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Por favor, não fale comigo.
Não fale comigo quando eu estiver fulminando as pessoas com o olhar.
Não fale comigo quando eu tiver ódio de todo lugar que eu passar.
Não fale comigo enquanto vejo a fumaça e o sangue se misturar, borbulhar dentro de mim.
Não fale comigo quando minhas palavras forem frias e congelarem seu jardim.
Só… não fale comigo, tudo bem?
Eu não quero te machucar. Não quero tratar você de maneira indelicada, estúpida, grosseira ou insensível.
Mas por favor, também não me abrace. Não me toque.
Não toque meu queixo, meu nariz, meus ombros, minhas mãos.
Não toque nada que seja meu por natureza.
Natureza animalesca que me faz querer arrancar seu braço fora.
Eu não suporto mais você por perto. Não depois de tudo que você fez. Suas desculpas não cobrem mais o buraco que você deixou no meu coração.
Agora, por favor, vá pra longe, não fale comigo, não me toque e não lembre que eu existo. Vá se foder bem longe de mim.
Me afaste de você, mesmo que ainda me importe no fundo.
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Hoje percebi que vejo fantasmas.
Vejo esse mesmo fantasma em todos os lugares, ele me persegue diariamente.
Vejo ele, vestido de preto e com seus olhos igualmente escuros, brilhantes me encarando. Meu coração dói.
Enquanto estudo, ele se encosta na lousa, as mãos pálidas quase translúcidas se apoiando na grade de ferro. Ele anda lentamente, me rondando com os braços cruzados. Me pergunto como serão os toques daquela alma fria.
Ele me assombra quando estou em casa, deitado no meu sofá, sentado à mesa de jantar, de pernas cruzadas na banheira e até mesmo no banheiro, com a cabeça no meu ombro enquanto lavo meu cabelo.
Ele está comigo dentro do carro quando dirijo, ou quando vou no passageiro, sempre a meio centímetro de distância mas nunca perto o bastante pra lhe sentir.
O fantasma é silencioso, com aquele sorriso no rosto. Até que não é tão ruim pra uma assombração. Chega a ser confortável, como se eu tivesse sempre alguém comigo.
As memórias criam um fantasma em todos os cômodos, o fantasma que um dia amei e desejei que nunca me deixasse. Ele me acompanhará até o último neurônio se desfazer, pois será o único jeito de esquecer você.
É agradável telo comigo, me observando em silêncio. No fim não quero me desfazer dos meus fantasmas, já são minha família.
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Sente-se perto da porta, observe-me passar pelas velhas vigas de madeira enquanto pegam fogo.
Você sabe que eu não vou voltar, não é?
Até porque, fui eu que incendiei este lugar. Foi sem querer. Cozinhei seu prato favorito, acho que esqueci o fogão ligado.
Por que você continua sentado aí? Você vai se queimar por algo que nem controla. Fuja.
A fumaça irá te asfixiar quando eu fechar a porta atrás de mim. Vá embora, saia daí.
Eu nunca te pedi para ficar, então porque se suicidar assim?
A casa nem é minha. Você vai deixar tudo virar pó? Não vai apagar o fogo? Não consegue, ou não quer nem tentar?
Pelo amor de Deus, eu estou implorando que vá embora, eu adoro passar meu tempo com você, não quero te perder.
Se você ficar, quer dizer que tudo que vivemos, todos os cômodos irão ficar cinza, e nada disso será lembrado como realmente era. Vai apenas remeter ao incêndio, e eu não quero isso.
Sem contar o quanto você vai se machucar.
Por favor, vamos embora, sai!
Estou voltando para minha casa, para o conforto do meu sofá e o frio do meu ar-condicionado. Vou ligar para sua casa, só para ter certeza de que você está bem, e que não tem raiva de mim por fugir do incêndio…
E do seu coração.
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Amor, não corra de mim.
Não tropece nos fios soltos do meu quarto, não se perca no escuro da minha sala, não se esconda debaixo do meu tapete empoeirado.
Não fuja para onde será difícil te encontrar, para onde eu não enxergo direito, onde sinto medo de tocar porque está tudo tão confuso e meu quarto uma bagunça.
Não se machuque quando bater nas quinas da minha casa, nem nas facas da cozinha, nem nos espinhos das rosas do meu jardim.
Não acelere o passo para ficar sempre a dois metros de mim. Tão perto mas tão longe.
Não corra de mim. No começo eu adorava esse jogo de pega-pega, toda a emoção de estar tão perto de te alcançar. Mas agora estou cansado de correr, de te perseguir e nunca tocar em você. Você se machuca quando corre de mim, eu me machuco quando corro por você.
Acho que vou me sentar, acender as luzes do porão, limpar a poeira da caixa de som e aproveitar cinco minutos antes de voltar a correr.
