kiwimeblog
milu
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não é poema, não sei português básico e preciso desabafar antes que eles me engulam.
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kiwimeblog · 3 months ago
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Não consigo perdoar.
Acho que foi a primeira vez que eu senti o que foi gostar de alguém de verdade. Foi terrível. Passava o dia pendurada no telefone esperando as mensagens dele, e quando questionei o porque de “não-mensagens” ele me respondeu sem carinho que estava ocupado. Não era mentira. Mas uma meia verdade. Ele nunca faltava á escola, na verdade, eu sempre brincava sobre faltarmos juntos e ele nunca aceitava. Mas eu notei o dia que ela faltou e ele desapareceu. Não foi à escola, não respondia mensagens. Senti antes mesmo de que ele jogasse a bomba em mim como um tomate mole. Eles tinham voltado. Escondi minha decepção pelo tempo que consegui. Não foi preciso muito tempo, porque ela decidiu viver mais uma aventura e deixa-lo para trás mais uma vez.
Ele estava triste. Carente. Solitário.
Mesmo que as pessoas me avisassem, era só amizade. Só estou ajudando meu amigo. Depois do trabalho, ele vinha de bicicleta até a porta da minha casa. A gente se abra��ava, as vezes fumava um cigarro. Nunca me esqueço da sensação.
Um dia eu já estava de pijama e estava frio do lado de fora. Eu me balancei e disse:
“Que frio!”
E ele me abraçou. Quentinho. Colocou o queixo no meu ombro.
“Vou te esquentar.”
Entrei para dentro depois de vê-lo ir embora e minhas bochechas pegavam fogo. Eu queria ter beijado ele aquela noite mas não fiz. Ainda bem que não fiz, hoje eu penso. Gosto de relações especiais. Só beijei pessoas que tive relações especiais. Mesmo que as pessoas achem bobeira, gosto de manter dessa forma.
Tudo que é bom, de fato nunca dura para sempre. Ele já estava com ela. Mesmo quando me abraçava e dizia que ia me manter quente. Ele falava com ela. E ela viu nossa proximidade.
Eles voltaram em um dia aleatório. Ela decidiu que queria ele de volta e ele aceitou. No dia que soube era provavelmente uma quinta feira, muito calor, três da tarde. Sentei no chão, perto da cama, e chorei. Chorei por horas seguidas até que não conseguisse mais respirar. Lavei o rosto e sentei no sofá. Não mandei mensagens por dias. Ele também não se interessou. Faltei na escola dois dias seguidos, ele não se importou. Os ignorei por duas semanas, ele nem ao menos quis saber o por quê. Nós conversávamos o dia todo, pra mim, pra ele nós conversamos quando ela não respondia. Eu era carinhosa, ele aceitava meus carinhos como um consolo. Ele vinha na porta da minha casa e me abraçava como se eu fosse a única.
Chorei na escola, na sala de aula, no caminho para casa. Faltei aos encontros do grupo para jogar vôlei porque de repente ele também ia. E eles ficavam se abraçando na minha frente.
Depois que isso passou, a dor e o choro, veio aonde isso tudo ia dar, como sempre; eles terminaram. Ele correu pra mim. Precisava de consolo. Ignorei. E ele, dessa vez, gostaria de saber o por quê eu estava tão fria. Explodi. Eu gostava de você, e muito. A dor não tinha passado, nem o choro. Eles estavam me esperando no final da curva para me bater até que eu tivesse noção do meu lugar. Eu gostava de você também, mas escolhi ela. Foi o que ele disse.
E toda vez que falo com ele, não consigo esquecer do fato que ele sabia dos meus sentimentos e mesmo assim escolheu me assistir chorando em um pátio cheio de gente.
Ainda somos amigos. Em um dia aleatório ele me perguntou:
“Por que você voltou?”
Escrevi e apaguei por dez minutos. Respondi Devo ser idiota.
De fato.
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kiwimeblog · 5 months ago
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Ainda sobre solidão.
Me sinto terrível. Feia. Rejeitada. Horrorosa.
Sinto que passarei a vida inteira sozinha. Me vejo sozinha daqui até o dia em que eu consiga partir dessa para melhor. Ou pior. Me disseram que o umbral não é um dos melhores lugares do mundo. Não sei nem se acredito neste lugar, mas consigo me enxergar melhor lá, agonizando, do que no planeta terra onde agonizo em silêncio. Me martirizando dentro da minha própria cabeça.
Não falo sozinha só de amor. Não me sinto conectada com nenhum dos meus amigos. Sinto que estou sumindo aos poucos e me tornando um nada. Algo que as pessoas sintam dó. Desaparecendo como uma animação infantil. Posso ver todos eles caminhando para frente enquanto eu assisto suas costas todas se afastarem de mim. Nenhum deles tem tempo de me ouvir. Eu queria poder falar, queria um minuto conversando com aqueles que me chamam de melhor amiga para contar o amargo e o vazio que todo dia tilinta no meu peito.
