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Mosaicos da Liz Panek
#fazercriativo #soumercadim
@mosaicosdaliz
Fale sobre você.
No mosaico, o artista se expressa transformando as superfícies, criando desenhos e gerando movimentos com diferentes materiais. Assim me descobri, há 18 anos atrás, minha identidade na arte do mosaico.
Sou natural de Curitiba/PR, meu pai é arquiteto e minha mãe, decoradora. Cresci num ambiente ligado às artes plásticas.
Sempre admirei essa arte. Em Florianópolis no ano de 1999, ajudei a executar pequenas partes de mosaicos de duas amigas. Isso bastou para que eu colocasse em prática toda minha admiração e paixão e, em menos de um ano, eu já estava produzindo de forma independente. Em 2000 mudei para Curitiba, fiquei por 9 anos e aperfeiçoei a técnica em cursos específicos, participei de diversas mostras e exposições, bem como também ministrei oficinas. Voltei para Florianópolis em 2010 e continuei meu trabalho da mesma forma que vinha fazendo em Curitiba. Desde 2014 estou radicada em Imbituba/SC.
De que forma você expressa seu fazer criativo?
Crio peças variadas que vão desde motivos marinhos, esotéricos, a fauna e a flora, até releituras de obras famosas, fotografias de paisagens e imagens de pessoas do meio artístico.
Na execução dos meus trabalhos, aposto na diversidade dos materiais, como: contas de acrílico, espelho, porcelana, pedras brasileiras, conchas, azulejos, material reciclado (vidro e vidro blindex), pastilhas de vidro e peças modeladas em cerâmica esmaltada. Para as bases, utilizo madeira, placa cimentícia, tela talagarça, também faço aplicação do mosaico em peças de barro já prontas.
Quais são suas inspirações?
Desde pequena convivo com a natureza, observando o cotidiano da vila de pescadores onde minha família tem residência ou pelas trilhas que caminhei em montanhas e costões. Sem falar na convivência de 20 anos com o mar, através do surf.
Com todo esse cenário cheio de cores, movimentos e nuances que a natureza me presenteou, fui parar no mundo esotérico, daí foi um pulo, encaixar os motivos geométricos em meus trabalhos.
Em Curitiba, Floripa e Imbituba encontrei tudo isso e mais um pouco. Acho que já é suficiente para me inspirar.
O lugar que você vive é inspiração para você?
Sou muito suspeita para falar de Imbituba. Não sou daqui, mas aprendi a amar e respeitar cada pedacinho de natureza que aqui encontro. Tem inspiração no bailar das nuvens, da vegetação, das dunas, das lagoas e do mar. Nas cores que iniciam e findam o dia. Nas cores da noite e seus habitantes.
E, por fim, Imbituba tem muita força espiritual. É toda inspiração.
Como é seu processo criativo?
Procuro estabelecer uma rotina de criação, mas confesso que nem sempre é todo dia a mesma coisa.
Tem o dia de elaborar que mosaico será feito. O dia de criá-lo em todas suas etapas e dar os acabamentos necessários. Eu nunca começo um mosaico sem deixar de terminá-lo. Começar um mosaico e parar para fazer depois, eu não tenho paciência.
Tem mosaicos que ficam em minha mente durante um tempo até eu encaixar tudo o que vou usar e como irei usar, aí sim, eu parto para a criação. Só depois, ela se torna produtiva.
Suas experiências de vida influenciaram de alguma forma, no seu fazer criativo? Conte um pouquinho sobre isso.
Comecei no mosaico ajudando duas amigas, mas à medida que eu ía fazendo com a orientação delas, eu notava que se eu fizesse de outra forma, também daria certo. E assim iniciei essa arte, de forma autodidata. Criei peças grandes, participei de exposições e aprendi novas técnicas.
Vieram os filhos e o tamanho dos mosaicos diminuiu, mas não a criação. Precisei me adaptar com a rotina de ser mãe, dona de casa e esposa. As peças grandes e exposições demoraram um pouco mais para acontecer, mas os filhos cresceram, tudo voltou quase a normalidade.
