PISCIANA DA CABEÇA AOS PÉS HABITANTE DO MUNDO DA LUA ESCREVO PRA SEGUIR MEU CORAÇÃO Vá pelo caminho das estrelas:
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Ando escrevendo sobre você o tempo todo. Em post its, nas notas do celular e dentro da minha cabeça. Tentei esconder essa inspiração do computador por algumas semanas. Não queria perder o foco do trabalho ou ver mais um texto sobre você se tornar realidade. Me sinto a própria Taylor Swift: escrevendo minhas histórias reais sobre homens, que posteriormente serão lidas por alguém que vai ficar tentando adivinhar quem é o personagem principal. E ainda corro o risco de ouvir de um de vocês: “that’s what she does”, como a Taylor ouviu de um ex que não curtiu ganhar uma letra sobre ele. Mas não tô nem aí. Realmente, that’s what I do. E eu sei que não tenho vontade de escrever sobre você à toa. Você faz eu me sentir como em Fearless. “And I don’t know how it gets better than this You take my hand and drag me headfirst Fearless And I don’t know why but with you I’d dance In a storm in my best dress Fearless” Amava aquela nossa mania de enviar músicas um pro outro sem falar nada. Infelizmente, não pude te mostrar Fearless antes que você virasse as costas pra mim. Ando escutando outros sons incríveis também, principalmente Soul. Sei que você entenderia a energia única dessas músicas, assim como eu. Você colocaria minha playlist de Soul no carro e daria aquele sorrisinho de canto quando o aleatório entregasse alguma faixa do Marvin Gaye ou do Black Pumas. É uma pena não poder dividir esse prazer com você, nem poder ter contar que eu sonhei com os anéis de Saturno e acordei correndo pra janela procurando por eles. Você não acharia nada estranho, apenas incrível e curioso. Sinto muito sua falta (lembre-se que já conversamos sobre a diferença entre saudade e sentir falta). Você enxerga o mundo com a mesma sensibilidade exagerada que eu. Queria te contar que estou passando maus bocados comigo mesma e tendo insights muito malucos sobre os meus erros, porque sei que você saberia exatamente o que me dizer. Mas não quero conversar sobre isso por mensagem ou telefone. Queria te encontrar numa praia, num parque, numa cachoeira, no alto de uma montanha, num campo holandês de tulipas… Qualquer lugar onde a gente pudesse respirar um ar suave e descansar os olhos do caos da cidade. É que além de me dizer a coisa certa, você seria a única pessoa capaz de comentar sobre os reflexos do Sol na água e outros detalhes pequenos que eu queria que as outras pessoas também enxergassem. Preciso demais me sentir compreendida sabendo que alguém vê tudo que eu vejo. Não sei se magoei mesmo você ou se na verdade você só não estava nem aí, e por isso não disse nada. Senti que você apontou o dedo na minha cara sem me dar espaço para me expressar. E como eu vivo na defensiva, fiz o mesmo tentando revidar. Não queria ficar descalça sozinha, batendo numa porta trancada que você não ia abrir pra mim. Minha cartomante disse que eu estava apaixonada por você antes mesmo de tocar no baralho. Falei que era maluquice dela, que eu só queria que a gente fodesse com força até a exaustão. Mas eu estava mentindo pras cartas, me defendendo até das previsões do universo. Já se passou mais de 1 mês desde a última vez em que nos falamos, e eu continuo querendo escrever como me sinto quando estava contigo. Ainda ouço a playlist que eu fiz de “mantras” sobre você. Revelei seu nome para uma amiga enquanto estava bêbada, e aos sussurros porque me doía muito confessar essa falta. Sinto um medo enorme de que você me odeie ou me ache uma pessoa horrível. Quando a Lua tá brilhante demais, eu tenho vontade de te escrever “olha pra Lua”. Fico escutando Fearless e sentindo com toda a certeza do meu coração que com você eu dançaria em uma tempestade com o meu melhor vestido. Eu acho que eu me apaixonei mesmo por você, por mais bobo que isso seja. Não sei se naquela tarde da cachoeira em que uma libélula pousou na sua tatuagem de flor de lótus eu já estava apaixonada… Na nossa visita ao Mosteiro dos Jesuítas eu cheguei a cogitar nos meus pensamentos mais profundos se já estava, mas enterrei a possibilidade porque fiquei apavorada. Não sei em que momento minha ficha caiu, só que foi tarde demais. Sei lá também porque eu digo isso, porque se eu tivesse percebido antes, não teria nem ideia do que faria diferente. Talvez faria tudo mais errado ainda, consumida pelo medo de errar. É tanto “E SE” sobre nós dois ecoando na minha mente, que eu me sinto até culpada de não manter o foco em outras pessoas que têm potencial. Me pergunto se você melhorou do que te atormentava tanto, se continua rabiscando meu nome em algum dos seus livros ou se já mudou pro seu apartamento novo e adotou um cachorrinho caramelo rebaixado. Apesar de vários momentos bons que a gente teve, o milésimo de segundo que está sempre fixo na minha cabeça é o da primeira vez que eu te vi. Fico querendo voltar para essa cena o tempo todo. Aquele sábado continua sendo o melhor dia que tive com você. Me senti tão aberta ao amor e ao mistério naquela noite. O frio na barriga voltou quando percebi que estava esperando você me beijar e você só fez isso às 4 da manhã. E essas borboletas permaneceram no meu estômago por todas as semanas seguintes, por mais que eu saísse sozinha, conhecesse novas pessoas e ouvisse outras músicas. Depois do meu maior baque kármico, pensei que não ia me sentir tão curiosa assim sobre alguém nunca mais. Mas você me desperta alguma coisa que me tira do sério (até coloquei “You Give Me Something” como um dos mantras sobre você). Queria que o nosso encontro nessa vida fosse uma fita VHS. Pra eu ficar rebobinando, procurando onde eu errei. Infelizmente acho que não te encontrei nas oportunidades passadas, e nem vou te reencontrar nas próximas. Não consigo ficar tranquila pensando que o destino se encarregou de tudo. Sinto que você é uma novidade não planejada, saiba que estás colocando meu maktüb à prova de fogo. Essa sensação maluca é tão urgente porque, entre nós dois, ela vai acontecer uma vez só: aqui e agora. Somos um evento único na dimensão em que estamos, um pontinho muito pequeno na matriz. Então fico te imaginando em tudo que eu faço e em todo lugar que eu vou. Preciso te ver, preciso sentir a paz que você tem, preciso estar perto de quem compreende que ser frágil é lindo. Quero fazer cafuné nos seus fios de cabelos brancos. Quero te ouvir cantando músicas aleatórias do nada. Quero entrar no seu carro e ver sua prancha de surf branca no banco de trás. Quero acender um beck de camomila contigo. Quero te deixar comer o restante do meu lanche. Quero te fazer gozar no chuveiro. Quero sentir aquela paz imensa quando te ouço cantando True Colors na versão do Phil Collins. Quero esperar 37 minutos até você escolher um filme na Netflix. Quero conversar sobre sua Vênus em Câncer. Quero te dar os parabéns quando você completar 31 anos no dia 02 de Agosto. Quero conhecer tudo que você é, pouco a pouco e de uma vez só. Quero tanta coisa que não posso ter, inclusive acender um cigarro pra tentar te esquecer. Faz o meu celular tocar só mais uma vez, por favor. Mesmo não sabendo o que eu faria caso ele tocasse, era tudo que eu queria pra me sentir mais forte que o medo de ser eu mesma.
