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A Reunião das Chamas Repartidas - Layla, Dhivani, Falkner e a Escolha de Gandor, o 3° Nexesi | One Shot
O Palácio de Jade havia sido destruído. Ulia havia caído poucas horas antes, naquela madrugada. Ataques sucessivos despertam traumas, ansiedade e temor em todos os cidadãos do globo. E se não bastassem as mortes, o sangue e todas as cenas que remetem ao período da guerra, a hexis havia desaparecido sem deixar rastros.
Layla, Dhivani, Falkner e RoJu escoltam a família de Dia e Zeraora para Vermilion, cidade portuária localizada em Kanto. Ainda sim, o destino deles não era a cidade em si, mas sim, uma parada para que pudessem encontrar mais pessoas que ajudariam neste momento de aflição. RoJu e Falkner se dividem para que possam pilotar o jato da Coligação das Ligas, deixado em um ponto do Palácio de Jade para algum momento de necessidade e proteção ao Nexesi.
Era o momento propício, mas a primeira Netsugaido sabia o que lhes aguardava. Assim como ela, os Gaidos — a maioria espalhada por Orre, afim de ajudarem os Distritos que ainda resistem —, possuem mais experiência com as questões que envolvem a hexis e principalmente a importância do Nexesi e seu elo, Joia da Vida e o Ciclo dos Clãs Sagrados. Para ela, a ameaça já era grande com o retorno do vírus modificado, mas com o desaparecimento da força onírica que moldou toda a sociedade nos últimos séculos, a sensação de agonia e desespero a fazia perder até mesmo a voz.
15 de Janeiro de 3054, 04h22, Essência Vermelha Tercera Isla, Las Islas, Kanto
Numa espécie de iceberg construído com o poder congelante de seu Abomasnow, Wulfric está numa espécie de templo muito antigo no centro da terceira ilhota que faz parte do arquipélago "Las Islas", onde há muito tempo os Guerreiros de Arceus estiveram e conheceram Säbbazéth, a gloscentiana do poder mais maciço que até então haviam conhecido, desmemoriada e abandonada nas trevas.
Não é natural que nesta parte de Kanto esteja nevando, mas o Líder de Ginásio faz com que seu Abomasnow faça a temperatura cair drasticamente como forma de proteção ao local. Neste momento, esta localidade é a única capaz de proteger algo muito importante que já está aqui e outra pessoa que com muita fé está à caminho.
— Algum sinal de RoJu? — Perguntou uma voz suave, mas com um toque de ansiedade, visto tudo o que tem acontecido. A silhueta segura um cajado de madeira, com uma Key Stone na ponta.
— Nada ainda, minha cara amiga. — Respondeu Wulfric, sem sair da posição. Ele nunca pareceu incomodado ao sentar no gelo. A neve cai, sendo levada pelas beiradas do templo.
— Parece que vamos viver tudo o que vivemos anos atrás. Me pergunto o que Dolores acharia de tudo isso. — Disse Dandara, aproximando-se de Wulfric, atenta ao redor, assim como Abomasnow.
— Tenho certeza que ela ficaria surpresa com tanta jovialidade. — Disse Wulfric, tentando quebrar um pouco o clima tenso.
Dandara sorri um pouco, dizendo: — Só você pra brincar num momento como esse. Quem diria que um especialista no tipo Gelo seria tão bom em quebrá-lo nessas horas. Rejuvenescer foi e é uma ironia do destino. Logo eu, que já vivi tanto. — Disse Dandara, sentindo os flocos de neve caírem nas laterais do seu casaco.
— Quase todos os nossos amigos se foram na época da guerra. E quem diria que enfrentaríamos mais uma ameaça em tão pouco tempo. Mas eu sei, você não está preocupada com Dolores, Ash, Peall ou qualquer outro amigo da antiga. Você está preocupada com a era atual e o futuro do nosso mundo. — Disse Wulfric, abrindo os olhos, ainda sem sair da posição que está sentado.
— Acho que quando voltei a ser jovem perdi a capacidade de saber esconder meu nervosismo. É, eu estou preocupada com Kall, Rico, Pietra e os demais Gaidos que ficaram em Orre. Kanto, Johto, Hoenn, Unova, Kalos e Paldea caíram. As demais não vão demorar para colapsarem. Pela minha vontade eles tiram vindo conosco, mas você sabe como o quarto é. Ele vai dar o sangue e o tempo que tiver para proteger Clourglass e se for pouco pra ele, toda Orre. — Dandara diz, ajeitando o próprio cajado.
— Você consegue confirmar o que sentiu? — Perguntou Wulfric, notando o olhar de Dandara um pouco distante.