As mudanças entre as cidades que morei nunca me atrapalharam no processo criativo, só precisei me adaptar. Nestes 4 últimos anos, criei raízes em Imbituba e com isso a evolução do meu trabalho foi natural e visível.
Mas ainda não fiz todos os mosaicos que quero fazer. Enfim, tudo acontece da forma que tem que ser. A mim cabe ir criando e criando... deixar o tempo fazer a sua parte.
Como é seu dia a dia de trabalho? Qual o seu melhor horário? Como é seu espaço de trabalho?
Procuro criar de manhã, mas como existem fases no processo criativo do mosaico, acaba que o dia fica dividido nelas.
Trabalho durante o dia, mas também tem as funções de casa e família junto. Gosto de caminhar e surfar para relaxar. E de noite procuro só realizar as fases de mosaico que são mais leves.
Nem sempre é assim, mas procuro manter uma rotina saudável para mim. Meu ateliê é em casa e nele eu tenho todo o suporte para fazer o meu mosaico, com ambientes divididos e funcionais.
Você sente alguma dificuldade por trabalhar com criatividade?
Não tenho dificuldade em ser criativa. Desde pequena brinquei com tinta, argila, papel e tecidos. Tive fases com outros materiais como madeira, metal e vela. A criatividade vem de dentro. Você vê em um material a chance de transformá-lo em outra forma, outra utilidade. É meio compulsiva a criatividade para mim. Queria ter mais tempo para exercer isso mas, por hora, me basta o mosaico.
Que conselhos você daria para quem está iniciando no fazer criativo?
Antes de mais nada, amar o que escolheu para criar. Se entregar e realizar. Criar temas para o seu trabalho. Estar sempre atualizada com as tendências. Respeitar o seu tempo para criar. Ter organização, metas definidas e alcançadas. Uma coisa de cada vez, mas sempre um passo a cada dia.
Como seria o seu lugar ideal, para viver de criatividade?
O lugar ideal para que eu possa viver da minha criatividade, seria um lugar onde o artesanato fosse visto de forma valorizada, também para quem o faz. É difícil batalhar com o industrial feito em países como Índia, Indonésia e China.
Um lugar onde as lojas de artesanato acreditassem mais na produção local. Que investissem na aquisição de peças artesanais.
Em Imbituba, a produção artesanal é bem forte. Tem material em palha, tipos de tecido, fibras naturais, cerâmica, madeira, pedras e metais. É uma tarefa árdua abrir espaço nesse mercado. Mas também noto que, aos poucos, a aceitação ao trabalho artesanal tem aumentado. Isso me faz acreditar que o artesanato tem mais força do que se pensa.
Fotografias: Liz Panek, Eduardo Rosa e Bella Torquato.
MercadIM, um projeto autoria do souIM.
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Armação Baleeira de Imbituba
#caminhoscriativos por Franquita
@abaleiaciclista
A Franquita é uma buscadora de histórias. Uma baleia franca e ciclista que se conecta com pessoas e cidades. Nos #CaminhosCriativos ela descreve seu olhar e suas experiências nos lugares onde os humanos vivem e escreve em forma de carta para a Bella, sua amiga e conterrânea.
Estou de volta à terrinha e encantada por cada canto que passo e (re)conheço. É engraçado como o passar do tempo revela ângulos diferentes da mesma história. Liguei os pontos entre vários lugares que estive e ouvi pessoas que me deixaram com um gostinho de “quero mais”. Embora muitas histórias sejam doloridas de ouvir, fiquei feliz em saber que os humanos podem aprender com sua própria trajetória.
Era manhã e bem cedinho, logo de cara, fiquei curiosa com um quitute fofinho, chamado bijajica. O nome por si só, soa convidativo e o modo de fazer vem de longa data e tem seus segredos mas ali, definitivamente, não falta farinha de mandioca e amendoim. Depois do café com mistura, segui pro Barracão do Manoel Rosa no bairro Vila Alvorada em Imbituba-SC, atual Museu da Baleia Franca.
Pelo que entendi o 2o Momento da Caça à Baleia em Imbituba.
É um lugar amplo, simples e sombrio pois tinha um objetivo certeiro. Cada equipamento fazia parte de um processo, é difícil imaginar que um dia, aquele tanque ficou cheio, de partes de baleia.
