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Uma rapidinha

Eu não sabia. Na verdade, por muito tempo não quis saber. Agora imagino que essa necessidade criada pelo não saber foi potencializada pelo comodismo, medo e ignorância absoluta. Ignorância no conhecer suas manias, trejeitos, tiques e chiliques. A ignorância, aliada ao medo, não me permitiram falar nada quando estive sob a luz dos seus olhos. Minha felicidade inteira ali, mas meu silêncio clerical predominou. Intimidou meus instintos, calou minha voz. Me fez esquecer, e pior, não me deu chances sequer pra dizer qualquer outra coisa. Não lhe disse um adeus, até logo, ou qualquer outra coisa. Mas a dor ainda dói. Logo, mesmo que tenha sido a última vez, talvez eu ainda possa vê-la para dizer o último adeus -- Ou tentar convencê-la a ficar.

O certo agora é que as partículas apassivadoras do meu discurso não pacificam meu coração. Mas fazem jus a passividade digna de um lacaio que tenho demonstrado -- E que pior: Devo demonstrar. Essa passividade que se tornou quase um estilo de vida. E por essa passividade vivo, e por ela, prego meu amor em silêncio, enquanto repudio mentalmente as formas possessivas, histéricas, infantis e conceitualmente errôneas de amor. O que na verdade é difícil dizer, afinal, o amor não se limita a conceitos. Mas as palavras também não se esforçam para limitá-lo. O que realmente importa no mundo é se o que dizemos é coerente com o que fazemos. Se há coerência entre ambos, as pessoas dizem que somos algo, e aí pensamos "Será que sou, ou será que não?". E finalmente sabemos que somos. Não necessariamente o que disseram que somos, mas algo que nós sabemos que somos. Somos donos do nosso contexto. Vemos as pessoas viver, as vemos passar a possuir, e as dizemos o que são. Elas aceitam isso se quiserem, ou rejeitam, conforme preferirem. Mas elas são. São algo. Todos vivemos o "Ser", mas nesse momento, há quem viva o "É". Com certeza vivem um estado sólido, mas temem a mudança. "É", "Ser", tanto faz. São palavras. Palavras limitam tudo. Mas no fundo, elas deveriam ser usadas para as dúvidas, perguntas, indagações. Pra tudo, e não pra simplesmente definirem o que alguém "É", ou pode "Ser".

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Lucy Rose - Don't You Worry (by songsfewpeoplelike)

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Vanessa

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Solar da Beira, Ver-o-Peso, Belém/PA.

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     Sono algum me tira esse ardor, que se observado cautelosamente se estende em meu peito com formas de runas. As quais juntas significam seu nome. De ti sei tudo, e seu coração não se conteve ao me ver, suas palavras fluíram por entre o ar, até que em meus ouvidos foram bem recebidas e tratadas como convidadas de honra. Sua voz ainda agrada, não acalma, nem impulsiona o coração a fazer hora extra. Mas sim, traz um sorriso, ouvi-la foi bom, fazer por ti o que jamais fizeram por mim me fez ter fé nas pessoas - ou apenas em mim -, e mais que isso, me fez ter fé em ti. Desejar-lhe discernimento e coragem. Não sorte, felicidade, amor. Nada disso, Apenas o que lhe falta, Discernimento, ou melhor, isso pude perceber que tens, mas a real ausência em teu peito é de coragem, mas digo-lhe, minha graciosa dama, teve coragem ao dirigir teus sentimentos a mim, e eu, bem, tive uma imensa sorte em inclinar meus ouvidos perante você, minhas palavras duras e de completa desaprovação não foram bem aceitas, mas digo-lhe, que elas lhe serão de bom uso, siga-as e encontrará felicidade. O que me foi por entre os dedos.

     Dura jornada enfrentamos, uma caminhada de conhecimento e entendimento pôs se a nossa frente, e tu aceitaste essa empresa, sem temor. Vestira a armadura de coragem, e empunhaste a espada da vontade, se entregaste ao desejo, entendo-lhe, há muito me perdi entre idéias, e então descobri desejos. E em desejos me perdi. Tu que vives no momento dos desejos, digo-lhe: Há coisas mais importantes que meros pedaços de papeis, ou corpos vazios a preencher buracos imaginários e fraquezas psicológicas criadas pela ausência de nós mesmos em nosso coração. Em meio a uma nuvem de fumaça, pude ver a insegurança, e vontade de abraçar-lhe e estender-te proteção foi tudo que pude sentir naquele momento, tamanha aflição só sentirei assim na morte, e há como espero o beijo doce dessa donzela que a todos agracia. Um infortúnio é sua visita, porém o último beijo a todos tocará, doce e suave, como o beijo do primeiro amor, chegará a nós, e digo-lhe: Vosso beijo será mais doce que de donzela tão bela, que se reteza por míseros vassalos que vivem sobre influência da sequela que a idéia alheia há muito lhe causou, transtornando os que o desejam e ferindo toda alma a sua volta.

     Circunde a mim, seja minha lua, venha na noite, e lhe darei luz, calor e coisas tuas, farei com que sinta o que há muito esqueceu, graças aos de alma morta e corpo vazio e cheio de desejo de consumir aquilo tudo que jamais produziu. Venha, irei banhar-lhe com a luz que emana de mim, e em meu calor sentirá a vida fluir por entre suas veias. Sem dúvidas, sua respiração irá desacelerar e acelerar, tão rápido quanto as palavras que lançou a mim, suas dores e amores. Pequena donzela. Que por se retesar e desejar o cometa cheio de força que ao chocar destrói tudo que toca, e não a luz e calor que a vida pode lhe dar, sofre em buscas desvairadas. Abandone a loucura, adote a vida que possui em si, se não sabes como, venha, e em meus braços lhe recordarei a felicidade que malditos privaram a ti.

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Patrice Mériot. Stella Maris, 2011. Collage on paper. 19 x 30 cm.

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