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Para o Pedro

Vagueando pelas nuvens

Percebo quão leve é o amor

E como está pesado o meu coração.

Entrelaço a alma com os sonhos

Sei-me longe do tempo que quer mais tempo,

E perto do saber ser agora

Almejando por ele, o de nome futuro.

Encontrei no horizonte, um horizonte de Primavera,

E o pôr-do-sol trouxe ao meu colo

Um conforto de Verão inacabado.

Soube então que para me ter

Tinha de ser livre

E que para ser livre

Era preciso saber-me amar além o eu.

Foi neste aproximar aos meus próprios passos que escutei

Que não mais caminhava sozinha.

— Raquel Ricci (Gazelle). Porto, Julho de 2017.

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Ontem comemoramos o São João no Porto e de longe essa foi uma experiência muito marcante para mim. A tarde do dia 23 foi bastante entediante, pois passei o dia atirado no sofá. Contudo, foi extremamente conveniente, pois economizei a energia que gastaria nessa noite. A querida Raquel me convidou para jantar com ela e as meninas da Faculdade, Marta, Francisca, Sara e o seu companheiro Rircardo. Encontramo-nos em um restaurante chamado Pitxo, próximo à casa da Marta. Foi muito bom estar com elas e ser tão bem acolhido por elas. Preciso destacar que, no caminho até o Pitxo, avistei o crush por acaso - o que também é muita coincidência. Depois do jantar, fomos comer farturas e churros na Aliados, então seguimos para ver os fogos próximo à Sé. Mais tarde, transitamos pelas galerias e encontramos o Bruno, a Cláudia e outros dois rapazes amigos deles. Só gente querida! Seguimos para outro lugar e no caminho encontro, por acaso, Tanvir, o amigo indiano que fiz antes de vir para o Porto e que chegou cá apenas dia 20. Ainda não tínhamos nos encontrado pessoalmente, foi uma coincidência fantástica! No outro lugar que fomos, em plena rua, a música era muito divertida e começamos a dançar. Ali ficamos o resto da noite dançando. O auge da noite foi quando fui desafiado em um duelo de dança, o que fez a multidão ao nosso redor abrir espaço e apreciar os passos que eu e um outro rapaz dávamos ao som de músicas dos anos 1980 como Take one me.

Gostei muito da brincadeira de dar marteladas na cabeça das pessoas. Comprei um martelo branco e azul (as cores do Porto) e entrei na brincadeira também. Sem dúvidas, esse foi o melhor São João da minha vida. Uma pena que não conseguimos estar com outras pessoas incríveis que haviam me convidado também para estar com eles, como a Andréa e a Kamilla.

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Entre os dias 6, 7, 8, 9 e 10 de junho, estive em Rennes, na França, para participar do Spread the Sign Mid-term Meeting, que se realizou na Université Rennes 2. Fui convidado pela Profa. Orquídea para participar, e mais tarde minha participação foi transformada na apresentação da Equipe Brasileira do Spread the Sign e o trabalho que vem sido desenvolvido por ela. Essa foi, sem dúvida, uma das experiências mais significativas do doutorado sanduíche. Tive a oportunidade de conhecer muitas pessoas que integram o projeto do Spread the Sign em seus países e que são envolvidas com as causas surdas e com a língua de sinais.

Uma das que mais marcou foi a Profa. “Bobbie” Roberts, da Doncaster Trust Deaf, uma tradicional escola de surdos no Reino Unido. A Bobbie é uma senhora de cabelos grisalhos trouxe-me dois presentes quando soube que participaria dessa reunião: um livro da história da escola; e uma mão, feita por ela mesma, sinalizando “perfeição” em British Sign Language (que por acaso é o mesmo sinal em Libras).

Com a Bobbie

Além de toda a atenção e gentileza dispensada a mim pela equipe britânica, no Meeting também estive mais em contato com a psicóloga checa Martinka Smid e com a linguista austríaca Klaudia Krammer. Ambas foram bem prestativas e dispostas, interessadas em me conhecer e conhecer sobre a língua de sinais e a comunidade surda no Brasil.

