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[imensidaodemim]

Não sei se tenho uma fé irredutível em nós ou sou somente delirante. Mas vejo meu mundo convergindo com o seu e me dói o espaço dos dias a serem preenchidos até lá. Às vezes eu preciso te esquecer primeiro.

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Gravo no peito um mar de ausências.

O seu cheiro que desaparece do meu cabelo enquanto o meu some do seu travisseiro, cama e toalhas, recém saídos da máquina de lavar.

Suas pupilas dilatadas. O meu peito em desespero, dizendo adeuses aos deuses. Oração para o tempo parar.

A memória da pessoa que você é aos poucos se findando no meu devir, a cabeça tombada e o riso bêbado, manhãs de domingo ao som de Aretha ou Janis e seus agudos desafinados se espalhando pelo ar.

O cheiro de café e o peito debulhado no sofá, o sexo espalhado pela casa, os segredos e a teimosia. Você ria, eu sorria a te beijar.

Meu olhar distante, seu peito inconstante. Uma fenda entre o céu e mar. Leões a descobrir que seus focinhos são iguais, constelações inteiras que eu escolho não enxergar.

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Eu nasci em uma terça-feira, 28 de maio de 1991, e hoje completando 33 anos, em uma terça-feira, peço licença para me declarar completamente perdida, mas capaz de em alto mar me guiar por estrelas, baleias e sereias e até poderia ficar a deriva por mais um ano ou dois, mas tenho um "norte" para buscar.

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Eu não vou dizer que processei tudo, que entendo a intensidade dos sentimentos e que meus limites são inegociáveis ou que não vou me armar nenhuma emboscada, porque eu ainda gostaria de estar perto de você. Mas não acho que deveria ser tão difícil assim ser eu dentro de um nós. E não vou ser injusta e te falar que é culpa sua, não, não é. Mas eu andei pisando em ovos com seus limites e me deixei por ai, com medo de exigir demais e te assustar e aí várias facetas dos meus gostos ficaram só como uma fantasia do que eu poderia ser ao invés da aventura de mim mesma. Não que eu não tivesse algo para aprender com essa calmaria. Eu me encantei pela ideia de uma amor calmo e estável e despi minhas armaduras, você me deixou acreditar que eu poderia fazer isso, disso não vou te poupar, mas você deixou as suas ao alcance das mãos e assim que a maré mudou estava pronto para enviar meu barco para o alto mar, sem nenhum aviso prévio, e eu me senti enganada, e tentei negar esse sentimento de tal maneira que comecei a enlouquecer, me descentralizar, mas não deveria ser tão difícil assim. E é também loucura, por que do mesmo jeito que você não me conhece, como um todo, eu sei mais daquela versão taciturna e confusa de você do que de você mesmo, não, não deveria ser tão difícil assim. E revendo meus rascunhos eu vejo que sempre estou presa nesse mesmo ciclo, uma pessoa que sempre diz tanto para dar, capaz de aguentar tanto, mas engolindo o mundo com medo de mais uma vez ser deixada para trás, e isso realmente não é culpa sua, mesmo que você seja a vista para o limite que eu já não posso ignorar.

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Se eu pudesse te pedir algo.

É que nunca mais volte.

Se eu pudesse te pedir algo.

É que não falasse que precisa ir embora.

Você escolheu outra pessoa e voltou.

Você escolheu a distância e voltou.

Você escolheu a solidão e voltou.

Agora você escolhe o medo.

Se eu pudesse te pedir algo é que se não pode me escolher, nunca mais volte.

Mesmo que finalmente entenda, mesmo que nunca me esqueça. Não volte.

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É como se você tivesse uma linguagem própria. Uma comunicação simbólica que desnuda meu vocabulário extenso. É como se fossemos opostos a percorrer a vida e talvez pudéssemos ser mais iguais que parecemos, mas continuamos fazendo escolhas sobre caminhos distantes.

E eu queria falar sobre amor, gastar palavras e expressões sobre amar e simplesmente não posso.

Eu não o sinto.

E eu queria. Queria me sentir apaixonada para além dessa coisa carnal, mas não sinto.

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cartografia do medo

Me encontro à deriva

como se

encontram os navios antes de encalhar

Sem permitir a permanência, perco o fôlego tentando não afundar

Mas já estou no fundo, estudando mapas que não conscrevem, não conversam a multidão, mas matenhem-me no lugar

Vejo chamas de isqueiro como tochas em um cinzeiro

Vejo mais adeuses que consigo conservar

A Deus peço perdão, me guardo em oração tentando me encontrar

Mas exames se verberam, mostram passos que não me elevam e não tenho contra quem me revoltar

Ao mundo peço coragem, cultivo ódio e a inverdade, torcendo para o tempo não desabar.

