e-moreiraalves
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Em branco
Era uma vez uma pessoa estranha. Não se sabe se ela nasceu ou foi algo que a contaminou durante o início da adolescência, mas o fato é que ela era estranha. Não jogava no time de futebol da escola nem participava do grupo de dança. Nem do grêmio estudantil. Nem do coral. Pra ser sincero, a pessoa não se encaixava nem na equipe de xadrez. Sabia disso porque já tinha tentado de tudo. Não se encaixava em nada.
Os pais se preocupavam. Os avós também. Quando o ensino médio acabou, o desespero tomou conta: a pessoa não queria fazer faculdade. O pai, médico, não aceitava. A mãe, advogada, não entendia. Foi no psicólogo. Psiquiatra. Até terapia comportamental tentou. Não adiantava. A ideia da faculdade não descia. Resolveu trabalhar. Se candidatou à secretária numa agência de turismo qualquer. A remuneração era péssima, mas descobriu que adorava a ideia de conhecer lugares novos. Adorava, não. Amava. A palavra até soava estranha pra ela, que nunca tinha amado nada.
O pai não aceitou. A inscreveu na faculdade de medicina. A pessoa detestou. Detestou o curso inteiro. Detestou trabalhar em um hospital. Detestava tudo, menos os cartazes colados no quarto, que representavam lugares que ela ainda ia conhecer. Acabou casando. Comprou uma casa e deu entrada no carro próprio. Continuava não se encaixando. A vontade de descobrir o mundo ainda latejava.
Pediu demissão e o divórcio. Estava farta de tudo. Comprou a passagem de avião. Ia conhecer o mundo! Extasiada com a ideia, a pessoa atravessou a rua sem olhar para os dois lados. Foi atropelada por um caminhão e morreu segurando o passaporte. Em branco.
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Enquanto isso, esperamos
(Crônica baseada na entrevista com Gilles Lipovetsky, publicada no caderno DOC da Zero Hora, em abril de 2017).
O mundo nunca me pareceu tão doido e as pessoas tão perdidas, tão alheias à própria vida. Sei disso por experiência própria: minha irmã “esqueceu” o próprio casamento e só tornou a lembrar uma semana antes, quando um misterioso vestido branco apareceu na porta de casa. Um dos meus amigos foi, só no mês passado, a três missas, um culto evangélico e visitou seis vezes o templo budista. O engraçado é que, desde os tempos do colégio, ele é conhecido como o ateu incontestável. E era – até algumas semanas atrás.
Sempre penso nesses exemplos quando leio algo sobre a contemporaneidade, que é bem marcada pelo individualismo e o consumo exagerado. Lipovetsky fala disso: o mundo “endureceu” e, por causa dessa rigidez emocional, as pessoas procuram meios de aliviar o estresse do trabalho, do trânsito, da nota baixa do filho, da conta de luz mais cara, do pai com problemas de saúde.
É tanta cobrança ao mesmo tempo que a crise da meia idade chega aos 21. E, por falar em crise, nem a economia mundial anda bem: você já ouviu falar em terrorismo, guerra biológica e Lava-Jato?
Complicado viver num mundo assim. Tomara que daqui a 60 anos alguém leia essa crônica e não consiga relacionar com a sua própria vida. Enquanto isso, esperamos: continuo escrevendo e meu amigo continua em sua jornada espiritual. É impressão minha ou o mundo anda meio doido?
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Felicidade é viver
O conceito de felicidade é, por si só, algo extremamente relativo. Na sociedade atual, entretanto, esta definição não raramente é atrelada ao poder de compra dos indivíduos. Assim, torna-se difícil compreender o que é, de fato, felicidade e desassociá-la da ideia de que quanto mais uma pessoa possui, mais feliz ela é.
