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O Fórum Social Mundial (FMS) é um encontro anual internacional articulado por movimentos sociais, ONGs e pela comunidade civil para discutir e lutar contra o neoliberalismo, o imperialismo e, sobretudo, contra desigualdades sociais provocadas pela Globalização. Nos encontros, objetiva-se promover debates abertos descentralizados, a formulação de propostas que sirvam de alternativas para o padrão econômico e social mundial, a troca de experiências entre os diversos movimentos sociais e a promoção de uma articulação entre pessoas, movimentos e instituições que se opõem ao neoliberalismo.

Atualmente a sua criação pode ser bastante compreendida, visto que o processo de globalização se expande cada vez mais e na mesma proporção em que se expande, cria mais e mais desigualdades ao redor do globo, fato esse que expõe uma das fases (2º fase) da globalização segundo Milton Santos: a da perversidade. Nessa fase, podemos ver o contraste criado pelo processo de globalização, onde alguns povos e nações têm uma vida de qualidade e usufruem dos seus direitos, enquanto outros (muitos) povos vivem em miséria e totalmente longe dos seus direitos. Essa fase, se opõe às outras duas fases que Milton cita:

1º a globalização como fábula, sendo essa a fase onde o mundo seria tal como nos fazem ver. Fortemente exemplificada por anúncios, propagandas, mídias e outros meios de propagação, criando um imaginário nas pessoas de que esse processo é positivo e igualitário. Milton Santos, em 1993, cita algo que nos leva a refletir e define bem essa fase da globalização:

"O espaço se globaliza, mas não é mundial como um todo senão como metáfora. Todos os lugares são mundiais mas não há um espaço mundial"

3º a globalização como ela pode ser, sendo essa fase a que define como o processo de globalização deve ou pelo menos deveria ocorrer: de maneira justa e igualitária entre todos os povos, para que assim, todos tivessem o direito de usufruir dos “benefícios do processo”.

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Usos da internet na atuação de movimentos sociais em rede

Ao contrário dos meios tradicionais, como televisão, jornal e rádio, a internet é um ambiente em que é permitido a qualquer usuário a livre publicação de conteúdos, manifestações de opiniões e compartilhamento de conhecimentos, além de favorecer a existência de novas formas de comunicação entre pessoas de qualquer lugar do mundo. A facilidade de acesso, a simplicidade de uso, o baixo custo, a possibilidade de ser livre e sem filtros para expressar seus pensamentos, faz com que a internet demonstre ser um ambiente com grande potencial mundialmente democrático. Por isso, a mesma permite favorecer a criação de projetos individuais ou coletivos, debate de ideias, o que mobiliza indivíduos que irão defender causas das mais variadas temáticas, desde que sejam dos seus respectivos interesses, os quais podem explorar as mais diversas ferramentas que estão disponíveis na internet, como sites, blogs, redes sociais, entre outros espaços.

Para o professor Milton Santos, (in memoria) que foi bem enfático em falar da Globalização em três faces com aspectos de fundamental importância: Fantasioso, que seria o da propaganda e dos filmes manipuladores; perverso, que seria a nossa realidade do desemprego, miséria, guerra, etc…. e o mundo possível onde todos seriam tratados com dignidade, e os problemas sociais seriam reduzidos.

O direito à informação é essencial, porque somente com o acesso aos conhecimentos dos fatos é possível construir uma sociedade mais participativa e democrática, com cidadãos conscientes de si e do que acontece ao seu redor. No espaço criado pela internet, são os cidadãos que realizam a seleção dos conteúdos que consideram úteis, ou pode até mesmo ser o produtor dessa informação, esse ambiente permite que novas reivindicações, antes ignoradas pelas velhas mídias, possam surgir, como é o caso de vários movimentos sociais em prol da democratização, os quais já não podem mais ser censurados ou bloqueados pelo governo. Apesar das mídias tradicionais já utilizarem as possibilidades da internet para aumentar seu alcance, outros movimentos também começaram a utilizar esses meios para disseminar seus manifestos, e como consequência ganharam maior visibilidade. Podemos considerar que os meios midiáticos tem sido um grande veículo que promove movimentos sociais e ações coletivas, essa é uma nova ferramenta para acelerar esse processo, não serão necessárias várias décadas para que sejam realizadas modificações benéficas à sociedade.

