Text
0 notes
Text
0 notes
Text
contagem, 13 de janeiro de 2020
Como previsto, acordei numa puta ressaca. Meu corpo pesado e em câmera lenta, meu estômago saltitante, minhas pernas ainda não definiram se acordaram ou se permanecem dormindo. Levantar eu levantei. Agora preciso falar sobre minha cabeça.
Ela hoje tá trabalhando em 2 fases: uma, parece que a massa cinzenta tem o dobro do peso e resolveu fazer um show de hip hop em que a cada refrão mais animado, além da batida, resolve pular balançando as mãozinhas. Ou então tem um pica pau aqui dentro. A outra fase parece que esse mesmo cérebro saiu de cena e a cabeça fica completamente vazia, e do nada uma holografia aparece. Sim, a imagem dele tá clara aqui. É oficial, ele não sai da minha cabeça mais. E eu sei o quanto isso vai me fazer mal.
Hoje ele ainda não me deu bom dia como a semana passada inteira. Ele nem sequer deu boa noite ontem. Ele nem deve lembrar que eu existo. Mas meu primeiro pensamento da manhã, logo depois do “eu nunca mais bebo na minha vida”, foi ele. A imagem clara do abraço e da vontade que me deu de beijar ele. Droga, não era pra eu ficar assim.
Por aqui eu tô tentando trabalhar e minha mesa tâ igual meus pensamentos: uma bagunça. E uma bagunça cheia de água, de todos os tipos. Depois do trauma do álcool a gente passa a valorizar a água né? Impressionante! Ela parece que ajuda a desacelerar, esfriar a cabeça. Eu preciso disso pra me concentrar no meu trabalho, esfriar a cabeça. Então, obrigado água por seu efeito refrescante e, por favor, afoga ele lá no meu cérebro pra eu ter condições de pensar em outra coisa e conseguir criar o que preciso hoje no trabalho. Ah, e leva esse remédio pra dor de cabeça também, a outra fase do cérebro tá super necessitada.
0 notes
Text
belo horizonte, 12 de janeiro de 2020
Acordei ainda meio embriagado da minha falta de confiança em mim. Tentando engolir a possibilidade de ir pra um pré-carnaval de um bar que tem uma certa influência em todas as bads que eu tive no ano passado. Mas meus amigos vão e me convenceram de ir. Quer dizer, me fizeram mudar minha rota pra ir pra lá, eu realmente não queria. Engoli o choro, programei a roupa e fiquei esperando a hora de sair. Quando eu tô saindo, todos desistem de ir. Mas eu já tô pronto. Nossa, que legal, mais uma vez abandonado pelos amigos pra ir pra um lugar que eu nem tava muito afim de ir.
Foquei no álcool. Nesses dias assim ele me dá um pouco de alegria. Momentânea, superficial, mas me dá. Comprei um Xeque Mate. Um brinde! Um boomerang! Um inbox. Gelei.
“Tá onde? Hahahah”
“Pré carnaval do bar, kakakaka. Agora saindo pra recuperar um pouco e ir pra um aniversário”
“Eu tava aí kkkkk” (PAUSA: Você sabe como gela quando ouve essa frase né, Felipe. Pois muito que bem. Você esperava qualquer pessoa ali. Menos ele.) “Agora vou encontrar uns amigos. Tinha Xeque Mate aí?”
“Absurdo isso. Tinha não, comprei do lado de fora. Agora tô indo pro Santa Tereza. Tô aqui desde 15:00”
“Você tá aí ainda?” (PAUSA: respira...) “Pq tô esperando meus amigos me resgatarem kkkk” (PAUSA: respira...)
“To” (PAUSA MAIS DEMORADA) “Se eu não chegar no Santê em meia hora comem meu cu”
“Credo, que delícia! Digo, credo, que absurdo!” (PAUSA: essa pausa é desnecessária) “Um dos meus amigos tá esperando o outro lá no Cidade ainda e pediram pra eu não sair daqui kkkkkk”
“Carai, vou aí te fazer companhia”
“Precisa naao”
Bom, eu saí. Puto depois de ler a mensagem, mas saí. Melhor ir pro Santa Tereza logo e parar de fingir que eu tô feliz aqui.
“Vou embora então”
~enviou um vídeo para você~
O vídeo era uma coisa meio psicopata. Era exatamente o momento que eu saía do evento e seguia puto em direção a qualquer lugar longe dali pra pegar qualquer tipo de meio de transporte pra chegar no aniversário no Santa Tereza. Eu tava revoltado que eu tinha sido “dispensado”. Eu não saio oferecendo minha companhia pra qualquer pessoa. Ainda mais depois de tudo que tenho vivido nos últimos tempos. Eu tava há 11 dias esperando pra vê-lo de novo e matar a saudade. Eu tava meio que vendo que ele tinha me mandado mensagem e resmungando. Em voz alta. Eu gelei com medo dele ter ouvido. Olhei pra trás e ele vinha rindo. Naquele momento parecia que tudo tava em câmera lenta e aquele sorriso automaticamente me fez trocar a testa franzida por um sorriso. As vezes era só o álcool mesmo.
