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laribeiiro · 1 year
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Eu gostaria de dizer que estou aqui pensando em qualquer coisa menos em você.
Eu gostaria que não exististe a necessidade de escrever sobre você.
Eu gostaria de finalmente vislumbrar a sua saída da linha da minha vida.
Eu gostaria de chorar por você somente por arrependimento.
Eu gostaria de dizer que tudo foi um erro e tempo perdido.
Eu gostaria de não imaginar que você seria meu.
Eu gostaria de me contrita por cogitar mudar os planos sagrados da minha vida para receber o mínimo de você.
Eu gostaria de ter parado de fantasiar sua presença desde o instante em que você já não estava mais aqui, se por acaso um dia você já esteve.
Eu gostaria de ter ouvido todos aqueles ao meu redor que sempre me alertaram que não era saudável alimentar sentimento platônico.
Eu gostaria de transformar tudo que sinto em esquecimento ou talvez ódio.
Eu gostaria de não entender o motivo de nunca ter dado certo.
Eu gostaria de não descobrir quando que o outro lhe despertou mais amor do que a minha alma entregue à ti.
Eu gostaria de me enganar o suficiente para cogitar que eu e você queríamos o mesmo sempre.
Eu gostaria de falar que a distância física era o único empecilho.
Eu gostaria de viver com outra pessoa tudo aquilo que um dia eu senti que era para ter sido compartilhado com você.
Eu gostaria de imaginar que não subiria mais algumas ladeiras para te encontrar.
Eu gostaria de não te reencontrar.
Eu gostaria de não querer te questionar o motivo.
Eu gostaria de não te idealizar sempre que a palavra amor é dita.
Eu gostaria de não cobiçar um último beijo.
Eu gostaria de não desejar tanto saber se, em algum momento, inclusive com a intensidade de sentimento, eu fui a pessoa especial ao seu ver, como você é para mim.
Eu gostaria de ter dito que acabou antes de você.
Eu… eu gostaria de não amar você.
Brasília, 18 de setembro de 2023, às 01h24min.
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laribeiiro · 1 year
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OBS: esse texto foi escrito em um momento de luto desesperado.
Preciso falar, preciso desabafar essa dor que me consome, essa angústia, esse luto, essa saudade.
Mãe, que saudades eu sinto da senhora, que necessidade de poder compartilhar cada momento do meu dia, que vontade que tenho de expressar minhas conquistas e as minhas dúvidas sobre o futuro. Eu precisava tanto da senhora aqui, do meu lado agora, para um conselho, para um abraço, para uma escuta, para uma benção.
Eu queria tanto poder dividir com a senhora cada coisa que eu almejo. Tenho vontade de conquistar meu espaço profissional e mostrar para você cada caminho… desejo de encontrar um amor e poder expor para a senhora minha felicidade, poder um dia dizer “mãe essa é a vida que eu escolhi”, senti o seu apoio em cada olhar.
Tenho dificuldade de sonhar, porque sempre que idealizo a concretização dos meus sonhos, você não estará lá, a vontade de correr atrás desaparece.
Hoje vendo um filme, uma cena me tocou. A menina teve a ajuda e apoio de sua mãe, aquilo virou força para ela, eu sinto que isso nunca terei, que sempre ficará um espaço em aberto, uma felicidade incompleta, um pedaço do meu peito esperando a sua ação, sua presença.
Faz quatro meses que a senhora se foi, mas para mim é como se você ainda estivesse aqui, como se em uma chamada eu fosse ouvir sua voz, como se eu te encontrasse iria ter seu abraço, que poderia repetir, excessivamente, o quanto te amo, que te amo demais, e, ainda te cobraria um te amo de volta, como eu sempre fazia.
Preciso chorar, tudo que acontece as lágrimas querem cair, quando sinto sua falta, não é diferente, me sinto em uma tempestade de choro, de dor, de falta, algo que somente com sua presença seria resolvido. Porém, é um caminho que não posso ter, infelizmente!
Será que algum dia iremos nos encontrar? será que em algum momento você irá me acolher novamente? quando poderei te ter junto a mim? Eu preciso de você comigo.
Por favor mãe, cuide de mim, me proteja, me conforte, me guie, seja meu anjo, me dê uma luz, um sinal de que você está junto comigo, eu preciso disso agora, neste exato momento!
EU TE AMO, TE AMO, TE AMO.
Mãe volte para mim.