O fórum Social Mundial, é um processo que permite a formação de redes onde é possível estabelecer ações conjuntas e oferecer condições para o desenvolvimento dos movimentos sociais de diversos grupos da sociedade. As redes apresentam diferentes formatos, os quais mudam de acordo com as ações propostas e com os interesses dos participantes, o que permitem a abertura para diversas possibilidades. Em conjunto os dois se tornam aliados, capazes de desenvolver grandes movimentos sociais.

Em 30 de novembro de 1999, em Seattle, nos EUA, manifestantes bloquearam a cidade, com o objetivo de impedir a realização da terceira reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMS). Meses antes, milhares de pessoas vinham se unindo nacionalmente e internacionalmente, para preparar o protesto. A internet foi o principal meio de comunicação, pelo qual os manifestantes se articulavam, formando diversas alianças, planejando e organizando treinamentos com técnicas de ação direta, mas não violenta. O acontecimento acabou gerando um enorme impacto na mídia. Esse protesto tornou-se um marco no cenário da política mundial, pois demonstrou que havia uma forte oposição à globalização, além disso, inauguraram o chamado movimento global, que passou a fazer parte da cena política internacional. Foi iniciado então, um intenso ciclo de protestos contra as reuniões das principais instituições mundiais, o que geraram consequências políticas.

Ao contrário de organizações tradicionais, as quais os membros adotam posições comuns, as redes apresentam uma grande diversidade, com uma lógica bastante diferente, de descentralização, de posicionamentos e principalmente de pluralidade de participantes. Na manifestação de Seattle, nota-se a existência desse pluralismo, em que grupos autônomos de resistência se desenvolveram com a utilização dos recursos oferecidos pelo desenvolvimento tecnológico. Esse e outros movimentos tiveram como características o uso da internet, para troca de informações e mobilizações dos envolvidos, de como agir, e apresentar suas opiniões e propostas.

O mais surpreendente na manifestação de Seattle e em todas as outras ocorridas desde então, é o fato de que grupos completamente diferentes e até mesmo contraditórios em seus interesses, agiam em união com os que protestavam contra o complexo carcerário-industrial. O fórum pode ser um exemplo de como usar de maneira adequada as redes, de como as relações construídas na internet podem gerar resultados positivos, possibilitando o encontro de pessoas e conhecimento de culturas de todo o mundo, estimulando trabalhos conjuntos, com cidadãos que tenham objetivos e interesses em comum.

A internet permite a vivencia com uma nova forma de estabelecer relações, baseadas em valores que estejam além do valor mercantil. Essas manifestações e o fórum social mundial, podem ser entendidos como expressões de uma nova forma de resistência, a qual se articula principalmente via internet, agindo de forma global e móvel. Através da internet pode realizar encontros, organizar inscrições, e mobilizar os participantes. Essas novas tecnologias de comunicação, com certeza não são responsáveis pelas mudanças e interações na sociedade, mas contribuem de maneira positiva para essas transformações.

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O Fórum Social Mundial e os Movimentos Antiglobalização

Com o avanço da globalização, foram surgindo grandes problemas políticos, sociais e principalmente econômicos em diversas partes do mundo. Pelo avanço desses fenômenos originou-se os movimentos antiglobalização, que consiste em organizações da sociedade civil, para se opor aos aspectos capitalistas-liberais da globalização. Podemos considerar que são movimentos de cidadãos que lutam pela justiça e por uma política econômica e social mais igualitária.

A maioria desses movimentos argumentam que as empresas transnacionais estão dando forma ao mundo de acordo com seus interesses econômicos, isso porque o processo de globalização contribuiu para que essas empresas obtivessem muito poder. Esses movimentos, têm focos de atuação distintos, os quais juntam pessoas completamente diferentes com objetivos iguais, visando reduzir as desigualdades entre os povos de todo o mundo.

Um dos eventos conhecidos mundialmente e de extrema importância é o fórum social mundial, o qual podemos considerar antiglobalista, pois, o principal objetivo é organizar um encontro mundial de pessoas e movimentos sociais contrários às políticas neoliberais, com o intuito de elaborar alternativas para uma transformação global. Esse fórum foi originalmente criado para diminuir a violência, pois, antes da sua existência os movimentos antiglobalização eram reprimidos de forma bruta, ocasionando mortes. Sendo assim, o fórum possibilita um debate democrático de ideias, reflexões, compartilhamento de experiências entre a sociedade, movimentos sociais e ONGs, ou seja, promove ações diretas, mas não violentas.

