Capricorniano e carioca. Autor dos romances "Um Sorriso de Oito Graus na Escala Richter", "Mulheres, Malditas Maravilhas", "Na Décima Nuvem", "Dom&Nique" e "Ramom".
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Me conte tuas falhas, que eu te apresento os meus remendos.
Hugo Rodrigues (via tempovalente)
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Um dia, a gente muda, enlouquece e resolve ir embora.
Hugo Rodrigues (via explosao-estelar)
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O amor um vírus benéfico e sem cura.
Hugo Rodrigues (via simplicidadi)
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O tempo me grita o tempo todo. A cada minuto que o relógio anda, o maldito contador do tempo me exclama qualquer coisa me exigindo explicações sobre o que ando fazendo com ele. Deve ser coisa de capricorniano frustrado que queria acordar mais cedo, mas prefere dormir até tarde e acorda reclamando baixo sobre a manhã perdida, mas que quando consegue levantar da cama antes das sete, perde-se num sono vagabundo por volta das nove da noite que afasta qualquer possibilidade de vadiar por aí nas noites bonitas e calorosas do Rio. O tempo não existe. É aquela babá eletrônica que mostra ao mundo que está tudo nos conformes e nos limita com seus rótulos de hora do almoço, hora de jantar, hora de ir para academia, hora de crescer, hora de casar, hora de ter filhos…. Somos seres completamente diferentes, mas usamos relógios nos celulares que marcam um mesmo tempo. Pensa nisso: um dia na Terra equivale a duzentos e quarenta e três dias em Vênus. Em algum lugar no espaço, o tempo é diferente, mas ninguém se dá conta que cada um daqui é um planeta inteiro. Ah, Hugo para de brisar pela manhã. Caetano já dizia que és um dos deuses mais lindos, mas eu confesso, Caê, que discordarei de você por aqui, ao menos aqui. O tempo é até um deus bonito, mas o que complica são seus seguidores - como fãs do Los Hermanos que te gritam que os acordes do Camelo e o timbre do Amarante precisam ser seguido à risca. Repito: um dia na Terra equivale a duzentos e quarenta e três dias em Vênus. Como quando vou falar que estou com ela há uns trinta dias e mais parece que já vivemos setenta e dois anos, mas que ninguém entende que Los Hermanos não é tão legal assim e que pode haver gente que prefira Charlie Brown. Ou até que goste dos dois. Ou até que, sim, é possível haver encontros fulminantes e intensos sem ecoar por alguém maduro colocando pingos nos is em formato de frases que aspiram um futurologista de casal que sempre prevê o pior no tipo no-começo-é-sempre-assim-depois-o-brilho-acaba. Eu discordo. Há tantos começos frios, chatos e empurrados apenas pela salvação de ter alguém ao lado para dividir as contas e postar fotos com filtros bonitos que quando eu vejo casais se jogando de bungee jump um no outro, eu-bato-palma-pra-maluco, como dizia a minha avó, e me lembro feito Jack Kerouac no: aqui estão os loucos/os desajustados/você pode citá-los, discordar deles, glorificá-los ou caluniá-los/mas a única coisa que você não pode fazer é ignorá-los porque eles mudam as coisas. Ou mesmo passo a aceitar Deleuze e seu lado charmoso do amor na loucura - o verdadeiro charme das pessoas reside em quando elas perdem as estribeiras, quando não sabem muito bem em que ponto estão. Li poesias demais para evitar começos intensos que transformam semanas de companhia em anos - e minutos de ausência em séculos arrastados. Acordo ao lado dela há poucos dias, mas já quero casar, ter filhos com nomes curtos, decorar janelas, planejar viagens e varar madrugadas inteiras em seus cantos e quinas. Ninguém entende. Como se relacionamentos fossem matérias obrigatórias das faculdades da vida que cobram tempo mínimo de permanência para passar para a próxima etapa - de novo, o tempo.Regras de gente chata e careta nunca moraram na minha legislação.Meu relógio, eu guardo no peito. Meu tempo é medido pelas batidas do coração acelerado com a presença dela - se for ver bem, vai ver que o tempo em Vênus é até devagar quando estou ao seu lado.