Mãe fique comigo.
Mãe volte.
Mãe esteja comigo.
Mãe seja para sempre, seja imortal.
Minaçu, junho de 2021, durante a madrugada.
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laribeiiro · 1 year
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OBS: já tenho emprego…
Hoje é dia 20 de junho de 2020, venho por meio deste dizer que, com louvor aos meus olhos, conclui uma fase da minha vida. Ontem dia 19 de junho foi o meu último dia de aula, e a sensação que sinto agora é muito estranha, mas, ao mesmo tempo, extremamente boa.
Estou aqui ao som de Chico Buarque, com um vinho que com certeza surgirá uma ressaca amanhã, comemorando o fim da faculdade de direito e pensando o que será de mim, meu Deus? Qual passo seguir agora? Cadê as famosas portas se abrindo? e o que ganharei a partir de hoje me enquadrando no 21% da população que possui curso superior?
Seja pelo álcool ou pela sensatez rasa aos meus olhos, não vislumbro facilmente conquistas ainda, sinto medo, angústia e solidão. É muito difícil ser profissional e não mais mero estudante, é complicado a possibilidade de errar quando tens mérito do saber para resolver questões que se preparou nos últimos anos.
Tento não ser extrema ou perfeita, sou humana, repito isso várias vezes para aceitar os caminhos incertos e as descobertas que ainda estão por vir, mas, confesso, que seria tão bom a sensação de 24 anos nas costas e estabilidade econômica para viver, porque no final é somente isso, mesmo os prazeres que a profissão possam lhe trazer, estamos todos em busca de uma qualidade de vida que o dinheiro possa oferecer.
Essa qualidade, pode ser em possibilidades de viagens, em mais conhecimentos, em proporcionar novos momentos, tudo anda junto, cada ação proporciona alguma coisa, e, com certeza, no final da vida estarei eu aqui, novamente, escrevendo outro texto, dizendo como queria voltar aos meus 24 anos de idade e não ter me preocupado tanto com o crescimento profissional, em obter rendimentos, mas, sim, ter aproveitado a minha juventude, em viver intensamente uma fase tão importante e marcante, inclusive que eu pudesse “naquela época” entender que o dinheiro não me traria a qualidade de vida que eu precisava, mas, sim, a qualidade de vida pregada por um sistema que lhe faz ajudar a mantê-lo, e te faz crer que assim você será feliz.
Feliz, felicidade, alegria, sinônimos que buscamos desde os primórdios da sociedade, e infelizmente, ninguém possui receita, porque, afinal, receita é objetiva, trará somente um resultado, e a felicidade para um nunca será o mesmo resultado para outro.
Eu me concentro na fala que escuto neste momento na letra da canção de Chico Buarque, via Sportify, “apesar de você amanhã será outro dia”. Com suas cifras e palavras desenvolvidas contra a ditadura militar vivenciada no Brasil no século passado, eu me pego pensando, será que serve para mim? É uma forma de me lembrar que apesar de todas dores no momento, apesar do meu próprio ser, amanhã será um novo dia? poderei amanhecer pior ou melhor do que hoje, poderei ter uma ligação sobre um emprego que descansará a necessidade de se sentir útil, ou terá um ideia inovadora em sua vida que mudará os percursos que trilhou até aqui.
Enfim, são somente suposições, teremos que esperar o dia de amanhã chegar, para saber o que de novo o outro dia pode trazer, inclusive, até onde isto pode ajudar na tão sonhada busca pela felicidade. E agora, oficialmente, na vida adulta como graduanda, me calo com a boca cheia de feijão.
Goiânia, 20 de junho de 2020.
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laribeiiro · 1 year
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Querido, intercambista!
Como que alguém que possui textão como segundo nome, não consegue escrever sobre um dia? Um dia tão marcante na vida de vários jovens que resolveram desbravar o mundo em busca de seus sonhos... Meu caro, eu quero te lembrar que antes de chegar com codinome “textão”, fui muito conhecida como “Layla”, “Trovoada”, e até “mãezona do grupo”, eu tenho muitas faces, sou multicultural e amo cada situação que me levou aos nomes mais sem noções possíveis. Então, sem pressão irmão, vamos devagar...
Faz um ano, como o tempo passa rápido, como em cada momento na Europa eu olhei para todo lugar e pensava: “eu não quero esquecer disso nunca mais, quero que cada detalhe fique vivo na minha memória”.
