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Um suspiro escapou de seus lábios. Não queria nada do rapaz, mesmo sendo algo hipotético. - Não quero que você faça nada. Obrigada. - Era óbvio o tom de irritação, mas diminuindo seu nível aos poucos. Ela foi relembrando que não deveria dar o gosto de que estava sendo afetada e/ou perdendo o controle, principalmente para os possíveis "inimigos" de sua vida. Era uma lição que precisou aprender desde a infância ao seguir os passos de sua mãe e a avó. E, às vezes, Ashley não gostava disso. Queria ter a possiblidade de poder dizer o que sentia de verdade, e não viver com uma máscara de forte o tempo todo. No entanto, não era o momento.
Seus olhos ficaram ainda mais sérios do que nunca, após os elogios dele. Foi estranho, ela admita para si mesma, pois acreditava que não fazia sentido o cara com quem estava tendo conflitos lhe elogiar. Então, acreditou de imediato no pensamento de que o outro estava brincando com sua cara, e riu baixinho. Ou, pelo menos, achou que tinha sido baixo, pois percebeu em segundos alguns olhares tortos em direção à eles. Sua postura se recompôs, assim como sua expressão: - Não. Simplesmente você não está sendo honesto, então, não peça desculpas. E nada de elogios. Não sou sua amiga nem nada. - Revirou os olhos rapidamente. Queria poder atingí-lo de alguma forma, mas parecia que Flynn tinha uma armadura ou algo do tipo. Ashley sentiu uma pequena inveja brotando em seu coração, mas não era sobre o dinheiro. E sim a capacidade de continuar de boas. - Não, obrigada também. Dinheiro não é tudo, poderia pensar desse jeito. Família é mais importante. Ver o sorriso dos seus clientes quando você interage com eles, trazendo também a comida preferida. Isso que é importante. Mas, talvez você não esteja acostumado com isso, já que fica o tempo todo na sua torre de castelo. -
Piscou os olhos, surpresa. Por um momento, não soube exatamente o que lhe responder, olhando para o resto do copo em suas mãos. - Sabe, Flynn… - Olhou para ele. Não com um sentimento de raiva, apenas de cansaço. - Não desejo sua vida. Você pode ter tudo a qualquer momento, e eu não. Mas está tudo bem assim. Tento apenas preservar o que a confeitaria realmente significa para mim e para minha família. É isso. - Deu de ombros, sem brigas nem nada. Apenas aquilo.
A proposta parecia interessante, visto que Ashley estava cansada de lidar com toda a ira que tomava conta de si nos últimos anos. Talvez fosse bom relaxar. Ela queria relaxar, mesmo se isso significasse estar ao lado dele? - Sinto muito pela sua mãe. - Foi o primeiro comentário que lhe veio a cabeça quando tentava ainda decidir se iria topar a ideia. - Um motivo, de verdade. Para eu ir com você. - Se fosse convencida, Ash não negaria nenhuma rodada.
Ouvir a voz da loira foi um chamamento à sua sobriedade. O sorriso embriagado foi se desenhando nos lábios e os olhos, estreitados para enxergar naquele ambiente noturno, pareciam brilhar. Deu de ombros com o convite de guerra que era ofertado pela Muller, não tão disposto a prestar os debates que anteriormente havia proposto. "Se te ofende a entrega da culpa, aceito divida-la com você. Com todo o prazer."
Seus olhos seguiram escorregando pelo corpo da loira, como se escrevesse mentalmente cada detalhe daquele vestido. Facilmente acharia um igual, facilmente poderia achar outro melhor. Mas daria tempo para que a fúria semeada em Ashley se dissipasse. "Sinto muito! Era um belíssimo vestido, trazia um semblante muito elegante para você." Os elogios fugiram de seus lábios amargos pela bebida e, logo que fora atingido pelos espinhos lançados pela loira, buscou erguer as mãos em uma suposta rendição. "Não sabe como me ofende quando me chama de herdeiro!" Balbuciou em tom jocoso. "Sabe, não é nada ruim ter milhões na conta, independente de ser começou ou final de mês. Viver em uma eterna férias de verão, fugir das estações cinzentas entre os hemisférios. Acho que essa vida cairia tão bem em você quanto caiu sobre mim, poderia experimentar." Apontou para a dama em uma brincadeira, como se estivesse ofertando uma bronca marota. "Todo esse rancor expressado é um desejo reprimido, talvez seu desejo seja a vida que tenho."