— Eu não consigo ainda, mas realmente pode ser verdade. Não sei se Kall pode ter ouvido, mas ouvi os gritos de Celebi. Depois não consegui mais sentir a presença dele, muito menos a minha hexis. A força de Auroodia não corre mais em mim, Wulfric. — Dandara explica em palavras simples para o amigo.
— Eu sinto muito, Dandara. — Respondeu Wulfric, sentindo o pesar da amiga, que expressa isso em voz embargada.
— Não temos tempo pra sentir, caro amigo. Agora, eu, você e Säbbazéth somos os últimos Sábios da Ilha Joia. Temos que proteger a Joia da Vida. Por isso estamos aqui. É o único local seguro para proteger o poder que sustenta este mundo. — Concluiu Dandara, numa mistura de sentimentos que ela não sentia há tempos.
— Eu entendo. Também deve estar falando do pequeno Dia. A Ordem Relink ainda permanece viva, mesmo também com poucos membros. Apesar de serem cascas diferentes, proteger o Nexesi e a Joia da Vida é de suma importância. Deve ser por isso que as quatro chamas nos indicaram este lugar esquecido por tanto tempo. — Comentou Wulfric olhando as estruturas externas do templo antigo.
— Eles são especiais, mas não precisam carregar todo peso sobre as próprias costas, mesmo que ainda sim tenham grandes responsabilidades. Apesar de serem fortes, não precisam estar sozinhos. — Dandara sorri para o amigo, notando sua parceira Hirama, uma Accelgor brilhante, aparecer numa das pilastras quebradas na parte externa do templo, que começa a ficar coberto de neve. O vento balança as mechas da Pokémon enquanto ela fica atenta, assim como Abomasnow, que movimenta-se lentamente.
— Jamais vou esquecer a batalha que tive com Ash. Ele chegou despreparado, precisava crescer internamente. Greninja e ele tinham nitidamente um elo que jamais pensei em ver. Eu sabia que era questão de tempo até que eu pudesse vê-los em sintonia completa. Eu prometi pra mim mesmo que quando esse momento chegasse, eu e Abomasnow daríamos tudo o que tínhamos. Assim aconteceu. — Explicou Wulfric, notando alguém se aproximar.
— Dandara, Wulfric, eles estão preparando. Me pediram para colocar alguns Unown ao redor da ilhota. Isso pode nos ajudar a patrulhar o perímetro, mas isso aparentemente nos afetou. Não consigo sentir minha hexis. Algum sinal da primeira Netsugaido? — Perguntou Säbbazéth.
— Eu sinto muito, Säbbazéth. Também não consigo sentir. Estou me recuperando da fraqueza. Mas por enquanto, ninguém chegou. Esperamos que RoJu tenha conseguido chegar ao Palácio de Jade. Antes de saírmos de Orre, as conexões haviam sido desligadas, muita gente tava no chão, monstros por toda parte, carros batidos, fogo. A Coligação das Ligas prometeu evacuação da população, mas tenho medo que algo não saia tão perfeitamente como o prometido. — Desabafou Dandara, olhando para Säbbazéth.
— O que estão preparando? — Perguntou Wulfric, esperando que alguma das duas consiga lhe responder.
— Não sei ao certo. O que acha que eles vão fazer? — Respondeu Dandara, perguntando para Säbbazéth, já que ela possui um vasto conhecimento em relação à hexis ancestral.
— Isso nunca aconteceu, senhora Jikangaido. E não estou falando sobre o renascimento do vírus. Estou falando sobre a reunião das chamas repartidas. — Disse Säbbazéth, olhando os dois.
— Chamas Repartidas? — Perguntou Wulfric, olhando para Säbbazéth.
— Ela fala sobre os Nexesis. — Respondeu Dandara, embora ainda muito confusa sobre a reunião de AZ, Ash, Wind e Jay.
— Sim, foi como se eles soubessem que a hexis entraria em escassez. Quando chegamos aqui com a Joia da Vida, eles apareceram, cada um vindo de um lugar. Eles de certa forma sabiam que traríamos ela pra cá e que Dia também viria pra cá. Eles estão conectados. O poder Nexesi é passado de pessoa a pessoa, respeitando o Ciclo dos Clãs Sagrados. Quando Anstarkia foi colocada como nova neste ciclo, muitas coisas mudaram. Mas antes também já haviam mudanças. Raero tornou-se a primeira do ciclo a ter conexão com os Nexesis passados, mas Dia é o primeiro a ser reencarnação dela. Ainda sim, o poder é repartido com os Nexesis que ainda estão vivos. Wind, Jay, Ash e AZ estão com parte do poder, mesmo que agora, até mesmo eles tenham sido afetados por esse... enfraquecimento, desaparecimento das nossas habilidades. — Disse Säbbazéth, explicando para Wulfric e Dandara.
