu quero tudo, tudo o que você pode ter, esse teu lindo rosto e a sua maravilhosa família!

Me entregue, eu quero ter tudo, gostar não é ter poder e guardar rancor?

Então me entregue, sua vida confortável, me entregue, seu futuro brilhante!

E agora, dance comigo, dance com um demônio, vou tirar tudo o que você sempre teve, desde a raíz. Você fez o que quis, tirou e venceu, você merece o seu Karma!

Eu sempre tive? Tudo esteve sempre errado, eu só queria ter o amor e sentir compaixão. Há! é apenas uma brincadeira, leve tudo!

Agora já não há mais volta, o reflexo vermelho dessa lâmina é um preço que vale a pena pagar!?

[lowongravitas]

Série 2/4

As minhas lindas formas tomam o espelho ainda embaçado após me levantar da cama. Um, dois pensamentos flutuam pela minha mente e um sorriso maravilhoso encontra meus lábios.

A audácia daquele ser rastejante me diverte muito, pensando que pode tomar o que é meu, querendo ocupar o posto de alguém como eu, incomparável e insubstituível.

Sumindo da minha vista, escondendo a tua voz quando chego, agindo como uma criança mimada, tudo por causa daquele verme imundo que se quer se compara à minha beleza.

Quanto mais eu lembro, mais rio e me enfureço, por que você fugiu com aquele verme, eu amo do fundo do meu coração te ter.

A Culpa dessas lágrimas é toda sua!

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Série 1/4

É doloroso ter uma boa intuição. Desde aquele momento eu sabia onde daria, e dos riscos do que quis, te entreguei minha energia de maneira tão empenhada e nunca foi o suficiente.

Nunca quis culpar ninguém, talvez não tenha sido o que todos esperavam. E para aqueles que tentaram impedir o destino, só posso agradecer, porém, já não tem mais volta.

De todas as lembranças, de todos os momentos, objetos e valores, vou salvá-los do que seria o seu óbvio esquecimento, mesmo que eu mesmo não queira.

E agora a minha mente está clara e é muito frustrante, eu queria conseguir levar tudo isso sem pensar muito, mas agora só posso olhar pro corpo frio do que chamamos um dia de "nós dois".

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Céu Quase Azul

Voltando do trabalho, um passo após o outro, subo uma íngreme ladeira, lá no alto algo me chama a atenção, bem alta mesmo, além das casas térreas e simples a vejo vagando pelos céus azuis, distante e cheia, fofa e calorosa, esperando o momento de sua inevitável dissolução.

De dentro do ônibus, a caminho de mais um encontro de um amor adolescente, distante a vejo, linda e bela, alta e imponente, rica e efêmera, laranja, da cor do fim da tarde, o palco perfeito para o seu fim.

Sentado ao lado da janela, pronto pra seguir o caminho do aprendizado, olho pela moldura da paisagem e vejo algo muito mais interessante que aritmética, distante e maravilhosa, aconchegante e fantástica, quem dera eu mergulhar e te segurar ao mesmo tempo, quem dera pudesse me tornar Um contigo, ser grande e maravilhoso, afável e calmo, perfeito e efêmero.

Como uma nuvem distante num céu azul.

[lowongravitas]

=3

“Que? Ah tá tudo bem sim, rlx haha =3”.

Se recusar a ouvir a própria voz, odiar fitar o espelho, se sentir mal por ocupar um espaço maior do que merece no Mundo. Não ler os textos escritos pelas tuas mãos.

A busca incessante pela identificação no outro e não em si mesmo, me sinto preso em quem sou, o reflexo é um fantasma. Mesmo me conhecendo a tanto tempo, ainda não me sinto à vontade comigo mesmo.

Me pergunto, por qual motivo me forço a ver a minha imagem em fotos ou espelhos? O que busco no fundo dos meus próprios olhos? Quando vou parar de buscar minha aprovação através da aprovação de outros? O que me leva a tomar atitudes tão destrutivas e tão estupidas?

Me sinto num teatro, onde eu sou o protagonista, o coadjuvante, o diretor, a plateia e o crítico. Nunca satisfeito com quem me tornei, busco ser mais diferente, nunca mais feliz.  Corro contra quem eu sou, sabendo que nunca fugirei.

Meu sonho quando criança era viver pra sempre, conhecer todos, entender tudo, ver o começo e o fim, compreender o incompreensível. Lia tudo o que conseguia (o que nunca foi muito), assistia sobre qualquer assunto que pudesse me ajudar a saber mais.

Se odiar é uma sentença, é viver numa prisão, desejar a liberdade acima de qualquer coisa, se autossabotar por saber que a pena da condenação foi justa, afinal, você se conhece mais do que ninguém e conhece seus pecados e o salário do pecado é a Morte.