Exausto de pisar em cascas de ovos, suspirou como abandonasse qualquer sinal de ira. "Sabe, eu não estou no menor clima de discutir com você ou ouvir suas petulância de praxe, quero muito me divertir e receber meus convidados. Como você é um deles, aceita uma rodada de drinks? Assim poderíamos conversar sobre algo além de dinheiro e negócios. Posso te ouvir falar sobre o que quiser enquanto aguarda meu pai passar por aquela porta, coisa a qual garanto que não irá acontecer já que ele está completamente entretido com a nova secretária dele."
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Ashley queria uma noite de folga que há muito tempo não tinha, pois precisava lidar com tanta burocracia na confeitaria todos os dias. Mas ela não sabia o que exatamente seria essa folga. Claro que poderia ficar em casa e curtir um belo vinho com uma boa comida caseira e filmes de comédia romântica, enquanto ria e chorava pelos seus personagens. No entanto, quando soube da festa da família quase rival (ela ainda não declarou totalmente uma rivalidade, mas estava encaminhando para esse rótulo, principalmente quando ela lembrava do sorriso estúpido e bonito do herdeiro), ela resolveu juntar o bom com o útil. Só que ela se arrependeu quando acabou tombando com a pessoa que ela menos desejava ver. Sua expressão facial apresentava traços irritados quando ela encarou-o. - Claro, claro, vamos colocar a culpa na mulher. Porque eu sou a única que está andando sem prestar atenção, né. - Sibilou levemente no final da frase. Desviou o olhar para a mancha na sua roupa e fez uma careta ao ver a sujeira, tentando limpar com a mão livre.
- Ótimo, agora perdi uma das melhores roupas que eu tenho. - Sua atenção voltou-se para o rapaz, arqueando uma das sobrancelhas. - Seu território?! Pensei que ainda fosse de seus pais, já que, bem, eles que mandam em tudo. Acredito que ainda não possui algo próprio, sabe, em que batalhou com as próprias mãos, herdeiro. - Talvez Ashley sabia que tinha exagerado, na verdade, ela tinha plena consciência. Mas não se importava no momento. Estava tão cansada por tudo estar dando errado a cada novo dia, enquanto havia pessoas que conseguiam em um piscar de olhos sem precisar lidar com as dificuldades. - Não vi em lhe conhecer, Flynn. Acho que isso está fora dos meus planos. Tenho objetivos bem reais aqui, e não envolve você... - Revirou os olhos, dando outro gole em sua bebida.
As confraternizações familiares que abriam à comunidade eram, no mínimo, uma exposição do poder aquisitivo dos Ramsey. Fly passou o dia inteiro acertando pequenos detalhes com o mestre de cerimônia e, posteriormente, mergulhou em sua adega doméstica até que o horário da festa se aproximasse. Então, vestido com uma camisa de linho clara, um blazer e uma calça bege, surgiu no gastrobar da cidade que havia sido reservado para a ocasião. Dispôs de simpatia desde o segundo em que pisou no local, sempre acompanhado de um copo de whisky na mão. A maratona de cumprimentos à políticos, lojistas e demais empresários era como um passeio no parque para o homem e, como um peixe escorregadio, deslizava de momentos rígidos para cair de paraquedas em mais um balde de elogios e congratulações. Por mais que a festa estivesse repleta de pessoas interessantes, mulher com as quais já havia se envolvido e murmúrios acerca de uma possível companheira que contribuiria para o crescimento do herdeiro, limitou-se em flertar com algumas garotas por olhares galanteadores e sorrisos singelos. Ocorre que, nos últimos dias, seu pensamento recorrente era o rosto de uma mulher que sequer sorriu para o homem. Ashley possuía o que Flynn mais admirava: rebeldia trajada de calmaria.
E, por mais relutante que permanecesse ao buscar desvincular-se da lembrança da loira enfurecida na calçada, notava que a curiosidade e vontade de contata-la crescia, pouco a pouco. A aparência de fato havia lhe conquistado, mas a imponência de sua personalidade era o fator essencial para mantê-lo curioso.