— Você acha que eles... — Dandara olha com surpresa para Wulfric e para Säbbazéth após ouvir o que ouviu.
De repente, Abomasnow e Hirama começam a se mover, tendo notado alguma presença que se aproxima do local. A geografia da ilha em que todos estão é repleta de árvores com copas largas, mas a proximidade com o templo e as nuvens nevadas trazidas pela habilidade do parceiro de Wulfric fazem com que a silhueta dos inimigos surja. Aparentemente, a presença de alguém importante havia atraído Pokémon afetados pela peste. Eles seguiram a tal presença até então desconhecida, saindo do oceano, provindos do fundo do mar, já colapsados pelo mal que já afetou o planeta.
São inúmeros. Diversos Gyarados com olhos rubros, Dragonair e Crawdaunt. Todos exalam uma aura psicodélica e deformada, não nos próprios corpos, mas fora deles. Como se a tal força fosse tão maligna que até mesmo afeta o espaço-tempo. É então que de repente, de dentro das nuvens, o jato surge, emitindo um ruído alto, balançando a vegetação e acuando um pouco as criaturas.
No entanto, isso não dura muito, pois quando o jato pousa, elas começam a cercar, rugindo. Dandara, Wulfric e Säbbazéth então tomam a dianteira da situação, utilizando os seus Pokémon. A gloscentiana e a terceira Jikangaido se perguntam ainda por quais motivos não conseguem utilizar as habilidades héxicas dos clãs. A fraqueza espalha pelos seus corpos, pois os inimigos estão em maior número e ameaçam atacar a aeronave antes mesmo de quem está dentro sair. É um grande perigo e uma atmosfera de tensão.
— Que droga! Mal pousamos e já temos merda na nossa cola. — Disse Falkner, olhando pelos vidros do jato enquanto Layla e Dhivani se organizam desesperadamente, esperando o momento para descerem juntos. Ao mesmo tempo, RoJu sai da parte onde fica a cabine do piloto, estendendo a própria mão enquanto tenta se apegar ao resto da própria hexis, fechando os olhos e trincando os dentes.
— Não consigo sentir nada! Precisamos fazer alguma coisa, ou eles vão entrar aqui. — Disse a primeira Netsugaido, tentando pensar em algo.
— Vou lá fora e abrir caminho. — Falou Layla, segurando a Poké Bola de Garchomp, sua parceira.
— Não! Layla, você não pode lutar sozinha. Não contra tudo isso. — Lembrou Dhivani, tendo esperança de que a amiga pudesse ouvi-la.
— Mas não podemos deixar a senhora Dandara lá fora. Nem Wulfric, nem Säbbazéth. Eles estão sozinhos! — Relembrou Layla, olhando para a amiga enquanto os ânimos se agitam. Rugidos começam a ser ouvidos.
Do lado de fora, os Pokémon do oceano começam a utilizar movimentos de água numa luta frenética contra Dandara, Wulfric e Säbbazéth. A neve que existia minutos atrás agora dá lugar para uma chuva torrencial com raios e trovões acima do território do templo antigo. Dentro da aeronave, Dia chora enquanto sua mãe o segura.
— Por favor, não deixem meu filho morrer! — Disse Kahji, cercada pelo marido e o jovem Zeraora de pelo branco.
— Ninguém vai tocar no nosso menino, Kahji! Em nenhum dos nossos filhos. — Assegurou Liwe, protegendo sua esposa e seus outros dois filhos e irmãos de Dia: Lie e Ugo.
— Vamos voltar para Vermilion! É melhor, ainda há chances. — Solicitou Dhivani, pensando no melhor para Dia enquanto o som das explosões e os ventos é ouvido através do metal da aeronave, visto também pelos vidros.
— Dia precisa chegar ao templo. É por isso que estamos aqui. Confiem nele, por favor. — Disse RoJu, tentando manter a calma.
— M-mas ele é só uma criança! — Disse Liwe, preocupado com o filho e pensando ter sido uma grande roubada ter confiado na Netsugaido.
— Ele é uma criança. Mas é o nosso Nexesi. Não esqueçam do que vimos ele fazer no Palácio de Jade. Quanto poder ele tem, mesmo que agora hexis tenha ido embora. Confiem! Confiem! — Disse Layla, ouvindo o que RoJu diz e tentando fazer com que os outros consigam ter essa confiança. Ela pensa que é o que ela pode fazer no momento: manter a calma e transparecer segurança. É o que ela, como Mugengaido deve ser capaz de fazer.