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Celebre. Cê lebre. Cê livre. Cê luta. Celebre. Agora. Cê sobe. Cê é sobre uma parte que falta - cê já viu esse vídeo da Jout Jout? Ou o livro que conta da parte? Cê desce. Cê monta. Cê é lobo. Cê é loba. Alcione. Im the one e aquela música grudenta do Justin Bieber. Celebre. Cê é breve. Cê é leve independente de quantos quilos cê pesa, cê cessa, dieta, tua meta é ser quem, criatura? Cê é tronco. Cê ronca. Cê brocha. Cê diz que quer, mas não quer e agora cê finge interesse - por esse, por essa, não interessa, cê tem pressa de ter uma presa ao lado. Celebre. Cê é padre, libertino, macumbeiro, rezadeira, parteira, escritor, mau ator, boa atriz, infeliz porque quis ser protagonista e agora é coadjuvante da própria novela. Cê é homem, mulher, alto, baixa, e magro, ou nem tanto, cê beija outros manos, e moças, e quengas, e bombeiros que não são bombeiros, mas se vestem iguais. Cê é Antônia, Luiz, Rafaela, Ricardo, Arturito, igual àquele moço de Casa de Papel. Cê agora já está cantando bella ciao ou naquele ritmo envolvente do funk do vendendo de balas num sinal. Celebre. Cê é massa. Churrasco argentino. Ou comida argelina. Napolitana. Vegetariana que agora tá se desdobrando em não mais comer ovo e seus derivados. Cê é vegana e não usa nenhum tipo de coisa que seja de origem animal ou que tenha sido testado em coelhos indefesos. Celebre. Cê é lontra. Ou lesma. Que anda devagar enquanto o rio daquela música do Skank ou da Ana Carolina, não sei, que agora já não sei mais o que falar. Cê é lulista, aécista, huckista, cirista, marinista, bolsominion, mas eu curto mesmo é o Jorge por seus jingles gostosos que imitam Bob Marley e agora só penso no ~quero. Cê é linda ou lindo caetaneando tuas pernas e quadris por aí e não pare jamais.
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Escorpiana.
Às-vezes-eu-quero-chorar. Tá falando sozinha? Já ouviu a Marina? Minha mãe ouvia a Marina. Mas você já ouviu? Eu disse que não. Não disse. Eu disse. Mas-dia-nasce-e-eu-esqueço. A gente precisa conversar. Estamos conversando. Você está cantando. Cantar não é conversar? Tudo é conversa. Nem tudo. Meus-olhos-se-escondem-onde-nascem-paixões. Eu ainda não entendi o que você está cantando. Eu estou cantando pra lua. Você é astronauta? Se eu fosse, você iria comigo? O que eu faria no espaço? Tudo-que-eu-posso-te-dar-é-solidão-com-vista-pro-mar. Isso é uma conversa ou um sarau? É o que a gente quiser que seja. Você bebeu demais. Ou-outra-coisa-pra-lembrar. Você poderia parar de cantar e conversar? Virou uma conversa séria? A gente tá nessa há um tempo, merecemos uma resposta séria. Ninguém merece nada, muito menos conversas sérias. O que você quer, moça? Às-vezes-eu-quero-demais-e-eu-nunca-sei-se-eu-mereço. Isso é uma resposta ou mais um trecho da música da Marina-sei-lá-quem? Lima. No Peru? Você já foi ao Peru? Não. Acho que quero aprender a surfar. Mas você nem sabe nadar. Exato, eu quero surfar, não ser campeã de natação. Eu não acho uma boa ideia aprender a surfar sem saber nadar. E qual é o problema? As coisas da vida são por degraus. Quem falou que eu quero subir? Foi uma metáfora. Você sabe muitas metáforas e esquece de viver o real da vida. Eu gosto de um passo atrás do outro. Tudo-que-eu-posso-te-dar-é-solidão-com-vista-pro-mar-ou-outra-coisa-pra-lembrar. Você já me disse isso. Quem disse que estou dizendo isso pra você? Só temos nós dois aqui. Há tantas outras por aqui. Aqui? Aqui dentro. Você bebeu demais. Você também já me disse isso. É. Se-você-quiser-eu-posso-tentar-mas. “Mas” sinônimo de “porém”? Ou mais de adicionar? Sim, foi o que perguntei. E eu respondi. Ninguém responde com outras perguntas. Filósofos respondem com perguntas. Você fala de filósofos, mas não acredita em metáforas. E, você, moço, o que você quer? Eu só queria que você ficasse. Mas.... “Mas” sinônimo de “porém”? (...) Eu-não-sei-dançar-tão-devagar-pra-te-acompanhar.