Não é possível, entretanto, escapar do consumo. Bauman, renomado sociólogo polonês, acredita que consumir não é o problema, e sim a vontade voraz de continuar consumindo. Ele pontua que “as relações humanas são sequestradas por essa mania de apropriar-se do máximo possível de coisas. (...) É muito difícil encontrar uma pessoa feliz entre os ricos”. O sociólogo ainda enfatiza que o rico costuma entrar em um ciclo de infelicidade, pois “a grande perversão do sistema dos ricos é que acabam sendo escravos. Nada os sacia, entram em colapso, uma catástrofe!”.
Em termos de riqueza, a Noruega é, de acordo com o Relatório da Felicidade no Mundo 2017, o país mais feliz do mundo. Um dado interessante é que, embora a economia da nação decaiu, o país desbancou a Dinamarca e destacou-se como primeiro lugar. Ou seja, dinheiro, apesar de importante, não determina sozinho se as pessoas serão felizes.
Assim, é possível desmistificar a crença – muitas vezes estimulada pela mídia – de que, ao ganhar dinheiro, a felicidade automaticamente será debitada na conta. Como já dizia Bauman: “a felicidade é o gozo que dá ter superado os momentos de infelicidade. Ter conseguido transformar teus conflitos, porque sem conflitos as nossas vidas teriam sido uma verdadeira chatice”.
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O valor de jovem politizado
A organização e o planejamento de uma sociedade giram em torno de atos políticos. No entanto, política é muito mais que decisões democráticas: é o ato de estudar o contexto em que se situa o indivíduo, é relacionar situações cotidianas com episódios históricos. É necessário, porém, que o jovem seja inserido nesse cenário, tornando-o ativo na construção de um processo maior.
Nesse sentido, o conceito de política é bastante diversificado. Entretanto, muitas vezes os jovens vinculam essa palavra a eleições, relacionando a atuação política com partidos, o que claramente é uma associação incorreta, visto que a política está em todos os lugares e não se faz presente somente nos extremos. A causa desse equívoco é o cenário político brasileiro, que muitas vezes não abre espaço para o jovem e não escuta sua voz. Logo, surge uma geração desinformada, que acredita que política é sinônimo de corrupção e não enxerga que a essência dela está presente no cotidiano.
Assim, por não entender o valor da política e o quanto ela influencia decisões importantes, muitos jovens creem que sua participação como cidadão, por meio do voto, é irrelevante. Entretanto, existem muitas organizações, movidas pelas mais diversas ideologias, que representam a política em sua forma mais concreta. Apoiar grupos militantes é certamente uma forma de política. Porém, sem o diálogo aberto, os jovens não compreendem que protestar e apoiar valores nos quais eles acreditam é uma ferramenta importante na luta por um país mais justo e que, dessa maneira, eles inserem-se em uma comunidade política. Um exemplo que ilustra essa insatisfação com o governo são as manifestações que mudaram a história do Brasil, como as “Diretas Já”, que mobilizaram jovens em torno de uma causa política efetiva, como o direito de votar.
Nessa linha de pensamento, percebe-se que jovens informados têm poder para fazer política. Mas, para tanto, é necessário que a sociedade reconheça que, no futuro, serão eles que decidirão os caminhos que o país tomará. Entretanto, esse evento só é possível se, desde pequenos, os indivíduos sejam ensinados a questionar. Logo, a escola é o ambiente mais propício para que esse fenômeno ocorra, pois ela tem o compromisso de transformar crianças em jovens conscientes. Assim, essa transformação pode ser efetuada por meio de determinadas modificações, como a instituição das disciplinas de filosofia e sociologia no ensino fundamental, permitindo que os jovens, desde cedo, entrem em contato com a política, questionando seu lugar na sociedade atual.
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Dinheiro é poder
(texto produzido a partir do cartum de Benett)
A democracia, apesar de milenar, ainda é um ponto recente, frágil e em construção no Brasil. Este aspecto não impede, entretanto, que essa particularidade seja alvo de duros críticas. O cartum de Benett, veiculado pelo Jornal Gazeta do Povo, exemplifica de maneira objetiva a opinião do autor em relação a este assunto.
