Escritora de fantasia sobrenatural com protagonismo sáfico
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A libertadora experiência de (realmente) escrever
Não é a primeira vez eu venho aqui escrever sobre escrita e admito que meu sumiço se deu a uma nova oportunidade de vida que me permite aproveitar meu tempo de verdade. Não é difícil imaginar que a situação de vida em que você se encontra ajuda a dificultar seu acesso à criatividade e a motivação necessária para seguir com seu universo.
Em março de 2024, eu disse que estava de volta e eu não menti, nos meses que se sucederam dessa data, enquanto minha vida começava aos poucos a voltar para os trilhos, retomei um projeto de quase dez anos de existência, comecei a organizar ele e com muita paciência consegui um resultado agradável de planejamento, e percebi que era hora de escrever.
Mas, quando fui colocar a mão na massa, percebi um problema no projeto: ele nunca sairia como eu esperava, eu precisaria de muito conhecimento para conseguir colocá-lo em prática e ser sucedida com isso, era um projeto importante demais para ser o que eu iria quebrar a cabeça e aprender tudo do zero. Foi por isso que decidi escrever algo novo, algo diferente e vou ser honesta. Achei que eu não fosse conseguir.
Há cinco meses, criei um quadro no Notion, um planejador de escrita que até aquele momento não tinha nome, não tinha forma e pessoalmente, não tinha ideia. Mas eu ia precisar cavar nos confins da minha existência uma história que poderia ser contada. Eu tinha um punhado de inspirações e um sonho.
Aos poucos fui lapidando alguns elementos de construção de mundo e criei a cidade do meu livro, depois as personagens e agora e por fim a trama. Todos esses elementos continuam em andamento, todos os dias, desde então, eu venho até eles e os desafio a se manterem onde estão, os aprimoro e brinco com os detalhes que me agradam.
Ainda tenho muita insegurança, muita coisa ainda passa pela minha cabeça quando começo a escrever e refletir sobre o que esse livro será e sobre o que eu quero ser, como autora desses livros. Aos poucos, entendo que vou encontrando meu lugar, e essa experiência é muito mais valiosa do que tudo que eu já vivi, consigo sentir que tenho um propósito de escrita e principalmente há um caminho a seguir que eu consigo ver o final, meio borrado, mas está lá.
Desde que prometi voltar a escrever e voltei de fato a escrever, muita coisa mudou na minha vida e o saldo foi incrivelmente positivo, pois agora, pela primeira vez na vida adulta eu tenho tempo, motivação e ideias para seguir em frente com minhas histórias e compartilhar minhas ideias e meus personagens com quem quiser ler.
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E se os quadros mudassem?
Cada vez que eu olho para minha parede, sinto que vejo as exatas mesmas coisas que os dias anteriores, como se a minha vida, refletida naqueles quadros, que eu achara tão belos quando os colocara na parede pela primeira vez, não fossem tão bonitos agora. Aquela mesma paisagem, aquele mesmo retrato, aquela mesma arte. Desde pinturas até fotos, nenhuma delas ousava ser diferente do que era a um dia atrás e no dia antes desse.
A estabilidade é confortável e desgastante. Confortável porque a mudança não existe, aquilo vai ser pra sempre o que é, imutável em todos os seus aspectos, mas é desgastante porque você sempre espera que algo diferente possa acontecer, que um quadro de uma floresta a noite amanheça, que o retrato de uma mulher chorando sorria, mas nada, nunca acontece.
A parede se torna soturna, o quadro sobre um jardim de lírios trás um vazio em sua essência, algo que parece entrar dentro de você e esvaziar sua mente, tirá-la do lugar e te colocar na posição de um quadro a ser observado por você mesmo, inanimado e desanimado. Como uma casca sem emoções restantes, como se suas felicidades e angústias tivessem congelado assim como um dos pequenos quadros da lua. E como poderia ficar parado? Como poderia chegar ao ponto em que a lua não giraria mais em torno da terra e a terra pararia em torno do sol? Você também parou? Por quê? Por que quando você comprou aqueles quadros você nunca pensou que eles seriam os mesmos para sempre? Por que você escolheu eles e não os outros que tinham na loja? Aquele com o casal ao pôr do sol, ou aquele que te chamou atenção, que era um lindo cachorrinho correndo num campo, eram tantas opções e ainda assim você decidiu levar aquele com uma foto de plantas penduradas em uma varanda com uma vista para a cidade. E você ainda quer que eles mudem?