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Não tem sido difícil encontrar além que saiba sobre astrologia. Ou que pareça saber. Ou que finja saber. Eu não entendo nada sobre astrologia - nada além das doze casas porque aprendi na infância vendo Cavaleiros do Zodíaco - e por não entender nada, não consigo distinguir se uma pessoa sabe de verdade ou apenas finja saber. Ela me pergunta meu signo, meu regente, meu saturno, minha lua e eu só penso estar numa consulta com a Susan Miller, ou numa canção do Ventania, meio chapado, meio viajante, meio Chaves cantando os-astronautas-vão-pelo-céu-capturando-os-planetas (deixemos claro que eu adoro a parte do que-giram-que-giram-que-giram).
Mas nada por aqui tem a ver com Chaves ou coisa assim. Ela tá ali na frente, sentada esperando se decidir entre mojitos e gin tônica, com uns traços bonitos que qualquer cara ou moça que goste de moça saberia apreciar, elogiar e até disfarçar se surpreender, eu me pego ainda feliz por ela vestir um casaquinho meio grande demais, onde a manga se transforma numa quase luva e eu acho isso tão aconchegante que pensei que ela poderia estar se sentindo confortável comigo, ao meu lado, na minha frente, enfrentado dúvidas simples ou complicadas e a minha cabeça começa a viajar em relacionamentos sem fim que terminarão antes mesmo das três da manhã.
Vou-de-tônica-pura-amanhã-eu-acordo-cedo. Eu chutaria o mojito. Ela quer tônica, Schweppes, eu adoro esse nome, parece iogurte de criança ou até mesmo marca de pirulito japonês. Eu bebo cerveja. Ela não me perguntou, mas o garçom sim, que fique claro. Capricorniano-nossa. É o que sempre ouço quando falo que nasci em janeiro. Meu signo sempre foi um bom término de assunto, logo após o “nossa” que eu não consigo ver, nem ouvir, mas com certeza deve ser um nossa-exclamação-tripla. Conversar pessoalmente tem dessas coisas de não lermos as pontuações e sinais que a gente se perde em quem não consegue, de fato, colocar o tom certo nas falas. Até pelos múltiplos sotaques que a gente carrega por aqui, nas ruas do Rio de Janeiro, numa miscigenação gritante.
Não tem unhas melhores do que as tuas, eu pensei, mas não falei. Aposto que ela preferia estar lendo o livro do nosso encontro ao invés de estar aqui me encarando mudo, capricorniano, com a cabeça viajando em poemas, we've-changed-honey-boo, em canções lunares, em cidades australianas que nunca irei, mas ela interrompe o meu silêncio e eu acho estranho alguém interromper o silêncio porque o silêncio já é uma interrupção, mas tudo bem, ela interrompe o meu silêncio como quem inventa uma pausa na pausa e diz, meio feliz, meio besta, meio irônica, que é taurina. Eu pergunto como-a-Anelis-Assumpção? Ela só ri, sem entender a referência e diz que capricornianos se perdem para as taurinas.
Eu rio. Sem entender a referência. Perdido.