Fora roubado de uma conversa com um senador quando sentiu uma mão feminina toca-lo no ombro e solicita-lo à uma apresentação para terceiros. Afastou-se dos convidados e rumou na direção informada e, sem reparar, colidiu contra o alvo que mais lhe interessou naquele momento.
"Acredito que quem não olha por onde anda é você." A frase saiu com um riso descontraído, levemente alterado. Passou as mãos sobre as vestes molhadas, sem muito se importar. "Na verdade, acho que você sabe bem por onde anda e por isso está aqui, srta. Ashley. É bom tê-la no meu território, assim posso te conhecer sem o cheiro de confeitaria".
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Duas semanas após seu encontro com Flynn, Ashley tentou focar mais no trabalho para que evitasse de pensar no ocorrido daquele dia. Era frustante ter suas mãos atadas em várias decisões, no entanto, ela não deixaria que isso influenciasse em aceitar a proposta daquele cara. Ela não havia contado a ninguém sobre as falas de fora do estabelecimento, nem mesmo para seus irmãos que eram sócios. Queria resolver sozinha... Então, ela resolveu ir na festa da empresa que foi anunciada para mostrar novidades. Ashley tinha com o objetivo de descobrir mais sobre aquela família e, quem sabe, salvar seu local de uma maneira melhor do que vender. Sua avó havia lhe ensinado algumas coisas... No entanto, há mais de uma hora, ela não tinha descoberto nada e estava bebendo no bar como forma de pensar, ou para passar o tempo. Até que encarou para o lado, e viu uma cena engraçada.
Só que estava bêbada, e acabou esbarrando em alguém derramando a bebida tanto no seu corpo quanto no da outra pessoa. - Merda, não olha por onde anda não?! - Comentou irritada, enquanto tentava limpar seu corpo.
@fly2fly
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Suas sobrancelhas se juntarem arqueadas, tentando compreender o significado daquela frase, pois, para Ashley, ter qualidade demais não significava algo ruim. Pelo menos, de acordo com sua família. Lembrava de sua vó lhe dizendo que é melhor amar demais do que pouco. Talvez houvesse um erro nesse demais, mas Ashley ainda não conhece (ou não quer) reconhecer qual é. Em segundos, então, o estado de confusão mudou para um irritado. Odiava quando lhe chamava de docinho, pois ela precisa lidar com a imagem de que é boazinha demais para não se irritar. — Deixe o docinho para suas queridas. Não me importo está transbordando nada. É melhor ter algo do que ser um poço vazio, como você aparenta ser. — Talvez Ashley estivesse exagerando, visto que não conhecia diretamente o outro. Só que quando estava irritada, não havia limites reconhecidos para se defender. — Você não conhece minha família, então, não ouse comentar sobre eles. Não sabe o motivo da nossa situação, e, imagino que se soubesse, não entenderia nada. Um filho que nasceu já no berço de ouro não sabe o que é ralar de verdade... Não pensarei nada. Eu já tenho minha decisão e, então, é melhor aceitar logo ou tem dificuldade de aceitar um não?! —
Os lábios se comprimiram contendo o sorriso no rosto. "A qualidade que falta em mim está transbordando em você, docinho." O tom de sua voz saia com pitadas de provocação e riso, ainda disposto a desarma-la após notar a feição da loira. Olhou-a, tombando o rosto para encara-la com um olhar ligeiramente apaixonado, fingiu-se ofendido. Haviam trocado mútuas declarações de guerra, mas estava disposto a guardar suas armas para assistir aqueles olhos vibrantes transmitirem alegria ou serenidade. "Meu dinheiro seria sujo se eu utilizasse ele para gerar dívidas extras e deixasse os devedores sem sinal de vida, assim como sua família fez nos anos anteriores. Mas fique tranquila, sei que vai pensar na minha proposta, assim como seus familiares seriam gratos por uma salvação bancária. Então, mais uma vez, posso repensar a proposta se você decidir aceitar a proposta."
