fui/sou arquiteta/professora e vice-versa; me aventuro pela fotografia e a poesia me provoca, arte-corpo me acende; habito araraquara, o interior me habita; 1/3 memento 832; movo vida, danço entremeio.
Don't wanna be here? Send us removal request.
Text
ARVORE
fotografia digital colorida 3x4
Li Penteado, 2o22
0 notes
Text
sexta é dia dos prazeres cinza e do azul
a fumaça do café, a fumaça do cigarro e amava uma mulher
dali da penumbra, sem rosto em um espelho embaçado cru e marrom e amava uma mulher
sem saber de onde vinha o ardor dos casacos e do som índigo do dia
o cachorro ritmado, lamentos de longe
não sabia ocupar o doce, vivia a mulher esvoaçante e triste, o sorriso de outro
queria o vento carinhoso nas pálpebras fechadas transpassadas de mar
dedos macios com cheiro de limão e culpa
a parede que não chega aos ombros e corta o mundo de olhar o céu sol
estridente chama e grita, tem fome e não quer comer, a inveja no estômago desmaia o leve
de um tempo furacão de dois olhos e um cai
rosna no verdejante úmido largo e nascente, vida insuportável na mãe terra
rasgada de ondas flechadas na carne que seca e seca e seca
não tem onde cair morto
e queria só um desmaio que fosse, um poço e vagar e pó
trem sem apito, seu passo era assim e se erguiam os olhos, os pelos e o gelo glacial dos trinta
e seis degraus que não posso abaixar, o sangue ralo escorre em garras e rompe cada poro
sou da mulher da janela sozinha, a moldura arqueada e musa, uma surpresa conhecida, um pão repetido, o lábio na borda ainda quente e borra no chão sem tempo, na pedra que tem
idade para ser sua irmã onde calço o ínfimo, gozo, irrompe a pupila do quarteirão e mais borracha
vida trabalhadeira do lado que não é meu, gritante soca o assoalho pélvico e eu respondo um oi, aperto parar
fev 2o23, Li Penteado
1 note
·
View note
Text
:
olhos comem a fome
sabiá sem pena no ovo presente
grito de tripa
e solo
abre as paredes da garganta
cabe mais
:
jan 2o23, Li Penteado
{ li i mmxxiii }
:
:
:
♩ Labrinth : MOUNT EVEREST ♩ { Imagination & The Misfist Kid , 2o19 }
1 note
·
View note
Text
:
a cena é minha
eu te uso
só pra escrever melhor
eu flerto com a pedra
com a planta
com o vendedor da banquinha
a menina apressada
seu pescoço no banco da frente
eu vento nas tuas costas
passageira
~
jan 2o23, Li Penteado
0 notes
Text
você veio
me fez cócegas
eu sorri como se a graça já fosse minha
mas era teu sopro respirando sonoro o asfalto
ergui gigantes pra você
e você escapou mais uma vez
me fiz concreto
irresponsável
você me chamou e eu vim uma cidade inteira
você pressa eu indiferente e faminta
te abri todos os meus buracos
mas você só soube sonhar com eles
aéreo
não estava na cara?
em cada calçada?
em cada sobra de vidro?
eu cheia de ossos pra te encarnar
mas e você?
e eu?
eu cidade
a mais reta
sedenta
te odiei porque você veio e eu vim
te odiei porque você veio e eu ali
te abracei pra parar teu gesto de superfície
sem ritmo sem cor sem vírgula
eu sorri
você me chamou de cidade
me fez cócegas
eu sorri me contentando com muito pouco
a cada vez que você caminha em mim
a multidão me pisoteia
e aquela hora mas naquela hora
você me implodiu
me pediu mais mas eu não volto
me pediu muito mas eu não sei voltar
eu fico ali impávida
eu fico ali esfinge
como se todo o movimento fosse só seu
você só espelho
te abri todos os meus buracos
e você só soube sonhar com eles
me fez de espetáculo
e só
não sei se te deixo voltar
não sei do meu tempo
não senti nada
eu enorme e já não sei mais fazer
eu úmida
tempestade
como faço pra te pedir com a fala rouca?