Lá tive a oportunidade de escutar uma das histórias do senhor Rosemiro.
(…) Daí é assim, a baleia vem aqui esse ano pra engravidar. Ela engravida e vai embora. Ela tem um ano de gestação. O ano que vem, ela vem aqui e dá cria. Ela não vem aqui nos visitar, ela volta pra casa! Ela nasce aqui, ela é daqui! Então vê que ingratidão, ela nasce aqui, retorna pra terra onde ela nasceu e a gente fica esperando pra matar.
(…) Sou construtor naval, ficou na mente construir embarcação, agora a gente mexia muito era com baleeira. E já não existe baleeira... Eu tinha ideia de trazer aqui nesse barracão, trazer uma baleeira pequena e botar aqui dentro… ou abrir uma escolinha, ensinar os meninos a construir, uma oficina de carpintaria naval.
Aqui tem tudo pra ser feliz, né?! - senhor Rosemiro, 82 anos.
Este senhor não havia percebido minha presença, embora eu seja gigante consigo ser muito discreta. Já a minha curiosidade, essa é tão grande quanto eu!
Num cantinho já empoeirado percebi que o barracão já não era tão sombrio, tinha uma luz revelando as cores de novos tempos.
Segui pro próximo lugar e pelo que indicava se tratava do local onde foi a 1o Momento da Caça à Baleia em Imbituba, no Porto de Imbituba.
Chegando lá vi o mar em forma de capela. Toda em madeira pintada de azul, fora, dentro, inclusive nos móveis. E ao contrário do barracão, o local era pequeno e aconchegante mas também um lugar com ritos, símbolos e memórias.
A gente vinha na capelinha, aqui tinha ladeira de barro que saía na praia logo ali, não tinha 200 metros. No lado direito, na descida tinha o seu Aléssio, que fazia o entreposto de pescado.
Esse canto era chamado "Canto do Paraná”, tem um navio enterrado aqui embaixo, chamado Paraná. - senhor João Batista.
De fato, a capelinha era mar.
Saí de lá, pensando em como pode-se viver experiências tão diferentes em questões de minutos. Saí da sombra pra luz, da amplidão ao aconchego, da sobrevivência rotineira ao amparo pra alma.
E não parei por aí, segui meu trajeto rumo à Vila Nova. Na Vila Nova foi onde a história dos Açores começou em Imbituba. E junto com os colonizadores dessa terra veio sua fé. A Igreja Sant’Ana de Vila Nova tem mais de 260 anos, é patrimônio tombado catarinense.
Na mesma rua histórica de Santana, conheci a Casa Açoriana. Uma cooperativa cultural recém inaugurada por um grupo entusiasta sob a liderança do Ronaldo Pires. Ainda quero voltar lá pra tomar um café gostoso, ouvir histórias das famílias açorianas e, quem sabe, fazer uma oficina artesanal.
Terminei meu caminho no Instituto Australis, ou melhor, lá começo muitos outros. O Instituto, antes denominado Projeto Baleia Franca teve início em 1982 com o objetivo de garantir a sobrevivência e recuperação populacional da baleia franca em águas brasileiras. O Instituto Australis faz diversas atividades, entre elas, de pesquisa, monitoramento, atuação na formação de políticas, educação, entre outras. Já estive outras vezes por lá mas cada vez que volto tem sempre novidades. Sem esquecer que é muito animador ver tantas pessoas que gostam da minha família.
Bella, o caminho hoje foi longo mas muito marcante, espero que eu tenha te inspirado e que um dia o façamos juntas.
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>>> PARA SABER MAIS
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Movimento de Valorização das Armações Baleeiras Catarinenses
Esse caminho foi proposto dentro da iniciativa do Movimento, um grupo voltado para ações de reconhecimento e valorização das armações baleeiras como bens culturais de valor histórico.
O itinerário foi realizado dia 07 de julho pela Diretoria de Cultura de Imbituba com translado fornecido pela Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esporte.
Texto e fotografias: Bella Torquato
Franquita, um projeto de autoria do souIM.
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Pick da Isabel Bogoni
#fazer criativo
@pick_ceramicarte
Fale sobre você.