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A paciência de Ash já tinha ido pro ralo, assim como a postura profissional que sempre tentava manter no horário de trabalho. Ela não queria vê-lo nem pintado de ouro. Retirou sua mão do peitoral alheio, não se importando se o dinheiro iria cair ou não, apenas precisava evitar ter algum tipo de contato com a pele dele: — Ninguém irá cair em seus papinhos. Pois, ao contrário de você, nós servimos qualidade desde da cozinha até a entrega da alimentação. A qualidade está faltando em você, querido. — Estreitou os seus olhos em direção aos dele, deixando que a raiva assumisse as expressões faciais. — Só leve seu dinheiro sujo daqui. Não aceitamos dinheiro que não é verdadeiro. Você não vai dizimar mais um local de família como a sua empresa anda fazendo. —
Ao ser acertado pela mão de Ashley fora pego desprevenido, levando a mão ao peito para segurar o dinheiro antes que caísse ao chão. Não negaria, a reação da loira extrapolou suas expectativas e a única coisa a qual buscou evitar era elogia-la pela bravura e pela aparência ainda mais chamativa quando alterada. "Se servem comida de graça será ainda mais fácil dizimar vocês, sabe disso não é?" Brincou ao capturar uma única frase da loira para si, em um tom divertido.
A técnica da piada em momento inesperado era herdada de seu irmão. Ele observava atentamente o que lhe era dito em discussão para responder as ofensas assim, isolando o conteúdo e tornando-o cômico. As brincadeiras costumavam esfriar o clima hostil com os outros e, dentro de si, também espera esfriar o clima hostil que criou com Ashley.
" Quer dizer, eu pagaria por tudo que eu comi. Estava excelente, de fato. Mas se diz que é de graça, quem sou eu para recusar tudo isso."
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Ashley odiava pessoas arrogantes que acreditavam serem donos de tudo, incluindo das pessoas, e isso aumentava ainda mais quando se tratava de homens. Ela tinha passado por isso dentro e fora de sua família, e havia aprendido como se comportar de diferentes formas. Seu sangue estava fervendo, mas ela tentava manter a calmaria no seu tom de voz. — Não, Flynn. — Citou o primeiro nome dele como se estivesse uma relação íntima com ele há séculos, algo que lhe de um pouco de incômodo só de imaginar. — Uma das coisas que eu fiz foi entender bem. Eu sei que tipo você é, todos nós aqui sabemos e é um tipo que queremos longe daqui. Não importa o tanto de dinheiro que possui, ainda não é e não será o suficiente para derrubar os trabalhadores reais daqui. Você poderá fazer o que quiser, eu não me importo. Nós conseguiremos lidar com qualquer desafio, já que estamos fazendo isso há mais de 30 anos. Você pode não ter tido isso de lutar de verdade na sua vida, e é bem triste sabe ganhar tudo de mão beijada... Mas, quem passou por isso, é bem mais forte. — Ashley conseguia ver que os clientes e os funcionários que estavam ali começavam a prestar atenção na conversa. Alguns concordando, outros nem tanto, e uma boa parte apenas em silêncio. Precisava finalizar aquilo, rapidamente.