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Dedão é uma palavra horrível, embora os dos teus pés se pareçam com setas apontando para onde vai. Ou como formas físicas de chamar a atenção do outro que se encontra levemente distante e distraído. Me-olha, teus dedões dizem ao me encostar numa cena nada poética, que nem aspiraria nada de encantador, mas a brisa entre o que é estar e o que é viver dos livros, como você me ensinou, é o que nos faz aqui, pequenos encantadores do cotidiano morno. Como quem comemora visitar Niterói aos finais de semana e, quiçá, não pegar trânsito na ponte. É o caminho. Somos jardineiros do asfalto enquanto discutimos sobre a cor das rosas que plantaremos nas esquinas. Nem sempre são rosas. Essa frase é tão óbvia que tua cara nem se mexe, nem se espanta, nem se engrandece mais. Fica aí, meio blasé, meio foda-se, eu já escrevi sobre isso, você acabou de me lembrar, eu repito frases feitas, tipo o Cazuza, embora o Cazuza faça as frases feitas - eu só as aproveito depois de prontas. É-por-isso-que-você-não-é-um-bom-escritor, você diz, meio com razão, meio pra implicar, meio que sem muito a opinar porque nunca leu um bom escritor para saber o que é um bom escritor ou um péssimo escritor. Nunca folheou um Caio, ou um Bukowski, ou um Fante, ou um Pessoa, ou um Zambra, ou até uma Matilde, que você fingiu ter ouvido os vídeos do youtube que te mandei, mas quando eu parafraseava algo numa conversa besta, você nem pegava a referência, mas insiste em dizer que não sou um bom escritor que até que tudo bem. Faço festas pelos outros. Por aqui, eu só tiro as palavras de mim como quem chega desesperado em casa para ir ao banheiro. Tá, vendo, quem escreveria sobre dedões do pé e vontade insana de ir ao banheiro? Poetas se reviram por aí, com cartazes bonitos, rimas ricas, e você se perdeu nas letras dos outros, mais românticos, mais lineares, fazedores de sonetos perfeitos, que citam Chico Buarque - mas só as conhecidas (nunca leram “Benjamim”) ou até “A Parte que Falta” porque viram no vídeo da jout jout - e nunca ficaram segundos eternos olhando para cada ilustração e suas particulares simples. Tudo bem. Somos feitos do parir ao partir. Você tatuaria essa frase na testa caso tivesse sido escrita por algum moço popular, com barba grande, óculos estilo Harry Potter e camisas de bandas inglesas. Teus dedões me apontam outros rumos. Subidas intensas, cheias de tendões tensionados. Meu peito vazio já pesa mais do que oito toneladas. Imagine carrega-lo cheio de saudade.” - hr
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Parei de te amar, não de mentir
“Digo, meio fingida fodida por aí, que já não sei mais da tua vida. Afirmo: sei-lá-dele. E minto ao dizer que só sei que você tá ficando com aquela menina que eu tinha ciúmes porque alguém me contou – mas, no fundo, no fundo, eu mesma vi no teu Instagram essas coisas e deduzi isso após aquela foto de vocês juntos. Eu não penso mais em você. Mas aumentei as mentiras, você sabe.
Hoje, eu sempre estou bem, sorrindo, com maquiagens impecáveis e sempre com a minha melhor roupa. Sempre rodeada de amigos bonitos – e gostosos – só pra se de repente numa noite dessas qualquer a gente se esbarre por aí e você veja o quanto eu tô bonita sem você. Deixei de mentir, não de te amar. Se não fossem as mentiras ninguém seria de verdade.”
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Sou um super-herói às avessas que preciso me salvar e ainda não sei como.
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Posso ser tua puta, mas não vou embora pela manhã.
Posso ser tua cachorra, mas não vou te lamber o saco em todos os momentos. Posso ser tua piranha, mas que isso envolva sinceridade. Pode dar na minha cara, mas não perca o respeito por mim além disso. Pode gozar na minha boca, mas não me diga sentimentos cuspidos. Pode me enforcar com força, mas não me prenda em teus braços. Pode me chamar de tua, mas não me pense como uma propriedade qualquer.
Da porta pra dentro, somos só eu e você. Abro minhas pernas o máximo possível. Grito. Suo. Gemo.