Eu tava esperando aquele abraço já tinha uns dias. Eu me prometi não esperar mais nada além daquela noite, mas um lado mais emocional e fraco meu me deixou sentir aquilo. Cansei de lutar contra sentimento meu. Deixei ele fluir. O abraço rolou e tudo parecia estar em câmera lenta ainda. A gente conversou mas eu não me lembro de nada. Aquele sorriso, puta que pariu, eu ficaria dias olhando pra ele. Eu espero do fundo do meu coração que eu possa olhar pra ele pro resto da vida. Ele é sincero. Não me interessa qual a relação, amor ou amigo, mas aquele sorriso me dá uma puta segurança.
Ele me contou alguma história besta. Eu ri, besta. A gente foi caminhando até o destino dele e eu fiz o convite: “vai comigo pro Santê!”, mas os amigos tinham comprado o ingresso. “Eu prometo que acabando o open bar eu vou pra lá”, e foi assim que eu nunca mais vi ele hoje. Para Felipe, acorda pra realidade. Um abraço, outro sorriso, tudo ainda em câmera lenta, um tchauzinho tímido.
Bebi mais 4 cervejas no Santê. Hoje é domingo, amanhã é segunda. Caralho, eu vou trabalhar de ressaca 😒
0 notes
Text
belo horizonte, 11 de janeiro de 2020
As coisas não tão fáceis por aqui. Não mesmo. Tem alguns dias já que tô tentando fingir ser firme pra ver se me enganando eu consigo ser. Tem um turbilhão de sentimentos aqui dentro que eu tô tentando trabalhar pra ver se eu consigo entender melhor. Me entender melhor. Eu tô realmente tentando me entender melhor pra parar de uma vez por todas com essa auto-sabotagem.
Tá cada dia mais claro que eu sou meu maior inimigo e minha mente é a grande vilã da minha história.
Eu só queria ser igual aos outros. Queria ser mais seguro, mais confiante. Queria pensar menos, preocupar menos com o passado, preocupar menos ainda com o futuro. Queria ser cercado de gente que me acolhesse de verdade num abraço e não me deixasse sair mais dali. Eu queria, pelo menos por um dia, ser tomado por uma paz monstruosa que eu conseguisse enxergar a vida de uma maneira positiva.
0 notes
Text
0 notes
Text
0 notes
Text
“Às vezes, não é falta de tempo, não é desorganização, não é falta de vontade. O atraso, o convite recusado, a desculpa esfarrapada podem ser resumidos em: ansiedade.
Nem sempre é fácil lidar com o que não se pode controlar. E, se disser que “não controlamos nada na vida”, te responderei: “foi por isso que eu não saí antes de casa”.”
Matheus Rocha - Não Me Julgue Pela Capa
0 notes
Text
(...) O homem atrás do bigode
É sério, simples e forte
Quase não conversa
Tem poucos, raros amigos
O homem atrás dos óculos e do bigode
Meu Deus, por que me abandonaste
Se sabias que eu não era Deus
Se sabias que eu era fraco
Mundo mundo vasto mundo
Se eu me chamasse Raimundo
Seria uma rima, não seria uma solução
Mundo mundo vasto mundo
Mais vasto é meu coração
Eu não devia te dizer
Mas essa lua
Mas esse conhaque
Botam a gente comovido como o diabo
Poema das sete faces - Carlos Drummond Andrade
0 notes
Text
0 notes
Text
belo horizonte, 09 de janeiro de 2020
Ontem, no caminho de volta pra casa, dei uma aula sobre rotativas e processos de impressão por whatsapp. Mostrei todos os detalhes de como o jornal é impresso e inclusive invadi a sala da rotativa 2 com ela em pleno funcionamento sem nenhum EPI. Ou seja, corri o risco de ser demitido só pra mostrar uma impressora pro garoto. Sabia que vale correr riscos por algumas pessoas? E que todas as vezes que corri riscos por alguém valeu a pena? Eu só me arrisco pelas pessoas que meu coração diz ser as pessoas certas a arriscar.
A gente ficou um bom tempo conversando, sobre impressoras. E sobre teatro e camisas. E sobre glitter. Carnaval tá chegando né? Tinha muito tempo que eu não me sentia assim tão a vontade pra conversar com alguém assuntos tão aleatórios. Foi bom tocar nesse assunto.
As vezes, tudo que uma pessoa ansiosa mais precisa é de alguém que ouça ela conversando sobre coisas aleatórias e assuntos desconexos, sem julgamentos e censuras, com toda atenção (ou falsa-porém-dedicada-atenção). Isso distrai a gente e desliga um pouco dos pensamentos que nos engolem. É como se numa conversa você abraçasse o outro, desse colo e cuidado. E eu não me sentia assim há tempos.