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Fórum Social Mundial - Análises e reflexões sobre os eventos e quais as potencialidades do FSM

Diversos fóruns regionais, continentais e temáticos vêm sendo realizados no mundo afora, desde o surgimento do I Fórum Social Mundial que ocorreu em Porto Alegre, RS – 25 a 30 de janeiro de 2001 que contou com cerca de 20 mil pessoas, de diferentes países. Sendo assim um movimento amplo e dinâmico que viabiliza o encontro de pessoas, troca de experiências, oferecendo condições para o avanço e desenvolvimento dos movimentos sociais e diversos grupos dentro da sociedade civil.

Os fóruns vêm se mostrando uma área de excelência devido aos encontros e incorporações no movimento de uma nova geração política, ou seja, a crescente participação da juventude tem se tornado notável nesses encontros, evidenciando seus interesses pela colaboração e pela idealização de novos modelos de vida. No II Fórum Social Mundial, que ocorreu entre os dias 31 de janeiro e 05 de fevereiro de 2002, contou com o crescente número de jovens no Acampamento da Juventude, reunindo mais de 10 mil pessoas no Parque Harmonia, revelando a forte participação dos jovens na autocracia dos espaços e das atividades através da experimentação de novas práticas, debates e articulações para futuras ações eficazes.

O FSM vem cooperando para modificar o clima ideológico do mundo atual, onde se concentra apenas pensamentos exclusivos para transforma-se em pensamentos sociais, o fórum abre espaço para novas perspectivas e cenários, com a possibilidade de apresentar atividades sobre diversos temas para muitas entidades e indivíduos pouco envolvidos no processo até então, principalmente devido à localização geográfica. Como no caso da experiência do Fórum Social Asiático em 2003 realizado em Mumbai na Índia, num país de grandes desigualdades, foram reformulados alguns critérios, como alterações no estilo da programação com o objetivo de maior participação dos campos organizativos do encontro e nas próprias atividades artísticas e manifestações locais.

A presença de grupos musicais, teatrais e de dança foram notáveis, expondo o espírito alegre do encontro e proporcionando aos participantes uma oportunidade de relacionar-se com a grande diversidade cultural do país. Nos espaços de circulação, as manifestações em diversos formatos eram constantes, o que dava voz a muitos grupos que sofrem com a opressão, a exclusão e a marginalização.

O fato de conhecer propostas de alternativas para a forma como o mundo e a vida estão constituídos é muito enriquecedora para a sociedade.

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Neoliberalismo, economia globalizada e sua relação com o FSM.

Milton Santos abordou os aspectos económicos da globalização, analisando o papel das empresas em relação à internacionalização do capital, dos fluxos financeiros e suas implicações na cultura. Milton apresentou diversas teorias e críticas dessas características do mundo contemporâneo, e ao final de sua vida propôs uma globalização mais solidária, baseada em valores humanitários.

A globalização que conhecemos como neoliberal, corresponde a um regime mais intensamente globalizado que os anteriores, o qual tem como principal objetivo a acumulação do capital, visando se libertar dos vínculos sociais e políticos, além de submeter a sociedade a lei de valor, supondo que toda atividade social é melhor organizada quando feita sob a forma de mercado.

Essa nova fase da economia mundial, ganhou mais força nos anos 80, após o colapso da antiga união Soviética(URSS) e da abertura dos países comunistas, só então que entra o conceito de neoliberalismo, pois indica uma economia com liberdade absoluta de mercado e restrições a intervenções do Estado na economia, o mesmo só poderia se manifestar quando fosse necessário.

Duas figuras políticas foram importantes para a expansão do neoliberalismo, sendo eles: Ronald Reagan (EUA) e Margaret Thatcher(Inglaterra). Foi a partir destes países que os fundamentos liberais começaram a ser transferidos para a América Latina e a região oriental da Europa. Um órgão importante neste processo foi o Fundo Monetário Internacional (FMI), que levou o neoliberalismo a um nível de hegemonia em escala global com suas pressões econômicas.

Dentre as principais características do neoliberalismo, se destaca a readaptação de direitos trabalhistas, privatização de empresas feridas pelo Estado e desregulamentação de mercados, mas, apesar da redução da inflação e dos gastos sociais, a desigualdade social e o desemprego só aumentam.

