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impurebluelight-blog · 6 years ago
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Tudo está tão quieto. Apenas ouço o vento que passa por mim, a sensação que ele traz é algo do tipo que você quer sentir sempre. A brisa é leve, a qual não é necessário usar nenhum casaco, faz você querer ser levado para qualquer lugar junto com ela. Porém, o mais esplêndido é o céu que estou visualizando nesse momento, podia ficar olhando-o pelo tempo que ele continuar inalterado. Essas três estrelas que estão na minha frente, quase parece que consigo alcança-las se esticar o meu braço, mas mesmo que pudesse toca-las não o faria, pois nesse momento não há nada que eu queira mudar. Quero continuar sentado observando esse lindo céu com essa brisa passando pelo meu corpo por apenas mais algum tempo.
           Esses pensamentos são o que continuam me tirar do foco que estou deitado no meio da grama em um vasto campo, não tenho certeza de como vim parar aqui, mas sinto que não é necessário saber, apenas estar nesse lugar diante desse céu me traz um tipo de alívio ou seria uma sensação de que fiz tudo que podia fazer. “Mas o que seria tudo que eu pude fazer?”, “O que eu fiz?” e “Para quem?”. Não tem como, não consigo lembrar, não importa o quanto eu me esforce. Bem, isso já não tem importância, pois esse céu é algo que só poderia ver em sonhos. “Será que estou sonhando?” Isso chegou a minha mente algum tempo atrás, mas me sinto real demais para isso ser algum tipo de sonho. Os sentimentos que estão passando por mim por apenas olhar pra cima também não são algo que a mente humana poderia recriar durante o tempo que o ser humano dorme, mesmo o sonho mais real não conseguiria.
           As dores no meu corpo estão começando a ficar mais fortes, sinto uma dor impactante no peito, a palavra dor por mais estranho que seja parece ser algo muito distante de mim. Minha consciência está começando a ficar confusa, pois já não consigo visualizar o brilho das estrelas como via há alguns minutos atrás. “Aliás, quanto tempo será que estou deitado aqui?” Sinto como se fossem alguns minutos, mas podem muito bem ser horas. Bem, ficaria feliz se pudesse continuar a olhar esse céu brilhante por mais algumas horas, parece que não perco o interesse nele por alguma razão. “Será que vamos para algum lugar desse tipo depois que morremos?” Um lugar com uma luz tão ofuscante que ninguém poderá se perder na escuridão. “Essa luz poderia ser chamada de esperança, talvez?”. Infelizmente, tenho a impressão que não poderei ver esse céu por muito mais tempo. “Que pena! Mas tudo bem”. Espero que alguém continue olhando-o por mim, tenho certeza que essa pessoa vai sentir o mesmo que estou sentindo nesse momento. “FINALMENTE TE ACHEI!!!!” A voz de alguém ressoa bem alto cortando meus pensamentos. Vejo que essa pessoa está correndo na minha direção gritando outras coisas, as quais já não consigo mais ouvir, parece que minha consciência chegou no seu fim. Meus olhos querem muito se fechar, tanto que parecem pesar uma tonelada, mesmo assim percebo o quão desesperada essa pessoa está. Quero muito dizer pra ela: “Tudo vai ficar bem”, “Não precisa se preocupar tanto”. Mas tenho certeza que se dissesse isso não teria êxito em acalmá-la, talvez eu só queira dizer isso pra mim ou quero que alguém o diga. Mesmo no fim continuo indeciso, estava pronto para deixar esse céu alguns minutos atrás, mas porque agora ele parece tão mais brilhante e cativante. “Será isso vontade viver?” “Ou talvez apenas não quero deixar essa pessoa, que se prestou a chegar até aqui, mais preocupada comigo ainda?” No fundo tenho certeza que essas duas razões são a mesma. As cortinas estão se fechando, parece que o espetáculo que poderia ser chamado “Minha vida” está encerrando, espero que tenha sido no nível Broadway, mas algo me diz que foi um daqueles teatros de baixo orçamento com membros da família para os papéis principais. “HAHA”.
           Adeus vento sedutor, adeus céu majestoso e adeus pessoa que logo chegará a mim. Está muito perto, mas ao mesmo tempo tão longe. “Queria muito ver o rosto dela”. Sinto que se pudesse ver seu rosto tudo voltaria a minha mente e seria completamente preenchido novamente, talvez emoções mais fortes do que esse céu estava me proporcionando alguns momentos atrás surgissem. Meus olhos estão se fechando sozinhos enquanto o rosto dessa pessoa está quase perto o suficiente para que eu possa ter uma imagem formada. “NÃO” Preciso de alguns mais segundos, o que posso fazer para conseguir isso? “POR FAVOR”. Se eu ver o rosto dessa pessoa poderei partir em paz ou, no momento que vir, vou desejar ao máximo não ser meu último momento. Isso não importa.
“APENAS QUERO VER SEU ROSTO!”
