Don't wanna be here? Send us removal request.
Text
Anos 1990 em diante.
Debate crítico em torno dos paradigmas cepalino (Furtado) e caiopradiano, especialmente na vertente de Novais, em função de darem muita ênfase à ideia de crise do sistema colonial como explicativo da independência. Em contrapartida, os críticos enfocavam o enraizamento de interesses mercantis na América, convergindo com os estudos de Maria Odila Dias. Mais recentemente estudos voltados à história cultural ganharam ênfase, dando abertura para pesquisas sobre os intelectuais, a produção e circulação de livros e jornais, as festas e cerimônias públicas.
0 notes
Text
Luiz Felipe de Alencastro: tráfico negreiro e construção do Estado.
Obra:
La traite négriêre et l’unité nationale brésilienne (1979)
Continuidade.
Colocou os circuitos do tráfico negreiro no cerne do entendimento da separação política e da estruturação do Estado. Manutenção da escravidão.
0 notes
Text
José Murilo de Carvalho: a política como construção - o Estado.
Obra:
Elites and State Building in Imperial Brazil (1974)
Continuidade.
Formação das elites letradas brasileiras em universidades de Coimbra (diferente das elites das outras nações da América Latina).
O Estado não estava enraizado no passado colonial, mas sim num processo de acumulação primitiva de poder entre 1837-1850. A socialização de uma elite que precedia o Estado Nacional e presidia os passos de sua fundação.
0 notes
Text
Florestan Fernandes: refrações do debate.
Obra:
A revolução burguesa no Brasil (1974)
Descontinuidade.
Revolução Burguesa no Brasil como ciclo já cumprido, a despeito de resultar em um país inteiramente autoritário, que excluía a maioria de seu povo do mercado e da vida política.
Processo dialético:
entre mudanças presentes na conjuntura política da Independência e movimentos empreendidos pelas forças conservadoras para reinventar as ideias e as práticas em que se expressava a dominação política, impedindo que a Revolução se realizasse em sua plenitude transformadora.
Independência como etapa necessária da Revolução Burguesa.
0 notes
Text
Maria Odila da Silva Dias: a interiorização da metrópole.
Obra:
A interiorização da metrópole (1972)
Continuidade.
Separação política:
Independência como processo de resultado conservador, reelaboração do legado colonial. Dias evita o termo “independência”, preferindo “separação política”.
Interiorização da metrópole (1808-1853).
Tira da monarquia a responsabilidade pela manutenção, esta viria de interesses comuns entre elites metropolitanas e americanas. Política de casamentos, enraizamento nas grandes famílias de proprietários rurais (barões).
0 notes
Text
Fernando Novais: a dialética da revolução conservadora.
Obra:
Estrutura e dinâmca do antigo sistema colonial (1974)
Descontinuidade.
Influência de Caio Prado Júnior.
Independência:
processo revolucionário que conduziu ao poder uma nova classe: o grande senhorio escravista.
Colonização como um sistema que integrava o processo de construção do capitalismo mundial.
A extinção do exclusivismo, em 1808, envolvia transformações de monta, significando o fim do sistema colonial.
0 notes
Text
Emília Viotti da Costa: os paradoxos do liberalismo.
Obra:
Introdução do estudo da emancipação política do Brasil (1968)
Continuidade.
Orientação marxista.
Influência de Caio Prado Júnior e Nelson Werneck Sodré.
Paradoxos do liberalismo.
Limitações na América (ex.: permanência da escravidão, contra o colonialismo, mas a favor da monarquia).
Atualização dos interesses na escravidão.
0 notes
Text
José Honório Rodrigues
Obra:
Independência: revolução e contra-revolução (1957)
Descontinuidade.
Influência de Capistrano de Abreu.
Contraria a versão da independência do regime militar.
Independência: guerra, forças armadas unidas com o povo (diferente do golpe de 1964).
0 notes
Text
Ditadura militar.
1960-1970
Multiplicidade de sentidos do conceito de revolução.
Apropriação.
Termo apropriado pela direita em 1964, com o golpe. O tema da independência ganha visibilidade na comemoração do sesquicentenário, em 1972.
Academia.
A partir da década de 1970, o debate sobre a independência passa a ter na universidade um locus privilegiado: teor acadêmico.