Às vezes olhamos para o nada e aquele terceiro pensa que estamos encarando, mas, na verdade, estamos a relembrar do lugar onde a alma se encontra. Em alguns momentos, quando durmo, o sonho é tão intenso que parece que estou sentada em frente ao rio Mondego e vendo tudo passar lentamente, os amigos rindo, cantando, dançando, até escuto uma irmã me gritando do outro lado da ponte, e quando olho para trás um “oh Lara” me oferece um vinho, percebo que somente os homens dançam e as mulheres adoram esse visual, e de repente sinto cheiro de cigarro em tudo, já imagino que a minha saúde não será a mesma, porém, não me importo, eu só quero eternizar este sonho.
Me recuso a levantar, não vou embora, este sonho é real, eu sinto, então escuto soar, bem baixinho, acorda Lara, já são quase 18 horas, você tem que viver, levanta morcega, e me deparo com o calor infernal do Brasil, me fazendo lembrar que passou. Me pego abrindo o trasferwise para ver se o dinheiro do mês chegou, e percebo que aquela não é mais a minha realidade, não preciso sofrer para os 3 (três) dias úteis passarem logo, para ir no Pingo Doce fazer a minha mega compra de marca branca.
É meu amigo, o tempo passou, a realidade mudou, e nem para o mesmo ponto voltamos quando retornamos para o Brasil, alguma coisa mudou e foi dentro de nós...
Olhamos em volta e parece que tantas coisas continuam no mesmo lugar, parece que alguns estavam somente te esperando voltar e vegetaram pelos 06 (seis) meses em que fez tanto por si. Não se iluda, não pense que o mundo gira em torno de ti, ainda mais você que sentiu com o próprio corpo o quanto ele é vasto e bonito.
Não reclame mais quando fizer 16 graus na sua cidade, você pegou – 3 º negativo e implorava pelo calor que sentimos atualmente. Não murmure quando alguém fizer sua comida, porque você tinha que se virar para não ficar com fome. Não pense que esta realidade não seja para você, que somente será feliz se voltar no tempo e viver novamente a “era Coimbra”, e, principalmente, não negue que tudo isso passa na sua cabeça.
Por diversas vezes disse que estava em um momento de nostalgia quando revia meus story do instagram, minha galeria, ou algum vídeo idiota compartilhado por um amigo, mas Sergio Mario Cortella já explicou que não temos situações nostálgicas com momentos bons, e foi bom não foi? Ele esclarece que sentimos saudades, porque tudo que é maravilhoso causa saudades.
Considerando isto, grite para o mundo, ao ponto de cruzar o oceano Atlântico ao velho mundo, diga cada coisa que sente saudades dos melhores meses da sua vida, como você mesmo fala. Vamos, grite bem forte, de uma forma que externalize todas essas saudades que carregamos no peito. Coloque para fora todas as vezes, desde que voltou, que pensou no final de um dia ruim que preferia estar na Praça da República, mesmo sem nada pra fazer, somente curtindo a malta que foi sua família, que no fim da noite comeria um Kebab, comentaria as diferenças culturais e olharia cada situação de uma forma que ficasse na sua cabeça para sempre, e, te fizesse, como agora, sonhar incansavelmente que ainda vives em Portugal.
Ora pois, pense bem, pelo menos você viveu, foi fixe, não foi? Recorda da pessoa que você era no dia de hoje a caminho dessa terra mais antiga que a sua, porém, ainda, com tantos mistérios para você desvendar. Relembre do jovem que chorou na despedida e tinha sede pelo novo, olhe para você, o seu eu de agora, sente orgulho do início dessa jordana? do caminho? e do fim? Eu tenho certeza de que sim, porque você sabe que viveu tudo que poderia viver, e deu o melhor de você nestes 6 (seis) meses, que passe o tempo que passar, aquele jovem de 20 (vinte) e poucos anos, estará vivo dentro de você, lhe fazendo sempre ver o quanto especial essa jornada, chamada “era Coimbra” ou “BBB19”, para os mais problematizados, foi na vida de cada um. Você fez parte de um ciclo eterno, que sempre lembrará que arriscar o novo causa medo, mas ao mesmo tempo, enfrentá-lo é a melhor decisão, pois o resultado é a melhor sensação do mundo, que será eternizada pelas saudades, como tu vives neste momento, a plena saudades de um dia em que partiu e se arriscou.