Sou uma artista visual, que se dedica à produção artesanal de objetos cerâmicos, tanto utilitários como artísticos e realizo obras em diferentes suportes e formatos, fazendo uso de linguagens combinadas. Mais frequentemente, o desenho e a pintura.
Tenho formação pela Universidad Nacional del Arte de Buenos Aires, com especialização em desenho. Atualmente, faço uma pós graduação, na mesma instituição, no Curso de Cerâmica Contemporânea.
Sobre mim, posso dizer que tento encontrar novos caminhos que me ajudem a me desenvolver e ser um humano melhor, em todos os níveis.
Voltei a ensinar e ensino tudo aquilo que aprendi de outros e sou grata. Me realiza imensamente, como artista ou artesã, ver o brilho nos olhos daquele aprendiz que percebe o que estou transmitindo, se sente conectado ao universo criativo e devolve nesse olhar sua gratidão. A mesma sensação que sinto por cada um dos instrutores, professores e maestros que tive o prazer de encontrar na minha formação e que continuo a buscá-los.
De que forma você expressa seu fazer criativo?
Meu fazer criativo, é o fazer mesmo.
Ou seja, estou diariamente buscando exteriorizar, aquilo que me dá satisfação e que gosto de ver como objeto ou como conceito. Todos os dias, o prazer de criar está latente, querendo fluir. Às vezes investigo determinados temas, antes de ir para o papel. Logo escrevo, rascunho, deixo a linha pensar e fluir.
Na cerâmica, muitas vezes, simplesmente me acomodo frente ao torno e deixo o barro me levar. Outras, posso fazer repetidas formas iguais pois, os objetos estão sendo esperados por algum cliente.
O que é Pick?
No meu caminho, lento, tranquilo e natural, desenvolvendo meu trabalho, pelo qual sou apaixonada e espero poder fazê-lo até que minhas forças vitais me permitam, vi a necessidade de criar uma marca, ou assinar meus trabalhos, como costuma ser, entre os artistas e produtores de objetos.
Então, como forma de homenagem ou, talvez, de identificação com minha descendência materna, escolhi o sobrenome de minha mãe: Pick.
Considero que não sou boa em administrar a parte comercial, criei diferentes blogs e páginas para divulgação, mas são bastante deficientes e desatualizados.
Quais são suas inspirações?
O que me inspira é o fazer mesmo.
Adoro viajar e estive em lugares fantásticos, fabulosos e pitorescos. Tive a sorte de ter um espirito inquieto e desde muito cedo pude ver de perto lugares encantadores desse planeta tão diverso. Na maioria desses lugares, desde a cúpula de Brunelleschi, as gárgulas de Notre-Dame, os templos de Angkor Wat ou as margens do rio Ganges, eu não levei apenas uma câmara fotográfica e, sim, um caderno e um lápis. Registrar na linha, de alguma maneira, o sentimento único de estar em determinados lugares é para mim algo maravilhoso.
Mas isso é um breve instante, o fazer diário, o cotidiano sem pretensões é o que sempre revela a poesia mais sublime, o acúmulo de todas aquelas experiências, por vezes, muito simples mas que somos capazes de ver é algo permanente. Constante é o trabalho, a repetição, o aprimoramento.
O lugar que você vive é inspiração para você?
No ano de 1999, minha vida hippie me levou a acordar dentro de uma barraca, depois de uma noite de carnaval, às margens da Praia do Rosa. Rosa Sul para ser mais específica. Foi só olhar pra fora da barraca, dar de cara com um dia ensolarado de verão, com ondas perfeitas, o mar abarrotado de surfistas, que não tive dúvidas naquele momento, eu tinha encontrado meu lugar no mundo.
Depois de 13 anos, pude comprar um pedacinho nesse paraíso, onde tenho uma casa e estúdio de arte. Uma terra encantadora, inspiradora, minha maior realização até hoje. Caminhei muito pelas areias da praia vendendo meus artesanatos.
Mas minha alma mundana, sempre me leva a seguir trilhando novos caminhos. Divido minha base de residência, com a cidade de Maringá no Paraná e Buenos Aires - onde depois de morar onze anos, ter tido uma família, regresso e sou grata de poder transitar por lugares tão diferentes.