Gabriela Nogueira
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Maldito seja o dia 23 de Agosto de 2018. A quinta-feira em que eu te vi pela primeira vez e senti que a última vez nunca chegaria. A gente conversou uma madrugada inteira depois que eu achei o seu perfil mais ou menos, mas resolvi dar uma chance. Hoje em dia não consigo mais me lembrar direito sobre o que a gente conversou. Só sei que depois de muito falar sobre arte, viagens, literatura e festas, você me disse que precisava me conhecer no dia seguinte. E o meu inferno astral kármico e amoroso começou quando eu disse sim. Na quinta-feira do dia 23 eu estava de folga do trabalho. Fui a manicure e pintei as unhas de Pétala Branca. Você me enviava mensagens a tarde inteira perguntando se eu já tinha ido pra casa me arrumar pra te ver. Me lembro de ter achado a sua Pajero preta massa, o seu relógio azul muito estiloso e o seu nariz arrebitado tão lindo que eu queria dar Ctrl V no rosto da minha filha que até hoje não nasceu. Eu não sabia o que sentir. Tomei um susto quando vi que você era cem vezes mais lindo que qualquer foto sua que eu tivesse visto. Você tinha 31 anos (que eu achava que eram só 30), mais cabelo do que tem hoje em dia e um olhar menos cansado também. Eu tinha só 20 anos e não tinha ideia do que eu estava fazendo. Hoje eu sinto enjoo só de pensar em entrar no seu apartamento, mas nesse dia eu achei a decoração incrível. Você ainda tinha seu monte de livros na prateleira do quarto e nos pallets da sua cama. Folheei, encantada, um livro com ilustrações de Van Gogh e Monet. Percebi que você tinha uma edição especial da obra de Oscar Wilde (e posteriormente, essa peça virou o lugar onde eu guardava as cartas que escrevia pra você). Hoje eu encaro como piada, mas foi com essa balela cultural e uma garrafa de vinho rosé seco que você me agarrou naquele sofá onde já transamos tantas vezes. Ficamos bêbados e fomos pro luau da Órbita Blue, onde você bebeu gim sem parar e a fotógrafa do bar pediu pra tirar uma foto nossa perguntando há quanto tempo a gente namorava. Demos aquela risada de constrangimento porque era só o nosso primeiro encontro. Lembro da gente fazendo aquela promessa de dedo mindinho de que ainda iríamos tomar banho de mar pelados, enquanto olhávamos para a maré noturna da Praia do Futuro. Eu sabia que era só conversa pra boi dormir, como tudo o que você prometeu depois disso. Eu te conhecia há menos de 12 horas e já estava completamente apaixonada por você. 3 anos depois, você continua na minha vida tomando um espaço tão importante que eu não consigo cortar e jogar fora, por mais que eu deseje isso mais do que tudo. Eu não te amo mais, porque sei que nos magoamos demais pra que isso pudesse continuar. Mas você tirou dos outros homens qualquer chance de me fazer sentir 1/3 do que eu sentia por você. Você esgotou minha cota de paixão e intensidade por toda a vida. Depois de você não sobrou nada. Ninguém tem graça, ninguém me dá frio na barriga, ninguém me deixa surtada de tanto tesão e vontade de dizer eu te amo morrendo de rir porque o sentimento não cabe nem nas estrelas. Até brigar com você por causa de nada fazia eu me sentir viva. Eu tive outros namorados interessantes e tão bonitos quanto, até casei depois de você. Mas ninguém jamais foi igual. Eu amei tanto você que não sobrou mais sentimento pra dar a ninguém. E te odeio tanto por isso! Tudo que eu queria era conseguir amar outra pessoa daquele jeito de novo. Porque eu mereço me apaixonar tanto a ponto de pensar que queria tomar uma cerveja com aquela pessoa em qualquer lugar do mundo, assim como eu queria explorar todas as experiências possíveis da vida com você. Eu mereço ser feliz. Eu mereço amar como se o mundo inteiro ao meu redor parasse. Mas você me tirou isso quando me fez sentir em 3 anos o que eu deveria sentir em 30. Não existia equilíbrio nenhum com você, só intensidade. Nunca fizemos nada pela metade. Festas, almoços caseiros, cigarros na varanda, música acústica, banhos longos, cartas de amor, cochilos assistindo a filmes, sessões de maconha, discussões, sexo de manhã, de tarde e de noite. Nada era de leve. A gente era “go big or go home” em tudo que fazia. Talvez por isso eu me apaixonei tanto por você. Esse é o meu jeito de fazer tudo, desde comer, dormir e até trabalhar. E conhecer alguém com sede de abraçar o mundo com as pernas e viver tudo que podia igual a mim me fez sentir como se eu tivesse encontrado um parceiro para qualquer aventura possível. O problema é que mesmo se amando loucamente, a gente não se suporta mais que 10 minutos na mesma sala. E isso bateu com essa intensidade dos dois somada e multiplicada. Nossos olhos castanhos ainda brilham quando olhamos um pro outro às vezes, nem que seja de ódio. Impressionante como o tempo nunca conseguiu isso tirar da gente. Mesmo assim, eu só queria que você desse uma chance pros seus adversários. O leonino budista quase conseguiu fazer eu sentir o encanto que eu sentia por você, e até chegava perto de me dar os mesmos orgasmos que você me dava. Mas apesar de ser alguém incrível, ele não é a pessoa da minha vida como você. Seus adversários se esforçam demais pra me impressionar, eu fico até com pena. Mas a única coisa que me impressiona é o empenho, e não eles. Maldito seja 23 de Agosto de 2018, o dia em que as chances que todos os outros homens do mundo poderiam ter comigo foram dizimadas.
Gabriela Nogueira
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Fortaleza, 15 de junho de 2021. (Que saudação a gente escreve pra quem se tornou um nada?) Meu finado Mr. Big, Você deve ter se perguntado que ansiedade tão terrível foi essa que me fez até voltar a fumar. A transição pra nova história que te contei já começou a se complicar. Os reflexos da janela ainda me confundem. Me sinto numa corda bamba ou com uma dinamite acesa na mão, esperando acontecer aquele algo que a gente não sabe o que é (mas espera mesmo assim). Não é falta de você. É só falta do nosso caos. Nem de longe é falta de você, meu karma inevitável e pesado. Deve ser só uma confusão normal pra quem é intensa demais e precisa se acostumar com a tranquilidade chegando assim de repente. Ele disse que eu gosto de criar novelas nas situações. Você tinha me ensinado que sentir era assim. Mas na verdade, a culpa não é de ninguém. Eu sou pisciana e faço piscianices a todo momento. Não acho que a jornada vá terminar no mesmo destino de sempre. Não. Passei a fazer esse exercício de dizer mais "NÃO", ao invés de pensar muito no "E SE?". Mas no caso do nosso destino, digo além do "Não": eu me recuso. É só medo de sofrer por uma coisa diferente. Mas eu sempre fui corajosa demais, você sabe. Vou encarar essa porrada de cara limpa, porque ela também vai passar (igual você passou). A porta seguiu aberta. Nesse fim de semana, ela ficou escancarada e com um tapete vermelho levando pro lado de fora. Te testei hoje, como quem não quer nada. Não esboçou reação. Acho que você saiu pela porta, afinal. Foi. Vou trancar meus cadeados com a sensação de sofrimento cumprido. Os reflexos da janela podem até parecer uma campainha que um dia pode ressoar quando for a hora certa... Mas eu vou comprar aquelas cortinas blackout que eu dizia tanto que queria. Não vou mais deixar a luz da janela me mostrar o nosso futuro. Certas previsões eu não quero mais saber.
Gabriela Nogueira | Escreva, Gabi, Escreva!
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▶️ Play it before you read it. https://open.spotify.com/track/3G69vJMWsX6ZohTykad2AU?si=049ee3e362ec489d (Música que ele escolheu como plano de fundo para o momento em que eu li o texto em voz alta pela primeira vez) Palavras soltas no meu caderno sobre a novidade tão nova que é ele. Torço para que nem ele e nem ninguém leia isso. Porque além de ser cedo demais, minha Vênus em Aquário não quer ceder e amaciar o seu imenso ego leonino. Mas acho que escrevo porque estou perdida feito cego em tiroteio na novidade dessa pessoa, como diz Nando Reis. (Caramba, pensei em “Sei” do Nando Reis? Então uma nova era, de fato, começou). Só não consigo entender o que está acontecendo, o que estou pensando ou como meus sentimentos estão mudando à velocidade da luz. Talvez esse caderno seja uma válvula de escape para a minha confusão. Daqui pra frente nada que está escrito nesse caderno deve fazer sentido. É apenas a bagunça da minha mente que fica aqui registrada para que eu seja trouxa na posteridade. Vou tentar separar as linhas de pensamento por estrofes, mas sei que essa folha terminará rabiscada pelo meu brainstorming sobre ele. Eu faria as duas tatuagens que ele tem nas costas. Porque eu trocaria o leão do centro por um peixe e me sentiria a própria Angelina Jolie com os manuscritos budistas no lado direito. De verdade, eu já pensei em executar os dois desenhos durante minha jornada tatualística