Não quero escrever poesia. Também acho idiotice os poetas que escrevem sobre a solidão como algo bonito. Não é bonito. Dói. É brutal. Se sentir sozinha num mundo de tanta gente. Esse sentimento não muda nunca. Tento seguir pensando, nada é para sempre, um dia, não irei mais me sentir assim. Mas esse dia só chegara quando eu estiver vestida de branco em um caixote de madeira. Assim terei a paz que desejo.
Se a solidão me trouxesse paz, eu estaria feliz. Juro com todo meu ser. Mas ela me traz a sensação de que estou perdida em um mundo enorme. Caminhando nua e sozinha enquanto as pessoas em volta me observam. O mundo fora da minha volta é colorido. Eu sei disso. Mas cada lugar que toco perde a cor instantanêamente.
Não faço falta. Não sou "feita-questão". Não sou a pessoa preferida de ninguém. Não sou memorável. Na verdade, não acho mesmo que sou alguém. Não me considero ninguém, porque ninguém é alguém, não? Me considero algo que não é alguém.
Choro todos os dias na esperança de que essa tristeza seja lavada para fora de mim. Esse vazio. Tomo remédios esperando que essa dor vá embora. Mas ela nem mesmo alivia. Convivo com ela quando me olho no espelho escovando os dentes de manhã, quando me vejo no reflexo do computador, quando observo pela janela de casa.
Não acho que ela va passar. Mesmo que eu acredite que nada é para sempre. Acho que para uma pessoa como eu, é merecido se sentir assim. É merecido que eu engula esse amargo e sofra todos os dias da minha existência. Acredito que terei paz, quando for embora agonizando.
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kiwimeblog · 5 months ago
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Sozinha, mesmo com muita gente sentada na mesa.
Quando o convite para o aniversário da minha amiga em um restaurante chegou, me animei. Tanto tempo sem ver minhas melhores amigas, fiquei tão animada! Achei que seriamos nos três.
Descobri que na verdade seria toda a sua família. Tudo bem, nós ainda nos reencontraríamos depois de muito tempo. E era seu aniversário afinal.
Um pouco depois do convite, nossa amiga anunciou que traria o namorado. Todas elas iriam de casal. Achei que tinha aceitado o fato de ser a amiga sozinha, que tem que responder que não está afim de namoro agora. Mesmo que não tenha a opção de namorar. Até preferia falar que a minha mãe não me deixava namorar e eu respeitava ela, mas era tão vergonhoso a cara que as pessoas faziam para mim.
Comi comida. Sobremesa. Enrolei os guardanapos. Desembalei os palitos de dente. Conversei com a familia da minha amiga e sorri nas conversas vagas que tínhamos entre amigas quando elas não estavam dando atenção a seus pares. Eu estava sobrando. Feiamente sobrando.
Nunca me senti tão mal na vida.
Nunca namorei. Nunca tive conversinhas. Nunca recebi uma cartinha. Nunca tive namoro bobo de criança que achava que namorava. Ninguém nunca admitiu gostar de mim. Me sinto rejeitada. Mesmo que eu me ache bonita no espelho, sinto que fora dele sou horrorosa. Não sei como realmente me pareço. Mas a vida nunca me deu sinais de que eu era uma pessoa bonita. O fato de ser mulher e ter uma tonelada de amigos homens a vida toda me fazia entender isso. Eles nem mesmo me viam como uma opção. Não queria ser vista como uma presa, é claro, mas sabe quando dói não ser nem enxergada.
Na escola, era melhor amiga de um garoto. De quem sou até hoje. Até que uma antiga amiga voltou para escola e acabamos virando um trio. Os anos passaram, todos nós amadurecemos. Eles se beijaram. Só descobri anos depois. Ele desejava ela o tempo todo quando saíamos juntos. Eu estava sobrando novamente. Sobrei por anos e nunca tive ideia. Não é que eu tivesse sentimentos por ele ou algo assim. Mas isso só podia significar uma coisa, não é?
Me senti da mesma forma no aniversário. A feia. A rejeitada. Comi para esquecer esse sentimento, tendo que colocar as lágrimas para dentro junto com a comida.
Era irreversível o sentimento de solidão que senti na mesa, mesmo que tivessem nove pessoas sentadas. Nove pessoas é muita gente. Engoli o choro pelo menos umas três vezes. Fingi rir das conversas, mesmo que não estivessem falando comigo. Na volta, pensei em abrir a porta do carro em movimento no meio da avenida. Vi que perdi minha chance quando o caminhão nos ultrapassou.
Hoje foi o dia que a solidão me consumiu.
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kiwimeblog · 5 months ago
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E ela, aquela sua amiga, como vai?
Desde que me lembro de ter consciência, nunca fui escolhida. Isso machuca? Sim. Mas também faz com que eu me questione o tempo todo. Não sou o suficiente ou nem mesmo preciso ser escolhida?