— Você está totalmente errado. Não precisamos nos render para evoluir. Apenas mudar para melhor, e seguir seu caminho não é o melhor. Precisa sair um pouco do seu olimpo para poder ver as coisas melhores, cara. — Ela observou o comportamento dele de deixar o dinheiro, falar e sair. A raiva assumiu o controle. Odiava ainda mais quando alguém falava de sua família. Não eles. Ashley lutava sim para dar o maior conforto para os mais velhos, mas fazia àquilo por amor e não por obrigação. Ficava feliz quando via o sorriso de sua mãe e de sua avó quando elas comentavam sobre seu esforço e o orgulho que elas sentiam. Àquilo era importante para Ashley, não importava os sacrifícios que necessitava fazer. Respirou fundo e pegou o dinheiro que ele deixou, seguindo o rapaz para fora do restaurante e correu para parar bem na frente dele. Com um pouco de força, jogou sua mão com o dinheiro contra o peitoral alheio encarando os olhos atraentes: — Eu não quero nenhuma esmola sua. Leve isso daqui. A comida foi de graça, porque é isso que fazemos. E não ouse falar outra vez da família, principalmente quando for fazer suas ameaças. Seu negócio é comigo, e não com eles. Prefiro estar fora do conforto do que viver como uma pessoa comprada. —
Acertou em cheio. As provocações ofertaram a desestabilização desejada e Flynn não poderia estar mais satisfeito. Ouviu as palavras de Ash enquanto olhava para a feição da loira, caindo o enfoque aos seu lábios e retornando para seus olhos claros. "Acho que ainda não entendeu. A simpatia da vizinhança estará restrita ao meu humor, senhorita Muller. Eu posso criar uma concorrência que fará você definhar até que seu negócio entre em uma falência total. Sem dinheiro para pagar suas contas, sem números suficientes para pagar os seus funcionários e, pouco a pouco, você vai sentir o desespero atingindo o telhado desse lugar. Meu sobrenome estampa essa cidade como se fosse um uniforme." A voz, macia, era agressiva mas ainda baixa. Em uma estabilidade perigosa. "Você sabe que não se trata de fake news. No fundo, depois de todo o seu orgulho, escondido debaixo de suas inseguranças, você sabe que se render ao processo é parte da evolução. E olha, eu poderia reavaliar os termos desse acordo. Mas só se você tomasse a sua iniciativa, de me contatar e entender que nem tudo é sobre pessoas. O dinheiro é sobre as pessoas."
Deixou dinheiro no balcão, valor muito acima do que resultaria os poucos itens aos quais havia solicitado. A mão espalmada foi erguida em um cumprimento de partida, despediu-se e rumou para a porta. Ao colocar a mão sobre a maçaneta, olhou-a com certa piedade. "Eu entendo o intuito de honrar seus familiares, de se conectar com uma tradição. Mas futuramente, quando sua vida estiver próxima do fim, vai se arrepender de não optado pelo conforto. Veja seus familiares mais velhos, o quão dependentes são de seus próprios esforços enquanto poderiam ter feito uso de um descanso merecido em seus últimos dias. No mais, é isso senhorita. Sabe o meu número e sabe que estou sendo maleável ao aceitar discutir os termos do nosso acordo."
A mão pesou sobre a maçaneta e ele passou pelo batente, deixando a porta bater atrás de si.
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A menção da dívida imediatamente lhe trouxe um incômodo terrível. Odiava àquela história, pois o erro não veio de sua administração, e sim de seus tios e de seus primos que a maioria estava no comando de administrar a questão de contas. Embora isso lhe causasse um mal, Ashley tentava não deixar o seu foco estar naquela situação, principalmente pelo fato de que precisava comandar o seu restaurante diante de toda confusão. — Sim, infelizmente é uma situação bem séria sabe. Mas, como minha vó dizia, não vamos desistir facilmente só porquê a carga está pesada. Então, há mais coisas nessa história do que você sabe, querido. — Deu de ombros, enquanto jogava levemente a cabeça por lado com um pequeno sorriso no rosto.
Mas, o sorriso sumiu ao dar entrada para uma expressão mais séria e furiosa um pouco. Ash se tocou no mesmo instante quem se tratava dele ao relembrar de muitos amigos que estavam perdendo o seu espaço de viver e trabalhar por pessoas que ficavam cada vez mais ricas às custas dls outros. — Não há mais no que pensar no assunto, senhor Flynn. A resposta continua e continuará como não. A vizinhança continuará também amigável independente de negócios, pois colocamos pessoas acima de negócios. Isso é importante. Considerar a humanidade invés de dinheiro, mas acredito que é algo que você não consegue fazer, correto?! — Ashley não sabia muito da vida do outro, mas, como um ser humano, ela realizava seus julgamentos iniciais e imaginava que o rapaz não tinha essa prática como ela tinha na sua vida toda. Ashley já tinha deixado o profissionalismo de lado no decorrer da conversa, pois a irritação estava dominando.