Com Martinka

Com a comitiva luso-brasileira: Profa. Orquídea Coelho, Andréa Silveira e Prof. Paulo Vaz de Carvalho

Um café em Rennes

No último dia do encontro, o grupo do Meeting visitou o Mont Saint-Michel, que é esse lugar incrível.

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Auxiliando nas filmagens do projeto Spread the Sign (https://www.spreadthesign.com/pt/)

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1 mês no Porto

Hoje completo um mês vivendo no Porto e acabei de tomar um chá de limão e mel, porque ontem acordei com dor de garganta. Mas a dor de garganta não me incomoda. Pelo contrário, estou satisfeito por hoje ter acordado e decidido comprar limão e mel no supermercado para resolver isso do meu jeito. Uma das coisas que mais tem me agradado em estar aqui não é a cidade em si ou o fato de aqui ser ~ Europa ~ (claro que isso super ajuda), mas sim como tenho me sentido mais independente. É claro que é difícil ser totalmente indepentente. Minha mãe e minha irmã têm me ajudado a administrar minhas contas no Brasil, dentre outras coisas (e sou tão grato a elas por isso também). Enfim, estou curtindo muito a vibe da vida adulta. É claro que o conforto da casa dos pais é muito agradável, mas eu realmente tenho preferido minha independência.

(a chuva que cai ali fora enquanto escrevo isto)

A vida aqui só não alcançou os 100% no score porque não estou cercado dos meus melhores amigos e das pessoas que eu mais amo, embora tenhamos nos falado quase todos os dias. Ainda assm, estou feliz por estar conhecendo gente muito querida aqui. Já sinto-me bem ambientado, seguro dos caminhos que trilho pela cidade, sem medo de interagir com nativos ou não-nativos. Sem medo de não me fazer entender ou de não compreender algo.

Tenho admirado muito o modo como os portugueses falam. E não refiro-me ao sotaque ou às expressões do português europeu. Qualquer português tem parecido, pelo menos para mim, muito eloquente. Uma conversa qualquer e banal entre dois conhecidos no autocarro (lê-se “ônibus) é repleta de interlocuções elaboradas, mesmo para dar aquele feedback mais simples (estou muito envergonhado com como meu vocabulário parece tão reduzido e pelas vezes que eu apenas digo “uhum”, “né” e “sim” como feedback).

As atividades na Faculdade estão ocorrendo bem. Tenho realizado a escrita de um artigo e recentemente assisti um simpósio sobre políticas de inclusão social para a infância. Também tive o privilégio de assistir Adriana Calcanhotto na Faculdade de Letras da U. Porto (FLUP) (publiquei dois vídeos desse dia aqui).

(café com torradas na cantina da Faculdade. A fatia de pão para torrada é normalmente grossa assim <3)

Hoje tenho minha segunda aula de Língua Gestual Portuguesa (LGP) e estou muito admirado com a tremenda diferença entre ela e a Libras. Tenho consciência de que as línguas de sinais diferem-se entre si, mas além da Libras, as com que eu tive mais contato até então foram a Lingua de Sinais Americana (ASL) e a Língua de Sinais Francesa (LSF). A Libras e a ASL sofreram muita influência da LSF e por isso, as três línguas partilham muitas semelhanças entre si. A LGP é extremamente diferente. Ainda nem consegui decorar o alfabeto datilológico. Entretanto, o Prof. Jorge Pinto é excelente. Tenho gostado bastante de sua didática.

(como em Paris, no Porto também há lovelocks no mirante do Mosteiro da Serra do Pilar. Apaixonados trancam cadeados que simbolizam a eternidade de um amor)

(Mosteiro da Serra do Pilar visto da Ponte D. Luís I)

Ontem estava acontecendo o Eurovision e notei que o país todo assiste esse evento. É uma espécie de competição musical entre os países da Europa. A torcida portuguesa era para Salvador Sobral e agora pouco vi um vídeo dele cantando Amar pelos dois (https://www.youtube.com/watch?v=0td62XxnjBk). Entendi a importância da torcida. Ele é muito bom.