Assim, compreende-se que o artista critica não só a Constituição, mas também toda a forma como a democracia brasileira está estruturada. Às camadas mais baixas da população não é permitido alcançar a Constituição Brasileira e, consequentemente, as pessoas com poder aquisitivo menor são afastadas da real democracia. Marcos Nobre, professor de filosofia da Unicamp, explica que estes indivíduos não estão completamente excluídos da democracia, “pois podem votar e podem recorrer ao Ministério Público. Mas, por causa da desigualdade educacional, muitos não têm nem pleno conhecimento de quais são seus direitos”. Segundo ele, “a nossa democracia ainda é muito pouco democrática”.
Enquanto a rende per capita do brasileiro é de 1,2 mil mensais, o patrimônio médio de cada um dos senadores federais em 2014 era de 17 milhões cada. Uma pesquisa inédita do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), comandada pelo economista André Calixtre, revelou que “os ricos têm acesso quase exclusivo ao sistema político e burocrático que sustenta as decisões do Estado”, como o próprio pesquisador coloca. Calixtre ainda enfatiza que “o poder econômico diminui sensivelmente as chances de um cidadão de origem popular ascender ao sistema representativo. A classe trabalhadora é massivamente excluída”.
Logo, o cartum critica a conjuntura da atual democracia brasileira e questiona o quão longe a população está de ser parte ativa de real democracia. Apesar de serem partes importantes no cerne da questão, o direito ao voto e à liberdade de expressão não andam sozinhos. Ainda é difícil determinar com exatidão quando a democracia brasileira amadurecerá, apesar desse crescimento ser essencial para o desenvolvimento do país em todos os âmbitos.
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Sustentabilidade
O desenvolvimento social, econômico e urbano é importante para o aperfeiçoamento das sociedades. Muitas vezes, entretanto, sua insustentabilidade caracteriza alguns dos maiores problemas da modernidade: a poluição e a destruição das florestas.
Nesse sentido, a preservação ambiental, apesar de ser vital para a Terra e seus habitantes, só recentemente vem sendo discutida com maior afinco. Tal mudança mostra uma relação direta com o estilo de vida urbano da população mundial. São mais de sete bilhões de pessoas que, em sua maioria, vivem uma rotina insustentável. Além disso, as nações e seus governos também contribuem com o desmatamento quando estimulam a produção e o consumo desenfreado.
Logo, uma população comprometida com a preservação ambiental é indispensável para tornar o planeta um lugar mais limpo e consequentemente melhorar a qualidade de vida das pessoas. É preciso não só pensar como também aplicar métodos alternativos de planejamento urbano que criem uma sociedade verde. Assim, mesmo que pareçam dois extremos opostos, é possível conciliar desenvolvimento com sustentabilidade.
Para tanto, porém, é importante estabelecer políticas públicas que ofereçam isenção de impostos a estabelecimentos comprometidos com a preservação ambiental e incentivos fiscais para que as pessoas prefiram adquirir os produtos de empresas conscientes.
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Home office
O avanço da tecnologia e a globalização tornaram possíveis não só a comunicação remota para fins pessoais, mas também para o âmbito profissional. Assim, apesar do termo home office ainda ser cercado de dúvidas, esse estilo de trabalho é uma tendência irreversível. A grande questão, porém, é definir qual o perfil desejado para o trabalho remoto e se profissionais da área da comunicação podem adequar-se a esse expediente.
Não são todas as pessoas, entretanto, que podem trabalhar home office. De acordo com o site “Pequenas Empresas, Grandes Negócios”, é necessário um tripé harmonioso constituído de trabalho, família e o próprio colaborar para que essa modalidade funcione. Além disso, certas características pessoais, como o autocontrole, são indispensáveis para manter a produtividade: “disciplina para lidar com “tentações” como a geladeira e a TV a dez passos de distância e disciplina para (...) gerenciar o andamento de suas tarefas e não se perder nos prazos”.
