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jxanliddiard​:

A sempre desconfiada Jean, perfeita escorpiana, crispou os lábios ao som da pergunta de Livie. “Of course. But, why? Did you have a fight with prince charming?” A Liddiard naquele ponto já tinha perdido a conta de quantos apelidos criou para o marido da melhor amiga, todos irônicos ou então explicitamente grosseiros. Uma inimizade que tinha começado por ciúmes acabou se fortalecendo pelo que Jean observava dos comportamentos do homem. Ela amava odiá-lo. Tinha roubado sua amiga e, em secreto, mais do que sua amiga. Era a porra de seu ponto fraco, seu calcanhar de aquiles. O olhar de Liv deixou a atriz mais consciente de seu corpo, das suas pernas, a primeira parte; depois, a frase bem-humorada cuidadosamente escolhida — porque Livie é sim um tanto meticulosa, cada duplo sentido é construído para abalar as defesas de Jean — deixou a morena consciente do espaço privado que tinham ali naquele toalete. E, então, o anel. Justo quando Jeannie tinha experimentado um gostinho, pequeno, irrisório, da ideia de receber um olhar diferente da amiga. Se eu abrir as pernas mais um pouquinho. Só mais um pouquinho. A porra do anel tinha a função de trazer a Liddiard de volta para o chão das suas peraltices. Até quando funcionaria? Ela não sabe estimar, mas chutaria que não muito tempo. “É o que eu faria no seu lugar depois de uma briguinha doméstica com o maridinho.” Ugh. Sentia nojo, puro nojo, só de falar. Como é que Liv se permitiu chegar naquele lugar? A troco de quê? “Hm, Vegas.” Murmurou e, então, sorriu pequeno, maldosa. “Sua mente está passeando por Vegas, Livie? Tell me more about it.” A outra pergunta da loira Jean respondeu depois de tragar bem profundamente o seu tabaco. “You have no idea. People are talking about me and my co-star, they’re fucking shipping us together… You know, romantically. Now my dear producer wants us to attend to some events together, you know, just to give the fans the idea that we could be a couple in real life… Pretty cute, right?”

Suspirou. Talvez não devesse dar munição à Jean que já havia declarado sua antipatia por Andrew inúmeras vezes e de várias formas possíveis. Por outro lado, sendo uma pessoa naturalmente mais fechada, Liddiard era a única com quem Liv sentia poder conversar sobre qualquer coisa, inclusive seus problemas matrimoniais. Revirou os olhos. ❝ Ele não queria que eu estivesse aqui. ❞ O dar de ombros indicava que era uma situação corriqueira. ❝ Quero dizer, ele acha que tenho que estar disponível sempre que ele precisa me usar como moeda de troca em um jantar com investidores. ❞ Ela sabia, claro, que muito mais tinha a ver com o seu sobrenome de solteira recorrente nas manchetes dos jornais do mundo pela detenção do maior complexo petrolífero do Oriente Médio do que com o fato de se portar — na maioria das vezes — como uma esposa troféu. Não havia comentado com Jean, mas hoje ela sabe que o casamento sustenta por mera conveniência. Andrew gosta de estar casado com ela porque é bom para os negócios, ela gosta de estar casado com Andrew porque ele é menos pior e ligeiramente mais manipulável que seus pais. E era por isso que não sentia culpada, considerando apenas seu estado civil, quando olhava para Jean daquela forma. Caso a perguntassem, não seria capaz de negar a atração... Não seria capaz de desconsiderar todos os momentos em que cruzaram a linha da amizade com benefícios que mantiveram em determinada fase da vida. Mas sentia resquícios do que deveria ser remorso por ser egoísta àquele ponto. ❝ Me convença. Me dê três bons motivos para abdicar da minha moralidade e trair meu marido. ❞  Deixou escapar uma risada nasal, de escárnio, assim que detectou a malícia no sorriso e nas palavras da melhor amiga. ❝ Você sabe o que aconteceu em Vegas e sabe exatamente do que estou falando... ❞ Revirou os olhos e balançou a cabeça de um lado para o outro, os cantinhos da boca se curvaram em um sorriso enviesado. ❝ afinal, você estava lá. definitivamente, de corpo... ❞ A cabeça pendeu para a direita, ao que Liv apoiou a destra sobre a borda da banheira e arqueava uma das sobrancelhas. ❝ e acredito que de alma também. ❞ Precisou piscar algumas vezes para afastar as memórias enquanto a observava tragar o cigarro. Só percebeu que prendia a respiração quando o ar quente passou por entre seus lábios. ❝ I think you’d make an interesting couple. But you think you could fake it? Pretend to love someone you don’t. ❞ Em seu íntimo, sabia que aquela pergunta servia mais para ela mesma do que para Jean.  