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Barranco

Tenho andado a beira de um barranco, as vezes longe, o olho como se fosse apenas o passado. Por vezes encaro o fundo a centímetros da borda. Passos em falso me trazem lembranças de quando me rastejava pelo fundo.

Como o próprio nome indica, a atmosfera é uma camada de ar que recobre nosso planeta, a tornando uma bolhazinha de ar perante a vastidão do sistema solar. Sem respirar, um ser humano médio consegue sobreviver em torno de três minutos.

Eu vou morrer, esse coagulo vai seguir a sua cabeça entupir as pequenas e frágeis veias que irrigam o cérebro, esse mesmo cérebro que está pensando em como aquela pequena bolha de ar passeando pelo tubo e sumindo do cateter até dentro do seu corpo vai criar um coagulo que vai seguir para a sua cabeça, entupindo os pequenos e frágeis vasos sanguíneos que irrigam o cé... Pensamentos cíclicos?

Droga, eu vou morrer, não morrer agora, algum dia eu morrerei, e todas as possibilidades que tenho hoje em dia, ainda que ruins cessarão, a morte é o total e completo nada, o Vazio. O fundo de uma vala onde não há mudanças, não há a passagem do tempo, a felicidade ou tristeza. Não há. Eu preciso sair dessa. Eu preciso... Eu vou morrer, não agora, mas um dia eu morrerei. Meu celular, meus fones, eu tenho de me acalmar. Se eu pudesse ouvir uma música enquanto deslizo até o nada seria essa. Eu vou morrer, se não agora, com certeza algum dia.

A esperança de um legado foi como uma pequena escada no fundo dessa vala que me acompanha, naquele dia eu consegui me erguer sem a ajuda de outros, mas nem sempre foi, ou vai, ser assim.

Pensamentos cíclicos, tudo o que faço está cheio deles, as músicas em loop infinito, as rotinas sem sentido, os jogos repetidos... os relacionamentos.

Tenho andado no fundo de um barranco, as vezes tento subir, o olho o topo como se fosse um futuro distante. Por vezes alcanço a borda. Passos em falso me lançam de volta ao fundo e me trazem lembranças de quando eu caminhava pela borda.

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To the Heart and Soul...

2 de maio de XXXX. Longe de casa, do que eu pensei ser minha casa, pelo menos, onde estou agora se parece muito mais com um lar hoje em dia. Lá fora nada além do caos, dentro dessas paredes sinto que posso me sentir seguro, embora saiba que nesse universo não existe segurança, ninguém enquanto vivo está seguro, mas divago aqui. Partindo de casa em busca do Coração e da Alma espero encontrar o que todos buscam, o segredo da vida de cada ser explorador dessa galáxia que chamamos de humanidade.

 3 de maio de XXXX. Na metade do caminho até o Coração e a Alma. Civilização parece tão distante... Um mundo onde um esbarrão em outro alguém não era uma possibilidade e sim uma certeza soa como um sonho quase esquecido em uma manhã qualquer. Meus pontos altos são essas bolinhas brilhantes no meu caminho, que me enchem de energia e ao mesmo tempo me desgastam, me trazem pra perto e com isso me levam a integridade embora. Suas contrapartes, esses pequenos abismos negros e profundos que não vemos chegar são reconfortantes de se observar, cair soa tão simples, fácil e intuitivo, é quase como um convite, “Entregue-se”.

 5 de maio de XXXX. Chegar ao Coração é mais rápido que alcançar a Alma, embora estejam um perto do outro, a alma se esconde um pouquinho além na escuridão. Chegar no objetivo sempre me traz um sentimento estranho, nunca é o que esperamos, nenhum objetivo é completamente nosso, os dividimos com outras pessoas, que mesmo distantes, são como fantasmas de outros tempos em nossa jornada. Todos dividimos muitas das mesmas viagens e ainda assim alguns detalhes, alguns pequenos desvios são só nossos.

 X de maio de XXXX. Algum dia trilharei o caminho de volta, deixando esse contato próximo com nosso Coração e Alma. Levando um pensamento que, eu sei, é bobo e vai ser trocado por uma profanidade assim que esbarrar em outra pessoa: Sai de casa e a trouxe comigo na alma, me afastei daqueles que conheço e os trouxe no coração. Na longa noite escura e solitária encontrei companhia daqueles que trilharam o mesmo caminho, isolado encontrei o que mais se busca em toda a galáxia: Conexão.

SaFoG over.

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Desculpa, o que?