Logo, qualquer profissional que se enquadre nesse perfil tem boas chances de obter êxito. Os profissionais de Comunicação, entretanto, precisam de atenção redobrada ao trabalhar de maneira portátil pois, nessa área, a comunicação clara e objetiva é indispensável. Não só, grande parte do conteúdo produzido por esse profissional é complementado e/ou harmonizado com a produção de outros colaboradores, ou seja, para o produto final possuir a qualidade esperada e agradar o cliente, é imprescindível atenção redobrada ao elaborar uma campanha de marketing, por exemplo.
Assim, o perfil do profissional de Comunicação é um fator claramente decisivo para julgar se é ou não produtivo e condizente com o próprio indivíduo trabalhar home office. Ao adequar o estilo de trabalho e ser atencioso aos objetivos da empresa, é possível criar um espaço confortável e produtivo para trabalhar em casa.
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Eu vou ficando por aqui
O Nordeste é a terceira maior região do Brasil. Ainda assim, apesar de rico em minerais, é o lugar mais pobre do país. Estima-se que 50,12% da população nordestina têm renda familiar de meio salário mínimo e, de acordo com o levantamento da UNICEF divulgado em 1999, as 150 cidades com maior taxa de desnutrição no país estão concentradas nessa região. Devido a esse quadro, muitos indivíduos não possuem acesso aos direitos que são, na teoria, inegáveis a todo ser humano. Como consequência, há um grande fluxo migratório de pessoas no sentido Nordeste - Sudeste e Sul, regiões vistas como mais desenvolvidas e com melhores oportunidades.
Nem sempre, porém, abandonar sua casa e ir embora à procura de uma vida mais tranquila é fácil. Os nordestinos são, por diversos motivos, um povo muito ligado a sua terra e família, o que pode ser percebido no texto “O último pau-de-arara”, de Luiz Gonzaga: “A vida aqui só é ruim / quando não chove no chão / (…) tomara que chova logo / tomara meu Deus tomara / só deixo meu Cariri / no último pau-de-arara / Enquanto a minha vaquinha / tiver um corinho no osso / (…) eu vou ficando por aqui”. Assim, percebe-se que a população possui um orgulho enorme e um amor ainda maior pela sua terra.
Infelizmente, quando a situação fica insustentável e as famílias precisam escolher entre a morte ou tentar sobreviver, o instinto fala mais alto. Um ótimo exemplo desse fenômeno é a obra “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, que conta a história de Fabiano, um pai de família recém desempregado, sua esposa, Sinhá Vitória, seus filhos e a cachorra Baleia. O livro expõe de maneira viva e crua a difícil travessia dos retirantes que procuram fugir da seca que assola o Nordeste: “(…) Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. (…) A seca aparecia-lhe como um fato necessário – e a obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo miúdo não era culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, não sabia onde. Tinham deixado os caminhos, cheios de espinhos e seixos, fazia horas que pisavam a margam do rio, a lama seca e rachada que escaldava os pés”.
Para muitos nordestinos, entretanto, a lembrança saudosa da terra amada é uma parte importante da bagagem emocional que eles carregam em busca de um lugar menos devastado pela aridez. A vontade de retornar para casa é uma característica especial que faz parte do perfil dos retirantes e o amor pelo Nordeste é latente. Enquanto houver comida o suficiente para alimentar a família, por mais que a situação seja extremamente precária e infeliz, “eu vou ficando por aqui”. A música “Asa Branca” ilustra com precisão esse cenário: “(…) Hoje longe muitas léguas / numa triste solidão / espero a chuva cair de novo / para eu voltar pro meu sertão”.