até aqui. Amei saber que ele também anota pensamentos soltos em formato de listas sem parâmetro. A anotação tem ordem de importância? Cada item tem apenas uma sentença? A folha pode virar o cenário de um texto? Haverão rabiscos? Nunca se sabe. Mas essa é a graça de anotar pensamentos soltos. Lembro de um mais ou menos assim: “entrar de pés descalços no coração dos outros”. Mas ele parece estar entrando aqui calçado de sapato social, ou aliás, nem parece estar entrando. Senti um misto de pânico e paz quando deitei em cima do peito dele na areia da praia e ele leu pra mim um livro muito maluco sobre filosofias da transformação pessoal, traumas da infância e felicidade plena. Na hora pensei que gostaria que alguém estivesse presente para tirar uma foto desse momento. Estávamos tão bonitos deitados naquela toalha cinza segurando “O Caminho da Autotransformação” de Eva Pierrakos. As nossas mãos nos dois lados da capa. O céu estava muito azul atrás daquele livro que segurávamos juntos e líamos em voz alta. Ele também lê livros sem pena de riscar o que mais gostou, classificando a importância em asteriscos ou aquelas estrelinhas que a gente desenha sem tirar a mão do papel. Mas ele risca de lápis e eu de marca texto colorido. Acho que isso diz MUITA coisa sobre como nós dois somos universos completamente diferentes. Ainda não encontrei uma definição pro jeito de olhar dele. Perdido, observador, carinhoso, curioso? Eu não sei. Ele é um livro trancado. E por que diabos ele levanta questionamentos filosóficos e usa o emoji de abóbora de Halloween 🎃 ao final de 90% das frases que digita? Aliás, já falei que ele tem um cheiro fenomenal? Dá vontade de ficar encaixada naquela nuca e ficar contando os fiozinhos de cabelo branco. Gostei demais de ver como ele se sente em casa surfando na maré de fim de tarde, com aquele céu performando um espetáculo de tons rosados e lilases. Ele também adora cada detalhe da Brazilian culture (e talvez por isso, odeie NYC). Tivemos um típico almoço de domingo em uma churrascaria tipicamente brasileira, daquelas que a vigilância sanitária fecha mil vezes e o Jacquin teria surtos ao adentrar a cozinha. Realmente, nada se compara ao clássico baião de dois cremoso, carne do sol, paçoca, vinagrete e macaxeira. Mas eu pedi pra trocar por batatas fritas, tá? Rimos durante cerca de 1 hora e meia sobre a lista mental que fizemos de cada detalhe da energia caótica daquele almoço dominical. Cachorros de rua, homens de meia idade bêbados, cardápio escrito “proibido cheques e carros de som”, trilha sonora da 89fm (que ele reproduziu no carro depois), um banner anunciando galinha caipira com uma foto de uma galinha viva, opção de “meio baião”. Combinamos que eu faria uma crônica sobre isso. Ele foi o primeiro cara que me perguntou se eu conheço Selvagens à Procura de Lei, depois de tantos anos apresentando às pessoas e implorando que elas ouvissem a banda do meu primo. E também o primeiro que pediu que fizéssemos a sinastria dos nossos mapas astrais. O que não deu muito certo, mas espero que as energias de sagitário e câncer que temos em comum possam nos proporcionar alguma chance mínima. Que eu não fique de saco cheio da sensibilidade leonina, e que ele não brinque muito com a minha facilidade pisciana de me iludir. (Pausa para que eu me questione porquê estou escrevendo tudo isso sobre uma pessoa fechada, indisponível e que me acha insuportável. Ele diria agora que estou me chicoteando no meu espelho mental, querendo ter 100% de responsabilidade e controle sobre tudo. Mas eu tenho que me controlar, então cada chicotada é válida) Acho o máximo que ele começa a cantar músicas aleatórias do nada, assim como eu. Xinga em inglês como se estivesse sozinho (achei que só eu fazia isso). Me pergunto se ele também fala sozinho, mas ainda não fez isso porque não quer que eu veja. Gosta de cantar “Colors” do Black Pumas e “Tudo Vai Dar Certo” do Natiruts. Dirige cantando. Acha que “Deslizes” do Fagner é a música mais triste do mundo, e tentou me convencer disso citando cada verso sentado na cadeira de praia verde da sala. Não esqueço que ele cantou ‘Fallin’” da Alicia Keys no escuro do quarto, antes de dormir. E eu cantei junto, porque são coisas que eu fazia sozinha e sempre quis que alguém pudesse ver sem me achar esquisita. Assistiu Marimar e Chiquititas, mas por incrível que pareça, não conhecia Caminho das Índias. Contei a história da novela, a qual ele ouviu pacientemente e depois pesquisou o significado de cada expressão indiana que era falada na TV. Consome altíssimas quantidades de ketchup Heinz e eu me pergunto como ele não morre de azia. Talvez porque também consome altíssimas quantidades de chá. Dorme sorrindo porque, assim como eu, acha que dormir é um lazer repleto de sonhos. A primeira coisa que faz quando acorda é abrir as cortinas para ver como está o Sol. Mas antes disso, respeita 100% o conceito de Wake up slow, there ain’t no need to go outside. (E parando pra pensar, me fez pancakes. Será que finalmente estou ressignificando essa música?) Estar no apartamento dele é como ter voltado de um aniversário de uma criança de 6 anos. Bambolê colorido, pelúcias estranhas, Tandy de tutti fruti no banheiro, algodão doce e brigadeiro na geladeira, um Ganesha que muda de cor. Espadas orientais na decoração que usamos para brincar de duelo espadachim. Ele me deu a menor. Venci mesmo assim. Ele ri do meu jeito de mastigar, fala que eu como feito um pinto. Imita meus resmungos porque diz que eu sou reclamona demais (queria saber até que ponto isso o incomoda). Sempre fala “Ah é?” quando não está muito interessado ou atento em um assunto, mas é gentil com as minhas tagarelices. Tem boas referências memísticas. Certa vez, citou o “eu não sou cachorro não” com a ordem e falas exatas do acontecimento. Também estava ciente do “1000 reais ou frotrografia com Raça Negra?”. Acredite ou não, isso conta muito em um homem que queira estar comigo. Acho que nesse ponto meu ascendente em Sagitário se encontra com a Lua dele que fica no mesmo lugar. Mas ele é mais indeciso que qualquer libriano que eu já conheci, porque leva eternidades para escolher um delivery ou filme. Literalmente deu a volta em todas as categorias da Netflix umas 32 vezes. Eu sei que acho isso cativante agora, mas num possível futuro, eu explodiria de irritação. Sabe dormir de conchinha perfeitamente bem, como um mestre. Me deu uma das melhores químicas sexuais da vida. Tirem as crianças da tela, mas devo dizer que até na cama ele tem a paciência de apreciar os milésimos de segundo dos detalhes. Toques, cheiros, cabelos enroscados, massagens de arrepiar, respiração quente, gemidos livres, movimentos em total sintonia, um encaixe perfeito do tal deslize. Tem um enorme potencial de me fazer gozar até chorar desesperadamente. Ainda não conseguiu essa proeza, mas acho que ele está mais do que perto. Meu Deus. Meu Deus… Que homem delicioso. Será que é por isso que eu fico pensando nele o dia todo? Existe vida após o sexo que eu pensava ser o melhor sexo que eu já tive, afinal. O apartamento dele é repleto de areia da praia que consequentemente vai parar na cama. Ele não entendia e revirava os olhos quando eu batia os travesseiros na cama inteira, sacudia os lençóis e limpava os pés antes de deitar. Mas na última vez em que estive lá, ele bateu os travesseiros junto comigo dando risada e tirou a areia dos pés. Sem eu pedir ou reclamar. Uma novidade absurdamente nova: me fez ouvir mantras indianos durante uma tarde inteira. E eu não reclamei porque gostei de vê-lo sendo quem ele é. É incrível como ele acredita em qualquer coisa que possa trazer positividade. Estar com ele é ver sua tattoo do Buda, uma imagem colorida de Ganesha, um amuleto de Darth Vader e um terço pendurado no retrovisor do carro. Ele acredita em espiritualidade. Não tive a sensação de que nos encontramos em outras vidas… O que é uma pena, porque teria sido um encontro que me fez evoluir muito. Sabe quando ele me domou, me ganhou, fez minha página virar? Quando dançamos Zouk do Rubi. Pasme: esse homem dança forró como um Deus. Fiquei de guarda aberta sem saber o que fazer a cada girada que ele dava com o meu corpo. Mas tem um defeito bem preocupante: prefere Minions à Shrek. De qualquer forma, é com ele que eu estou tendo o prazer de ouvir a música nova do Bruno Mars. Tenho medo demais do que o tarô diria, então tô me fazendo de doida. Cega, surda e tal. Fiquei em pânico ontem à noite quando desci do carro dele. Chorei agarrada à máquina de lavar da área de serviço e acendi uma vela branca pra tomar banho no escuro. Será que tô ficando louca? Certamente. Acho que é medo demais que eu tô desse homem. Fico esperando meu celular tocar. NÃO. VAI. TOCAR.
Gabriela Nogueira | Texto escrito à lápis no meu caderno e posteriormente lido para o dono de toda a inspiração.