Droga, por que eu disse aquilo? Aquilo? Aquilo o que? Sei lá, já não me lembro o que eu estava pensando. Ah, verdade! Eu queria ter um desses haha. O que eu ia fazer mesmo? Ah é, então, olha, isso daqui não dá pra ser assim, tipo, não tem como sabe? Sério? Ah, então dá sim haha. Você sabia que a Betelgeuse, o braço esquerdo de Orion, pera, ou seria o direito? Eu não lembro, mas então, você sabia que Alfa Centauri... Eu não estava falando de Alfa Centauri? Opa haha. Bom, vou voltar ao que eu estava fazendo, que. Meu deus, mas que droga, por que eu disse aquilo? Que idiota...

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Piso Auto Travante

Voltar ao passado e matar o seu avô. O clássico paradoxo que se usa para ilustrar os problemas de situações em que a causa e a consequência estão ligadas de forma não linear. Não se pode matar o seu avô sem que isso impeça a sua existência, logo, essa situação se apresenta de uma forma, até que simples, como uma Situação Auto Travante.

“Esses são pisos auto travantes, sabia? -Jura, Na? Qual é a ideia deles? -Eles não precisam de rejunte para se manterem coesos, isso ajuda na permeabilidade do solo o que ...”

Rua Avanhandava, Centro de São Paulo, madrugada de alguma sexta-feira, conversávamos, ela me falava sobre a arquitetura da zona histórica da cidade, eu tentava, inebriado pelo seu encantado, absorver o conhecimento que era me passado, quando o termo “auto Travante” me tirou do transe. Termozinho engraçado, não? Minha mente divagava nos padrões formados pelas centenas de bloquinhos, um travando o outro, impedindo que se movam e... “Lu? Tá tudo bem contigo? - Tá tudo bem sim, eu só estava... Pensando, tá meio frio né?” Abraçados, seus corpos intertravados. Separados, seus corações despedaçados. Situações Auto Travantes.

O Cabelo dela está lindo, nunca houve problema algum com o modo como era antes, mas eu sempre quis ver de outro modo, aqui dentro eu tinha certeza que ela ficaria ainda mais deslumbrante. Ela ficou. Aquele sempre parava na minha cara, não fazia diferença de como estávamos, talvez o único problema fosse esse, o problema dele comigo. Olhar em seus olhos e dizer “Ele ficou lindo mais curto.” Sempre foi algo que quis dizer, mas, isso nunca aconteceria, ela nunca cortaria enquanto estivéssemos juntos. “Ane, ele ficou li...”. Não! Não posso fazer isso, o requisito para proferir essa frase é não a proferir. Eu não posso ver a mudança na alma dessa mulher estando aqui, a minha ausência é o requisito mais básico dessa transformação. Uma Situação Auto Travante. A condição para meu amor durar para sempre é a sua ausência. “Ane, ele ficou lindo! Você ficou ainda mais amável assim.”, em frente ao espelho, olhando nos meus olhos, sorrindo. Ela rola pelo meu rosto. Eu, por uma frase minha para mim mesmo. Travado. Uma Situação Auto Travante.

Da vida, a única certeza é a morte, o ponto final, que dá o nó na linha da história de alguém, o fechar das cortinas. O ponto final não faz parte da frase, o nó da linha, não faz parte de sua retidão, o fechar das cortinas já não é mais show algum. A vida e a morte,  interlaçadas, auto travadas. A Situação Auto Travante.

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Conexão

Existe uma teoria chamada Seis Graus de Separação que diz que cada ser humano no planeta está ligado a qualquer outro ser humano por até seis laços de amizade entre eles. Calor, empurrões, cotoveladas, barulho, cansaço. Seis horas da tarde, Metro Sé, São Paulo. Soa o sinal de abertura das portas, um corre-corre pra sair do vagão, um cuidado para não tropeçar no vão, sua memória pra te guiar pela multidão e pelo labirinto da estação, a escada rolante pra te levar até a próxima plataforma. A menor distancia entre dois pontos é uma linha reta. As luzes correm no túnel escuro, se repetindo a cada milésimo de segundo, ou algo assim, placas indicando a próxima saída também se repetem, num intervalo menor. Soa aquele sinal, o transe se encerra e seu corpo reage instintivamente, se levantando daquele banco de plástico, pedindo licença e desviando-se agilmente dos corpos que se encontram no caminho para a porta, a escada rolante se ergue logo a sua frente. A esclera, a parte branca dos olhos, evoluiu no ser humano pra ser bem aparente, de modo que o outro perceba que estamos o fitando. O ritmo contínuo da escada permitiu que se entreolhassem de modo fixo e certeiro, ambos notaram a troca de olhares, claro, milhões de anos permitiram isso, a distancia entre aqueles dois pontos reduziu, mas não o tanto quanto gostariam, naquele momento, não havia nenhum grau de separação entre os dois. Por um segundo, pensaram numa vida toda juntos e em segundo, seus olhares se desencontraram, o ritmo constante da escada, o ritmo inexorável da vida, os juntou do mesmo que os separou. Por um segundo, sentiram o que todos buscam a cada momento, Conexão.