Ao espelho entoo o refrão, vejo o rei em contradição e espero o céu desabar

Às lágrimas peço alento, exponho o peito sangrento aguardando a tempestade passar.

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Ei, eu poderia contar sobre como eu me senti traída

Sabe, eu depositei alguma fé em que você seria pra vida toda

Mas você me via desse jeito? Você era capaz de ser meu amigo?

As peças não encaixam da mesma maneira? Era esse nosso problema?

Porque parece que tínhamos um.

E olha, eu sei ver você pelo que é. Sem tentar ler mais sobre isso. Você se mostra no seu tempo.

Mas talvez tenha sido demais.

E espero que as coisas deem certo

Mas torço pra não ter nunca um relacionamento desse

Você vai se arrepender

Não pelo que aconteceu

Mas por eu não ser a pessoa que eu poderia ser

Eu saberia todos os seus defeitos e ainda sim torceira por você

Pra que você fosse além

Eu saberia te indicar ir além, ao mesmo tempo que torço que encontrasse a si

Sabe, pessoas que tem isso não mentem sem motivos reais

Pessoas que tem isso não precisam mentir

Eu torceria por você

Não que eu não torça agora

Só não quero você aqui

O infinito é pequeno demais pra compartilhar com qualquer um

O infinito é demais pra guardar quem te considera só maus um

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Criança do mundo.

Criança só pelo espírito livre

Mas grande na vida, nos sonhos, na luz que carrega no peito

Na alma.

Vá andando por aí

Espalha por aí sementes

Sorrisos

Afeto sem restrição.

Espalha o tanto que tem por dentro

Sabendo que ele multiplica.

Que a gente que fica te guarda no peito,

Que a gente que vai te carrega por aí.

Cecília diz que não tem limites quem está em tudo.

Então se faça sem limites na vida

Se faça aqui e em todos os outros lugares.

Menino que carrega o que é lindo do mundo em si.

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Eu rasguei meu peito céu e trovejei pela terra.

"Relampiei" e chorei como se o rasgo fosse minha própria alma.

E nunca vi algo tão bonito e assustador quanto eu mesma.

Eu queria, ah como eu queria, ter sido concebida com um peito oceano

Mas não, eu fui feita etérea.

Ainda sim emocional o suficiente para chover.

Nesse momento eu sou água, sou água e ar.

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Tenho pensado nessa esquizofrenia. Esse rasgo que urge pelo mais, mas se apavora frente ao nada. Essa melancolia deslavada, aguardando as coisas se tornarem, mas sem conseguir sair do lugar.

A luz entra torta janela a dentro. Entra entre raios de sol e lua acordando alguns fantasmas que ainda não consegui enterrar. Alguns medos, algumas dúvidas ou algumas certezas doentias que me comem como carcaça deixada à esperar.

Esperar pelo quê? Também me pergunto.

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Para mim é sempre sobre tensão. Mas também sobre um tencionar. É isso que essa interação espelho me sinaliza. O equilíbrio precário entre as coisas que são e as que estão. Você consegue fazer esse caminho que eu intuo? A projeção do olhar sobre esses dois polos opostos e surpreendentemente complementares. Uma dança em dois ritmos diferentes, de um lado se joga ao desconhecido ao assustador inesperado, do outro os pés agarrados no chão, ao conhecido, um seguro inseguro, que te drena ao mesmo tempo que sustenta. E é estranho falar isso. Porque eles são complementares só e apenas no sentido de tensionar. Um equilíbrio precário sempre exigindo uma reflexão, um novo tencionar do olhar. Você vai anestesiar os sentidos ou vai mudar? Me desculpa a comparação, mas são dentes rangendo dentro da boca tensa. Dói não é mesmo? Aquela carga que traz rigidez ao corpo como um todo, o rosto teso e sério. Você somatiza como se cada fibra do seu corpo gritasse por uma saída, uma fuga, todos os sensores internos indicando a fissura, o rompimento. Mas você abre os olhos e existe um mundo sobre o mundo e o que se espera de você. Como é aquela música? Quanto mais você conquista as coisas desse mundo mais um vazio ocupa esse espaço. Mas ao mesmo tempo, um equilíbrio interno denuncia que é necessário o vazio, quando se supera expectativas e se desapega de horizontes. A minha baleia as vezes ainda vêm a mente. Ela que dançava no universo me encara no oceano. Não estamos mais no raso, eu não sei o que é cima ou o que é baixo. Em minha forma humana eu a encaro e ela me devora com o olhar, eu solto o ar dos pulmões para traçar minha rota de fuga. Mas eu continuo congelada. A baleia se afasta e eu quero segui-la. Continuo congelada encarando o vazio, enquanto um canto da minha mente se questiona qual fôlego eu vou tomar.