Bom, vou parar por hoje, porque já são 12h40 e ainda nem almocei. Que venham os próximos cinco meses, mas que não sejam tão rápidos como foi o primeiro. Obrigado.

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Seminário “Uma certa melodia”, com Adriana Calcanhotto, professora convidada da Universidade de Coimbra, no Anfiteatro Nobre da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

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A festa foi ótima ontem e alguns amigos queridos compareceram. Muito obrigado por essa última dança pelos próximos seis meses, queridos! Agora estou na sala de embarque. E estou l sentindo muito amado. Foram tantas manifestações de carinho, apoio e torcida para que tudo desse certo. Me sinto muito amado e pouco merecedor de tanto carinho. Vai ser rápido. Logo já estou de volta, pessoal. Um beijo especial para minha mãe e minha avó por toda a ajuda da última semana. Amo vocês!

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A festa foi bem divertida ontem. Deu pra suar bastante. E mais alguns amigos compareceram para uma última dança pelos próximos seis meses. Muito obrigado, queridos! Agora estou na sala de embarque em Porto Alegre. Amanhã estarei em outro Porto, esse sem adjetivos no nome, mas espero poder qualificá-lo positivamente no período que eu estiver lá. Estou me sentindo muito amado. Muitas pessoas desejando apenas coisas boas para mim, contentes por mim, vibrando por mim. Não consigo dimensionar tamanha consideração, nem me sinto merecedor de tanto carinho. Segurem firme, pessoal. Vai passar muito rápido. Até breve!

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3º dia no Porto, Portugal

Esta foi minha primeira visão das terras lusitanas. Lisboa, no caso, onde fiz uma escala antes de desembarcar no Porto. Desde que cheguei, ainda não consegui ~curtir o momento~, pois estou tentando me adaptar às diferenças culturais, assim como também tentando sair do meu estado de ignorância sobre qualquer coisa da vida prática aqui. No Aeroporto de Porto, fui recebido pela Profa. Orquídea Coelho, que vai me coorientar durante o período sanduíche aqui. Ela me parece ser muito gentil e preocupada com o bem estar de seus estudantes. Trouxe-me até meu alojamento e me enviou algumas mensagens depois disso para conferir se eu estava bem. Portanto, tenho me sentido muito bem recebido aqui. Na casa onde estou, chamada Porto Studios (que não sei dizer se é um hostel, se é uma pensão, ou o quê), também fui bem recebido por uma das hosts, a Mónica. Nesse mesmo dia, também conheci uma moradora carioca e um morador sírio radicado na França, o Samir. Ambos muito queridos.

Ontem estive pela primeira vez na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto. Lá, fui recepcionado pela Raquel Monteiro, que tem atuado juntamente com a Profa. Orquídea. Raquel foi bastante solícita e atenciosa, mostrou-me tudo o que eu precisava saber sobre a Faculdade e fora dela. Tenho certeza de que seremos bons colegas (pois compartilharei uma mesa com ela no gabinete de pesquisa). Aliás, esse é um detalhe que chamou a minha atenção. Pareceu-me interessante o modo como os estudantes do doutorado frequentam a universidade como se cumprissem um trabalho formal (como se fossem funcionários). Possuem sala de trabalho com cópia de chave (eu ganharei uma também, segundo a Raquel) e mesa para trabalharem em suas pesquisas ou colaborarem com algum projeto. Gostei muito disso.