Todos despertam diferentes sentimentos e me inspiram em graus e modos diversos, mas a região de Imbituba é, sem dúvida, o lugar de maior paz e conforto, por sua imensa e generosa natureza.
Como é seu processo criativo?
Falar de um processo criativo é bastante complexo, no meu caso.
Muitas vezes acreditei no caos como estrutura, um conceito do artista informalista Yuyo Noé. Hoje em dia, mais focada na produção cerâmica, e no conceito de cerâmica expandida, ou seja, saindo do acadêmico e tradicional processo de produção, me vejo entrando em um momento bastante novo de experimentação.
Porém, trato de conciliar sempre o que precisa ser feito, para ter os meios econômicos necessários para me sustentar como artista. Nunca foi fácil.
Estou em um momento no qual, tenho uma demanda, muitas vezes a repetição da produção mais comercial é o que estrutura o processo criativo. A rotina existe e é necessária, entre 9 e 18 horas, todos o dias. Trabalho sério e responsável. A cerâmica tem uma saída comercial maior do que a pintura em telas, por exemplo.
É a atividade que eu mais me dedico, porém sem o desenho, a experimentação e os erros, não existe novidade, não aparece o novo. Então, geralmente, consulto artistas que me inspiram, vejo obras contemporâneas e investigo os temas dos quais quero trabalhar.
Suas experiências de vida, influenciaram, de alguma forma, no seu fazer criativo? Conte um pouquinho sobre isso.
Acredito que tudo que vivemos, descobrimos, sofremos, desfrutamos, ganhamos ou perdemos, influenciam definitiva e absolutamente em nossas criações. Não pode ser diferente. Vivo uma vida muito estável hoje, mas passei por todas as dificuldades que uma pessoa pode passar, aprendi com a alegria e com a dor. Perdi meu primeiro marido aos 31 anos e foi simplesmente uma antes e uma depois. Impossível não plasmar na arte o que se sente. A dor da perda, os sentimentos mais profundos, afloram e vão sendo transformados.
Como é seu dia a dia de trabalho? Qual o seu melhor horário? Como é seu espaço de trabalho?
Como já disse, entre 9 e 18 horas do meu dia, a rotina é de trabalho. Tenho um espaço grande, arejado, e muito confortável. Uma colaboradora que me ajuda com a limpeza e, outra, que também é aluna e que me auxilia nas tarefas mais ordinárias. Porém faço muitas etapas sozinha.
No caso da cerâmica, primeiro o desenho das peças, logo a conformação pela técnica mais apropriada, torno, modelagem ou placas. E todo os processos são lentos e trabalhosos, como acabamento, lixar, primeira queima, preparação dos esmaltes, os vidrados, que muitas vezes são feitos com materiais que demandam de extrema mão de obra, como o uso de cinzas. Logo a queima final em temperaturas diferentes. Na sequência, a comercialização, lojas, galerias, feiras alternativas, exposições, etc.
No caso das pinturas e desenhos, algumas vezes, trabalhos em séries, temáticas ou conceitos, outras, à pedido, como ilustração ou logo comercial.
Você sente alguma dificuldade por trabalhar com criatividade?
A dificuldade maior em ser criativo, habita no campo da repetição e da mão de obra excessiva. Como tudo é artesanal, acaba por tolher uma grande parte do tempo.
Realidade que poderia ser ajustada se a arte fosse mais valorizada e se pudesse empregar assistentes colaboradores ou aprendizes para trabalhos mais mecânicos e repetitivos do processo de produção.
Que conselhos você daria para quem está iniciando no fazer criativo?
Se eu pudesse aconselhar qualquer colega a empreender no mundo artesanal e artístico eu diria simplesmente - faça!
Dedique-se completamente. Acredite e deixe sua expressividade aflorar.
Como seria o seu lugar ideal, para viver de criatividade?
Um lugar ideal para viver da criação, seria aonde se complementam o bem estar e a qualidade de vida com a valorização do que se produz.
A região litorânea de Santa Catarina é muito especial para esse processo, talvez seu único prejuízo seja ser sazonal.