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Maybe our story has a song. https://open.spotify.com/track/1fOvW60gaeWtUCgjneOxnS?si=edd81f0aa6e24b90 Já estou há algum tempo sem pensar na nossa história. Tenho pensado muito na minha nova história, na verdade. Você não sabe, mas eu ando empolgada em relação a outra pessoa. Mas sei lá. Hoje eu fiz uma limpa no meu celular e deletei milhares de prints inúteis e outras coisas que estavam criando teias de aranha na minha galeria. Vi algumas das nossas fotos de quando éramos felizes. Sorrisos de orelha a orelha. Eu te olhando com a maior carinha de boba do mundo em 99% das fotos. A gente se divertia tanto, se gostava tanto. Não sei porquê fiz isso, hoje é domingo e eu passei o fim de semana inteiro falando pras minhas amigas sobre essa nova pessoa que estou conhecendo. Minha mãe dá o maior apoio do mundo, acredita? Mas ela disse anteontem que sempre adorou mesmo é você, por mais que não sejamos funcionais como um casal. Enfim... Eu apertei o play na trilha sonora do nosso Karma sem fim e me vi com um nó imenso na garganta quando escutei essa música. Comecei a chorar uma angústia esquisita em silêncio no meu quarto escuro. Não sei explicar, mas eu tenho uma certeza tão grande que nenhum homem nesse mundo vai me fazer perder a cabeça como você fez. Eu sei que tá na moda aquela história de "amor leve" e tal... Que talvez esses amores intensos não sejam a melhor escolha... Mas eu fico apavorada de nunca mais me sentir transtornada de paixão como eu me sentia com você. Eu posso até gostar de outro alguém, beleza. Na verdade, já está acontecendo. Ele é tão incrível. E eu penso nele o tempo todo, até sonho com ele! Fico meio nervosinha esperando uma mensagem dele chegar ou quando ele diz que tá perto da gente se encontrar. E isso é bom, certo? Você também tem outra pessoa. Mas tudo tem sido uma paz tão grande que eu chego até a achar suspeito. Com você era uma montanha russa. Era ódio, era paixão, era frio na barriga, era alívio, era orgasmo, era gargalhada, era badalação, era descanso, era briga, era pazes, era tudo, era nada... Talvez eu goste disso, sabe? Eu sou assim. Não acho que eu consiga ficar quietinha e estável muito tempo. E você era atrevido e incansável e explosivo como eu. Ambos ligados no 220, autoritários e duros na queda. Era uma coisa muito louca, você e eu. Um desafio emocional que só parecia ter trégua quando estávamos na cama. Mas talvez também seja por isso que a gente não dá certo juntos. Dois iguais não se completam, sei lá. Dizem, né? A energia ariana entre nós não é só uma faísca, é um incêndio descontrolado. Fico pedindo a Deus e aos astros que eu descubra logo aquele tal amor leve e me acostume com ele, pra nunca mais sofrer por nada. Mas mesmo sofrendo com você, eu me sentia no controle porque me sentia 100% viva. Era como se eu sentisse a nossa história de amor maluca em cada célula e fio de cabelo. Eu nunca sabia o que você ia fazer depois. Então eu vivia me defendendo do que eu achava que podia estar acontecendo. Isso me dava a tal ilusão de controle. Era um inferno. Mas quando a gente passava aquelas madrugadas acordados fazendo amor e conversando no escuro, era como se qualquer escudo sumisse. Acho que a gente nunca se sentiu tão normal quanto aquele dia que fomos dormir cedo e a luz do banheiro apagava e acendia sozinha, e a gente ria e se abraçava debaixo do edredom com medo do espírito da loira de vestido florido que eu vi no quarto. Lembra quando eu te contei que uma das minhas primeiras lembranças da infância era ver no teto do meu quarto a sombra dos carros passando na rua? Eu nunca contei isso pra ninguém. Sempre pensei que iam me achar maluca. Em 23 anos de vida, eu sempre deitei no meu quarto e olhei os reflexos da rua no teto. Eu amo observar essas nuances de iluminação. Me lembro de fazer isso desde os 3 ou 4 anos de idade. E é uma das coisas que eu faço sozinha desde que me entendo por gente. Talvez por isso amei aprender Chiaroscuro na disciplina de Fotografia I na faculdade. Uma noite eu bebi demais e você ficou cuidando de mim na sala do seu apartamento com as janelas abertas e todas as luzes apagadas. Suas janelas são imensas e formaram um reflexo lindo no teto do loft. Comecei a rir sozinha deitada no sofá. Você, curioso, me perguntou qual era a graça e eu te contei o meu devaneio sobre iluminação pública que reflete dentro de casa. E você sentou no tapete da sala e ficou olhando os reflexos vindos da janela comigo. Perguntou onde e quando tinha sido essa minha primeira lembrança da infância. Eu nunca esqueci disso. Às vezes tô te odiando e pedindo a Deus pra você sumir do meu caminho, mas olho pro lado e vejo os reflexos da rua na parede ao lado da minha cama. E sinto como se você estivesse me pedindo, em silêncio, pra esperar por alguma coisa que nem eu e nem você sabemos o que é e nem estamos prontos pra saber. Ainda acho que você é a pessoa da minha vida. A maior intensidade que eu já senti. A maior guerra fria que eu já lutei. O frio na barriga mais gelado que eu já experimentei. O aconchego mais desejado que eu já tive. O desafio da conquista mais difícil que eu já encarei. Você é o homem que quebrou meu recorde de cartas e crônicas. Ainda assim, descobri novas certezas durante esse tempo em que estamos separados (e que eu espero que continuemos assim). Eu não amo mais você, porque eu descobri que me amo muito mais. O mundo é grande demais, tem pessoas demais, tem lugares demais. E eu ando descobrindo tudo isso sem você de um jeito tão maravilhoso. Tem sido enriquecedor. Nunca me senti tão linda, tão inteligente, tão forte, tão divertida, tão radiante. Minha consciência está mais do que limpa. Estou em paz comigo mesma. Acho que não me arrependo de nada que fiz com os outros, só do que eu deixei de fazer pelo meu próprio bem no passado. Mas por alguma maldita razão, o universo me diz que é você. Sempre foi você. Vou viajar com as andorinhas selvagens mas vou voltar pro nosso asteróide. Será? Eu não queria. Minha vontade é que eu tivesse partido da sua vida pra sempre. Eu não te amo mais, eu juro! Nada mudou porque há alguns dias você voltou a me procurar. Eu continuo feliz e livre, e você continua namorando (eu acho) a pessoa por quem escolheu me trocar. Remexer a terra desse túmulo está fora de cogitação pra mim. Não quero precisar ver você de novo pra entender a nossa história porque já não há mais nada pra entender. Então te peço como te pedi na última crônica sobre você: me esquece! Some. Voa. A porta continua não existindo.
Gabriela Nogueira
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Acredito que as emoções vão além de um estado psicológico que afeta a mente humana. O fato que sempre me levou a gastar horas refletindo a respeito, é que na verdade cada emoção se trata de um lugar. Aliás, um planeta diferente. Cada um com determinada força de gravidade, atmosfera, forma de vida, alcance de raios solares... E tudo o que todos os planetas têm para serem considerados planetas. No planeta da Felicidade não há gravidade. Lá você sempre irá flutuar e apreciar as as estrelas enquanto paira, deitado no ar. Os sons maldosos não se propagam, apenas o canto dos pássaros e as risadas sinceras. A atmosfera é composta pelos elementos Paz, Fé e Auto aceitação. O planeta da Felicidade também é favorável à vida, pois o Sol não se cansa de emprestar sua grandiosidade calorosa aos habitantes felizes. Já no planeta da Saudade, a vida às vezes morre, mas logo ressuscita. É que a saudade só é boa para viver quando o Sol aquece as lembranças que magoam a gente. E nesse planeta quase nunca é verão. Aliás, nesse lugar, o verão (a saudade boa) é conhecido como nostalgia. A gravidade sempre varia um pouquinho de nada. Você levita a alguns centímetros do chão, mas ao ser atingido pelas chuvas de lembranças rancorosas (causadas pelas frentes frias da falta do perdão), a lei da gravidade te joga ao solo frio e esburacado. Seguindo nosso sistema solar particular, no planeta do Amor é onde vivem os loucos. Esses habitantes se entregam de corpo e alma aos cuidados do lugar onde vivem. Diariamente regam todas as roseiras, preocupam-se uns com os outros e abraçam e beijam tudo o que veem pela frente. Os oceanos do planeta do Amor, entretanto, possuem marés intensas, que entre suas ondas vermelhas são capazes de levar alguns habitantes ao lado negro do planeta. Nesse lado, a gravidade é cruel e nos mantém agarrados ao chão. É sempre inverno e não há roseiras vivas para regar. Dizem por aí que no lado negro do planeta do Amor os nativos passam por muito sofrimento. Alguns deles, até chegam a se mudar para o planeta vizinho: o da Depressão. Nesse lugar sempre há tempestades e navios naufragados nos oceanos. Apesar de tanta água, há pouquíssima flora (os pássaros hibernam e têm preguiça de semear). É escuro, o Sol não chega em nenhuma época do ano. A atmosfera é composta de Melancolia, Dor e Culpa. Em períodos aleatórios e inesperados, o planeta da Depressão pode ser acometido por uma epidemia de escuridão, a doença que mais mata seus habitantes e é infecciosa quando se respira muita Dor. Ao final de tudo, as diferenças planetárias pouco importam. Os quatro planetas são quase colados e é muito fácil e rápido viajar de um para o outro, assim como se adaptar às condições que cada um apresenta. Principalmente quando se está no planeta do Amor, que possui as tais marés violentas. Mas devo confirmar que quem habita qualquer um deles é nômade. Eu mesma já habitei os quatro. Alguns por mais tempo, outros por poucas horas. A certos planetas, prometi nunca mais regressar (e acabei quebrando a promessa sem querer). Nunca se sabe exatamente quanto tempo é essencial permanecer em cada um desses locais. Mas se sabe que não dá para permanecer em apenas um deles pela eternidade. Atualmente, não vivo em nenhum planeta específico. Sou uma sem-teto e vivo em viagens interplanetárias, rondando as atmosferas e sendo sugada contra a minha vontade por algumas delas. De uma última coisa, porém, tenho certeza: a temperatura fria do planeta da Depressão nunca saiu de minhas lembranças. Ainda tenho medo das tempestades, lembro das epidemias de escuridão que já me deixaram muito doente... Mas de lá, eu parti. E espero nunca mais retornar. É o inferno do sistema solar emocional.
Gabriela Nogueira | Escrito em Maio de 2015.