— Oh, querido, eu sei que preciso ter aliados, mas... — Enquanto falava, ela observava ele se levantar e também pegava o cartão dele, até que seu comentário se interromper por ela mesma quando escutou a fala dele para o seu funcionário. A paciência de Ashley tinha ido para o espaço já sendo possível perceber a irritação em seu rosto. — Você está sendo bem mal educado, sabia?! E bem cara de pau. De vir aqui, achar que pode me comprar e o restaurante também só porquê tem dinheiro e depois ficar querendo levar os funcionários na base de fake news?! Saia daqui, antes que eu chame a segurança! —
O sorriso se desfez. Os lábios caíram em uma expressão negativa. O cheiro da comida parecia delicioso, mas o clima azedou sua fome. Bebeu alguns goles do capuccino e a expressão de incredulidade deu espaço para o desdém. Ela não aceitaria de maneira amigável a sua proposta, então faria a proposta agressiva. "Bom, sei da dívida estadual na qual sua família se envolveu quanto aos impostos do estabelecimento. Uma bolada de dinheiro, não acha?" Murmurou e se silenciou através da mordida que realizou no pão.
A comida estava deliciosa, o local era aconchegante e o atendimento era bom. Mas não poderia permitir que a loira se mantivesse impiedosa como estava naquela negociação, havia se preparado para um confronto mas o repensou quando a olhou nos olhos. "A sua sugestão está deliciosa. Espero que pense na minha sugestão da mesma forma. E, se te ofendeu, retiro a proposta do casamento imediato e oferto uma amizade, uma parceria vantajosa já que estou comprando todo o quarteirão. A vizinhança precisa ser amigável, não é?"
Levantou-se da mesa deixando o lanche pela metade, assim como a xícara de café. Olhou-a de cima, em um visual imponente. "Espero que pense bem nessa hipótese, pense sobre o mundo de possibilidades que estou disponibilizando para você e pense, principalmente, que aliados são importantes no meio comercial." Deixou na mesa seu cartão pessoal e capturou com a ponta dos dedos o capacete. Em uma provocação, voltou-se à um funcionário e o questionou. "Tenho dois milhões para gastar ainda hoje, já que a senhorita Muller recusou minha proposta. Sugere algum lugar para o passeio? Se quiser pode me acompanhar, acredito que em breve ficará desempregado então precisa fazer uma boa rede de indicações."
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Embora o olhar de Ashley tenha esfriado com o comentário alheio, ela ainda manteve a postura séria e profissional de uma proprietária. Era necessário naqueles momentos, pois o ambiente de negócios de pequenas e grandes empresas era repleto, ainda, de machismo em que parecia uma ordem que só homens deveriam estar no poder. E quando algo "fura" essa bolha, as reações eram extremas. — Como eu disse, está no local errado para isso. Servimos comida, e não possíveis relações. — O tom de voz de Ash era frio também, provando que a cada segundo ela sentia um desgosto beirando em sua garganta. Porém, ela tentava disfarçar com um sorriso gentil nos lábios com o objetivo de escutar o motivo dele querer falar com ela. Ela estava curiosa, não podia negar isso, mas também precisaria estar preparada para tudo.
Segundos antes de começar a escutar de fato o assunto, Ashley solicitou a um dos garçons sua xícara com sua bebida favorita: um café com leite e chantilly levemente por cima. Seu pedido foi entregue junto com o do rapaz, e quando ouvia as palavras dele, ela bebericava devagar sua bebida. Em alguns momentos, um riso fraco fugiu de sua boca, fazendo com que a moça olhasse para o seu restaurante e depois para o rapaz. Não estava nada surpresa com o assunto daquela conversa, na verdade, sentia-se cansada sobre o assunto se repetir mais de uma vez. Às vezes, ela pensava em pendurar uma placa com a mesma resposta que dava em todos àqueles encontros e a que ela falaria agora: — Não, obrigada. — Bebeu o último gole de sua bebida e olhou para ele: — Muito interessante e triste também toda a sua apresentação. Eu sei o que fizeram com a loja de donuts, a minha favorita, e não quero que isso também passe por isso. Porque... vocês destruíram ela com todas as suas mudanças absurdas. Às vezes está tudo bem manter como está, porque assim que nossos clientes gostam. De um local familiar e amoroso, e é o que eu ofereço para eles. —
Saber quem era ele, deixou Ashley um pouco alertada, pois já tinha escutado histórias sobre quem era àquela família sendo que, muitas vezes, os contos não eram bons. Mas, Ashley ainda manteve a postura. — Senhor Ramsey... De novo, não, obrigada. Acredito que estamos bem e acho que você deveria focar seu tempo em outras coisas. Ah, e o não vale também para o pedido de casamento, principalmente. Aproveite a comida. — O olhar sério foi lançado em direção ao outro, e Ash começou a levantar-se da mesa devagar.