Goiânia, 05 de setembro de 2020.
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laribeiiro · 1 year
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OBS: Este texto foi escrito em 2019, em um momento de desespero…
Querido Mundo,
Hoje faz um ano da primeira crise… tantas coisas mudaram neste tempo que se passou.
Até hoje penso que eu deveria ter pedido ajuda antes, não ter me calado, tampouco pensado que era um dever ser forte por todos e não por mim.
Eu tinha que ter clamado por socorro desde a primeira falta de ar, nas várias noites acordadas, nos dias em que o medo me dominava, e, principalmente, nos momentos em que eu mergulhava na solidão.
Mundo, naqueles instantes em que busquei te carregar, eu deveria ter pedido para você me ajudar porque eu já não aguentava mais, todavia, eu não falei.
Hoje, mais do que nunca, eu sei que deveria ter falado desde o início para você me dar a sua mão, eu precisava somente de um apoio para entender toda dor que eu sentia, considerando que eu não sabia de pequenas coisas. Não entendia que o meu sono matinal era por noites em que eu ficava acordada pensando que alguém poderia invadir a minha casa, que alguém da minha família poderia morrer a qualquer momento, que as diversas vezes que lhe cobrava atenção eram sintomas da minha pura solidão.
Se eu tivesse a coragem naquela época de expressar, será que hoje eu já estaria bem o suficiente para ser apoio para tantos outros que precisam de paciência e compaixão?
Na verdade, isso nunca saberemos, porque a vergonha e o medo não permitiram que eu assumisse para mim mesma que eu estava doente e me tornou cada vez mais incapaz.
Contudo, a doença interna é exibida e quando não tem mais espaço no interior, ela escapa pelos poros.
A minha teve seu estopim em dezembro, o furto de um celular desencadeou aquilo que eu mais tentava negar. Em um cama, eu em posição fetal, minha alma clamou socorro para aquela que eu sempre quis demonstrar ser forte, minha mãe, a qual viu sua prole chorar por medo do mundo e surtar pela solidão que não suportava mais carregar, era assustador para ambas, afinal, como alguém que sempre tinha um sorriso no rosto poderia ser tão infeliz?
Não é fácil assumir para si, e principalmente para o mundo, que não temos controle daquilo que sempre tentamos governar, nós mesmos.
Confesso que até hoje a luta é constante com a aceitação própria. São 365 dias lutando pela cura ou a estabilidade emocional que sempre acreditei possuir. Às vezes, o sentimento é de vitória ou de derrota, a vida é assim para todos, mas parece que, para nós seres amarelos, lembrados no mês de setembro, a conquista e a perda são mais difíceis de lidar.
Acerca dos sentimentos vulneráveis, você saberia lidar com isso por um ano da sua vida? Como reagiria em programar à morte, em olhar um instrumento e pensar na maneira de partir mais rápido, em se olhar no espelho e não gostar do que se ver, em sentir que precisa se enquadrar porque as pessoas irão te rejeitar, como já ocorreu uma vez, na infância, que foi ignorada por aquela que deveria somente te oferecer amor.
Mundo, não considere, nem tente entender ou viver a dor do outro, a minha dor, ainda prefiro não tentar te fazer entender.
Na verdade, talvez eu tenho que agradecer, que seja 1% de gratidão, porque parece que cada vez mais tenho sensibilidade pela sua dor, isso não me faz esquecer da minha, aprendi a valorizar esse lado ruim, mas quando eu olho pra você, eu vejo que agora está mais doente do que eu, tendo em vista que encontrei tantos na mesma situação, a frase de efeito “você não está sozinho" realmente faz sentido, são tantos como eu.
A calamidade pública é tanta que o mundo precisou criar um mês dedicado à enfermidade do século, conseguiu a atenção que precisava, sendo reconhecida da mesma forma que outras doenças graves.
Mas, será que a é verdade? talvez as pessoas ainda não olham com tanta importância para essa doença, porque você, mundo, ainda me olha como se fosse frescura e mimimi, os meus pais parecem não aceitarem que eu sou lembrada no mês de setembro, meus amigos usam frase de efeito positiva como você, porém, em suas intimidades, em que acreditam que os meus olhos não irão ver, ainda temos comentários de “Eu não sou obrigada a aguentar”, “isso é problema dela", “deixa pra família dela resolver”, entre outros.