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Fortaleza, início de Maio de 2021 Meu karma absoluto, Parece que não aprendo nunca a não ter você pra mim. Mesmo te odiando com todos os pedaços que ainda restam do meu coração, você está em tudo. Te vejo em cada coisa que me diverte e em cada coisa que me entristece (porque você faz os dois). Mas vai embora daqui, por favor. Some e não volta. Me desata de você. Suga toda essa dor da nossa história e joga fora. Queima essa ponte visível-invisível entre nós dois. Não fala comigo. Não ri das minhas piadas. Por favor, me trata mal. Eu não consigo mais continuar a desejar o teu bem de longe. Tá acabando comigo. Queria ligar o foda-se pros karmas da minha evolução espiritual e te desejar tanto mal até a sua chinela virar ao contrário e você bater o seu carro. Mas sou incapaz de te desejar coisas ruins porque sempre te amei mais do que você merecia. Pega o meu sonho de ter a Bella e realiza sem mim. Sei lá. Faz qualquer coisa assim absurda que me decepcione pro resto da vida. Bem além do que você já fez, sabe? É que eu acho que já chega de pensar que amar é chorar escondida. E puta que pariu, como tá me dilacerando não escutar a música nova do Bruno Mars com você. Ou não te contar sobre aquela minissérie que me arrepiou todos os fios de cabelo. Não consigo decidir se preferia nunca ter te conhecido ou se a nossa história é valiosa demais pra se perder no esquecimento. Mesmo implorando aos deuses, ao tarô e aos astros pra esquecer teu nome, ainda me pego aterrorizada tentando catar do fundo do poço todas as memórias que ainda sobraram. Tenho medo de me arrepender depois se eu escolher esquecer. É sorte demais ter amado alguém genuinamente enquanto ainda sou tão jovem. Mas eu te peço: vai embora de mim. Eu não mereço toda essa devastação. Fui tudo que eu podia ser pra você. Sou uma pessoa má às vezes, mas meu coração ainda dói (nem que seja de ódio). Eu até te amo. Mas você me dá ânsia. Quando te vejo, meu estômago embrulha de pavor. Fico tentando vomitar você. É que eu não sei mais quem você é. Aliás, nem sei se já soube um dia. Então pelo amor do Deus que você nem acredita, desaparece daqui. Só vai. Sabe o que eu sempre quis te escrever num bilhete? O 1% do que você merece ouvir, aqui óh: “Pois então vai, a porta esteve aberta o tempo todo. Sai! Quem tá lhe segurando? Você sabe voar! A porta na verdade nem existe. Sai! O que está esperando?”. Uma composição clássica sobre gentinha vazia igual a você, sacou? Só junta todo o seu ódio de mim e vai. Me deixa com os deuses, o tarô e os astros. Eles têm me protegido do encosto que é você. Não te amo do mesmo jeito que antes nem de longe. Mas de todo jeito… ainda te amo. Porque minha evolução nessa encarnação provavelmente depende do nosso encontro. Mas se a missão é me entender com você, prefiro fazer minha passagem pro outro plano sendo reprovada no juízo final. Desde que você não esteja no meu Bad Place. Nunca fui sua como pensei que fosse, G.
Gabriela Nogueira | Carta digitada em uma epifania de libertação do homem que eu mais amei na vida.
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Fortaleza, meados de Abril de 2021 “Amor da minha vida, minha conquista”, Estou escrevendo uma carta que você nunca vai ler porque não tenho mais certeza de nada, só que sinto alguma coisa muito genuína por você. Às vezes sei que é amor, outras vezes saudade e também muita mágoa. Mas juro que o ódio nunca passou da boca pra fora, por mais que eu quisesse que ele fosse real para tornar todo o nosso ciclo menos doloroso para mim. Eu sei que você pensa que eu te odeio, da mesma forma que penso isso sobre você. Então te peço como se você pudesse ouvir (porque talvez pode): do mesmo modo que você consegue captar meus sentimentos negativos, por favor perceba também como eu tenho sentimentos puros. Não sei se eu já te machuquei pra valer, mas acredito que sim. Também devo ter errado muito com você em alguns momentos. Eu sei quem você é e sei que já baguncei alguma coisa aí dentro. Espero que você realmente não me odeie por isso e entenda que amar alguém com todo o coração não é uma tarefa fácil. Mas eu lutei. E te amei muito. Sei que esse amor não foi embora, porque nem eu sei a força que ele tem ou como ele chegou até aqui. Mas sei que ele se transformou em algo que eu nunca experimentei antes. Porque por mais que doa te amar sozinha e calada, eu só quero que você seja feliz e livre. E que descubra todas as versões maravilhosas de si mesmo que você pode ser para viver em paz. Eu sei como é ser privado da própria liberdade e personalidade. Já sofri tanto, a ponto de não me reconhecer mais. A ponto de pensar que nada de mim mesma havia restado aqui dentro. É por isso que eu desejo que você sempre tenha liberdade para ser quem quiser e amar quem quiser. Mesmo que não seja eu. Eu te amo. E é porque eu te amo que não posso ser egoísta e abusiva com você. Sei que sou egoísta em relação a muita coisa nessa vida, mas desde o dia que te conheci eu sabia que nunca iria viver algo igual a você. Diferente de tudo. Bagunçado, com adrenalina e frio na barriga que não cede há 3 anos. Parece incrível vindo de mim o que vou dizer agora… Mas não fico mentalizando para o Universo para que você volte para mim, como eu fiz quando me apaixonei antes por outros homens. É que eu não quero e nem devo te privar das suas escolhas. Faço de tudo para respeitar quem você escolhe ser. E torço que você consiga sempre ter paz com essas decisões. É melhor assim. É mais seguro sentir quietinha, em particular, em sonho e pensamento. Quero confiar que o meu Maktüb está fazendo um bom trabalho te guiando pelo caminho que te trará de volta naturalmente, se você for a alma que eu sinto que é. Mas também não quero mais me machucar com qualquer esperança, então te deixo ir. Tento guardar só as partes boas de ter tido você nessa jornada, mesmo que apenas por um tempo. Acho que me sinto conformada com tudo, até com a dor. Eu me acostumei com ela. A falta é que ainda dói, porque já deixou de ser só saudade. Lembro que qualquer incerteza sumia quando eu estava com você. Eu podia estar com raiva, prometendo a mim mesma que ia te expulsar da minha vida, insatisfeita com o seu comportamento… Quando você chegava, todas essas dúvidas cessavam. Te ver sorrir apertando os olhos castanhos trazia um sentido diferente a qualquer coisa que estivesse incompleta para mim. Já não estamos juntos há algum tempo porque você escolheu assim. E todas as incertezas possíveis voltaram a me assombrar, sem previsão de final. Tem sido uma batalha diária lidar com esses fantasmas. Mas ainda te amo. E estou aqui se você quiser estar também, só não vou mais tomar partido disso. Sempre vou te deixar escolher o que quiser, porque também quero escolher tudo que eu puder. E que saibamos viver com isso. Te escrevi essa carta porque queria dar uma pausa na agitação das incertezas aqui no enxame de abelhas do meu cérebro. Quem é amado por um escritor nunca morre, e eu sempre encontro meu caminho de volta a você através das palavras. Não importa quanto o tempo passe entre as nossas idas e vindas. Uma vez você me deu um livro que representa o início da minha vocação como escritora. E me escreveu à mão uma dedicatória em que desejava que eu realizasse meu sonho de escrever muitas estórias e histórias. Não consigo abrir esse livro desde quando você me deu em Janeiro. Sua assinatura tá lá, e o nome da Saguinha também. Você é uma das histórias que eu nunca me canso de escrever sobre. É incrível sempre ter palavras para detalhar a sua presença, mesmo que eu não a sinta mais. Mas o que eu realmente queria ver de novo, é como seus olhos brilham diferente ao ler cada história que vem das minhas mãos. Mas você nunca vai ler isso aqui. Inegavelmente sua, G.
Gabriela Nogueira | Carta digitada em uma madrugada de Lua cheia em Escorpião. Não foi enviada ao destinatário.
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Sinto tanto a sua falta que não sei mais o que fazer. Tudo parece fora do lugar por aqui, e fico pensando se por aí as coisas também estão assim. Não me sinto mais parte da sua vida, mas é como se de alguma forma maluca, eu ainda seja sua menina. Tenho medo da forma como o tempo passa sem ter pena de nós dois. Essa urgência tem me tirado o sono e a paz. Será que você esqueceu de tudo que eu ainda me lembro? Acho que sim. Queria pedir perdão se eu fiz algo que te feriu, mas meu coração me diz que eu também mereço um pedido de desculpas vindo de você. É frustrante colocar nessa folha de papel tudo que eu queria poder te dizer, mas não posso. Mas acho que ainda prefiro que seja assim, porque preciso me resguardar de quem você se tornou (ou quem sempre foi e eu não sabia). Odeio ter que ouvir sua voz apenas no tom que você usa com os outros, e não mais no tom que usa só comigo. Às vezes, o seu tom de voz pessoal quase parece voltar. Mas só nas situações de raiva, porque você deve me odiar. Comecei a ter certeza de que nunca mais vou ouvir sua verdadeira voz de novo, do mesmo jeito que concluí 2 anos e meio atrás. Mas dessa vez, parece que o mundo não vai dar outra volta impressionante. Me dói dizer que é definitivo: não sei mais quem você é.
Gabriela Nogueira | Texto escrito à mão no caderno de anotações do trabalho.
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Enquanto observo a mesma luz da Lua que invade meu quarto e também brilha acima da sua varanda, não pude deixar de pensar que talvez todas as coisas que eu nunca te disse estejam escondidas lá em cima. Mas você sabe de tudo, eu não preciso mais te mostrar os detalhes dessas entrelinhas. E eu continuo sem saber se é bom ou ruim você me conhecer assim, a ponto de entender os segredos que eu só deixo a Lua ouvir. É que você deve ler no meu rosto o desespero que eu sinto quando você sorri de orelha a orelha apertando os olhos castanhos. É difícil explicar, mas eu ainda acho que esse seu jeito de sorrir pode ser a minha ruína. Não sei se você sabe, mas toda noite eu rezo pedindo pra conseguir parar de amar você — porque é exaustivo amar tanto enquanto ao mesmo tempo eu deveria te desprezar na mesma intensidade. Queria demais que você lembrasse que o meu mundo ainda para um pouco no tempo toda vez que você diz que tá chegando. É que eu ainda congelo por fora e pego fogo por dentro quando tô com você, entende? As pobres borboletas do meu estômago vivem cansadas porque eu não consigo me acostumar com a sua presença. E eu vivo me perguntando o porquê de tudo isso, desde a primeira até a última hora do dia… Nunca ninguém me deixou nervosa tanto assim, e em todos os sentidos possíveis da palavra. Só me lembro da voz que fala perfeitamente todas as gírias cearenses possíveis, das piadas infames que eu finjo não achar engraçadas quando estou chateada, do cheiro daquele mesmo perfume do frasco azul, do jeito que só você mexe no seu cabelo e logo em seguida ajeita os óculos de grau quando está concentrado, das coisas que você faz pra mim quando quer agradar, do sorriso que toma conta do seu rosto quando você me chama pra sentar no seu colo lá na varanda… É engraçado como cada parte do meu corpo te odeia por tudo isso, mas também te ama tanto a ponto de ter pânico só de pensar em te perder de vista outra vez. Às vezes acho muito louca a maneira como você ressurgiu de um jeito tão avassalador e inesperado, e agora definitivamente faz parte da minha vida… Eu só queria mesmo é que você gostasse disso.
