ins-piracies
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ins-piracies · 1 year ago
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Quantas mulheres eu sou?
“Você acha que entregou o seu melhor na relação?”
Essa foi a pergunta que minha terapeuta fez logo após o término. Meu impeto foi responder que não. Se tivesse entregado o meu melhor, nós estaríamos juntos. Entre lágrimas, sensação de fracasso e dormência, os dias seguiram.
E depois de um tempo em jejum, em meio ao nada, no meio de uma meditação silenciosa, eu entendi: entreguei o que tinha, e nem sempre eu tenho o melhor. Não me sinto mais culpada por ter falhado. Porque no fundo eu não o fiz. Eu me permiti ser real. E Deus sabe o quanto isso é difícil pra mim. Eu não sou forte, independente, justa e engraçada todo o tempo. Eu sou ansiosa, eu tenho medo, eu falho muito, eu choro, eu peço colo e choro mais. Sinto coisas ruins e às vezes tenho inveja. As vezes eu quero largar tudo e correr pra longe.
Eu sou muitas. Eu sou corajosa, mas me permito ser cuidada. Eu sou divertida, mas converso muito sobre dores e traumas. Eu amo ajudar, mas tem horas que sou impaciente. Eu adoro chocolate, mas sem motivo aparente enjoo de doce. Eu sou uma eterna descoberta até pra mim, que dirá para o outro!
No meio da última discussão que tivemos, eu ouvi que meus problemas eram grandes demais pra você. Hoje eu vejo que você tinha razão... Eram mesmo. Meus problemas não são grandes demais pra mim porque eu sou maior que eles. Você que não deveria estar no caminho.
As minhas muitas versões dão conta de tudo aquilo que me cerca. Não vou mais me esconder em perfeição pra me encaixar no mundo do outro. Não é justo com as mulheres que habitam em mim; precisamos de espaço.
Somos imensas!
Só pode enxergar a beleza da minha versão bondosa, parceira, divertida quem aguenta a minha versão ansiosa, insone e exigente. Eu guardo o meu melhor pra quem suporta o meu pior com a gentileza do "Eu te conheço e sei que vai passar. Experimenta esse outro caminho.” Me enxergar no meio de muitas mulheres me fez dar um passo rumo à paz. Que delícia poder sentar com todas de mim e conversar sobre tudo que eu sou. Que poderoso me dar conta de que eu me completo. Eu me basto.
Teu adeus me salvou de tantas maneiras que eu nem saberia como agradecer. Te perdi pra me encontrar, e eu faria isso mais mil vezes. Tua falta me fez enxergar a abundância que eu carrego. Que lindo, que livre e que leve ser eu!
Se a sessão de terapia fosse hoje, minha resposta seria completamente diferente: sim, eu entreguei o meu melhor. E o meu pior. Eu entreguei tudo que tinha, por isso a sensação de que me sobrou tão pouco.
Sorte a minha ser tantas. Todas nós, todas de mim, temos a surpreendente capacidade de recomeçar.
g.f.
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