Além disso, o prédio da Faculdade pareceu-me bem funcional e interessou-me bastante a biblioteca dali. Quero poder aproveitá-la. Outra coisa: há uma funcionária, Rita Coelho, se eu não me engano, que auxilia os estudantes de uma forma bem interessante: se você escreveu um texto, um artigo, e gostaria de publicar, mas não sabe onde, basta enviar para a Raquel o trabalho. Ela poderá ler e te indicar o melhor periódico, com mais impacto acadêmico para o teu tipo de texto, além de te dar dicas de como aperfeiçoá-lo para que tenha mais chances de que a revista, seja nacional ou internacional, o aceite. Isso não é fantástico? Uma consultora de publicações! Após a visita na Faculdade, peguei o metro (métro, aqui) para ir a um shopping, onde adquiri um cartão português para o meu celular. Eu tenho agora um número de telefone aqui: +351 916 900 401. Mantenho meu número brasileiro também (para o WhatsApp). Tenho me surpreendido com a educação das pessoas em qualquer lugar. Todos se cumprimentam antes de qualquer interação. Obrigado, por favor e desculpa são recorrentes para qualquer coisa. As pessoas prestam atenção ao outro. Muitas vezes, no Brasil, sinto-me como se fosse invisível diante de algumas pessoas grosseiras, que esbarram ou fazem qualquer coisa que desagrada alguém sem se dar conta. Aqui tenho me sentido bastante visível como pessoa. Qualquer carro para ao perceber que você está em frente a uma faixa de segurança. Você não precisa insinuar que vai atravessar ou estar parado em cima da faixa. Mesmo quando a sinaleira para pedestres está fechada, um carro parou para mim ontem.

Hoje, no terceiro dia, tive a reunião de registo na Reitoria da U. Porto, localizada no centro histórico da cidade, onde recebi meu cartão de estudante. Ali vi mais movimento do que onde transitei até agora. Muitos turistas. Muitas línguas por todos os lados. Após a breve reunião com informações básicas sobre o vínculo com a universidade, me encontrei com Maria Silva, estudante de Psicologia da URI, em Santiago, que está fazendo intercâmbio aqui na FPCEUP também. Fomos apresentados pelo queridíssimo Marcelo Casarotto, o Mac. E a Maria foi incrível!!!! Ela reforçou muitas coisas que Raquel já tinha me explicado, mas poder ouvir tudo sob a perspectiva de uma pessoa que não era daqui e que teve que aprender foi bem tranquilizador. Ela me levou para comer francesinha, o prato tradicional do Porto. A versão tradicional leva carne, muita carne. Ela me levou pra provar uma versão mais gourmet no Mercado da cidade, e que oferece versão vegetariana. É uma delícia, mas me sujei todo comendo. Maria também me explicou mais uma vez como usar o metro e os autocarros (os ônibus), que são interligados com o cartão de usuário aqui (o andante). Conversamos bastante sobre nossas áreas de formação, sobre as diferenças culturais dos dois países e sobre besteiras haha. E ela me convidou para uma festa na sexta, a qual pretendo ir para me enturmar.

Depois que cheguei em casa, vesti um abrigo e saí para explorar a minha zona. Corri um pouco e também encontrei uma lavanderia, mas a moça que trabalha ali me recomendou que eu procurasse uma em que eu mesmo usasse as máquinas de lavar, pois é mais vantajoso, porque não cobra por peça. Ela disse que tem uma aqui na minha rua, mas não vi ainda. Enfim, voltei pra casa e decidi escrever aqui algumas das minhas impressões desses três primeiros dias. Não se assuste se achar que minha escrita está muito formal ou rebuscada. Estou a tentar me acostumar com o português europeu, para facilitar a comunicação e me sentir mais local. É fixe! ;D Segue algumas fotos que fiz lá no centro histórico hoje.

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A festa foi bem divertida ontem. Deu pra suar bastante. E mais alguns amigos compareceram para uma última dança pelos próximos seis meses. Muito obrigado, queridos! Agora estou na sala de embarque em Porto Alegre. Amanhã estarei em outro Porto, esse sem adjetivos no nome, mas espero poder qualificá-lo positivamente no período que eu estiver lá. Estou me sentindo muito amado. Muitas pessoas desejando apenas coisas boas para mim, contentes por mim, vibrando por mim. Não consigo dimensionar tamanha consideração, nem me sinto merecedor de tanto carinho. Segurem firme, pessoal. Vai passar muito rápido. Até breve!