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Release do meu segundo livro, A ilha é ela mesma.
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As ilhas e um poeta
Numa janela da Rua das Gáveas, em Lisboa, beirando o Largo de Camões, germinava o segundo livro de poemas de Thiago Camelo. Uma arqueologia de A ilha é ela mesma (Moça Editora) revelará que o plano inicial do autor conduzia – palavras dele – para “um livro de um personagem errante, que lembra e esquece na mesma velocidade”. E, acrescente-se, “aquilo que ele veria também mudaria conforme sua memória”. Nas lembranças voláteis, Lisboa ganharia a face de outras cidades imaginárias.
Bolsista do programa “Criar Lusofonia”, do Centro Nacional de Cultura (Lisboa, Portugal), entre agosto e dezembro de 2011, Camelo convenceu-se de que a ficção atraía a poesia, e esta finalmente se entranhou no corpo de seus esforços. Há vestígios daqueles passos de ficcionista. Lisboa nomeia um poema (“a vida se retém ali na beira/ no vazio da beira/ o passo, imensidão à frente”) e a arquitetura do livro encobre uma narrativa em que os versos se sussurram, rangem com discrição, embora as estrofes sejam erguidas como solilóquios. Nos poemas, investiga-se a dor e a materialidade da dor:
“por mais manifesta a dor é sempre um segredo” (“Mar”)
  No “Amanhã”:
“corpotroncocravado fincado no chão firme e sem joelhos sem curvas, sem músculos sem ossos, sem dor”
Num conjunto talvez estranho à poética do livro de estreia, Verão em Botafogo (7Letras, 2010), que decifrava o jogo amoroso, o poeta Thiago Camelo adota em A ilha é ela mesma uma perspectiva de observador das próprias fraturas, melancólico e descritivo, autoconsciente do poder exíguo das palavras na percepção do mundo. O livro é repleto de quadros, de tons azuis (“o azul recém-revelado tem o impacto do primeiro oceano”), de cenas pictóricas, plasmando os interesses intelectuais do autor, direcionados a zonas científicas, não só artísticas. Nele, a estima por Van Gogh convive com uma postura curiosa em relação à Matemática, à Astronomia e à Física. A paixão literária espreita o fascínio pelo cinema e pela música popular (em parceria com seu irmão, Marcelo, o poemúsica “Espelho d’água” foi cantado por Gal Costa no novo álbum Estratosférica).
Difícil não vincular a imagem da ilha, ela mesma, ao isolamento geracional de Thiago Camelo, um ilhéu de Copacabana. Residente no Rio de Janeiro, ele não deita luz solar em seus poemas – o mar é uma sombra, o céu ganha palidez (“até o azul é curvo”) e o caráter urbano se manifesta na dissintonia do corpo com o cenário e os objetos. Entre arritmias e quebras verticais, a poesia de Camelo é ossuda. O Rio assume-se árido. Disse-me certa noite: “O triângulo é para mim a ilha, sempre foi a ilha. A ilha ser ela mesma é metáfora para o ponto de vista. A ilha sempre é em referência a alguma coisa, mas a sua individualidade é pouco levada em consideração. O livro talvez fale um pouco da identidade da solidão”. A ilha é ela mesma cerca-se de Thiago Camelo por todos os lados. Seus cantos insinuam um vento solitário, sempre recomeçado, sem frêmito sobrenatural: “o vento do mar desequilibra nuvens, ossos/ enferruja pregos/ gira”. No livro de poemas, identificamos uma ilha exposta e pressentimos outra submersa, inabordável, íntima a Camelo, o poeta-homem-náufrago que entende as sílabas ouvidas nas conchas.