Fotografias: William Ando (capa e perfil) e Isabel Bogoni (as demais).
MercadIM, um projeto autoria do souIM.
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Casa Açoriana
#lugarcriativo
A história.
A história da Casa Açoriana começou com a relação que o Ronaldo Augusto Pires, mais conhecido como Roni, tem com sua família. Sua família tem origem nos Açores e seu interesse pela cultura dos seus antecessores sempre foi algo presente na sua trajetória. "Desde 2006 já venho pesquisando a genealogia da minha família - os Pires.”
Em meados de 2008 a ideia de um espaço cultural começou a ganhar seus pensamentos numa forma de começar a levar para as pessoas suas pesquisas e todas as informações acumuladas até então sobre a cultura açoriana na Frequesia de Vila Nova De Sant'Ana - como era chamado o atual bairro de Vila Nova de Imbituba, na época do Brasil colônia.
Mas foi por volta de 2011 a primeira tentativa, através de uma associação. Foi um processo complicado, com bastante burocracia, com dependência da disponibilidade de um quadro completo de pessoas na diretoria, enfim, não foi dessa vez que a ideia de um espaço cultural ganhou asas.
Depois disso, embora o Roni continuasse com suas pesquisas, a vida seguiu e uma oportunidade de trabalho fora de Imbituba surgiu, o que deu uma adormecida nesse sonho.
O retorno para a cidade natal foi em 2014. Além de trabalhar como psicólogo, também retomou os estudos, através da Educação Patrimonial pelo IFSC e História na Uniasselvi. Estudar o curso de História foi renovador pois aconteceu o encontro com mais pessoas que tinham interesse pelo mesmo assunto. "Começou a dar mais luz, encontrei um grupo na faculdade que também gostava…”, relembra Roni. O gosto pela pesquisa ganhou ainda mais força e a troca entre colegas foi bastante enriquecedora.
A partir de 2017, a busca por um imóvel para locação na rua histórica de Santana começou a delinear o futuro projeto.
A realização.
>>>“Passei aqui na frente, há dois meses atrás, essa casa tava para alugar, era uma pastelaria… saí de casa (pensando) eu vou assumir isso, nem que seja com recurso próprio.
Se eu arrumar 20 pessoas, amigos que acreditam no projeto, que gostem e cada um se comprometer a contribuir com 20 reais por mês como cooperado, 20 pessoas já dão R$400 por mês. O aluguel é R$600, eu entro com R$200.” Roni<<<
E foi dessa forma que a Casa Açoriana ganhou seu espaço. E, melhor que isso, o número de 20 pessoas imaginadas, hoje virou uma realidade de 55 cooperados - nome adotado pelo Roni que considera a Casa Açoriana, uma cooperativa cultural.
Como funciona.
O espaço físico da casa tem 2 divisões de acordo com as funções, uma para encontros de pesquisa e conversas. Que por agora, toda segunda às 19h30, tem acontecido uma oficina proposta pelo Roni que integra a memória, as histórias de criança e a emoção. Uma das brincadeiras abordadas é açoriana, as “5 marias”, que tem os saquinhos feitos de paninhos preenchidos com areia ou arroz.
A outra parte é para uma exposição permanente. Essa parte terá uma remotagem de uma casa açoriana, decorada com jarros de barro, gamelas, pilões, alguidares, esteiras, peneiras, balaios, artefatos de pesca. As paredes contarão as histórias através de fotografias antigas, documentos, além de manequins com vestimentas que relembram a época da colonização.
Neste mesmo espaço acontecerão, as oficinas culturais, como: de renda de bilro, de tarrafa, de fuxico, de tear manual, de pão por deus. A casa entrará na programação de eventos culturais tradicionais, muitos deles religiosos. Também está aberta para propostas pedagógicas e roteiros turísticos.
A Casa Açoriana já tem data de inauguração, será dia 01 de julho, um café cultural aberto apenas para cooperados e convidados. As rede sociais também estão programadas para funcionar a partir desta data, assim como as informações para futuros cooperados.