A verdade é que essa carta de hoje tinha um rumo certo mas foi pra outro, completamente diferente. No fim das contas isso é bom. Acho que tá cedo pra chegar em algumas conclusões. Eu nunca estive tão seguro e tão confuso nessa vida. Tão perdido e tão calmo. Ah, uma maré de sentimentos meio loucos. Tá tudo coisado por aqui se vocês querem saber. Já falei o quanto a Sapucaí é linda nas noites de chuva? Qualquer dia desses eu me rendo e tomo um Xeque Mate.
0 notes
Text
belo horizonte, 08 de janeiro de 2020
Hoje a ansiedade veio fazer mais uma visitinha pra mim. Procrastinei o dia inteiro no serviço. Inteiro. Até no almoço. Sei lá, foi batendo uma angústia, um aperto louco no peito e vieram mil pensamentos sobre o futuro na minha mente. Lembrei das minhas últimas escolhas e o quanto isso pode (e vai) impactar na minha vida. Hoje falta um mês pra começar a realizar um dos meus maiores sonhos e isso me fez ter... medo. Será que eu fiz certo em dar esse passo no escuro? Será que eu vou conseguir me manter? Me vejo sozinho de novo aqui.
Resolvi sair pra dar uma respirada. Fiquei uns bons 20 minutos parado na frente da vitrine de adoção da Petz brincando com os cachorrinhos. Eu amo cachorro, tipo muito. E meu amor triplicou desde que a Lila surgiu na minha vida. Me dói saber que muito em breve ela não estará mais comigo aqui. Lila é a irmã que eu não tive. Confidente, companheira. Sentiu como eu o impacto da partida da vó. A saúde dela definhou depois disso. Ela passou a ser sozinha. Não por opção dela, não por opção minha. Por opção da vida a Lila é sozinha. Dizem que os cães podem ser muito mais parecidos com seus donos do que se imagina.
Voltei pro serviço e fui dar uma volta no galpão das rotativas. Eu tinha prometido pro John, lá no sitio, que eu ia mostrar pra ele o processo de impressão dos jornais. Não sei como a gente chegou nesse assunto, mas fui até cobrado. E eu amei ser cobrado. Eu amo processos gráficos, e poder mostrar um pouco desses bastidores pra qualquer pessoa, pra mim, é muita honra. Pro John, que parecia realmente interessado no assunto, era ainda mais especial. Dei uma volta, fiz uns videos e deixei tudo arquivadinho pra mandar pra ele mais tarde.
De volta pra sala, liguei o computador e falei pra mim mesmo: o que vamos fazer agora? De novo, uma página em branco na minha frente. Respiro e um turbilhão de pensamentos vem na minha mente. Nada sai. Lembrei de novo do ano novo e fui ver as fotos e uns vídeos que fiz. Cara, que saudade de ter aquelas pessoas ali comigo. O que elas nem sonham que significaram naquelas pouco mais de 24 horas... viajei nos meus pensamentos e já são 18:50. Meu celular vibra. Eu esperei o dia inteiro por essa mensagem. Meu coração quase sai pela boca. Disparou de verdade. Eu tô quase certo que eu tô apaixonado mesmo.
Desci na Estação Central e fui ver o movimento de um ensaio de carnaval. Por segundos me transportei pro futuro e me imaginei no carnaval. Esse ano meu plano é ligar menos pra minha programação e viver o que o carnaval quer me proporcionar. Quero ser livre dessa vez. Quero vestir o que quero vestir e pouco me importa o que tão pensando. Liberdade. Esse é o tema do meu carnaval.
Me transportei pra um lugar de conforto, que me deixa feliz e pronto. A ansiedade começou a querer ir embora. Arrisquei uns passinhos ouvindo a bateria. Fechei o olho com a cabeça pra cima e senti o esboço de um sorriso no meu rosto. Forcei o sorriso pra ele sair. Quando abri o olho, a moça do agogô sorriu pra mim. Me permiti ficar ali mais um tempo curtindo. Meu coração tava em harmonia com a bateria e assim deixei fluir. Respirei e me inspirei. Amanhã há de ser um novo dia, e melhor que esse.
0 notes
Text
0 notes
Text
Eu vi os sinais e (não) os ignorei
Eu sei que não faz nenhum sentido eu mostrando essa camisa num provador com “Never Really Over” tocando no fundo. E fazendo um clipe sussurrando a música pra não atrapalhar a original no fundo. Mas faz muito, muito sentido. Cada dia que passa as coisas vão se encaixando mais e mais. Eu vi os sinais e (não) os ignorei. Não mais. É realmente hora de correr atras dos meus sonhos e fazer o que eu quero!
0 notes
Text
“Se você ainda não tiver descoberto qual a sua missão, tudo bem, não se cobre, não se pressione, não se julgue. Na hora certa, você descobrirá. A gente precisa ser perder para se encontrar. Comigo foi assim. Com você pode ser parecido.”
Matheus Rocha - Não Me Julgue Pela Capa
0 notes
Text
Uma puta de uma coincidência. Mais uma. Acho que os sinais que esperei a vida inteira finalmente começam a aparecer.
0 notes
Text
O projeto de carnaval tá na minha mão. Foi nele que tudo começou. Hora de encerrar ciclos, eu acho.
0 notes