— Eu lembro de anos atrás. Já passamos por tanta coisa juntos. Altos e baixos. Tantos chegaram e se foram, mas nunca perdemos a esperança. Não vai ser agora que vamos perder. Não vamos voltar para Vermilion. A situação em Kanto é de desespero. Nem que seja necessário lutar! Confiem! — Disse Dóris, tendo entrado por último no jato, quando eles pousaram em Vermilion, ao chegarem da Região de Ulia.
De repente, um flash de luz surge entre os Pokémon corruptos pelo poder do vírus renascido, afastando-os. Dandara se surpreende ao notar que mesmo atingidos, os Pokémon não parecem sentir dor. É como na Guerra dos 30 anos. Possuídos, logo se corrompem e se perdem para sempre. Mas o pensamento dela se esvai quando Wulfric e Säbbazéth chamam a atenção dela em meio à tempestade.
— Ash, Wind... Jay... AZ! — A atmosfera muda quando a névoa se esvai e Säbbazéth cita o nome dos quatro Nexesis anteriores a Dia.
Meganium e Greninja atacam juntos, assim como Stoutland e Floette. De dentro da aeronave, Layla, assim como todo o restante veem a cena.
— Eles sentiram a presença de Dia aqui, mas não foram somente eles que sentiram. — Afirmou Layla, compreendendo a situação.
— O poder dos Nexesis é compartilhado. — Completou RoJu, abrindo os olhos e apontando para a comporta do jato, continuando: — Abram, vamos sair! É hora de lutarmos juntos.
E a batalha começa pra valer. A energia, mesmo que fraca, circunda os Nexesis anteriores. Definitivamente, juntos, a força que os alimenta torna-se mais forte, mas não tão forte como antes do desaparecimento do poder que alimenta este e outros mundos. A aura que muda a aparência de Meganium, Stoutland, Greninja e Floette se ativa e eles todos entram na forma da habilidade Battle Bond, enquanto Wind, Jay, Ash e AZ adentram no Nexesi State. O confronto não se estende. Quando os Gyarados, Dragonair e Crawdaunt corrompidos são derrotados, a mancha psicodélica consome seus corpos, fazendo-os desaparecerem de maneira surpreendente.
15 de Janeiro de 3054, 04h47, Essência Vermelha Tercera Isla, Las Islas, Kanto
Logo, o grupo se une, verificando se todos estão bem. Dandara lidera a expedição com cara de mistério e gosto de dúvida. Ela, Wulfric e Säbbazéth conseguem supor o que vai significar a presença dos Nexesis vivos neste lugar e momento em que o mundo entra em colapso.
— Cuidado onde pisam. — Disse a mulher não mais idosa, embora ainda centenária.
— Que lugar é esse? — Perguntou a quinta Mugengaido, notando algumas inscrições de rocha e desenhos bem feitos, como se quisessem contar algum tipo de história. Ao mesmo tempo, o caminho ao que parece uma porta selada está bem iluminado com flores cinzentas que quase não aparecem em meio aos escombros da escadaria tão antiga que é quase difícil saber a idade.
— Vocês não devem conhecer, mas a Coligação das Ligas têm conhecimento deste lugar faz apenas poucos anos desde que começaram a estudar mais os antepassados de Las Islas. — Afirmou Säbbazéth, continuando enquanto todos descem juntos: — Nesta ilha, o terceiro Nexesi, conhecido como Gandor, construiu este templo. Não sabemos muito por quais razões, mas achamos que este lugar seria o mais seguro para manter Dia à salvo neste momento.
— A Ordem Relink deve proteger o Nexesi, por isso estamos aqui. Mas, se me permitem dizer, é até uma surpresa ver todos vocês aqui. Obrigada. — Disse RoJu, vendo Wind e os outros.
— Quando Johto caiu, decidi encontrar os meus e ajudar as pessoas. Tudo aconteceu tão rápido. Isso me assustou. Me lembrou daqueles dias que nunca vamos esquecer. Mas algo me atraiu e atraiu Meganium. Quando dei por mim, Jay, Ash e AZ estavam por perto. Estamos conectados, por isso sentimos uns aos outros. A força Nexesi é mais forte em Dia, mas ainda estamos por aqui. Não sei por que estamos aqui, mas vamos ajudar a protegê-lo. — Avisou Wind, sorrindo para Dandara. Como sua mestra, ela a respeita muito. Havia ouvido boatos de que havia rejuvenescido, mas ver que tudo é verdade ainda é surpreendente.
— Eu estava em casa. Pikachu e eu estávamos no laboratório do professor. Não tivemos muito tempo, mas conseguimos evacuar a vila. Quando passei em Vermilion eu vi o jato de vocês e encontrei Jay, AZ e Wind. Sabia que algo especial aconteceria hoje. — Completou Ash, confiante, mas ainda sim, abalado. Algo um tanto diferente para o menino, que sempre pareceu tão pra cima.