Gabriela Nogueira | Texto lido pelo muso inspirador durante uma madrugada em que meu celular foi desbloqueado. Ele gostou.
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Fortaleza, 7 de Novembro de 2020 Há dois anos, em uma das primeiras cartas que te escrevi, eu disse que ia dormir rindo de todas as novas coisas que eu ainda não havia te dito. Depois que nos reencontramos, tive essa sensação novamente várias vezes. Eu diria que tivemos momentos muito felizes nesse retorno — pelos quais eu agradeci demais a Deus, qualquer que fosse o desfecho dessa história que eu nunca consegui entender. Mas ultimamente andei pensando que ainda guardo novas coisas que não te disse porque já não posso mais falar contigo sobre tudo. Percebi que às vezes esses pensamentos que precisam ser guardados me angustiam. Hoje, ao invés de ir dormir rindo, eu me pego com um nó na garganta e o coração apertado. Eu estou agora sentada num ônibus escrevendo porque a cada segundo que passa sinto que posso explodir, e essa foi a forma que eu achei de explodir em silêncio. É que me dói muito não poder te dizer o quanto eu te admiro e falo de você pras pessoas toda orgulhosa, mesmo que ninguém entenda o que diabos eu vejo tanto em você (ninguém te enxerga como eu, talvez). Me atormenta não poder te falar como eu me sinto horrivelmente culpada por não conseguir me segurar a cada vez que te procuro, mesmo sabendo que vou levar um fora e voltar decepcionada. Ou como me machuca pensar que você me enxerga da maneira errada e não como realmente sou (a sua opinião importa pra mim). Só penso em como eu tenho medo de o tempo passar e nunca ter criado coragem pra te falar como eu me sinto. Eu sei que eu sou muito foda e posso me cuidar sozinha, claro. Mas eu não sou de ferro, também fico cansada das correrias da vida. Então às vezes tem dias que eu só queria te ligar e pedir colo porque as coisas andam meio bagunçadas. Ou ligar e contar como eu tenho vontade de te marcar em memes e como você ainda é a primeira pessoa que eu tenho vontade de chamar sempre que alguma coisa boa ou ruim acontece. Sempre que eu tenho um sonho peculiar, desperto na mesma hora tentando memorizar os detalhes pra te contar depois (que nem você me ensinou). Gostaria de poder te contar como eu lembro de ti ouvindo músicas que sei que você adoraria ouvir também. Coloco pra tocar no meu fone de ouvido e fico pensando se tá tudo bem com você e se a sua semana está tão difícil quanto a minha. Eu gostaria de poder novamente assistir a um belo pôr do Sol ao seu lado, o que seria uma ótima oportunidade pra te fazer um cafuné e contar como eu amo cada detalhe do seu cabelo (mesmo que ele fique diferente quando você está dormindo). Não deixo de ter vontade de pedir para que algum dos nossos amigos te sacuda bem forte e grite contigo dizendo que você não enxerga como eu te amo de uma forma bondosa e verdadeira. E que eu sonho alto demais com a Saga porque além de ter sido o caminho que me ajudou a encontrar a carreira que eu queria ter desde os 10 anos de idade, também é um sonho seu. Você acreditou em mim quando eu havia perdido tudo, e eu acredito tanto em você que não vou desistir de vibrar com cada conquista sua. Eu te acho muito foda, diferente de qualquer pessoa que eu já conheci. E talvez por isso tudo é diferente de alguma forma quando estamos juntos. Mas admito que eu sinto culpa por te fazer sentir culpa, e que nessas horas eu penso que me afastar pra sempre seria melhor pra você (me dói confessar isso). Às vezes fico imaginando que você está me vendo quando eu canto nossas músicas preferidas sozinha ou quando vou dormir e sinto o vazio atrás de mim sem a sua parte da conchinha. Sabia que eu ainda uso o perfume que você mais gosta porque morro de medo de trombar com você por aí? Não queria que você descobrisse o quanto eu choro escondida pra tentar aliviar mil motivos banais que me deixam exausta, porque sei que você desaprovaria o meu choro. Em dias corridos, bate aquela vontade de ligar e só perguntar se tá tudo bem, sabe? Mas eu piso em ovos e morro de medo de te incomodar, de você achar que eu tô “na tua cola direto”. Porque eu sinto falta de simplesmente cantar Queen bem alto com você em qualquer lugar que seja, pra afastar o stress e morrer de rir (eu sei que você tá se sentindo bem quando canta I Want To Break Free comigo). Lembro de como eu me sentia no céu quando você me chamava de “minha menina”, acho que sempre foi o meu apelido preferido dado por você (até mais do que “lindinha”). Queria tirar uma foto do brilho dos seus olhos a cada vez que te vejo sorrindo, pra guardar pra mim a visão de você que só eu tenho. Sinto um certo ódio quando me pego hipnotizada sempre que você chega usando aquele seu perfume que é meu cheiro “préferido”, e aí fico pensando com meus botões se você não usou de propósito. Eu gostava de fazer amor olhando pra você pra tentar enxergar no seu rosto se a gente tava fazendo amor mesmo ou se era só mais uma daquelas nossas fodas sensacionais (que eu também gostava). E caramba… Eu sinto o coração apertar de tanta vontade que eu tenho de despejar tudo isso no seu telefone, no seu email ou sei lá… Numa carta com a minha caligrafia que você conhece tão bem. Me pergunto se as minhas cartas antigas continuam guardadas entre as páginas do seu livro imenso do Oscar Wilde, ou sei lá aonde você escondeu esse passado. Eu só sei que a sua ausência deixa tudo cinza pra mim. E eu tento esperar passar esse vazio como nós dois combinamos que seria melhor… Mas comecei a achar que não passa. Tem dias que parece que tá quase lá, sabe? Que vaaaaai passar… E aí não passa. Eu não consigo mentir pra mim mesma dizendo que a falta passou, mas continuo lutando pra achar uma forma de acreditar nisso. Não sei mais o que escrever pra encerrar esse texto. Estou mais cansada do que posso dizer e mais confusa do que posso pensar. Muitas coisas acontecem ao mesmo tempo por aqui, mas você sempre vai ser você. E eu não sei o que eu faço com isso, porque eu tenho medo de nunca mais te achar se eu procurar te perder. Acho que tudo que eu posso dizer é que no meio dessa bagunça toda, receber uma mensagem sua só perguntando se tá tudo bem poderia me fazer suspirar de alívio. Não sei o que fazer longe de você, G.
Gabriela Nogueira | Carta escrita no bloco de notas do celular, com o mesmo destinatário da carta de despedida escrita em setembro de 2018.