Estudos do ISEB (Instituto Superior de Estudos Brasileiros), com Nelson Werneck Sodré, e da Cepal, com Celso Furtado e Raimundo Faoro.
Marxismo:
Cresce em prestígio no debate social mais amplo.
Repressão política nas universidades.
0 notes
Text
Sérgio Buarque de Holanda: a desagregação da herança.
Obra:
A herança colonial - sua desagregação (1960)
Descontinuidade.
Influência de Caio Prado.
A nação não estava enraizada no passado colonial.
Negação de qualquer componente “nacional” na independência.
Monarquia não era responsável pela unidade territorial.
Unidade territorial foi construída apenas por volta de 1848, depois de um longo conflito entre forças de dispersão e de unidade.
O federalismo, embora pareça paradoxal, estava ligado aos conservadores e aos mandonismos locais.
0 notes
Text
Celso Furtado: estagnação econômica e crise política na independência.
Obra:
Formação Econômica do Brasil (1959)
Descontinuidade.
Influência de Caio Prado Júnior.
CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina)
Não havia no Brasil um mercado interno integrado (com exceção de MG, ouro). Não havia independência econômica, nem mecanismos de crescimento endógeno, o que dificultava a instauração do centro político. A recuperação econômica só viria na década de 1840 (RJ, café, e tarifas protecionistas).
0 notes
Text
Caio Prado Júnior: evolução e formação.
Obra:
Evolução Política do Brasil (1933)
Descontinuidade no plano da luta política.
Independência como revolução.
Colonização como parte da expansão mercantil europeia.
Do caráter mercantil do processo colonizador, fez derivar o traço mais importante da empresa colonial: o modo como se apropriou a terra e se organizou o trabalho, vale dizer, a apropriação de grandes extensões territoriais exploradas por meio do trabalho escravo do índio e depois do negro africano.
Escravidão no centro da análise, fazendo emergir as personagens principais do processo político interno: a classe dominante de proprietários.
Burguesia mercantil metropolitana x grandes proprietários coloniais.
Contradição fundamental. Ruptura com a metrópole, mas que não significava que o horizonte não seria conservador, pois se mantinham os privilégios dos proprietários - daí se desdobraria as lutas de classe.
Centralidade atribuída à luta de classes: rebeliões populares.
Visão alongada do processo político da Independência.
Processo só poderia ser dado por concluído em torno de 1830, a partir da consolidação das forças da ordem.
Novidade fundamental: a nação não estava prefigurada na colônia.
Obra:Formação do Brasil contemporâneo (1942).
Continuidade no plano das estruturas profundas.
Na colônia se encontra a formação do Brasil contemporâneo = outra visão da independência:
Sociedade colonial – incapacidade de geração de um pensamento genuinamente transformador e de uma ação política orgânica. A independência não estava predeterminada na colônia. Legado institucional e permanência da escravidão.
A colônia não podia gestar a nação.
0 notes
Text
Gilberto Freyre: o reelogio à colonização portuguesa.
Obra:
Casa Grande & Senzala (1930)
Continuidade.
Inovação de fontes.
Utiliza-se como campo de pesquisa da história do cotidiano, das mentalidades.
Obra neovarnhageniana.
Em abordagem reacionária e anti-progressista, faz reelogio à colonização portuguesa, justificando a conquista e ocupação portuguesa do Brasil.
Passado idealizado.
Visão idílica do Brasil. Concepção conciliadora do tempo histórico brasileiro. A História brasileira não seria compreendida em termos de ruptura, conflitos, mudanças bruscas, mas como uma história pacífica, integradora das diferenças. Ante a percepção de um conflito, a narrativa de Freyre o administra e dissipa.
Inaugura ideia de democracia racial no Brasil.
Encontro entre as três raças constituidoras do povo brasileiro foi fraterno, democrático e viabilizdo pela miscigenção. Plasticidade e falta de orgulho de raça do português, somada à "confraternização" sexual e social com as mulheres indígenas e negras, agiram no sentido de democratizar sexualmente o Brasil através da miscigenação; o homem negro, por sua vez, companheiro do colonizador durante seu crescimento, tinha com esses elos profundos de amizade e ternura.
0 notes
Text
Tobias Monteiro: o palco da ação política.
Obra:
História do Império: Elaboração da Independência (1927)
Descontinuidade.