Ordeno. E ordeno ser ordenada.
Sou sua puta. Sua amante. Sua qualquer coisa.
Ali, sou tudo o que nunca fui.
Mete com força. Goza na minha boca. Bate na minha cara.
Me faz gozar, não me ligue amanhã e a-gente-se-vê-por-aí. Ou me ligue também.
Dentro da minha alma carrego tantos amores, e desamores, que se eu for contar histórias até minhas palavras mais doces terão um gosto de devassidão.
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Talvez, ainda há motivos para acreditar no “ainda”. “Ainda” é estranho, difuso e complicado de entender, de engolir e de aceitar. Jogamos nossos relacionamentos (amorosos ou não) ao vento, ao tempo, como crianças brincando de jogar pedras no mar e torcendo para que não afundem de primeira, mesmo sabendo que, no fundo, no fundo, todas irão afundar.
Mas não quero falar de finais, quero falar do “ainda”.
Que começa no instante que a pedra sai da tua mão. Você se preparou. Você calculou a força e a distância. Você se lembrou de todas as outras vezes que deu errado, e ajeitou teu corpo para criar um ângulo ideal para a tal pedra alcançar a perfeição do voo. Você até escolheu uma pedra que, ao teu ver, tem mais chances de flutuar pelo espelho d`agua - e, numa doce esperança - permanecer flutuando por muitos e muitos dias, quiçá anos. Você tá ali, no milésimo de segundo que antecede ao arremesso. Tua perna de apoio se dobra. Tua perna de impulso se estica. Todo o teu corpo funciona em razão desta mini-pedra que promete voar sobre o mar realizando teus desejos mais genuínos. E só. Agora, você, apenas, torce.
Você torce para o vento não atrapalhar porque, agora, pensa que não se atentou em relação aos ventos. Lembra daquelas histórias de marinheiros? Você sabe que era para ter pensado nisso e agora se arrepende - ou acha que se arrepende. Você torce para as ondas não atrapalharem. Não é um mar revolto, você pensa. Mas que mar não é revolto, às vezes? - você pensa, também, como um libriano que não consegue fazer escolhas - ou acha que não sabe. E o peso da pedra? Será que era mais leve que o necessário? Será que ela era mais pesada do que o mar aguenta? E a tua força? Você ainda nem recompensou teu corpo, mas a cabeça se enche de questionamentos no ainda.
O “ainda” ainda age. Você torce. Você até reza, mesmo sem ter religião e isso, agora, te incomoda porque seria interessante ter alguma religião neste momento. Você até tem fé, mas não sabe a quem pedir. É como escrever uma carta de amor linda, mas não saber o endereço do destinatário. “Se o homem já pisou na lua, como ainda não tenho o seu endereço?”, você se perdeu - e se encontrou - em referências musicais enquanto é “ainda”. Músicas te acompanham neste momento de ilusão e ironia do tempo. São segundos entre a pedra sair da tua mão, alcançar o mar e flutuar ou não por ali. Mas dentro de ti, você já envelheceu, casou ou morreu. Ouviu mil músicas dentro de ti - de Cássia Eller a Beatles, passando por Coeur de Pirate, uma cantora francesa que você mal conhece, mas já torce em seu nome para que seus desejos aconteçam como em “Comme des enfants”, porque, você pensa, se aconteceu ali que o cara continua a amando e ela segue o amando ainda mais (de novo o “ainda”), por que também não pode ser a histórias de vocês dois? Até pra Carla Bruni foi dito que “alguém continua a amando” e você acha que se soubesse cantar em francês, tudo seria menos difícil e mais romântico.
A pedra sai da tua mão. Você se preparou. Você deu o teu melhor. Você torce. Você tem fé. Você reza aos deuses - musicais e literários. Você acredita no “ainda”.
Mas agora já não há mais nada que possa fazer. Você é a pedra.
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O Dylan, não o Marley.