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Brasília, 02 de maio de 2019 M, De todas as coisas que me lembro sobre você, a que mais invade minha memória é seu jeito de olhar. Há uma certa profundidade nos seus olhos (que aliás, tentei muito, mas não consegui determinar as cores exatas para poder descrevê-las) que te dão o talento de dizer mil coisas mesmo em silêncio. Eu não sabia ainda que conseguia ouvir as palavras que seus olhos deixavam no ar. E eu, tão imersa na minha imaturidade enérgica de quem ainda não pensa antes de falar, falava pelos cotovelos em centenas de tons diferentes de voz e no fim das contas, não conseguia dizer nada do que deveria ou pretendia. Mas eu sei que dizia o necessário quando te tocava: viajava à planetas distantes enquanto colocava em prática meu talento de dizer mil coisas sentindo a textura maravilhosa do seu cabelo. Tenho sentido tanto a sua falta que finjo que converso com você o tempo todo. Eu já tinha naquele final de semana tantas coisas pra te falar, mas não tive tempo suficiente pra descobrir que precisava organizar certos problemas pra poder te dizer em palavras aquilo que só com um cafuné eu não conseguiria deixar claro. Às vezes, até o óbvio deve ser dito. O que eu tenho de mais importante pra te dizer é, na verdade, explicar que eu sou como um quadro de tiro ao alvo. E as coisas ruins e pessoas ruins e sentimentos ruins me alvejaram bem no ponto do centro durante muito tempo – às vezes com balas de borracha, só pra me desnortear. Outras vezes, pra me destruir, com munição de fuzil. E eu me acostumei com isso e passei a parabenizar, como uma juíza de torneio de tiro, a boa pontaria de quem conseguia me ferir naquele ponto. Eu achei que amar era a quantidade de dor que alguém podia suportar pelo outro sem desistir, e então suportei incontáveis tiros no centro do meu alvo interno porque achei que era algo nobre, mas nunca foi. É madrugada agora e ah!, como eu queria estar vendo essa chuva cair na minha janela junto com você… Tudo parece tão claro agora, mesmo na confusão do efeito de vários remédios e do barulho da chuva. Eu acabo de descobrir como eu estava achando tudo errado e definindo verdades tão absurdas pra minha vida sobre como as coisas são! Tive tanto medo de olhar pra simplicidade do mundo e me cegar, que acabei não percebendo como a dor não havia me ensinado nada além do que é estar completamente no escuro. Demorei meses, anos e dezenas de ataques de pânico pra aprender que mesmo sem querer, a minha birra pra me proteger de novos tiros estava, na verdade, me escancarando aos atiradores. Eu sempre estrago tudo. O que eu quero te dizer olhando no teu olho é que só agora eu entendi você. E entendi os seus porquês, o que você é e porquê não te esqueço nunca. Você tinha tudo pra me fazer tão bem. Mas eu olhei pro monte de feridas acumuladas e ao invés de te parabenizar por tentar remover as balas alojadas no meu alvo para conseguir limpá-lo, tudo que eu fiz foi querer te mandar embora por achar que você não estava cumprindo sua obrigação masculina de atirar em mim, então concluí que não podia existir sentimento nenhum, afinal. “We accept the love we think we deserve”, um filme me disse certa vez. Não fui capaz de escutar com clareza tudo que você dizia calado quando não tirava os olhos de mim. Não fui capaz de parar de botar sal na ferida e tentar te forçar a fazer isso junto comigo. Eu fiz merda. Ferrei com tudo e deixei você escapar feito água entre os dedos. E não almocei com você naquele último dia que eu pude. E não te beijei no banco do parque ou em frente ao museu que você me levou pra ver uma exposição. Certa vez, antes de eu sair do seu carro, você sorriu e disse que meu cabelo sujo estava lindo (subi três lances de escadas com o coração pulando corda em chamas). Eu sou indiferente à tanta gente, eu sou invisível pra todo mundo. Mas no meio dessa merda toda, você sentava nas beiradas do meu alvo e prestava atenção em mim como ninguém havia feito antes. Você me enxergava. É nisso que eu penso o tempo todo desde que percebi o que havia perdido. Você me enxergava tanto que conseguia ver a minha beleza que ninguém vê, escutar minha risada que ninguém escuta, me ajeitar no banco do parque porque queria me ver sob o melhor ângulo enquanto dividíamos aquele cigarro (como você falou esses dias, numa sexta-feira). Eu nem lembrava qual era aquele dia semana, mas você lembra tanto de tudo e eu sinto uma falta absurda de como você guarda os melhores detalhes. Você se parece tanto comigo. Você se preocupava com o momento exato de dar play na música do carro, com que eu não perdesse a visão do vento movimentando as águas do lago lá embaixo da ponte, com a fumaça de cigarro doce (que te lembrava alguém da sua família) se misturando com o monte de coisas que a gente deixava no ar dentro do carro. Eu fui feliz demais naquele dia. Quando eu quero me sentir menos solitária, eu gosto de pensar que você ainda está ao lado observando algum ângulo do meu rosto ou tentando fotografar de fininho o que você vê tanto em mim, mas eu e as outras pessoas não enxergamos de jeito nenhum. Eu sinto sua falta em dias que nem penso em você, e mais ainda em dias que penso em você o tempo todo. Não há como negar tudo isso. Fico pensando que mesmo se estivéssemos na paisagem mais seca e rochosa do mundo, sempre haveria uma imensa árvore colorida: você. Você é minha árvore colorida. Eu me pego constantemente na ânsia de lembrar do teu cheiro, porque seria como o aroma das tuas flores. A maciez particular do teu cabelo e toda a pele, porque seria a textura das tuas folhas. A força e profundidade que teriam tuas raízes, porque seriam o caráter gentil e forte que eu sempre procurei ter ao lado pra aprender novas formas de fortalecer minhas próprias raízes. Outra coisa que eu poderia te dizer muito melhor pessoalmente é o quanto preciso que você me perdoe por não ter te enxergado tanto quanto você merecia. Por naquela época ter o olhar concentrado na dor das minhas balas alojadas e ter por elas uma síndrome de Estocolmo tão grande a ponto de não perceber que você era parte de toda a novidade feliz que eu estava procurando quando decidi juntar minhas coisas e pegar aquele avião pra Brasília, sem saber o que estava fazendo mas tendo certeza do que estava fugindo. Você está aqui agora. Você está deitado no lado direito da minha cama observando e esperando eu terminar de escrever tudo isso que não posso deixar de anotar e que o tempo passe sem que você saiba. Você está aqui novamente me dizendo coisas em silêncio, satisfeito pelo estalo literário provocado pela minha epifania emocional. Finalmente consigo, com a força do pensamento, te escutar, enxergar e tocar com a clareza necessária. E posso sentir aquela dor ambígua que tantas vezes discutimos sobre (e que eu, maliciosamente, adorava te causar quando você estava em situações nada oportunas). Sobre desejar tanto alguém a ponto de pegar fogo por dentro até doer deliciosamente. Eu vomitaria muito melhor tantas palavras se pudesse agora escrevê-las com arranhões em suas costas. Você estava ali e continua agora, eu sei. Então me perdoa por ter sido uma baita covarde. Tive medo demais de você porque você não teve de mim. Quando você me levou pra almoçar na sexta-feira naquele restaurante repleto de azulejos e lustres multicoloridos, eu não te toquei. Mas eu tremia por dentro por desejar enlouquecidamente descobrir como a pele rosada das maçãs do seu rosto seria; como seu cabelo castanho com uns charmosos fios brancos aqui e ali brilharia deslizando entre meus dedos; como deveria ser gostoso colocar o rosto no teu pescoço no meio de um abraço e conferir de perto todo aquele cheiro que eu havia sentido de leve no carro, agora misturado ao cheiro de comida italiana. E ah! Como eu queria mandar você parar aquele carro e descobrir se a temperatura da sua língua seria quente o suficiente pra me fazer gemer suspirando. Sentia a dor ambígua que no dia anterior havíamos comentado só por estar sentada a menos de um metro de distância de você. Mas eu fiquei parada e não movi minhas mãos um centímetro adiante sequer. Fiquei com medo de te sentir e descobrir que você era exatamente tudo que eu imaginava com meus cinco sentidos. Eu corria o risco de me cegar com toda a luz que há em você. Quis correr, mas alguma força invisível me prendia ao chão e às nuvens de Brasília simultaneamente sempre que eu estava com você. Não te toquei de jeito nenhum e tentei adiar o máximo possível o momento em que faria isso. Mas exatamente na tarde seguinte, num sábado indeciso entre Sol e chuva, não pude reprimir meus desejos. Não te toquei, mas finalmente permiti que você o fizesse. E você fez literalmente igual à maneira lenta, deliciosa e quente que tantas vezes eu havia fantasiado. Um beijo com toda a calma e apreciação que eu tinha certeza que você teria. Depois, suspirou entre os meus cabelos e a minha nuca tatuada e disse que eu era exatamente do jeito que você havia também fantasiado tantas vezes, sozinha no meu quarto entre lençóis brancos. Outra coisa que eu quero te dizer é que agora eu sei que você gosta de mim e talvez – um talvez BEM GRANDE –, eu seja o que te lembra árvores coloridas, apesar de ser um mandacaru que raramente floresce. E que acima disso, eu sei que eu estraguei tudo de um jeito que não nos permitirá voltar pra calmaria daquele momento que eu te flagrei me fotografando na chuva (enquanto eu me perdia na fascinação por uma fila de formigas cuja força de carregar pesos tão desproporcionais me faz sorrir exatamente como na foto que você tirou). Queria te dizer que o meu vício por valentia nunca me fez gostar menos de você, mas me fez na verdade gostar tanto, que queria parecer valente o suficiente tentando provar que não precisava gostar de ninguém. Queria te dizer que no dia dos nossos aniversários de 21 e 33 anos, tive tanta raiva de estarmos longe e de pensar em você o dia todo, que acabei arrumando pretexto pra te tratar mal e não te dei feliz aniversário direito. Tive ciúmes de quem podia fazê-lo pessoalmente. Eu sou orgulhosa demais pra admitir, mas também sempre quis te dizer que eu queria que, dali em diante, o horário da meia-noite que marca a transição do dia 06 pro 07 de março fosse o nosso instante mais particular do ano. Queria te dizer que toda vez que toca Pink do Aerosmith no meu iPod eu avanço de música imediatamente, porque seria um crime sentir o prazer dessa música sem você, sem brincar perigosamente de montanha russa nas tesourinhas do Plano Piloto. Me arrependo até hoje de ter reclamado tanto do lago por estar com saudades do mar e não ter aproveitado a nova paisagem pra te agradecer com um beijo por ter me levado num lugar especial pra você. Queria te dizer que você não precisava ter tido toda a paciência de Jó pra aturar uma pessoinha emburrada e teimosa. E que eu não espero de você mais nada em troca ou desfazer tudo que eu já te fiz. Mas sei lá… eu só precisava ficar em paz por te permitir saber de coisas que eu nem sabia que tinha dentro de mim. Gostaria de lembrar agora de outras dezenas de detalhes que me fazem sentir falta do homem que perdi antes mesmo de chegar a ter. Eu disse que não podia te ver nunca mais porque não conseguia mais me apaixonar por nada… Nem imaginava que já havia acontecido. Grata por agora ter um motivo real para adorar o amarelo dos ipês. Eu me apaixonei por uma árvore colorida. Com carinho, G.
Gabriela Nogueira | Carta escrita à mão e enviada pelo correio ao meu pisciano preferido, com um ramo da flor colorida de uma árvore que gostávamos de ver juntos. Ele guarda a carta e as p��talas secas até hoje.