— A Hexis desapareceu. As linhas do tempo e espaço se romperam. Não temos mais certezas. — Afirmou AZ, enigmático e de alta estatura em comparação aos demais Nexesis e outros que estão ali.
Layla baixa a cabeça, cerrando os punhos, mas seu olhar muda de trajetória quando Dandara indica que eles chegaram.
A porta, que até então estava selada começa a brilhar em suas ranhuras. As flores cinzentas que outrora apagadas, começam a emitir uma luz azulada e cristalina. Zeraora, Stoutland, Meganium, Greninja e Floette também emitem suas auras em cores alaranjadas, rosadas, esverdeadas e azuis. Cada uma representando o ciclo Nexesi a qual pertencem com seus parceiros.
E tudo começa a tremer.
— O que tá acontecendo? — Perguntou Dhivani. No entanto, a pergunta não fica muito tempo sem respostas. A porta central que aparentemente leva até o templo se abre.
— Talvez o espírito Nexesi contido no Pokémon seja responsável em abrir o templo. Era somente uma questão de tempo até a porta abrir. Podemos entrar agora. — Comentou Dandara, voltando a liderar todos.
Após adentrarem definitivamente no templo, os Nexesis e o restante do grupo admiram estátuas do que parece ser Gandor, o terceiro Nexesi, além de Ninetales de Kanto, o seu parceiro. As estátuas estão em toda parte, todas posicionadas em formato de círculo. No centro, estão mais duas estátuas um pouco maiores. Gandor, em posição de ataque, segurando o que parece ser uma Poké Bola muito antiga e Ninetales, desta vez na sua forma Battle Bond. As estátuas se encaram, conectadas através dos olhares.
— Talvez o destino quisesse que nós viéssemos aqui. — Disse Jay, olhando Wind.
— Alguma coisa não tá cheirando muito bem nisso tudo. — Comentou Falkner, dizendo em tom baixo para Layla e Dhivani enquanto Ash, Wind, Jay e AZ ultrapassam inconscientemente o círculo das estátuas de Gandor e Ninetales com seus parceiros. Zeraora também faz o mesmo, o que deixa a mãe de Dia um pouco apreensiva.
— Zeraora, cuidado, por favor. — Ela parece sentir algo que aparentemente está vindo. Não só ela, mas todos que ficam fora do círculo se sentem apreensivos.
É então que tanto Zeraora, como Floette, Greninja, Meganium e Stoutland começam a brilhar como antes. O feixe de luz começa a ser canalizado num único ponto: os olhos da estátua central de Ninetales. Logo, o corpo rochoso da estátua começa a brilhar e todo o lugar começa a tremer, mas sem uma ameaça de desmoronamento. Logo, as flores azuladas que antes estavam apagadas no interior, começam a brilhar, dando luz ao ambiente que antes estava "desacordado".
— Ninetales! — Ash cita o nome do Pokémon que pertenceu a Gandor. De repente, o feixe de luz da estátua do Pokémon de nove caudas incide também na estátua em sua frente. A estátua de Gandor, que recebe o poder canalizado na Poké Bola ancestral em sua mão, propagando para todo o corpo da estátua.
— Incrível. — Disse Säbbazéth, observando algo começar a sair de dentro de ambas as estátuas. Duas silhuetas espirituais que acendem os olhos das demais estátuas do templo.
— Meu nome é Gandor. Eu sou o terceiro Nexesi, caros irmãos vindos de Arceus. Este é Ninetales, meu grande irmão. — Disse Gandor, em uma voz ecoante, mas serena. Ninetales está ao seu lado. A aura quente está ao redor dos dois enquanto Jay, Wind, Ash e AZ ouvem, curvando-se em respeito, em formado de outro círculo. Zeraora, Stoutland, Meganium, Greninja e Floette se posicionam da mesma forma, de joelhos, reverenciando Gandor e Ninetales.
— Eu sou Windflower, a décima terceira. Senhor Gandor, nosso mundo afundou em trevas. Acreditamos que aqui o novo Nexesi estará seguro. Por favor, nos ajude a encontrar propósito com a sua sabedoria. — Pediu Wind, um pouco angustiada por algo que no fundo ela já sente.