Graças a esse cenário complicado e às migrações dos retirantes, os nordestinos são alvo de preconceitos com relação a sua cultura. Muitas vezes, acontecimentos que não agradam parte da população brasileira são atribuídos aos nordestinos de maneira pejorativa, como foi o caso do resultado das eleições presidenciais de 2014. Para que essa associação errônea não ocorra, porém, é necessário que, desde pequenos, os indivíduos entendam esse cenário e as razões que levam parte do povo do Nordeste a “trocar de casa”. Assim, tanto na família quanto na escola, por meio do diálogo, um fluxo de dados e notícias apropriadas pode ser estabelecido e alimentado, ensinando não só a matéria pertinente ao assunto, mas também noções de cultura e cidadania. Desse modo, será possível construir uma pátria mais informada e compreensível.
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Livros: o verdadeiro tesouro
Os livros são uma fonte inesgotável de poder. Diferente de armas, as palavras têm como munição o imaginário e a curiosidade das pessoas. Não só, livros são extremamente didáticos. Além de passarem uma mensagem ao leitor, eles o instigam e o divertem.
Logo, livros são importantes para o desenvolvimento de um indivíduo. Esse amontoado de folhas tem um propósito. Assim, um famoso escritor, Neil Gaiman, defende essa ideia e afirma que, para tanto, é necessário que o leitor possua a capacidade de imaginar a história que está se desenrolando no decorrer dos parágrafos. Entretanto, criatividade precisa ser estimulada. E que lugar melhor desempenha essa função? A biblioteca.
Assim, em sua essência, a biblioteca não é o espaço físico, mas algo não palpável. Ela é imaginação, sonhos, criatividade. É o prazer de folhear livros dos mais diversos tamanhos, se aventurar em barcos piratas, dançar com fadas e duendes, lutar com dragões. Biblioteca não é estantes com papéis, cadeiras confortáveis, boa iluminação. Biblioteca é uma mistura de sensações.
Nesse sentido, o pensamento de Clóvis de Barros Filho, filósofo e professor na USP, complementa a fala de Gaiman, pois acredita que os alunos precisam compreender o que eles estão lendo. Os estudantes deveriam ter a capacidade de folhear um livro e depois escrever uma redação ou algo relacionado à mensagem que a história passa. Infelizmente, isso não acontece frequentemente. Pesquisas recentes indicam que mais de 30% dos indivíduos que cursam o ensino superior no Brasil são analfabetos funcionais, ou seja, eles conseguem ler, mas não entendem o que a frase significa no contexto. Gaiman associa essa incapacidade como distanciamento das pessoas e das bibliotecas e o pouco incentivo que elas recebem, quando crianças, a ler. Logo, é possível associar o ponto de vista dos dois estudiosos. Ambos concordam que os livros são de extrema importância para as pessoas e que, sem imaginação e conhecimento, o mundo permanece igual. De fato, é a criatividade que muda a sociedade. Porém, os indivíduos precisam ser instigados a pesquisar, a estudar, a conhecer. Para tanto, é preciso que as pessoas se reencontrem nas bibliotecas e descubram o tesouro que os livros são.
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Ode ao tempo (2014)
(releitura do poema “Velocidade”, de Ronaldo Azeredo)
Eu insulto o tempo! A velocidade
O ontem nem é mais, o hoje
foi ontem e o amanhã já está aqui
A velocidade!
6 linhas em 2 segundos!
Desde o primeiro insulto
Já se passaram 20 anos
20 30 40 50 60
E morreu!
Nasceu viveu casou trabalhou
Aproveitou?
Só sei que morreu
Eu insulto o tempo que corrói!
Que mata faz sofrer arranca pedaços
Ah! O tempo! Corra! Corra!
Corra mas não tão rápido quanto ele
O tempo vai te achar! Te destruir!
Ele vai te comer vivo! Eu insulto sua fome!
Sua velocidade! Eu insulto sua rapidez!
Mas tenta aproveitar (tenta)
Ria beba dance um pouco
Mas sua última dança
Será com o tempo!
(suspiro fúnebre)
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