Claudio Leal
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thiago e a ilha
qual é a diferença entre fugir e se afastar? desentristecer é o mesmo que ficar feliz? talvez a felicidade não seja o contrário de tristeza. talvez não faça diferença. aconteça o que acontecer, copacabana será sempre a mesma. pode ser que não clareie amanhã, nem disso podemos ter certeza. se copacabana ficasse um pouco mais ao sul, bem mais ao sul, talvez passasse um mês sem noite. um mês de claridade, sem cochilo. aí não seria mais copacabana, no incansável verão, uma copacabana clara demais, sem trégua. uma copacabana que falasse outra língua, com a dicção impecável do piloto e o sorriso fixo das aeromoças. se bem que não faz sentido pensar no apartamento quando se está dentro do avião. o avião, copacabana, o porteiro deitado na diagonal, a sua orelha, tudo fica em suspenso, em qualquer outro lugar, numa ilha talvez, numa ilha ou numa casa, ou numa ilha dentro de uma casa. a ilha está em outras coisas, na casa e nas coisas, mas também nela mesma. uma ilha dentro de uma ilha. e de repente o avião sobrevoa os prédios, desce e encosta a barriga no chão, e aí se chega numa cidade, numa cidade nova (uma nova cidade?). tirar as coisas da mala e montar a ilha, a casa,  as coisas, ali, nas novas maçanetas, desenhar novos rastros. esperar que um prédio, aquele visto lá do alto, fale com a gente. talvez não consiga se lembrar de tudo, como as câmeras de vigilância, sempre acordadas. talvez não lembre exatamente como era copacabana e suas mocinhas distribuindo filipetas. mas vai lembrar dela chegando. era isso a casa, e só isso, ela chegando? no reflexo da janela do avião, o ponto de luz na asa talvez seja uma estrela que acompanha o voo. existe uma palavra para medo de avião? o dicionário tem a palavra medrar. medrar é ter medo (não necessariamente de avião). mas medrar é também crescer, progredir, prosperar. então medrar na vida é crescer na vida, mas também temer tudo, as coisas, a casa, a ilha, copacabana? em algum momento a gente cria uma rotina na cidade nova, na nova cidade, quando um prédio passa a olhar no olho. ela chegando, era isso a casa. do alto não tinha como saber, mas o prédio tem muitas fraquezas, aparentes mesmo, olhando assim de frente. a ilha está em outras coisas mas também nela mesma. uma ilha dentro de uma ilha. o homem de todas as respostas não queria aterrissar. talvez na chegada lhe fizessem perguntas, e aí ele precisaria dar respostas, o homem de todas as respostas. ele quer ser sincero, mas alguma coisa fica estacionada na garganta, não sabe bem o quê. esqueceu o que ia dizer. a única maneira de ser sincero é de longe? onde fica copacabana? mesmo o homem de todas as respostas precisa ter coragem para ir. mas a maior coragem é voltar (de muito longe, muito sozinho). por mais manifesta, você disse, a dor é sempre um segredo.
alice sant’anna
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A mis paranoicos amigos
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“Y retomé los hilos de mi vida pero esta vez de colores para volver a tejerme mucho mas fuerte”.
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L'Emerald, Alfons Maria Mucha.
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This is my first tattoo I ever got, done by Kurt Elkins at Family First Tattoo in Wilmington, NC. It is based on artwork by Alphonse Mucha’s precious gemstone series, and this is the Emerald Girl.
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Tú, la pequeña y yo en Rio, piénsalo.
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🌞
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Amistad, amor, alegría, amigos, amigas, ansias, abrazos, apapachos.
adoración, acariciar, amanecer, atardecer, con aitana
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a l m a c a r i o c a
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El cuerpo está directamente inmerso en un campo político. Las relaciones de poder lo convierten en una presa inmediata; lo cercan, lo marcan, lo doman, lo someten a juicio, lo fuerzan a trabajos, lo obligan a ceremonias, exigen de él signos. El cuerpo sólo se convierte en fuerza útil cuando es a la vez cuerpo productivo y cuerpo sometido.
Michel Foucault (via allcuntsarebeautiful)
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Hasta que te encontré.
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Kate Bogucharskaia by Manolo Campion, NeueJournal
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Venado antropomorfizado. Cultura Moche.
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Title: Deer-Headed Figure Vessel Origin: Central Andes, North Coast, Moche people Date: 200-850 Medium: Ceramic, slip Size: 26.50 x 14.00 x 25.50 cm (10 3/8 x 5 ½ x 10 inches) Description: “Moche imagery includes an intriguing world of creatures that mingle traits from different realms: beans sprout human legs and race up a spout, jars leap with human feet to pour themselves, and animals wield weapons in two hands. This figure, with a stag’s head but a human’s body, is an example. He is engaged in a coca-leaf chewing ritual and thus holds a bag for the leaves along with a container of powdered lime that is one of the ritual’s key ingredients.“ Source: Cleveland Museum of Art
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Cielo carioca. Desde el Pan de Azúcar hacia el Corcovado. Y deja que el alma, tenga la misma edad, que la edad del cielo…
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Toda la ciudad lleva tu nombre.
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Ricardo Darin. “El mismo amor, la misma lluvia”
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‘Designios baratos’
Garcha todo lo que puedas, lo demás viene sólo.
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Luv!
Los Saicos - Te Amo
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