— Vocês não sabiam que o encontrariam aqui, mas agora estão aqui, juntos. O encontro estava escrito no véu que separava este e os outros bilhões de mundos. O tecido está rasgado e agora dividimos o inimigo. No entanto, este é um dos mais importantes, pois nós temos o dever de garantir o equilíbrio. Só que agora, a tarefa será maior para o pequeno que ainda não conhece as próprias responsabilidades. Ele vai precisar de poder como nenhum de nós precisou. Arceus o escolheu e ele precisa cumprir a própria missão. Vocês, caros, antecessores, sabem o que deve ser feito para que a força onírica se centralize onde está os olhos de Arceus. Sem ser feito, ele falhará e nada poderá ser feito. Ele não será escolhido deste mundo apenas. Será de todos os outros. — Enigmático, Gandor responde para que todos escutem.
— Para que serve este templo? — Perguntou Ash, ainda curioso e um tanto angustiado, assim como Wind.
— Em minha era, aprendi a perceber e controlar a conexão que existe entre os muitos mundos. Todos eles foram criados pelas mãos da entidade mais poderosa que quaisquer olhos já viram. Quem ela criou não é capaz de vê-la, mas ela existe. Eu não sei o nome, vocês também não saberão e ninguém nunca saberá. Construí este templo para ter acesso ao mundo onde eu poderia viver para sempre com Ninetales. Ele estava doente, mas eu não quis aceitar sua provável morte. Minha ganância me fez pagar não só com a minha alma, mas também com a dele. Arceus então separou nossos espíritos e almas. Os espíritos se tornaram um só e encaminharam-se para o mundo que eu busquei alcançar, adoecidos e fracos oniricamente, não mais com a força elo. As almas, no entanto, residiam aqui, sepultadas até agora. Agradecemos por nos libertarem. — Explicou Gandor, esperando que eles tomem a atitude.
— Jay, Ash, AZ... Eu estou pronta. Meganium, pessoal... — Disse Wind, tendo ouvido o discurso de Gandor e entendido o propósito deste templo.
— Senhora terceira Jikangaido... A senhorita Wind... — Disse Dhivani, espantada, vendo os Nexesis e os Pokémon se posicionarem em círculo, no centro, assim como a alma de Gandor e Ninetales.
— Minha querida... Precisamos ser fortes! — Dandara abraça Dhivani, que assim como todos, começa a entender o que está para acontecer. Logo, os corpos dos Nexesis começam a brilhar como nunca antes, assim como os Pokémon que eles são ligados oniricamente.
— Mestra Dandara... — Disse Wind, fazendo sinal para ela com os olhos. Um sorriso se faz em seu rosto. Ela está preparada e tranquila para cumprir seu propósito. Em sua mente, o incêndio em Goldentod que aconteceu no passado e que a revelou como Nexesi se passa num flash, além de outros momentos.
— Senhor Liwe... — Disse Dandara, sentindo uma brisa brilhante circundar os Nexesis e seus Pokémon. Ela chama a atenção do pai de Dia, que encara tudo com muito espanto, assim como os irmãos do jovem Nexesi e sua mãe.
— Kahji, precisamos levar Dia para eles. Precisa confiar, meu amor. — O pai do menino segue com a esposa e os filhos para o meio do círculo dos Nexesis. Logo, a luz brilhante começa a incidir no pequeno menino e também Zeraora. A família fica abraçada, de olhos fechados enquanto o poder Nexesi de Jay, Wind, Ash, AZ e seus Pokémon começa a ser transferido para o menino e seu parceiro.
— N-Não! Wind! — Layla corre, mas tropeça na barreira criada pela força dos Nexesis, dizendo: — Irmã! Eu te amo... Obrigada por ter me salvado. Salvado quando papai se foi. Quando eu pensava que não tinha uma família. — Disse Layla, de joelhos, chorando.
— Eu também te amo. Cuide bem de Lari, da memória do nosso pai. Vamos estar sempre juntas. Dóris, por favor... — Disse Wind, estendendo as mãos para frente, assim como os outros.
Meganium, Greninja, Stoutland, Ninetales e Floette reluzem enquanto seus corpos tornam-se translúcidos. De repente, mais silhuetas surgem, trazidas pelas flores azuladas estranhas. Centenas e centenas de pessoas e Pokémon. Todas elas também estendem as mãos para Dia e Zeraora. Todas essas pessoas são Nexesis.
— Surpreendente. — Disse Wulfric, vendo as almas humanas e de Pokémon caminharem, apoiando o menino e seu Pokémon, unindo-se a outros círculos, um maior que o outro.
Falkner e Dhivani também correm, abraçando Layla enquanto ela chora pelo que está para acontecer.
— Minha filha, você sempre estará aqui. Vocês todos. — Disse Dóris, em lágrimas, apontando para o próprio coração. Ela sente que Wind, Jay e Ash vão partir. Todos eles fizeram parte da Academia e da Grande Guerra que os deixou mais firmes e unidos.