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Fórum Social Mundial: como um espaço educador

O fórum social mundial (FSM) nasceu dentro do contexto dos grandes movimentos antiglobalização do final do século XX, como um espaço educador que se baseia nas metodologias da educação popular. Em resumo, o FSM, nasceu em 2001 na cidade de Porto Alegre, Brasil, com a intenção de não só se opor ao capitalismo de vertente neoliberal mas para propor alternativas ao modelo econômico vigente, que vinha produzindo consequências sociais gravíssimas.

O FSM é caracterizado pelos sociólogos como um espaço aberto para aprendizagem e troca de experiências principalmente de jovens de diferentes partes do mundo, propondo uma nova forma de se fazer politica, um espaço que tem como referência a ideia de rede, estruturada horizontalmente, não possui uma pirâmide hierárquica, de modo a reduzir os pontos de disputa e potencializar a dinâmica do encontro, diálogo e colaboração.

Entre suas atividades, o FSM levanta algumas pautas especificas que são oriundas de pesquisas temáticas e levantamentos, para que a cada edição sejam identificados lutas, problemas, propostas e desafios considerados relevantes á discussão.

O caráter educador do FSM, está ligado ás raízes da tradição da educação popular, que além da sua intencionalidade política, lida com o conteúdo e método. de modo geral o FSM, toma como método a produção de aprendizagens coletivas por meio do diálogo.

O FSM é um espaço aberto ao pluralismo e á diversidade de engajamento e atuações, ou seja, movimentos que não tem um líder, somos nós cidadãos civis que administramos nossas ideias e damos nossas opiniões. Em 2004, quando o evento foi realizado em Mumbai na Índia, asa atividades culturais foram interligadas ás demais atividades, em caráter de educação popular, metodologias, métodos didáticos como filmes, poesias e rodas de conversa reunindo pessoas de diferentes partes do mundo.

Em resumo, essa natureza dos movimentos sociais contemporâneos, em suas características de atuação com mecanismos de emponderamento e construção de conhecimento em defesa dos seus direitos, encontram-se no FSM desde os seus primeiros anos de existência. Um fato interessante ainda em Mumbai, foi a inclusão de setores populares nas discussões, o FSM de 2004 marca a presença da casta mais excluída da sociedade indiana os dalits.

Os espaços de estudo geralmente são caracterizados por atividades que baseadas no cotidiano das lutas individuais e na coletividade, realizando suas análises e impressões a partir da inserção local, regional, nacional ou internacional.

Dessa forma, o FSM representa uma congregação considerável de pessoas, entidades e movimentos que lutam contra a ordem hegemônica do capitalismo contemporâneo que atende aos objetivos do neoliberalismo. o FSM não organiza lutas ou movimentos, apenas potencializa o que existe, aquilo que é construído na diversidade de resistências, e busca combater por meio da educação popular e na integração, injustiças, opressões, exploração e utopias pelo mundo.

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FSM durante a pandemia de Covid-19

O fórum social mundial de 2021, ocorreu virtualmente, em decorrência da pandemia do covid-19. O tema principal foi “O mundo pós covid-19", o qual ocorreu de 23 à 31 de janeiro. De acordo com os organizadores, por se tratar de um fórum virtual e por considerar os diferentes fusos horários, esse foi o fórum social mais longo dos últimos 20 anos, com mais de 6 mil pessoas e organizações inscritas.

Esse fórum abordou pautas de extrema importância, tanto do cenário de pandemia, como também, conflitos antigos, mas que não deixam de assolar a sociedade. A programação discutiu temáticas como: “paz e guerra: desarmamento universal para transformação social e ecológica”; “justiça econômica: democratizando a economia para alcançar a justiça econômica”; “feminismo, sociedade e diversidade”; “poder e democracia: desespero e esperança”; e “justiça social: princípio e objetivo da transformação social”.

A discussão também trouxe o impacto da pandemia no mundo feminino." A pandemia impactou a vida das mulheres de várias formas", afirma a coordenadora da união brasileira das mulheres, Leige Rocha. Como vimos, os casos de violência doméstica e feminicídio cresceram exponencialmente durante a pandemia.

As atividades sugestionáveis do fórum, promovida pelas organizações brasileiras que participaram do conselho internacional, como Brasil popular, Povo sem medo, Brasil pela democracia e muitas outras, foi uma atividade forte voltada a críticas ao atual governo Bolsonaro, querendo assim dá uma dimensão internacional de julgamentos e combates a este governo neofacista.