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Hoje eu quero ser clichê e falar de você apenas em forma de gratidão. Grata por ter te conhecido a tempo de me apaixonar pelo brilho castanho claro dos teus olhos que sorriem. Grata por ter encontrado a coragem de reconhecer em segundos um novo cheiro, por arrepiar todo o corpo com uma nova voz e por dormir dando risada de todas as novas coisas que eu ainda não te disse. Grata por ter apreciado teu semblante preguiçoso naqueles primeiros instantes em que a gente acorda meio míope e perdido com a luz do Sol atravessando a janela. Grata porque depois de muito tempo ouvindo as buzinas irritadas da cidade, eu pude voltar a lembrar que as manhãs ainda têm o canto dos pássaros e os resquícios da chuva fininha que caiu de madrugada. Grata porque tive a chance de descobrir que de vez em quando eu ainda posso me reencontrar numa menina doce ao invés de sempre me procurar numa mulher rebelde. Grata porque amo tuas qualidades e mesmo enxergando teus defeitos, eu os aceito como a pessoa inteira que você é. Grata porque consigo perceber que teus lábios não têm apenas o gosto de lábios, mas de lábios que são só seus. Grata porque vou querer te esconder meus rascunhos bestas mas no fim das contas não vou conseguir porque cada um deles é um pedacinho meu que te entrego pra você guardar dentro de alguns dos seus livros preferidos. Grata por ter parado de fingir que sou a mulher maravilha pra conseguir caber no teu colo quando você quis me mimar. Grata por ter me esquentado na tua pele até quando o meu frio não era físico. Grata por poder “brigar” com você pelo espaço e pelo lado da cama, pela tua barba que eu achei pra me esfregar e não quero que você tire e até a comida da geladeira que eu te induzo a devorar logo, mesmo que você deteste comer depois das sete. Grata por estar me encantando e te perdendo simultaneamente porque depois disso eu serei ainda mais resiliente, mas com momentos sensacionais de nós dois na memória. Grata por ser tão completamente minha a ponto de saber que tô fazendo a coisa certa quando às vezes me permito sentir um pouco tua. Grata porque pelos nossos dias contados eu pude finalmente entender a importância de uma teoria que li uma vez sobre como cada infinito pode sim ter seu tamanho particular e estar dentro de um outro, e outro e mais outro… Sem deixar de ser infinito. Grata por fazer tudo que posso pra sentir que o último dia que passou não é um a menos para estarmos juntos, mas sim mais um dia que eu pude e consegui fazer valer a pena. Grata porque como no meu livro preferido, nós nos cativamos juntos. E talvez uma plantação de trigo sempre traga lembranças de alguém que lhe é único no mundo, mas também porque todo pequeno príncipe precisa viajar com suas andorinhas antes de voltar mais sábio pra sua rosa. Não foi à toa. Você não é à toa. Isso, nós. Gosto tanto de você, G.
Gabriela Nogueira | Carta escrita à mão e entregue às vésperas de uma despedida em setembro de 2018. Sim, ele voltou mais sábio, 2 anos depois. Não foi à toa.
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A gente nunca fez amor pra valer. Você sempre se aproveitou do fato de pesar mais que o dobro de mim pra poder me pegar desprevenida e me dominar de todas as maneiras selvagens possíveis. Fosse na posição mais tradicional ou por trás. Me segurando pelo pescoço pra fazer com mais vontade. Teu corpo imenso de lutador esmagando meus 48 quilos, prendendo meus dois pulsos com uma mão só, beijando a minha testa quando vinha devagar ou até mesmo me dando tapa na cara… Você sempre me deixava completamente do avesso. E eu gostava. Gostava pra cacete! O problema é que eu gostava de tudo isso mas não conseguia parar por ali quando o assunto era você. Eu queria mesmo é ter tido tua companhia pra sentar na areia e assistir a um pôr do Sol ou talvez até dois, se eu tivesse muita sorte. Eu queria que você tivesse tirado uma noite, só uma, para me despir em câmera lenta e beijar cada centímetro da superfície da minha pele até fazê-la esquentar entre os arrepios, me obrigando a implorar que você adentrasse meu corpo. Mas você tinha medo de mim e eu tinha pânico de você. Não conseguíamos fazer as coisas assim. No máximo, atingir o ápice ao mesmo tempo. Mas amor devagarinho e sacana? Não. Era assustador demais pra quem estava acostumado a só deixar o outro do avesso, sem direito a pôr do Sol nem nada. E eu nunca consegui aprender a conversar sobre isso com você porque além de ter que fingir que eu não estava nem aí, eu sempre soube de uma verdade da vida: amor não se pede. Nem mesmo na cama e com as intenções mais libidinosas: amor não se pede.
Gabriela Nogueira | Escrito em 2018.
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Fico repassando de maneira sinestésica todos os detalhes de quando você estava por perto. Tuas mãos grandes que quase fechavam ao redor da minha cintura fina, o rápido selar de lábios que nós sempre trocávamos no lugar do “olá”, o teu olhar sério que ora me dava medo, ora me dava tesão. Quando eu usava um tom de voz diferente contigo sem perceber porque perto de mim, você às vezes também tinha um tom que só eu percebia que deixava tua guarda aberta. O jeito que você sempre perguntava se eu queria alguma coisa do supermercado pra comer no café da manhã, mesmo sabendo que eu iria dormir encolhida no teu corpo nu até a hora de ir embora. O sorrisinho meio que mordendo o piercing do lábio inferior que você fazia até eu passar pelo segundo portão da minha casa e desaparecer da tua vista, mas eu ainda conseguia ouvir a buzina da tua moto e também podia jurar que você enxergava o tamanho do meu sorriso mesmo já estando na esquina da rua de cima. Como você vivia me explicando a origem das coisas mesmo quando eu não perguntava, igual àquele programa infantil “de onde vem” e eu te achava inteligente e metido a besta ao mesmo tempo. A mania obsessiva que você tem de amarrar a faixa do kimono no armador de rede ao lado da cama pra apoiar seu calcanhar e ficar balançando a perna que você tem o joelho com ligamento rompido. O fato de eu sempre precisar de ti pra abrir um pote ou sua garrafa d'água imensa da academia. O notebook que você deixava ligado rodando desenhos chatos infinitamente até me dar nos nervos porque eu gosto de dormir só com o ruído do ventilador e você só com o ruído de diálogos televisivos. Como você se soltava enquanto dormia e sem perceber sempre beijava minha testa, apertava meus ombros pra se esquentar ou cheirava meu cabelo perto da orelha... (...) (...) Quantas reticências! Só sei que repasso e escrevo tudo isso detalhadamente porque mesmo sabendo no fundo que devo apagar suas memórias, não queria acabar esquecendo como é ter você por perto e acabar admitindo a mim mesma que todas essas sensações maravilhosas agora são histórias distantes que deixei escorrer entre os dedos.
Gabriela Nogueira | Escrito em 2018.
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Melhor que te ver chegar, só ver teu semblante completamente maroto sempre que eu surgia no teu portão. Eu sabia que me ver chegando também parecia aguçar os teus sentidos e aliviar todos os estresses que você andava guardando para extravasar enquanto beijava meu corpo todo. Você um dia também teve anseio pela minha chegada. Espero que não tenha se esquecido disso.
Gabriela Nogueira | Escrito em 2018.
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Não tenho saudades suas. Sentir saudade é tipo quando você tá prestes a ter aquele colapso num dia cheio, mas consegue se sentir feliz do mesmo jeito porque lembra que no fim de semana vai poder dormir juntinho com a sua pessoa preferida. Saudade é saber que mesmo passando alguns dias separados, sempre vai haver um tempinho livre pra ficar por perto e sentir alívio de ouvir aquela voz fora do telefone. Saudade é o que a gente sente quando ouve “na minha próxima folga vamos ao cinema” ou “já venho, vou na farmácia”, porque é ter a garantia de que haverá uma próxima vez. Eu jamais pensei que a nossa última vez fosse ser a última, e é por isso que ao invés de ter saudades eu sinto mesmo é a sua falta. Sentir falta é algo que deixa o ser humano em pânico desde cedo, né? É quando a gente precisa desesperadamente daquela presença e tem certeza de que ela não vai voltar mais, como quando a mãe vai trabalhar e a criança pequena fica esperneando pensando que ela foi embora pra sempre. Ter a certeza de que alguém foi embora pra sempre é igual a passar um luto, mas é mais estranho porque é por uma pessoa que sequer morreu. A gente se sente muito patético quando percebe que o coração aperta daquele jeito por alguém com quem ainda se pode esbarrar em alguma esquina. Com o tempo, a dor do aperto vai mudando pra dor de um vazio que nos piores dias, se a imaginação for fértil, a gente tem a impressão de que pode sentir fisicamente o buraco ir roendo o que ainda restou do peito. E sei lá, talvez o pior de tudo nem seja parecer que você foi embora pra sempre. Pior mesmo seria se a gente se esbarrasse na tal esquina e nos sentíssemos completos estranhos, trocando aquele “oi” tão superficial que pareceria até que os dois passaram através um do outro como fantasmas passam através de portas. Como se nada tivesse acontecido, como se você nunca tivesse ajeitado os travesseiros coloridos embaixo de mim pra me abraçar de conchinha e expirar o ar quente dos seus pulmões na minha nuca tatuada. E sabe o que mais ainda iria doer depois que isso acontecesse? Saber que ao cruzar com você em silêncio, apenas eu pude escutar sozinha o barulho que a gente faz.
Gabriela Nogueira | Escrito em 2018.
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