De repente, uma das silhuetas Nexesi caminha até AZ, sorrindo complacentemente para ele. Trata-se de Selini, a primeira Nexesi deste mundo.
— Como se sente? — Ela pergunta em sua mente.
— Sinto que tenho uma família. Meus erros estão prontos para serem redimidos. Eu, nós, vamos descansar. Eu deposito neste menino e nessa família, a esperança para sarar esta e outras terras devastadas pelo medo. — Afirmou AZ, com as mãos estendidas enquanto seu corpo e o de Floette começam também a se desfazer em luz, enquanto cada pedacinho recai sobre o pequeno Dia e Zeraora.
— Wind! Irmã! IRMÃ! — Layla grita por sua irmã, mas a luz é gigante. Logo, Wind e os demais Nexesis se juntam as luzes dos demais Nexesis que já se foram. O brilho da força onírica deste ciclo recai completamente sobre Dia.
Ele é o único Nexesi e agora, não deverá estabelecer o equilíbrio apenas deste mundo, mas de todos os outros que mergulham no caos onírico e na grande guerra que mudará para sempre o Multiverso Pokémon.
A chama torna-se uma só.
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L'orage et le Symphonie | Acte un "Allegro" | Ch. 1 - De chair et d'os
07 de Maio de 2023, 19h44, Essência Amarela Quarto Branco, Local Desconhecido
Ela dormia após ter sido colocada novamente no quarto branco. Tão branco que ela estava incapaz de perceber qualquer traço de sujeira. Ainda sim, coitada, não conseguia se livrar dos machucados que sofreu quando foi separada dos seus. Família, amigos e Pokémon.
Sem escolhas, dormiu rumo a um sono profundo. Ao abrir seus olhos, se viu num jardim repleto de flores brancas. Mas ela não teve tempo para admirar a beleza e a brisa ao redor. Se viu graciosa, tocando o instrumento que sequer sabia que podia tocar.
Pessoas ao redor a viam tocar, admirados enquanto ela dançava graciosamente, usando uma saia azul de uma renda fina, portando flores no cabelo, como as que circundam o local. De repente, um olhar firme e sórdido surge. Com um dos olhos selados com fogo ele não diz nada, mas julga Madeline a ponto de ela transformar-se em folhas e pétalas ao vento, sendo levada a um outro local distante.
Ao abrir seus olhos, atônita e aflita, percebeu que não mais sabia onde estava. Antes também não sabia, mas se sentia segura. Agora e aqui, nem mesmo isso lhe é ofertado, sentindo angústia.
Se viu numa caverna, sentindo um calor imenso. Flores vermelhas pareciam desabrochar nas paredes rochosas, brilhando como cristais. Uma melodia doce, mas amedrontadora podia ser ouvida, não dando a chance de recusar ouvir. Madeline começa a correr, tentando fugir do calor, mas percebe que a caverna parece não ter fim. Passadas e mais passadas. O tempo parece não avançar.
De repente, o espaço-tempo se dilata em sua frente. Uma figura maligna surge, estendendo o braço para puxá-la para dentro. Ela para, dando passos para trás enquanto a melodia não para, nem mesmo o calor e as chamas que começam a queimar as flores que pareciam duras como rubis, mas ainda sim se destruíam com o fogo.
É então que ao olhar para trás ela vê uma ave repousar em meio ao fogo, não ligando para a música, nem mesmo para a figura maligna.
De repente, ao erguer a cabeça, Madeline enxerga Vitório, mas é como se ele estivesse tomado pela escuridão. Seus dentes são pontiagudos como ferro cortante. Seus cabelos estão brancos e sua pele está pálida, como se ele estivesse decaído pela ausência de vida. Ainda sim, ele não consegue se desprender do vórtice vermelho como sangue. Ele grita, esticando o braço direito, tentando pegá-la.
— MADELINE! Você está me ouvindo? Sua fuga não conseguiu me separar de você. A batalha que você teve foi vergonhosa. Quem você esperava salvar? Seu irmão? Seus amigos da fazenda? Sua família? Nada adiantou! Maintenant c'est ton tour de mourir. — Vitório diz em voz rouca e grave enquanto a caverna é tomada por fogo.
— Non! Eu tentei salvar Júlio, nossa família... Liam, Casey, Pepito... Eu tentei salvar todos, mas Couriway caiu. Caiu e Drampa me levou. Eu não consegui. Estava muito frio, você não entenderia, Vitório! Ficar sem... Ne pas savoir quoi faire et dire. — Maddy diz em tom firme, flexionando os joelhos para evitar cair. Entretanto, o calor a faz suar a ponto de seus cabelos ficarem molhados. De relance, ela ainda vê a ave descansar, de olhos fechados.