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jxanliddiard​:

❝ I still hope you’ll come to a sense and will save yourself from eternal damnation. ❞ Dramatizou a atriz com a fala devagar como a de uma cobra, fitando com desdém o único cigarro que tinha transportado dentro da bolsa, sabe Deus o motivo de sua distração em não carregar consigo a carteira completa como costuma fazer. Amarga, Jeannie não achou engraçado o comentário de Liv e rolou os olhos para a imagem da loira guardando o batom dentro da bolsa. ❝ You cannot kill something that was never born at first. ❞ Mirou a amiga com o canto dos olhos repuxados pelo delineado e sorriu um tanto mínimo que somente ela, Livie, seria capaz de perceber. Ao que se lembrava, há muito tempo alimentara alguns hábitos românticos, por assim dizer; todos eles em relação à amiga, de modo que foi muito conveniente depois, quando as coisas deram errado entre elas, dizer que foram nada mais nada menos que gestos de amizade. Jean sentou na lateral da banheira, cuidando menos que deveria, para uma dama da nobreza de Nova Iorque, do vestido curto que lhe subia pelas coxas. ❝ At least Annie asked for gogo boys. ❞

Há algumas semanas, limitaria-se a rir da dramaticidade empregada nas palavras ditas por Jeannie. Mas fato era que, depois de tanto ter sido alertada, vinha percebendo que alguns comportamentos do marido poderiam se enquadrar como abusivos. Como o fato de terem tido uma discussão moderadamente feia — especialmente por um motivo tão ridículo quanto uma despedida de solteiro — quando Liv escolheu estar com as amigas ao invés de ser a esposa troféu em um jantar importante com investidores. Comprimiu os lábios ao que se virava e apoiava a base das costas contra o mármore da bancada que abrigava a pia. ❝ By the way, can I stay with you tonight? ❞ Projetou o lábio infernior para frente, em um biquinho que fazia sempre para implorar por algo. Isso porque Jean não parecia muito contente com o tópico trazido à tona. Sendo a culpada pela amargura das palavras da melhor amiga, somente suspirou depois de estalar a língua no céu da boca. E desencostou-se da pedra, caminhando para perto da morena que, agora, sentava-se na lateral da banheira. Por uma fração de segundos os olhos azuis se prenderam às coxas expostas de Liddiard, olhar um tanto quanto inapropriado. Com um sorriso enviesado, sentou-se a certa distância. ❝ Looking foward seeing someone’s lack of clothes, eh... ❞ Brincou, sequer percebendo o duplo sentido remanescente em suas palavras. Já que, há segundos, encarava as pernas de Liddiard. Empurrou uma mecha loira para trás da orelha. ❝ All that reminds me of Vegas. Gosh, I miss it so much. You and I, just us, doing crazy stuff around there. ❞ O olhar se abaixou para o que a impedia de fazer essas coisas. ❝ Being married to him got my moral sense so twisted that, sometimes, I think about getting rid of the ring for one night just for the sake of hooking up with a fucking hot person in a bar. Hope Annie has better luck. ❞ Riu e balançou a cabeça de um lado para o outro.  ❝ So, how are the things on the set? ❞      

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jxanliddiard​:

❝ Jesus Fucking Christ! Remind me of never, ever get married, okay? ❞ Uma Jean Liddiard já embriagada pediu à melhor amiga dentro do toalete da cobertura onde estavam comemorando a despedida de solteira de Anne Crain, uma de suas amigas de infância e adolescência. ❝ I can’t stand one more ridiculous romantic story from that stupid little group of housewives in the living room. I mean, they sound so fake. Don’t you think? ❞ Jeannie acendeu um cigarro e ergueu-se nos saltos do scarpin para abrir a janela do banheiro para ter um lugar onde expulsar a fumaça.

Os lábios se curvaram em um sorriso enviesado ao que Liv mirava seu reflexo no espelho.  ❝ Well, I’m one of those stupid little housewives and I’m quite offended, Jean Liddiard. ❞ Brincou com a informação não de todo verdadeira. Era, de fato, uma mulher casada. Mas não exibia a joia que adornava seu anelar esquerdo a toda e qualquer oportunidade como se fosse a maior conquista de sua vida. Retocava o batom nude quando virou o rosto minimamente para espiar a amiga que, agora, acendia um cigarro. ❝ I can’t tell you if they’re happily ever after or not... but I’m definitely feeling like we’re forty. Just you wait until the children come. ❞ Uma última olhada no espelho e Livie tornou a guardar o batom na bolsa. ❝ What killed your romantism, Jeannie? ❞  

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