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Eu te desejei, como eu desejei, sem nem tentar me segurar, e talvez esse tenha sido o limite que não valia a pena ultrapassar, mas algumas coisas acabam rápido para não correr o risco de nos drenar mesmo. E isso é a coisa mais honesta que eu posso admitir sobre você.

Você era aquela coisa, sabe? Varre todos os pensamentos para fora, momentaneamente.

É bom destacar o 'momentaneamente' porque a verdade é que não seria possível ignorar suas piadinhas e aquela falsa abertura para diálogo que na verdade não aceitava muito discordâncias, aquela voz meio de comando que apontava que a sua visão de mundo era meio fechada.

Mas como você era gostoso, no sentido cru da palavra mesmo.

Cara, que homem gostoso.

O sexo era realmente sensacional, você exalava uma liberdade que era impossível não se contagiar, e claro, toda coisa livre demais vai-se sem dar notícias, meio que atropela quem tá no caminho. Isso foi um golpe no ego, mas a verdade é que eu não posso te julgar, eu esperava que fosse assim.

Para chocar todas as estruturas, tenho que admitir que de todos os amores e não-amores dos últimos anos você foi aquele não-amor que me fez me enxergar, talvez o golpe de ego necessário para escancarar a ferida que a tanto tempo eu tentava ignorar?

Algo assim, bem simples, bem calculado, que me deixou frente-a-frente com a fera, e ela era eu, indomada, bagunçada, precisando de fôlego para não ser quebrada, e eu não quero ser quebrada novamente.

Agora eu tenho que me dedicar um pouco a todo esse processo de cura e cuidado. Mas não tive a chance de te dizer que espero que você possa passar por esse processo de cura também, e qualquer coisa não fica com medo não, no final, fica tudo bem!

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Eu disse que não escreveria mais sobre você, mas eu estive pensando no quanto estávamos feridos e não éramos capazes de enxergar além do nosso próprio abismo, isso complicou um pouco as coisas, não é mesmo?

Eu fiquei com algumas coisas engasgadas na garganta, uma raiva sem tamanho pulsando junto do meu coração. E eu queria uma restituição por toda a injustiça e todo o dano de falsas esperanças que você me causou, nunca tinha pensado que em alguma escala eu também agigantava o poço que você estava.

Não acho que possamos fazer muito mais ou que iremos nos encontrar de novo, não cabe uma nova encenação de tortura elaborada por nós dois, fomos muito criativos, não é mesmo?

Mas meu coração já está pronto pra se curar e espero que você tenha seguido seu caminho. Eu estou disposta a nos perdoar. Sinto muito, me perdoe, sou grata, eu te amo.

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Hoje eu tive um insight bom, quanto a minha vida amorosa, eu percebi que já estou vazia por dentro, mas o vazio bom. Sem mágoas, sem carências, sem ausência. Um vazio com o espaço exato pra mim mesma.

[imensidaodemim]

Eu prometo.

à todas as pessoas que me amam ou já me amaram e à mim mesma: eu prometo tentar me enxergar todos os dias pelos olhos de você e me amar com a mesma intensidade, até que eu me veja e me dê esse amor por mim mesma e não o espere de mais ninguém.

[imensidaodemim]

Será que com o tempo as pupilas se dilatam para o espelho?

Por muito tempo eu te agradeci por me mostrar que eu não sou o centro do universo.

Eu deixei essa ideia se entranhar pouco a pouco e, no fim dessa jornada ao seu lado, eu realmente acreditava nisso.

Como se todos os caras que me virão como uma potência que merecia ser dignificada apenas me mimassem, e você, com seu senso de honestidade distorcida, me colocasse frente a frente com a realidade.

Esse é o trunfo que você usa para esconder a própria vulnerabilidade?

Agora eu estou aqui, mais quebrada do que antes, tentando olhar no espelho e me reconhecer na imagem refletida.

Eu sempre amei as peculiaridades da imperfeição, os pequenos detalhes que revelam ou mudam o quadro.

Eu tenho que admitir que eu te amei, mas talvez não do jeito certo, se é que existe um. Mas isso só prova que se eu pude amar algo tão “quebrado” como você, eu posso amar algo tão em carne viva como eu.

Bom, eu me tornei um quadro imenso, intenso, contraditório e vivo. E é para essa figura que eu me viro agora, atualmente não é minha figura favorita, mas ao mesmo tempo é. E eu não sei explicar isso muito bem.

Será que com o tempo as pupilas se dilatam para o espelho?