Com as mãos como se apertasse o ar, trincando os dentes, sua ressonância elétrica se propaga dentro da caverna, unindo-se às suas ressonâncias pedra e normal. O modo Argenti se ativa e o chão se rompe, despertando a força do Olho de Luxray enquanto Maddy ruge, tornando as faíscas vermelhas como as flores estranhas de rubi que foram destruídas pelo fogo, que começa a perder espaço em meio a tanto poder que se espalha mais e mais.
— Eu não me lamento mais há muito tempo! Eu não deixo de reconhecer os meus esforços há muito tempo. Eu sei o que eu fiz pra salvar meus amigos, minha família, quem eu amo. E eu sei o que vou fazer pra me salvar deste pesadelo. — Maddy exclama, colocando as mãos para trás enquanto o Olho de Luxray faísca, tomando conta do seu modo Argenti e acessando assim, o poder das ressonâncias.
Madeline avança em Vitório e encosta seus dedos seu corpo disforme, eletrocutando-o de forma tão intensa que as chamas são contagiadas pelo poder que sai dela. O espectro que não é Vitório de verdade, grita de dor. Enquanto isso, a ressonante não percebe, mas algo faz com que a ave que dorme atrás, desperte. Seu corpo fica completamente negro e suas chamas emanam desespero e fúria. Estaria ela simbolizando o que acontece com ela mesma?
— Núcleo Predador! — Ela exclama, fazendo o espectro retornar para dentro do portal sem conseguir dizer qualquer coisa novamente. Maddy fica ofegante, percebendo o poder que emana dela mesma.
Ao olhar para trás, percebe que Moltres mudou e se tornou um Galarian Moltres. Aquilo seria impossível de acontecer, mas claro, ela está num sonho e aquilo deve significar alguma coisa. Conforme os segundos passam e ela respira, seu corpo volta ao normal, assim como as suas ressonâncias. A caverna que antes estava repleta de chamas obscuras, passa a ter fogo somente em determinadas partes. As flores de cristal vermelho voltam a florescer nas paredes.
— S'il vous plaît, me ajude, Moltres. Eu não sei como vim parar aqui. Não sei como me deixaram nesse lugar. Eu preciso de um sinal, de algo que me faça ter esperança de novo. Por favor, seja o meu Norte. Me dê força pra eu c-conseguir encontrar a minha família de novo. Meus amigos, meus Pokémon. Eu não quero perder as forças por mais que eu tenha poder. A força que eu preciso é a esperança de um novo dia. — Madeline então diz, curvando a cabeça na esperança de não ter uma resposta, por mais grossa que pudesse ser.
No entanto, Moltres a responde:
— Suas faíscas terão que se tornar fogo ominoso para que possa resistir. E sua chama não poderá apagar com o passar do tempo, mesmo que o calor não seja mais palpável. Torne-se mais forte e apegue-se ao seu propósito. Torne-se o que lhe pedirem para se tornar, mas não abandone sua essência, que é de carne e osso. Essa é a minha sabedoria a você. — Moltres diz, com voz firme e nobre.
Maddy ergue a cabeça, derramando lágrimas. Ela está presa num lugar incompreensível, sem qualquer contato com o que a fez ser o que é. Com os sentimentos que a acalantaram durante sua jornada e vida. As palavras de Moltres não lhe dão esperança, mas lhe pedem que seja forte. Ela coloca as mãos no peito esquerdo enquanto seus cabelos curtos e loiros balançam assim que ela olha para o clarão das chamas ominosas da ave, majestosa e imponente.
— De chair et d'os. — Ela repete o que Moltres diz enquanto fecha os olhos, despertando do sonho.
Ela está de volta ao quarto totalmente branco. Em cima da pequena mesa, a sanfona vermelha, sendo a única coisa não-branca do cômodo fechado. Madeline senta na cama. Com as luzes artificiais acesas, cerra os punhos e lembra das palavras de Moltres. Sendo ou não real, ela levaria ao coração como promessa, sem perder as esperanças. Ela não sabe onde está, nem como chegou aqui, mas ela trilharia o caminho que lhe ofertaram de forma obrigatória até poder sair e rever os seus, tendo liberdade novamente.
Mesmo sem saber se é dia ou noite, Maddy acredita que o sol nasceu novamente. Aquele sonho a faz acreditar que sua estada neste lugar será longa, mas ela sabe que a fará aprender. Ter força suficiente para ir e ajudar os seus. Mais forte a cada dia, aprendendo os costumes do que Orfeu chama de protetor, mas permanecendo de carne e osso, assim como ela sempre foi em sua essência.
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