Era como te dizer ou te cantar, assim, na cara, loucamente as palavras do Caio imitando a rouquidão do Bob. O Dylan, não o Marley. Embora você diga preferir o Marley porque dá pra dançar mais devagar. Eu só te digo que não vou esperar pelo seu amor em vão, mas você não entende, diz que não pegou a referência em português de uma música em inglês, num tom de quem é quase bilingue e eu só queria mesmo que você entendesse qualquer um dos meus idiomas ou formas de falar para você aparecer ou deixar que eu apareça, agora e no dia seguinte. Talvez no próximo dia, também, sei lá, vai que você queira ir numa exposição e pense que eu possa gostar de algo. Vou até bancar o intelectual e falar dos artistas que conheço, embora sejam poucos - bem poucos - mas parecerá que entendo do assunto como quem estuda para um trabalho específico na faculdade e torce de coração apertado para ninguém fazer perguntas que fujam dos textos que aprendeu no Wikipédia.
Estava perto de você como quem está morrendo de fome, em frente a um prato de pizza - calabresa, sem catchup, sou carioca, mas jogo limpo - mas o mundo inteiro do meu interior faz grave greve, costura meus lábios feito tricoteiras sábias do Nordeste, bonitas, mas que não me permitem dizer nada além do comum oi-como-vai-eu-vou-bem-que-bom-que-você-também. Canto músicas do Cícero em minha cabeça, enquanto você fecha a cara como um muro grande e cinza esperando meus olhos te colorirem como grafiteiros da meia-noite, anti-Dória, sem rumos políticos ou coisa assim.
O amor quer que eu seja rebelde. O desamor me faz ser careta. No meio disso tem eu: um completo vazio recheado de dúvidas sobre o futuro, tristezas do passado e uma vaga esperança de que agora é a minha vez de ser feliz.
Que fique claro que você não tem muita coisa a ver com isso.
Eu só estava divagando em frente ao mar.
Mas sem mergulhar. Sem me orgulhar. Apenas no ainda. - hr.
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Umami. Era como chamávamos a nossa relação: umami. Ninguém compreendia muito bem. Não estava nos livros de história que líamos, nas canções que ouvíamos, nem nos romances do Hemingway que nos descrevia muito, mas nem tanto. Nem tanto, ela sempre dizia. Estamos-mais-para-Rimbaud, ela dizia. Ninguém iria conseguir nos descrever com o tanto que fomos e que poderíamos ter sido. Nem você, ela dizia, nem você conseguiria nos descrever mesmo metido a escritor de redes sociais, em tom irônico, é claro. E eu adorava não conseguir, mas seguia tentando.
Essa era a graça: tentar. Sempre tentei mais do que devia, mesmo quando não parecia. Fazia o papel presunçoso e crítico, mas no fundo, estava lá, altas horas estudando novas férias, novas músicas, novas formas de fazer as velhas coisas. Ninguém via. Eu era aquela eterna cena dos filmes melosos onde os casais estavam separados - sofrendo ou esperançosos - mas que a gente só descobria porque havia uma câmera ali contando aquilo pra todo mundo.
E aí, descobri a "umami". Palavra gostosa de falar, cheia de tato, de coisas, de tudo, da gente. Umami, segundo os chefs, é a união de quatro sabores numa mesma mordida: amargo, doce, azedo, salgado. Era tudo que éramos, que fomos, que sonhamos ser, a cada dia, cada semana, cada momento.
Amargo como os dias de mau humor, de notícias ruins, de trabalhos cansativos, de dores de cabeça e propensão à solidão moderna. Doce a cada novo beijo com gosto, a cada cair no sono depois de um filme no sofá, a cada abraço semi-eterno dado no meio de dias mornos. Azedo como quem sorri depois de comer uma torta de limão, algo apimentado, mas gostoso, como quem experimenta o novo, faz cara feia e depois pede de novo. Salgado como os banhos de mar: perigosos e divertidos, convidativos e ignorantes, calmos e desesperados, mas sempre novo a cada momento.
Mas novidades nunca foram o teu forte, caprica, ela dizia. - Do meu próximo, futuro e duvidoso livro: Afago - ou as doze vezes que voltei com você/20XX.