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Dez anos

Olhar pra trás é sempre desafiador, sempre envelhecendo e mudando. Dez anos atrás eu entrava no ensino médio, ainda me sentindo uma criança.

Sempre amei simbolismos, marcações de tempo, objetos que significam algo, lugares especiais. Sempre vou amar esse tipo de coisa. Dez Anos atrás, não sei onde estava, mas sei o que era só um menino.

A mudança de perspectiva é a mais transformadora que podemos vivenciar. Dez anos atrás eu sonhava em ganhar a vida fazendo jogos, hoje eu lembro com saudades da vez em que realizei meu sonho de infância.

Amar é um ato de coragem. Dez anos atrás eu nunca havia corajoso, hoje as marcas da minha coragem me fazer ser eu, mas ainda melhor.

Viver é mudar, e mudar é viver. Dez anos no futuro não sei onde vou estar, mas tenho certeza de que vou olhar pra hoje e pensar. “Aquele garoto ainda tinha muito pra mudar e, ainda assim, não havia mudado em nada.”

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[6/17, 12:01] Lucas Gomes:

Um pingo d'água caiu sobre sua cabeça, as poucas nuvens no céu não denunciavam tal acontecimento, entretanto, a chuva viria de uma forma ou de outra.

Apertou o passo, fitou a marquise a distância e pôs-se a caminhar em sua direção, a tarde de vento morno e céu nublado já havia passado de seu auge, mais alguns momentos e a noite tomaria para si o firmamento. Só mais alguns passos e estaria sob certa proteção, só mais algumas gotas e o céu estaria sobre o chão.

Escapou das gotas grandes e pesadas mas não do atraso que isso o proporcionaria, as pessoas passando apressadas sob a chuva, os carros buzinando na rua a sua frente lhe lembravam de como a vida na cidade era uma correria, havia pouco tempo para qualquer coisa que não fosse devidamente produtiva, e ainda assim estava alí, parado, esperando por algo que nenhum homem ou mulher pode controlar, a chuva, tão simples e tão poderosa, a ponto de parar uma cidade inteira.

A sua mente o chamou baixinho.

Clamou seu nome como quem clama o nome do amante no meio da noite, chamando-o para se aproximar ainda mais, para o abraçar. Demorou para notar, mas atendeu ao chamado escorregou para dentro de si mesmo lembrou-se dos dias da sua infância, do que sempre quisera ser, um astronauta, seguindo o sentido contrário da chuva, ascendendo aos céus, subindo e subindo, cortando as nuvens, rasgando o azul do céu. Subiu ainda mais, notando agora sua nave espacial ao seu redor, e ainda mais próximo, seu traje o acalentava, subindo e se distanciando, viu a Terra e então a Lua. Viu o Sol a distância e então passou por Marte e por Júpiter e então passou por... Splash! Um carro cinza escuro passou próximo demais a sarjeta, espalhando todo o seu conteúdo pelos pedestres que estavam a margem da calçada, logo abaixo da marquise. Os céus estavam límpidos, num tom de roxo profundo, já não se viam nuvens, apenas as luzes fantasmagoricamente brancas dos postes que iam se acendendo, avisando a todos que a noite já estava ali, a marquise, antes lotada de pessoas, agora se esvaziara, também o estava expulsando, Estevão, então, seguiu o caminho que trilhava previamente, sumindo por entre tantos outros cada qual seguindo seu próprio caminho e vivendo seus próprios devaneios.

[lowongravitas]

A cada dia que passa me descolo mais e mais da realidade, minha mente se fragmentos em pedaços de insanidade e meu coração se perde no labirinto da loucura.

Life itself

[lowongravitas]

Preguiça

Havia uma atmosfera de calma, algo quase como um marasmo no ar, as paredes mal pintadas e de cores parecidas mas discrepantes reforçavam esse tom, uma bagunça organizada dava a Lucas a sensação de que ele, realmente, estava em seu lugar. Suas costas repousavam sobre um sofá confortável, o sono tornava sua expressão um tanto quanto zombeteira. A cor do piso do lugar lhe trazia um acalanto, Lucas sempre imaginou caramelo como uma cor reconfortante, ao longe, gritos de crianças e auto falantes gritavam algo parecido com "É Feriado!", através da sua enorme janela, ele pode notar pessoas indo e voltando de seus afazeres, algumas meio agasalhadas, afinal, o vento que entra pela fresta da porta o lembra de que hoje é um dia frio. Do outro lado da sala, Lucas vê sua mochila, ao lado da mesa do computador, onde sua irmã estuda para o Enem, lembrando o quão ligada com os estudos a sua família é, deitando de lado no sofá, ele vê seu chinelo da Tapps e pensa "Puta merda, eu ainda quero dormir pra caralho hoje.".