Reconstrução minuciosa dos eventos, detendo-se nas intrigas palacianas, na ação dos indivíduos, no entrechoque dos interesses e das personalidades.
Sua narrativa busca o palco dos acontecimentos, o enredo da trama, a intriga, o acontecimento, tecidos a partir de uma obsessiva procura do pormenor e da exatidão. A elaboração política do processo de ruptura é o lado forte dessa análise, que põe em segundo plano as dimensões econômicas e sociais.
Ênfase no desenho das personalidades individuais e em seu papel no desenrolar dos acontecimentos.
Superação do debate ideológico entre monarquistas e republicanos.
O olhar “para trás”, em busca das raízes coloniais da nacionalidade, passa a ser substituído pelo tema da elaboração nacional das instituições políticas, dando a elas caráter mais de construção do que de legado.
0 notes
Text
Manuel Bonfim: a viagem em busca da nação.
Obras:
América Latina: males de origem (1906), trilogia de Interpretação do Brasil (1920 e 1930) e Através do Brasil (1910).
Continuidade.
Primeira tentativa de pensar a história a partir das classes subalternas.
Momento importante de transformação de perspectivas historiográficas.
História militante:
Privilegia as rupturas e descontinuidades.
Influência de Capistrano.
Procurava nação “em outro lugar”, no país real, nas lutas do cotidiano de homens anônimos e nas rebeldias derrotadas da história brasileira, caladas pela historiografia conservadora.
Através do Brasil: livro didático.
História do Brasil contada por duas crianças, que viajam pela diversidade das paisagens e culturas brasileiras e dialogam sobre os fatos históricos acontecidos em casa lugar. A nação não é pensada como legado, e sim como construção densa de memória de lutas comuns.
Relação colonial: dependência e exploração.
Homologia da relação colonial à ideia de parasitismo fazia aproximar a relação de exploração entre nações pobres e ricas da luta de classes.
Ênfase nos conflitos e descontinuidades na arena política.
Tirava da metrópole a iniciativa da independência, deslocando-a para protagonistas dos movimentos de revolta, como Tiradentes.
0 notes
Text
Oliveira Lima e o legado ibérico: um desquite amigável.
Obra:
O Movimento de Independência (1922)
Continuidade.
Nova versão da ideia da continuidade entre a colônia e a nação.
Revalorização da obra da monarquia, mas composta com o federalismo republicano, com ênfase nas elites regionais no processo de construção da nação. Neutralizou a imagem de uma monarquia esdrúxula, a chamando de “democracia coroada”.
Independência como “desquite amigável”
Expressão enfatizava também o caráter pacífico do povo brasileiro, adverso às mudanças bruscas e às adesões radicais. Desdobramento dessa ideia fazia com que se encarasse a Independência como resultante de uma transação política entre os elementos “avançados” e “reacionários”, produzindo uma transformação política com conservação da ordem.
Independência sem ruptura radical.
nação criada estava prefigurada na originalidade da civilização criada nos trópicos pela colonização portuguesa. Foi a partir dela que pode emergir uma ordem política, a monarquia constitucional, que Oliveira Lima não considerava como fórmula importada da Europa, mas como construção original levada a cabo a partir da emancipação política.
0 notes
Text
Capistrano de Abreu: o lugar da nação.
Obra:
Capítulos de História Colonial (1906)
Revisão crítica da matriz varnhaguiana.
Foco nos cidadãos anônimos, não no Estado.
Deslocamento do lugar social da fabricação da Nação: o povoamento, a ocupação do território, a obra dos homens anônimos é que deveria ocupar os historiadores, jogando luz sobre os processos que, silenciosamente, à margem e às veze até mesmo à revelia das ordem metropolitanas, engendravam a nação.
“Olhar para dentro”: manifestações regionais.
Seus estudos voltavam-se para a economia e sociedade da colônia, onde a nação, variada em suas manifestações regionais, faz-se à margem ou em rebeldia com a ordem metropolitana.
Identidades regionais.
Descoberta de um Brasil interior, com seus personagens anônimos, os colonos do sertão, distantes das ordem régias e dos capitães generais.
Historiografia regional.
Ao defender a ancestralidade da nação nos movimentos econômicos e políticos do período colonial, disputavam também o papel nele desempenhado pelas várias regiões.
0 notes