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Biografia de Felipe Neto
Felipe Neto, uma biografia
Biografia mostra como YouTuber partiu do ódio para “paz e amor”
Felipe Neto Rodrigues Vieira nasceu em 1988, três anos antes do lançamento “oficial” da rede mundial de computadores, a internet. Em setembro de 2020, aos 32 anos e catapultado por legião de quase 70 milhões de seguidores no YouTube e em outras redes sociais, foi eleito pela revista americana “Time” uma das 100 pessoas mais influentes do mundo.
Desde 1999, quando começou a divulgar essa lista, a “Time” se lembrou de poucos brasileiros. Em edições anteriores, figuraram dois ex-presidentes da República - Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff -, os empresários Eike Batista e Jorge Paulo Lemann, além do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, do ex-juiz Sérgio Moro e do jogador Neymar.
Biografia mostra como YouTuber partiu do ódio ao ‘paz e amor’
No ano em que o maior fenômeno da internet no Brasil (o que já assegura ao carioca posição de destaque no planeta em números absolutos) integrou a lista da “Time”, o presidente Jair Bolsonaro, seu desafeto dileto (neste caso, um trocadilho inevitável), também foi incluído. Mas, esse dissabor não conseguiu arranhar, no auge da pandemia, raro momento de felicidade vivido pelo famoso Youtuber.
“Foi um momento de alegria em meio a dias difíceis”, revela o jornalista Nelson Lima Neto, autor de “Felipe Neto: O Infuenciador” (Máquina de Livros, 2021), biografia não autorizada do jovem empresário, designer gráfico, editor de vídeo, apresentador, animador, ativista político, jornalista e, acima de tudo, polemista. “Felipe enfrentara [em 2020] um período de forte depressão, com acompanhamento médico”, acrescenta o jovem biógrafo.
Repórter da coluna do veterano Ancelmo Gois em “O Globo”, Lima Neto fez um trabalho extraordinário de pesquisa e aproximação de Felipe, sem perder a isenção que se exige de autores de biografias. O jornalista não esconde sua admiração pelo biografado, ambos são da mesma geração e, portanto, cresceram num mundo onde as referências histórico-culturais tradicionais se diluíram, abrindo espaço para que qualquer vivente, com ou sem ideias na cabeça e, claro, sem nenhum juízo, passasse a se manifestar nas mídias sociais sobre tudo e sobre todos. E foi assim que Felipe iniciou sua trajetória rumo ao estrelato há exatos 11 anos.
Segundo pesquisa feita pelo Ibope/Repucom, aproximadamente 50 milhões de brasileiros, de um universo de 96,4 milhões de pessoas com mais de 16 anos e com acesso à internet, já ouviram falar de Felipe. Mas, afinal, quantas conhecem verdadeiramente o influenciador, as razões de seu sucesso, a extensão de seus negócios e sua trajetória, marcadas por muita polêmica, uma sucessão de fracassos nos primeiros anos e um supertalento para criar riqueza, no país onde empreender é mais arriscado que nadar em dia de maré cheia na praia de Boa Viagem, no Recife?
O livro de Lima Neto responde à maioria dessas perguntas, embora não seja nada trivial pesquisar, apurar e escrever a biografia de um jovem de apenas 32 anos. Como fazem os bons repórteres, o biógrafo se aproximou de Felipe para conhecê-lo melhor e, assim, com pouca adjetivação, expor fatos, aos baldes, que conduzem o leitor a tentar entender como, no espaço de apenas dez anos, o influenciador construiu um “império digital” e deu guinada em sua imagem pública.
Felipe teve uma vida diferente da que se espera da maioria dos integrantes da geração formada pela internet. Só foi saber o que era computador depois dos dez anos. No Engenho Novo, tradicional bairro de classe média baixa no subúrbio do Rio, durante a adolescência gostava de jogar bola, taco, três cortes e pique bandeira - as três últimas, brincadeiras populares para quem viveu a infância no Brasil, até o fim da década de 1980, quando a violência ainda não havia tomado as ruas de bairros tradicionais de metrópoles como o Rio. Definitivamente, “nerds” nunca ouviram falar de taco (também conhecido como “bet”), três cortes e pique bandeira.
Felipe estudou no Metropolitano, colégio particular de boa reputação no Méier, bairro da Zona Norte do Rio. O sacrifício que seus pais faziam para mantê-lo naquela escola deu ao influenciador, segundo deixa claro Lima Neto em seu livro, a noção de que trabalhar, criar, empreender, dar duro, era sua única opção. Por isso, começou a trabalhar aos 13 anos, numa loja de insumos para camelôs. Já nessa época, tentou fundar, sem sucesso, uma empresa de telemensagens.
Felipe se interessou por tecnologia na adolescência e, mesmo sem deixar de ser um bom aluno, perdeu o interesse pelas aulas convencionais no ensino médio, quando passou a dormir durante as aulas e a ter problemas com professores do 3º ano do ensino médio. Ele alegava que tinha insônia e que passava a noite inteira assistindo a séries de TV, na tentativa de dormir.
Na verdade, o que aconteceu a Felipe Neto é um fenômeno comum a milhares, talvez, milhões de adolescentes e jovens adultos no Brasil e em outros países - um forte sentimento de inadaptação ao sistema tradicional de ensino, infelizmente, confundido na maioria das vezes com “vagabundagem” dos estudantes. Para o futuro influenciador, testemunha Lima Neto, o mundo digital está a léguas de distância do quadro negro, do giz e do dia a dia das escolas. Foi por esssa razão que Felipe, desistira de fazer vestibular para se dedicar, como autodidata, a aprender gratuitamente o que queria na internet.
O caminho de Felipe até a “Time 100”, revelado em detalhes por Lima Neto, mostra que no pantanoso mundo da internet, quantidade não tem relação com qualidade. O influenciador das boas causas, politicamente correto, defensor dos direitos das minorias, adversário feroz do bolsonarismo e de tudo o que isso significa em termos de anti-civilização, decolou nas redes como um sujeito que postava vídeos no YouTube repletos de ataques despropositados a personalidades, repletos de preconceitos, especialmente, homofóbicos e machistas.
“Felipe era o que hoje se chama de 'hater', perfil comum nas redes sociais, de gente que vive em guerra atacando ferozmente o que não lhe agrada”, observa Lima Neto, que narra, sem retoques, vários episódios da fase “hooligan” do influenciador. Ele chegou a defender a eleição de Bolsonaro, com quem mede influência nas redes. À medida que o número de seguidores avançava, Felipe foi mudando suas ideias e o tom, como bem explica o biógrafo num dos capítulos, intitulado “Novos negócios, novo discurso”.
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