Casa Açoriana
Rua: Santana, 862, Vila Nova - Imbituba-SC
Contatos
email: [email protected]
whats: 48 99669-4144
Texto e fotografias: Bella Torquato
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souIM da Bella Torquato
#fazer criativo
#soumercadim @abaleiaciclista
Fale sobre você.
Nasci, Isabella Melendres e adotei Torquato - sobrenome da minha avó materna - como uma homenagem às mulheres da família. Hoje sou Isabella Torquato.
Sou catarina, de nascença e de raiz mas tenho um amor grande pela terra das araucárias! O caminho entre esses dois estados fiz umas centenas de vezes, sempre amei chegar nos dois destinos.
Desde criança, sempre fui muito observadora. E um hábito que ainda mantenho, quase um tique, é de compor objetos, móveis, cores, proporções… olhando para trás, percebo que isso vem de longe, pois aos 6/7 anos cortei com tesoura a ponta da samambaia da minha mãe, fiquei incomodada dela estar muito comprida e achei que não deveria encostar no chão. rs
De que forma você expressa seu fazer criativo?
Na adolescência, comecei a fazer parte de um grupo de ciências e descobri que eu gostava de pesquisar. Mas depois da pesquisa, tinha a apresentação e, no primeiro ano, a minha, foi de mediana para menos. Ficamos em penúltimo lugar na feira da escola.
Nessa época aprendi uma lição, não bastava apenas acumular o conhecimento, tínhamos que passá-lo adiante, conectando-nos com as pessoas. E a criatividade foi o que deu liga, entre a informação e as pessoas. Depois de aprender isso, o primeiro lugar na feira, não largou a gente.
Hoje, continuo minhas pesquisas, sobre novas formas de trabalho, sobre o lugar onde vivo, a relação das pessoas com o lugar, sobre as potencialidades, as dificuldades, sobre os caminhos para viabilizar os projetos... e tudo isso comunico através de textos, fotografias, vídeos, layout de espaços, objetos, transformações antes e depois - e são dessas várias maneiras que me expresso.
O que é o mercadim? Quem é a Franquita?
Eu observo, estudo, pesquiso um espaço físico (pequeno como uma casa ou grande, como uma cidade), passo a conhecê-lo melhor e, através das suas potencialidades e a minha habilidade de imaginar soluções - criatividade, busco conexão entre o espaço e as pessoas. De forma resumida, ajudo a construir lugares melhores para as pessoas.
>>>“O espaço transforma-se em LUGAR à medida que o conhecemos melhor e o dotamos de valor” (1).<<<
Nesse sentido, o mercadim e a Franquita são dois projetos que tem essa vontade de ajudar a construir lugares melhores.
O mercadim, através do fortalecimento e desenvolvimento de e uma rede de pequenos produtores e empreendedores locais.
E a Franquita, uma personagem que faz o papel de educadora patrimonial, que instiga as pessoas a olharem seu meio, com olhos de primeira vez como uma forma de estimular os moradores a (re)descobrirem sua cidade e turistas a valorizar e assim respeitar os hábitos e cultura locais.
Quais são suas inspirações?
Eu realmente sou muito observadora, presto atenção nos detalhes e fico encantada quando vejo os processos de trabalho com produto final impecável. E quando digo impecável, diz mais respeito à coerência com que ele foi feito.
Um produto que conta uma história sobre as experiências de vida de alguém, um lugar que te causa uma sensação de bem estar, uma exposição que te coloca em outras perspectivas - acredito que essas narrativas e esses processos de criação de outras pessoas, são inspirações para mim.
O lugar que você vive é inspiração para você?
Imbituba, a cidade da minha avó, a cidade da minha mãe, a cidade onde nasci, é onde vivo atualmente. Aqui as dificuldades que enfrento dia a dia me fazem entender quem eu sou. São essas dificuldades que, inclusive, me ajudam a escrever esse texto e pontuar todo o caminho que percorri até então.
Em Imbituba, minhas raízes são nutridas e elas têm sido a força motriz do meu trabalho e que me direcionam a trazer autenticidade aquilo que faço.
Como é seu processo criativo?
Eu sempre pesquiso várias referências à respeito do projeto que estou trabalhando, até chego a fazer contato com as pessoas que eu admiro e que já tenham passado por uma experiência parecida com a minha.