Meus últimos segundos, estou chegando neles. Parece que não vou conseguir visualizar o que tanto desejo no meu fim, mesmo que o céu parecia ser tudo que queria há pouco tempo, a vontade de ver o rosto dessa pessoa o ultrapassou com uma intensidade absurda. A luz que muitos humanos falam sobre, tanto em filmes, como em séries, animes, chegou no meu campo de visão. A luz era muito forte e se espalhava para todo o lado, cobrindo totalmente minha visão, mas ela era reconfortante também. A cor era a mais bela que já tinha visto na minha vida, um tom de castanho, mas que também podia ser vermelho, as duas cores se misturam de modo que não sabia dizer qual das duas influenciava mais. Agora me sinto melhor, a luz me deu forças para superar o desespero e até lembrei de algo importante, quando era jovem nunca acreditei de nada dessas bobagens que as pessoas diziam sobre visões antes da morte, como o tempo passava devagar e você podia ver toda a sua vida em instantes. Nesse momento continuo sem acreditar em nada dessas coisas e no fim estava certo, pois enxergo as borboletas de sangue voando ao meu redor. A luz que estou vendo com toda intensidade e em suas várias tonalidades, linda como o triângulo de verão, a qual me traz ao mesmo tempo esperança e desespero são os fios do cabelo dela. “...”
 Capitulo 2 – Borboletas de sangue
           Observo as estrelas que consigo ver olhando através da janela do meu quarto e me pergunto: “O quanto longe estou delas?”. A impressão que nós humanos temos ao olhar as estrelas é um conflito, pois nossa percepção com a visão é de que estamos perto delas o bastante para alcança-las, mas o cérebro com o raciocínio logico nos diz que estamos muito longe. Eu procuro sempre me fazer lembrar que estamos longe, as estrelas devem manter suas gloriosas formas o mais distante possível dos humanos, os quais se algum dia as alcançassem fariam de tudo para usufruir dessa beleza para uso próprio, disso tenho certeza. Seres humanos são egoístas por natureza e pensam que tudo gira ao seu redor, individualismo é algo que nunca poderemos nos livrar.
– Cala boca sua desgraçada! – grita uma voz masculina da cozinha.
– A culpa é toda sua por aquele garoto não prestar para nada. Apenas se mete em brigas nas escolas e só serve para me irritar! – grita uma voz feminina não muito longe da voz masculina.
– Aquele garoto de merda saiu de você, eu vou embora dessa casa. Você pode tratar de se livrar dele se quiser. – disse a voz masculina.
– VOCÊ NÃO VAI EMBORA DESSE JEITO! VOLTA AQUI SEU MERDA! – grita a voz feminina.
Ouço um estrondo alto, o qual parece uma pessoa sendo jogada ao chão.
– NÃO TOCA EM MIM SUA VADIA! – grita a voz masculina.
Ouço o som de algo sendo tirado das gavetas da cozinha. Depois disso ouço vários sons abafados de gritos e algo se debatendo, isso durou vários minutos. Então saio do meu quarto e me direciono para cozinha. Ao chegar vejo um chão coberto de sangue, uma faca também coberta de sangue do outro lado da cozinha, minha mãe deitada ao chão, totalmente imóvel, com a face irreconhecível e vários hematomas ao redor do torso. Meu pai está de pé vasculhando objetos da cozinha com um corte grande no peito, provavelmente feito pela faca que está jogada de canto. Ele parece gritar desesperadamente para que eu o ajude procurando coisas para parar o sangramento, seu rosto mostra uma feição de terror que nunca tinha visto antes. Pareço estar em um sonho, não consigo processar o que está acontecendo nesse momento, mas tem algo do que não consigo tirar os olhos, provavelmente minha mente está enlouquecendo. Vejo lindas borboletas vermelhas voando ao redor do meu pai, elas são fascinantes e não param de aparecer cada vez mais delas. Elas voam como um furacão vermelho ao redor dele, parecem estarem bastante agitadas, como um enxame de abelhas atrás de alguém que acabou de cutucar sua coméia. Estranho, agora todas pousaram sobre o corpo do meu pai. Ouço o som alto do meu pai caindo ao chão com muito sangue nas suas mãos e todas borboletas voam para longe do seu corpo. Elas se aproximam de mim como se estivessem curiosas e mesmo relutantes pousam sobre meu corpo. Não sinto medo, tenho a impressão de que sabia o que elas iriam fazer. Ao tocarem meu corpo, cada uma delas somem como se estivessem sendo absorvidas por mim, o mais preciso naquele momento era dizer que elas se misturam com a minha existência. Isso me fez sentir extremamente bem, como se pudesse fazer qualquer coisa, sinto algo como um poder jamais presenciado. Eu entendi algo naquele instante, embora parecesse que estava em um sonho o tempo todo. O garoto de doze anos daquela época chamado Orin descobriu a beleza da morte e a importância de sua existência nesse mundo. O ser humano é um poço de egoísmo, portanto, eu devo coletar suas individualidades no momento que suas vidas chegaram aos seus fins e usar esse poder a meu serviço. Com o passar do tempo serei reconhecido como Orin, o coletor de almas.
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