Sempre fui uma criança meio feia, dentes tortos, cabelo pra cima, bastante rechonchuda e esquisita. Quando era criança, não tinha ideia de que isso importava tanto. Um dia, brincando de boneca com uma amiga, pronunciei que queria ser modelo. É meu sonho ser modelo, eu disse. E ela me encarou e disse: assim, desse tamanho? Fechei o sorriso e repensei. A nossa terceira amiga percebeu que o comentário fez com que eu tivesse uma crise existencial passando de frente aos meus olhos com oito anos de idade. Ela entrou em uma discussão sobre como existiam modelos gordinhas, plus-size. Mas naquele momento acredito que já era tarde demais.
Depois daquele dia, não teve um dia da qual não questionei o que as pessoas tinham pensado de mim aquele tempo todo. Passei a prestar atenção em como as gordinhas na televisão eram apenas engraçadas, não protagonistas. Como as mães das minhas amigas traziam roupas lindas para que a minha mãe costureira apertasse, enquanto eu vestia as coisas mais horrendas do mundo, porque era o que me serviam. Como as minhas colegas eram tão bem tratadas. Comecei a reparar nas fotos de aniversário, ao lado das minhas amigas vestidas de princesas delicadas eu me parecia mais como uma ogra.
Acredito que passar por isso me fez engordar mais dez quilos, porque toda vez que eu reparava em um pequeno detalhe eu abria geladeira ou fuçava os armários. Comia pacotes de bolachas, cartelas de danone, os doces que meu pai comprava e tudo no meu campo de vista que me interessava. Minha mãe atrasou os trabalhos que ela tinha para entregar enquanto a gente ia em pelo menos três consultas no mês, pediatra, nutricionista e psicólogo. Ela falava para as pessoas como eu era ansiosa e comia tudo possível.
A dieta que a nutricionista passou funcionou. Por algum tempo. Comer pão integral cheio de grãos, manteiga light e azeite parou de ser viável para o bolso da minha família. E então eu ganhei todos os quilos de novo, e o orgulho da minha mãe desceu a cada número que aumentava na balança. E para tentar uma intervenção ela falava como eu ia sofrer bullying e como os garotos iam rir de mim por ser fortinha.
Não era mentira, na verdade, haha. Sofri muito bullying que eu mesma mascarava. Eu era amiga de muitos garotos, desde sempre, e eles falavam as palavras mais cruéis que se pode imaginar saindo da boca de garotos de dez anos. Mas eu ria, porque pensava que eles eram meus amigos. E eu dizia para minha mãe que eu nem me importava que eles me chamassem de baleia.
A chegada dos doze anos e as primeiras experiências me massacraram como um besouro gosmento. Explodi como uma panela de pressão. Um refrigerante choco. As minhas amigas não eram tão bonitas assim, visto que todas tínhamos doze a treze anos e essa definitivamente não é a idade mais bonita. Para mim eram deslumbrantes, lindas. Mesmo que também fossem gordinhas, ou com cabelo pro alto e dentes tortos. E então passei a notar que o problema não era meu peso, meus dentes tortos ou os cabelos cacheados cheios de frizz. Elas continuavam sendo escolhidas. Pelos professores, pelos garotos... O problema era eu. Achei que era infantil e que passaria. Mas os anos continuaram a se passar, fiz escolhas, mudei de amizades. Passei a alisar o cabelo, a amar e ser confiante sobre meus dentes tortos porque minha família não tinha dinheiro para eu colocar aparelho, e cresci fazendo com que a gordura se distribuísse melhor pelo meu corpo. Mesmo assim, parecia que viver, sair de casa e pisar no mundo era um tiro no meu pé.
Ninguém me elogiava. Ninguém me achava legal. Ninguém me enxergava, sempre fui a sombra das minhas amigas. As perguntas que mais ouvi na vida eram: como vai fulana? E sicrana, ainda são amigas? Pode passar o recado? Qual é seu nome mesmo?
Minhas amigas reclamavam dos corpos, dos cabelos, ou que os garotos que elas queriam nunca as procuravam. Mas eram lindas, rodeadas de atenção e de provas de que definitivamente eram maravilhosas. Elas não tinham noção do que era ser uma merda de verdade. Das coisas da qual eu passei ou do fato de que eu chorava todos os dias antes de ir para a escola. Todo mundo tem problemas, isso é fato, eu não era exclusiva. Mas era possível ver a discrepância das nossas vidas.
No dia da nossa formatura do ensino médio, eu e minha melhor amiga estávamos sentadas, esperando pela terceira amiga. Um garoto da nossa turma passou e gritou o nome da minha amiga. Acenou pra ela. Depois ele olhou pra mim e falou: oi... Ponderou e terminou ...menina.
Ele não sabia meu nome.
Eu não me importava com ele. Mas o fato de que passamos dois anos na mesma turma, o fato de que já havíamos participado do mesmo grupo de trabalho e do mesmo grupo de papeação. E o fato de que ele não se recordava do meu nome. Era o suficiente para revelar o espelho da minha vida. As pessoas não me enxergam.
Meu primeiro momento como uma completa esquisita dentro do meu próprio corpo aos oito anos, aos dezoito sinto que perdi os limites da minha vida. Sou uma completa estranha dentro de uma carcaça feia e estranha que não pode ser consertada. 
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