Me esqueci do tempo quando pensei mais em mim, passei um ano, dois, sentado no chão.
Então percebi que você estava comigo, instalado confortavelmente com a cabeça no meu ombro, e eu não precisava mais correr. Nós cansamos de brincar, não é? E agora, amor, minha casa está limpa e bonita pra você ficar.
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Fome. Tenho muita fome.
Fome de amor, fome de viver, fome de coragem, fome de saber, fome, realmente de comida.
Porque é assim que eu aprendi a lidar com a falta. Tendo fome. Ansiedade? Coma. Raiva? Coma. Tristeza? Coma.
Mas, ao mesmo tempo, sei que se comer, não vou me encaixar nos padrões. Nas expectativas. Tenho medo de comer e perder a essência que cultivei até agora, de garota perfeita sem problemas.
Então passo fome. Sinto meu estômago me matar aos poucos, consumindo a si próprio como fonte de tudo que deixo de comer. Como fonte de nutrição para as refeições que pulei.
Uma vez ou outra tento amenizar o estrago com vitaminas. Não, não são frutas. Pílulas.
E é tudo que consumo em uma semana. Pílulas e água.
Mas no fundo, estou me matando para soltar a fera esfomeada que habita em mim. Deixar todo o estresse de escutar as pessoas me dizendo como devo agir, ou do porque mudei.
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Rezei todas as noites por escutar as palavras que você escondia de mim. Rezei para saber se eu estava enlouquecendo ou se eu estava certa e você me fazia de louca.
No fim você mesmo me contou a verdade. Eu não sou louca. Sou excessivamente viva e insistente.
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Claro, todos os dias são iguais para um coração que não quer curar seus machucados. Por isso sucumbimos a novas dores. Para esquecer das antigas.
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Sei lá, as vezes a gente até quer tentar, mas já está tão cheio de traumas.
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Tenho me escondido atrás da música e das tarefas para que eu possa manter minha mente ocupada.
Sinto falta daquele sentimento de paz quando me deitava na sala para ler um livro e conseguia focar 100% no que estava escrito.
Agora sempre que leio, meus pensamentos falam mais alto.
Como me defendo de mim mesma? Como evoluo?
Quero sair dessa caixa apertada e ver o sol e sentir a grama, o vento e a chuva.
Quero o frio e o calor.
Não quero frio e escuridão eternos.
Não quero esta escuridão, quero a escuridão que se mistura com as estrelas e maravilham meus olhos.
Quero abraços quentes, longos e apertados, não aqueles que damos em alguém que não conhecemos, aqueles de um único braço.
Eu quero muito voltar a sentir as coisas pequenas.
Quero sentir minhas pernas ardendo de tanto dançar, quero sentir meu peito arfar de tanto rir, quero tudo que a vida pode me proporcionar.
Quero fazer os outros sorrirem, mas quero sorrir também.
Quero aquela sensação de estar realmente me divertindo. Aquele calor depois de uma gargalhada verdadeira.
Como faço para voltar a ser assim?
Eu sinto falta de mim.
Na verdade, quero um novo eu. Quero minha sabedoria atual, mas quero jogar meus traumas fora.
Quero deixar meu medo de lado.
Quero amar, ser feliz, ficar brava, triste, animada, ansiosa, entediada e tudo que posso ser. Mas quero ser sem medo.
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Quem sou eu? Isso se eu for alguém.
Me conheço pequenina, boba, feminina. Um coração cheio de amor para dar, mas sem retorno esperar.
Espera de um dia respirar, livre, com um novo caminho a traçar.
Quero pensar direito, fazer efeito.
Não quero ser mais uma, sou tudo, ou nenhuma.
Deixar me levar, feliz, sem me sobrecarregar.
Para cada beijo, uma lembrança boa e um arquejo.
Trás em mim afeto, te devolverei do mesmo jeito.
Grata por todo sorriso que me tirou do grande abismo.
Sempre estarei procurando por um comando.
Serei a flor ou o leão. Belos, mas se defenderão.
Por escuridão ou luz, minha crença me conduz.
Cada palavra dita, me contando que sou bonita.
Momento de paz que me satisfaz.
Que eu sempre seja eu, e cure o coração de quem sofreu.
Passei por mais que posso contar, mas nunca irei me abalar.
Essa é minha maneira de demonstrar que sou companheira.
Sou a melhor versão das que jamais voltarão.
Eu sou minha essência, e hoje, aceito minha ascendência.
~ケミ
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Mas por favor, não desperte em mim sentimentos que você não tem intenção de sustentar.
Juliano July
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Me conserto, me refaço, me reconstruo mais forte que da última vez.
Antes as paredes que eram de vidro são, agora, feitas de pedra.
Apesar disso, todo pássaro que bate em meu muro, sinto seu impacto, mas não a dor.
Será que algum dia algum passarinho conseguirá atravessar?
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