A princípio todos estes recortes parecem desconexos, um "Frankestein" de referências, imagens e experiências de outras pessoas. Só depois de eu entender bem a dinâmica que o meu projeto precisa, entender a realidade em que ele será aplicado, daí sim, ele começa a ganhar vida própria.
E cada projeto tem seu tempo, às vezes tenho que engavetar e deixar mais para frente; às vezes faz sentido logo de cara.
Relendo acima, parece bem doido todo esse processo mas é bem assim que acontece comigo.
Suas experiências de vida, influenciaram, de alguma forma, no seu fazer criativo? Conte um pouquinho sobre isso.
Sim. Comentei acima sobre a minha experiência na escola.
Na faculdade, em Curitiba, me formei em engenharia civil, depois trabalhei com projetos de design de interiores e iniciei, muito timidamente, minhas observações sobre história e desenho de cidade.
E o “faça você mesmo” foi uma necessidade real para mim, pois, a partir do momento que percebi que os projetos de design de interiores que eu desenvolvia nos escritórios de arquitetura não me atendiam, não faziam parte da minha realidade, não cabiam no meu bolso, eu percebi que alguma coisa estava errada. Eu trabalhava numa realidade que não era a minha. Foi aí que comecei um blog de decoração, com ideias "faça você mesmo", o CASA DA BELLA. Depois dele, participei de uma coluna em outro blog, vídeos, matérias para jornais, oficinas; e essa mudança de perspectiva foi bastante importante pro meu trabalho.
Como é seu dia a dia de trabalho? Qual o seu melhor horário? Como é seu espaço de trabalho?
Moro numa cidade pequena, trabalho em casa. Aqui, a vida tem outro ritmo. Divido meu tempo entre a rotina de cuidado com os nossos bichos (temos 11, no total!), trabalho voluntário em conselhos da cidade e associações e, enfim, nas atividades do mercadim, Franquita e outras mais.
Nossa casa tem um jeito, tão só dela que, inclusive, demos um nome pra ela, Casa Torquato. Quando nos mudamos para Imbituba, dois espaços da casa transformei em dois mini apartamentos; hoje eles funcionam como nosso espaço de trabalho, meu, da minha irmã e da minha mãe.
À noite, as ideias fluem melhor... não sei se é por causa da calmaria da "criançada" (lê-se bicharada), mas esse é o horário que o trabalho mais rende pra mim.
Você sente alguma dificuldade por trabalhar com criatividade?
Quando se trabalha com ideias, é difícil você não se sentir atraída por elas e mudar de caminho, toda vez que elas surgem - isso é algo muito tentador.
É um desafio fazer a ideia ganhar vida, colocá-la em prática, daí enxergar os erros e consertar. Trabalhar com criatividade também precisa de constância e persistência.
Outra dificuldade, é quanto à percepção do valor. Por mais que você invista conhecimento, tempo e dedicação para um projeto se ele não atende às necessidades de mercado, é difícil investirem nele.
Que conselhos você daria para quem está iniciando no fazer criativo?
Todo trabalho tem seu processo e nem todas as partes, nós criativos, vamos gostar de fazer - tem a parte de quantificar custos, de fazer a venda, a relação com o cliente e por aí vai... tudo isso faz parte do pacote e, geralmente, trabalhamos sozinhos, então precisamos ter disposição para aprender, entender como funciona para não nos desgastarmos e prejudicarmos a nossa criação.
Como seria o seu lugar ideal, para viver de criatividade?
Um lugar que conhece sua própria história, que valoriza seu patrimônio cultural. Um lugar onde os espaços públicos são tão acolhedores quanto um jardim de casa. Um lugar onde se valoriza um produto manual, uma comida gostosa feita por pessoas e com ingredientes de verdade. Um lugar de encontros na praça, de passeios pela cidade, de descobertas e de novas criações.
Fotografias: Claudio Lima, Bella e Fefê Torquato.
(1) Tuan, Yi-fu. Espaço e Lugar: a perspectiva da experiência. Tradução: Lívia de Oliveira. São Paulo: Difel, 1983.
MercadIM, um projeto autoria do souIM.
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