viciada
desprezível
gananciosa
como se tudo
como se tudo
como se todo o concreto fosse só seu
você me engole
esqueceu que sou uma cidade inteira?
você não me dá espaço
e tem um universo entre a gente
cadê você?
e eu não te quis
de novo
minha água abafada
perdi a fome
você me fez cócegas
eu sorri como se a graça já fosse minha
eu fingi
te queria mais
colocaria tudo a perder
não soube
eu vim uma cidade inteira
você me chamou e eu vim uma cidade inteira
tem um universo entre a gente
te abri todos os meus buracos
mas você só soube sonhar com eles
eu rio de você
eu submissa
e você me fazendo
achar que sou do teu tamanho
você me fazendo enorme
eu desmorono cada vez que você não me olha
me rendi endurecida
te segurei
te abracei fumaça
te abracei porque era muito o que você prometeu
mas me deixou pedindo mais
mas eu já estava ali
eu já estava ali uma cidade inteira
como você não viu?
e você?
e eu?
eu sou uma cidade inteira
quebrada
sem contorno
não sei se sei voltar
eu invento
você desenha em mim
banal
e eu não te quis de novo
eu não fiz você me querer
sou cruel
aposto no que não sei
eu desprezo outros a cada vez que você vem
como se só você existisse
eu desprezo todas as ruas cada vez que você vem
eu desprezo todas as casas
eu desprezo cada minuto que construi
nada está ali
eu desmorono cada vez que você não me olha
eu quero mais
como você não viu?
não estava na cara?
não estava na calçada?
na sobra de vidro?
como você não viu?
me fiz do tamanho da tua fome
eu esperei que você desistisse
mas disse o contrário
eu esperava que você desistisse
por que eu não gritei isso?
mesmo se depois nada mais existisse
mesmo se eu odiasse cada um dos teus poros
me fiz do tamanho da sua fome
desmoronei
destronei
me mostrei
ávida
busquei regar minha secura
trovoei
como você não viu?
me
fiz
do
tamanho
da
tua
fome
e eu não te quis
de novo
te abri todos os meus buracos
e você só soube sonhar com eles
eu ali
nua
curvada
pronta
-
[ são paulo escreveu pra mim ]
27 dez 2o22, Li Penteado
1 note
·
View note
Text
saco vazio não para em pé
ao pé da letra
pé frio
chato
um belo pé no saco
em pé de guerra
pé na porta
pé atrás
bate o pé
não arreda
pé plantado
pé de chumbo
pé de galinha
pé na jaca
pé na cova
em pé não se aguenta
os pés pelas mãos
ao pé da escada
jura de pé junto
que é pé de valsa
samba no pé
que não há em pé de igualdade
aos seus pés ninguém chega
que
fez um pé de meia
que
é pé quente
que
é de pé em pé
pé na estrada
que é um pé que é um leque
que
tirou o pé da lama
que
não é pé de chinelo
pé rapado jamais
que tem pé no chão
orelha em pé
que pé que dá fruto é o que mais leva pedrada
fica
no
meu
pé
ao pé do ouvido
sem pé nem cabeça
:
0 notes
Text
aonde vai?
pra casa
você mora aqui
não mais
onde então?
amanhecer
0 notes
Text
I SEE ROTHKO EVERYWHERE
- Li Penteado -
1 note
·
View note
Text
tenho dor crônica
de alma
tenho dor de alma crônica
0 notes
Text
cadê os sonhos de ontem?
estes são dias que nos obrigam a arrancar a poesia do ventre,
parir no cotidiano,
só peço forças pra que ela nasça, nem que seja no fórceps
e esta dor violenta que eu por vezes insisto em colocar nas palavras
seja também um desabafo de amor
não quero amar sem poesia
amor e poesia devem ser a mesma coisa
"viver não é preciso", aliás
"navegar é preciso, viver não é preciso"
0 notes
Text
Eu perguntei,
Que horas são?
Ele respondeu,
Nove horas com chuva.
0 notes
Photo
#theartistisdead, 2o15 - foto - Marcela Campos -
1 note
·
View note
Photo
#theartistisdead, 2o15 - foto - Le Penteado -
2 notes
·
View notes