Ou, seu maior desejo é que você mude? Que eu volte e que nós possamos mudar quando você estiver comigo no lugar. Ainda me vejo como uma carcaça, um corpo perdido no meio do vazio de quarto e com a parede de quadros, agora…. Diferentes? O casal está lá, junto do cachorro, mas a lua sumiu e amanheceu na floresta, mas você… eu… estamos iguais a antes, ainda infelizes. Nada dentro de nós mudou quando os quadros deixaram de ser o que eram, nós não os acompanhamos, eu continuo inalcançável e você continua perdida. E onde eu estou? Se eu te vejo, quem me vê? Você me vê?
Eu sei quem você é, sei das suas indagações, mas você consegue me ouvir como eu te ouço? Eu vejo o que você faz, eu sei pra onde você vai, eu sei o que você pensa, mas eu não sei quem eu sou, se eu penso, se eu consigo ir para algum lugar sem você, se eu posso encarar os quadros na parede sem ver você na frente deles. Algum dia esses quadros me trarão alegria? Talvez eu os tire da parede, deixe ela vazia, tampe os buracos dos pregos e nunca mais ponha nada lá, é uma boa ideia, fingir que nunca houveram quadros naquela parede e que você nunca deixou de gostar deles, porque eles nunca existiram. É uma boa ideia porque talvez você nunca possa gostar de algum quadro que esteja naquela parede, talvez outra parede seja digna daquele quadro que não a sua.
Mas eu quero quadros, eu amo como a arte e a fotografia podem fazer nossos sentimentos fluírem, eu preciso dos meus quadros, não me importo se eles forem sempre os mesmos, desde que eu os ame, eles sempre serão o suficiente. Até eles se quebrarem, caírem, se despedaçarem. Os vidros que os protegem espalhando-se pelo chão, mesmo que eu tente pegá-los, regatá-los para pôr de volta em seus lugares, eu só me machucaria, minhas mão ficariam cheia de corte e suas lágrimas saíram, talvez tivesse sido melhor tirar os quadros antes deles quebrarem. Limpar a bagunça vai ser difícil, não sei se eu vou conseguir limpar tudo, não sei se a lembrança dos machucados dos quadros quebrados vão me permitir colocar novos no lugar.
A parede está sem quadros agora, os pregos que machucam a parede estão expostos, o chão está cheio de vidro, afundado em lágrimas e sangue. E você está sozinha, vazia e imutável, do jeito que estava quando os quadros das paredes mudaram.
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Eu & Escrita
Posso dizer, facilmente, que criar histórias é a coisa que eu mais amo fazer na vida, desde o momento de pensar no mundo, nos personagens em como aquela história irá acontecer, minha relação com a escrita vem de altos e baixos comigo mesma e como essa relação afeta tanto essa minha paixão.
A primeira vez que eu me lembro de escrever foi uma fanfic de Inuyasha, eu tinha doze anos e a professora de redação da minha escola me ajudou, pessoalmente, a organizar minha história, eu escrevia em folhas de almaço (minha mãe odiava porque eu gastava todas elas), e com o tempo eu tinha uma história muito extensa e os conhecimentos que minha professora me passou são usados até hoje quando escrevo minhas histórias.
Infelizmente, acabei perdendo os papéis dessa fanfic em algum momento da adolescência e nunca mais pude relembrar essa história. Porém, da mesma maneira que eu escrevi essa, eu escrevi várias outras. Não sei se eu vou me lembrar de todas as coisas que eu fazia fanfic, mas irei listar as que ainda estão em minha memória: Fatal Frame II, Beyond: Two Souls, Devil May Cry, Girls’ Generation, Percy Jackson (essa sempre foi minha queridinha, pois a escrevi em conjunto da melhor pessoa que eu pude conhecer durante essa época). Mas o tema que eu mais tinha escrito era, definitivamente, Girls’ Generation, achava libertador precisar apenas criar a história, até então, eu não me julgava realmente capaz de criar personagens.
