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Meu estimado amigo Adriano,
Espero-te bem!
A vida por Corunde prossegue. Transporta consigo aquela lentidão que a caracteriza, e que ambos tão bem conhecemos. Mantém inalterado o seu espirito comunitário, e isso ajuda, e de que maneira, a deixar para trás tudo aquilo que me trouxe a esta terra.
Mas é, no entanto, por isso que te escrevo: a perseverança, ainda, de algumas memórias que penetram vindas do inconsciente. Traumáticas. Há dias tive um sonho aterrador! Estava ainda na cidade. Com ela. Ia a caminho de casa, mas estava escuro. Frio. Deambulava pelas ruas, sem nexo, e tudo me parecia ameaçador. Mal levantava os olhos da calçada, e quando o fazia, vinha-me uma sensação de vertigem. Não queria chegar ao meu destino. Sabia o que me esperava. E isso adensava ainda mais uma sensação de pânico. E deambulava... As luzes da cidade arrastavam-se, fazendo lembrar espectros amaldiçoados. Tive medo.
Estou baralhado. Não sei se isto advém de tempos antigos, se de sugestões desta nova vida. Estará, mesmo, a casa assombrada, como dizem? Ou será assim mesmo que se exalam traumas vividos? O que é certo é que foi assustador. Não quero ir-me embora. Prefiro arrepiar-me aqui em Corunde, à passagem de vá-se lá saber o quê, do que voltar para uma vida sem sentido. Com ela.
Assim, continuarei por aqui sem prazo. E tu, és e serás sempre bem-vindo à casa deste teu amigo.
Com um forte abraço, Estêvão
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Sinto-me tomado pela nostalgia relêndo as cartas que me escreveste. Como se estivesse a tentar recuperar algum tipo de eco de aquilo que partilhamos.
Sempre me considerei bom em seguir em frente. Descobri da maneira mais difícil que, por melhor que eu fosse, perder algo tão especial como a conexão que tínhamos,
dói, deixa uma sensação de saudade.
Depois, isolei-me, saí da cidade e do seu caos complicado para a serenidade e paz dos campos.
Viajei de cidade pequena a cidade pequena.
Conhecendo pessoas maravilhosas pelo caminho.
Acho que incialmente estava a fugir, mas durante esse tempo acho que realmente encontrei uma resposta para uma pergunta que nem sabia que fazia.
Sempre me considerei bom em seguir em frente, mas percebi agora que nunca me permiti deixar as coisas no passado. E levar tudo comigo pesa.
As estações mudam, as coisas vêm e vão, o tempo avança cada vez mais. E eu preciso de fazer o mesmo.
Acho que estou pronto para deixar para trás o passado.
Obrigado por tudo o que tivemos. Em diante da próxima aventura.
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"am I demon"
"Ninguém se mata pelo amor de uma mulher matamo-nos porque um amor, não importa qual, nos revela a nós mesmos na nossa nudez, na nossa miséria, no nosso estado inerme, no nosso nada." - Cesare Pavese
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