Pois bem, mundo, talvez você esteja pior que eu, seu diagnóstico é ausência de empatia, nunca valoriza o outro, o que faremos para ajudar você agora? Ou no seu caso, por não existir um mês dedicado, ele não deverá ser tratado?
Talvez seja o momento de encerrar essa carta, ela está caminhando para um ponto desagradável, e eu não quero ser insuportável com você, é que às vezes é difícil… Na busca pela minha cura, tento ser o mais sincera possível com todos, principalmente, comigo mesma, ainda estou aprendendo, é difícil, o que são alguns meses de tentativas perto de uma vida de negligência consigo mesma, né ?!
Complicado, em alguns momentos acabo machucando outras pessoas, eu peço desculpa, me perdoa, por favor, é muito complicado a autodescoberta, a aceitação e a própria opinião, têm certos momentos que falta força pra lutar.
Porém, eu não irei desistir, hoje sei que não estou sozinha, você só precisa aceitar que está doente de diversas formas, mundo, e começar a tratar, afinal eu estou aqui por você, e tentarei demonstrar sempre para ti que vale a pena continuar, por mais que as vezes eu mesma penso em parar.
Goiânia, 03 de setembro de 2019, 04h36min am.
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laribeiiro · 1 year
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OBS: este texto possui exageros, por mais que o menino seja real, eu não perseguir ninguém.
Sempre que olho pela janela, vejo um menino levando sua vida diariamente, não sei sua nacionalidade, tampouco sua idade, mas sempre reparo como ele possui uma rotina tranquila. Às vezes, ele estudava pela madrugada, assistia televisão, em alguns momentos perdia seus óculos pela casa, e eu observava o seu desespero em sua procura, gostaria de falar que estes estavam na mesa ao pé da janela, contudo, admitir a minha ousadia em observá-lo seria demais.
Em certos instantes, eu me forçava para não ficar olhando por horas, principalmente por não entender o que se passava naquela casa em frente à minha, todavia, a minha procrastinação com a minha realidade sempre me fazia valorizar a casa amarela que atraia meus olhos. Eu sei que não era a estrutura física que continha naquele prédio que me chamava atenção, era seu conteúdo, o menino que usava óculos e morava no segundo andar.
Com o passar do tempo, vislumbrei que fazia alguns dias que não o via, confesso que me preocupei, os dias de hoje são perigosos, já dizia a minha vó. Comecei a deixar a minha janela sempre aberta, me pegava à espera de alguém que, com certeza, não imaginava que existia uma garota em sua procura. Um certo dia ele apareceu, acendeu as luzes e uma menina morena se sentou em sua cadeira, e por horas eles estiveram ali a conversar, rir e beber.
Após, qualquer sinal de energia elétrica se apagou e eu já não conseguia saber o que se passava naquele ambiente. Surgia um desespero no meu coração, foi perturbador não saber o que poderia ocorrer naquele prédio, mas, principalmente, como se desenrolaria aquela história.
Por um momento, comecei a analisar se tudo aquilo era normal, ou se eu estava a iniciar mais uma loucura. Sempre fui tão lúdica, por que agora seria diferente?! Iniciei pensamentos acerca disto, e meu coração doeu, eu lembrei que por diversas vezes eu ficava tentando viver a realidade de outras pessoas ao invés da minha, eu fugia de qualquer obrigação ou realização própria para ajudar, observar, ou entregar a vida perfeita para alguém.
Assim, percebi que eu estava à procura do meu vizinho, visto que estava acostumada a viver a sua vida, não mais a minha, e eu precisava voltar para mim mesma. Quando eu olhei para minha realidade, me encontrei perdida, como uma estrangeira a iniciar a vida em outro país, sempre a querer que o lugar se torne a sua morada, mas o coração sempre a chamar as próprias raízes.
Naquele instante, necessitava de uma atitude imediata, então, eu fechei a janela, comecei a observar melhor o quarto que era o meu lar, as minhas realidades e tudo que eu podia transformar ali. Mudei a minha cama de lugar, troquei o lençol desta, coloquei um vestido bonito e me apresentei para minha vida, a qual disse que era um prazer iniciar aquela jornada comigo novamente, contudo que seria difícil, que eu precisava ser forte. A partir daquele momento, o que fosse tristeza ou felicidade minha, eu teria que viver, não caberia mais fugir, logo, respirei fundo e iniciei a maior jornada da minha vida, qual seja, em busca de mim mesma!
Coimbra, novembro de 2019
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