Eu pensava que não tinha capacidade de criar personagens que fossem interessantes, por isso, as fanfics eram o lugar perfeito, usava as carcaças desses "personagens" para criar histórias. Até o momento em que eu finalmente tentei, e criei minha primeira personagem original, mas foi a partir dela que eu comecei a querer criar as minhas coisas do zero. Eu escrevia porque gostava, gostava de viver aquela situação que não era minha, de saber que eu pude colocar para fora minhas ideias e pensamentos e acima de tudo, eu amava a liberdade que minhas criações me traziam. Naquela época, eu pouco me importava com como eu escrevia, mas sim, que cada coisinha que eu fazia era importante para me fazer feliz.
Infelizmente, nessa história nem tudo são rosas, eu tive a minha Idade das Trevas, não me lembro quando isso começou, mas eu não escrevia mais, eu nem sequer lia mais. Minha vida entrou em um estranho modo em que só as redes sociais, talvez, me fizessem distrair das coisas que estavam acontecendo na minha vida. Foram anos vivendo nesse sentimento vazio de que eu tinha deixado de fazer aquilo que mais importava na minha vida, criar histórias, mundos e personagens. Cogitei fazê-los de outras maneiras, mas nenhuma delas me apeteciam como a escrita, nenhuma delas era tão confortável.
Eu pensei que passaria a vida inteira assim, longe do que eu mais amava, mas em um momento isso mudou, hoje, eu tenho ideias, tenho histórias, mundos e personagens me esperando para serem escritos e eu estou colocando-os na vida real em forma de palavras, fazendo pela diversão e por amor, aquilo que eu não fiz por tanto tempo. Escrita sempre havia sido um refúgio para mim, por que não poderia ser agora? Por que entre todas as coisas que eu gosto de fazer, a escrita não seria a minha salvadora?
Aqui estou eu, escrevendo um texto sobre como eu senti falta de escrever, mas estou voltando, e como isso está mudando aos poucos minha vida e meu ano, mesmo que ainda estejamos no terceiro mês, eu fiz mais do que eu pude fazer em anos. Hoje, eu posso dizer que meu eu de verdade voltou a fazer o que mais ama e que não quer parar até ter o primeiro, segundo, terceiro até mais livros escritos, podendo expor todas as ideias que me fazem tão bem e que, talvez algum dia, possam fazer alguém bem também.
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O sonho de muitas noites
Não me recordo com quanto anos eu tive esse sonho ou por quantas noites ele me assombrou, porém, na minha infância ou pré-adolescência, tive um sonho que durava diversas noites e a estrutura dele era sempre a mesma:
A rua estava escura e deserta e não existia nada além do chão e de uma casa branca, ela era fina porém alta. O sonho sempre começava comigo parada em frente a esta casa, me preparando para entrar nela. E eu entrava me deparando com dois corredores extensos ao meu lado. Não havia nenhum tipo de explicação física para aquilo, cito isso apenas por ser elementos que eu ainda me lembro. Eu sempre tomava um caminho, direita ou esquerda, tanto faz, cada noite era diferente, porém, o resultado era sempre o mesmo. Andava um pouco e acordava, e assim foi todas as noites.
Até que, na minha última noite que sonhei esse sonho, o início era o mesmo, porém, eu avança mais a dentro da casa, e me deparava com um grande mezanino com vista para um salão enorme abaixo dele, que estava vazio exceto por uma porção de cadeiras escolares em um ambiente limiar e escuro, aos poucos eu conseguia ver melhor as coisas ao meu redor e eu reparava que estas cadeiras estavam ocupadas pelos meus colegas de turma daquela época, me lembro do sentimento de reconhecer ao menos duas pessoas claramente, que hoje em dia não me lembro mais quem eram.
Meu verdadeiro terror começou quando percebi essas pessoas se levantando da cadeira como se estivessem em um transe e vinham para cima de mim, uma das pessoas que eu tinha reconhecido tinha uma faca que ela usou para esfaquear meu abdômen, todos juntos me empurraram do mezanino e no momento em que eu caia olhando para eles, eu acordei. A dor que eu senti era verdadeira, mesmo eu sinceramente não sabendo se essa era a dor de uma facada de verdade, minhas costas também doíam quando eu estava acordada. Porém, depois disso, eu nunca mais tive esse sonho.
Até hoje, não fui capaz de compreender completamente o motivo de ter tido esse sonho, ainda que possa imaginar que as pessoas da minha sala representavam elas mesmas e meu medo de ser julgada. Nunca tinha sido amiga daquelas pessoas e acho que isso ajudou. Mas a rua vazia, a casa branca e o porquê de tudo ter acontecido como aconteceu ainda são uma grande incógnita para mim.
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