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Chega mais cá, coloca um jazz. Dança devagar, calcinha nos pés. Mãos a me buscar, inverto os papeis. Me faz poesia como quem faz uns cordéis. Acende um incenso. Mirra. Maravilha. Meu peito era ilha, Agora já é continente imenso. Finge fechar os olhos, que louco, Morde seu próprio lábio, enquanto passeia em meu corpo. No rádio, espanca o Coltrane. No corpo, expande a cocaine. Tão foda. Se foder é tendência, ela que inventou a moda. Não poda nenhum instinto. Me jogo igual a um faminto. Não exagero, nem minto. Não desdigo, só sinto. Em meus traços retos, ela fez nascer labirinto.
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Existem mil formas de eu me apaixonar por uma mulher. Uma delas é quando a pequena está fazendo rabo de cavalo no cabelo enquanto fala e, quando termina, debruça seus cotovelos sobre a mesa, me olha como se nada mágico tivesse acontecido e me pergunta algo clichê como "O que a gente vai jantar hoje?".
Ou quando a pequena não sabe se ri ou se morde, aí me dá um risinho mordendo a parte de baixo do lábio, sabe? Esse é o problema das mulheres – tudo nelas é apaixonante. Para mim, os cúpidos – aqueles anjos malditos que nos propagam o amor – estão em todos os cantos das mulheres. Nas sobrancelhas finas. Nos narizes pontudos. Nos joelhos lisos. Nos calcanhares machucados. No perfume das nucas. No cheiro das costas. Na gordurinha entre as coxas. Naqueles brincos grandes que só vestem uma orelha. Naqueles shorts jeans que já foram calças e agora passeiam seus fiapos pelas pernas das pequenas. Ou na forma desleixada de sentar quando não estão de saias ou vestidos.
Mulher é um temporal de elogios. Um livro sem fim, mas com capa bonita e perfumada. Mulher é não ter sapatos tendo cento e dois pares no armário. E, ainda por cima, mulher é descobrir que vestido usado uma vez já é uma roupa velha. Mulheres são crises ao meio-dia pelo tempo não passar e desespero às 20h30 por já estar uma hora atrasada.
Mulher é uma poesia com virilhas, peitos e boca. Inspiração para músicas, livros e qualquer manifestação artística. Mulher é a cultura decotada e perfumada. Mulher é a insônia que nos causa por uma briga qualquer e a vontade acordar cedo só para levar o café-da-manhã na cama. A mulher é um conjunto. Um dicionário completo. Mulher é um devaneio perfeito e um paraíso primoroso. A mulher tem em seu sorriso a arma mais poderosa do mundo e em seu colo o centímetro mais caro da Terra - espaço esse que nenhum arranha-céu moderno de Dubai consegue se comparar.
A mulher nasceu para ser dona do mundo. E não me venha com essa história de que Eva foi feita da costela de Adão. A mulher nasceu primeiro. Fez as flores, os jardins e os bichinhos. Depois, sentiu falta de um colo masculino e de alguém para matar os insetos nojentos que surgiram por acaso. Aí sim, houve a necessidade de um companheiro. No dia que a mulher descobrir que possui as rédeas de qualquer relacionamento, os homens terão que fazer muito mais do que piadas irônicas, recitar músicas do Chico Buarque e ter um peitoral confortável para atrair à atenção feminina.
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Pensava ser assim: fomos feito, nascidos e crescidos na cidade de Pompeia. Volta ao passado, Roma antiga. Éramos nós ali: entre as pedras, entre as casas, nas curvas das esquinas pequenas, no escuro das vielas - que de belas não tinham nada. Éramos nós ali: imaginando até falar napolitano, entre tiradas de batom, calcinhas rasgadas, pouca roupa por cima, muita vontade por baixo. A pinta na sua boca era marca clara de onde ir. De onde começar. De onde iniciar o que não tem fim. Éramos nós ali: na cidade de Pompeia brincando sobre o fim do mundo, sobre os desejos reprimidos, sobre o sabor dos gozos e de quem grita mais enquanto ainda é madrugada.
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