Um pequeno incômodo teve diante da fala dele, levantando uma das sobrancelhas para analisar o rapaz ainda mais. Ashley estava começando a supor que o mesmo estava perdido, pois estava considerando a postura dele arrogante em comparação da maioria dos clientes que passavam por ali. E Ash tinha um certo limite em lidar com àquele tipo, principalmente devido ao seu histórico de homens babacas. Por outro lado, a maneira como ele reagiu causou um pouco de insegurança na garota, causando alguns pequenos flashes de memória doloridas. Ela mudou o peso do corpo para o outro pé e tentou relaxar, focando no atendimento da vez e ignorando também o comentário de namoro: — Certo, vou pedir o seu. — Anotou o pedido e arrancou a folha, entregando para alguém do balcão e estava quase saindo quando escutou as últimas palavras.
O corpo de Ashley virou-se lentamente e um riso leve escapou seus lábios. Mesmo depois de tanto tempo nos negócios, ainda escutava as mesmas histórias de que àquele lugar pertencia a um homem. Às vezes ela sentia-se cansada em viver a mesma situação, mas outras vezes, ela se divertia vendo a reação das pessoas e as tentativas de desculpas horríveis. — Claro, espere um minuto. — Um sorriso levemente forçado surgiu em seu rosto e ela se virou indo até a parte de trás do balcão, tirando o avental e deixando o bloco de notas. Então, Ashley voltou e sentou-se na cadeira de frente do outro, estendendo sua mão para ele com um sorriso orgulhoso nos lábios ao falar: — Ashley Muller, proprietária do local, e você? Pronto para a conversa de homem e de mulher? —
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Um pequeno incômodo teve diante da fala dele, levantando uma das sobrancelhas para analisar o rapaz ainda mais. Ashley estava começando a supor que o mesmo estava perdido, pois estava considerando a postura dele arrogante em comparação da maioria dos clientes que passavam por ali. E Ash tinha um certo limite em lidar com àquele tipo, principalmente devido ao seu histórico de homens babacas. Por outro lado, a maneira como ele reagiu causou um pouco de insegurança na garota, causando alguns pequenos flashes de memória doloridas. Ela mudou o peso do corpo para o outro pé e tentou relaxar, focando no atendimento da vez e ignorando também o comentário de namoro: — Certo, vou pedir o seu. — Anotou o pedido e arrancou a folha, entregando para alguém do balcão e estava quase saindo quando escutou as últimas palavras.
O corpo de Ashley virou-se lentamente e um riso leve escapou seus lábios. Mesmo depois de tanto tempo nos negócios, ainda escutava as mesmas histórias de que àquele lugar pertencia a um homem. Às vezes ela sentia-se cansada em viver a mesma situação, mas outras vezes, ela se divertia vendo a reação das pessoas e as tentativas de desculpas horríveis. — Claro, espere um minuto. — Um sorriso levemente forçado surgiu em seu rosto e ela se virou indo até a parte de trás do balcão, tirando o avental e deixando o bloco de notas. Então, Ashley voltou e sentou-se na cadeira de frente do outro, estendendo sua mão para ele com um sorriso orgulhoso nos lábios ao falar: — Ashley Muller, proprietária do local, e você? Pronto para a conversa de homem e de mulher? —
A mão correu pela superfície da mesa que estava ao seu lado e os dedos passaram a batucar a madeira de maneira ritmada. A atitude da atendente lhe gerou certo incômodo, mas buscou por não esboçar reações aparentes. Seu ego estava alto demais para se alcançado por uma garçonete, pensou. Tornou a encarar os olhos da mulher com o sorriso galanteador no rosto, deixando as sobrancelhas caírem em uma expressão de falsa solidariedade.
"Sinto muito, acredito que tenha interpretado de maneira equivocada. De todos os lugares da cidade, esse seria o último no qual buscaria uma namorada." Escapou de si um riso anasalado. "Bom, conforme sua indicação, aceito esse pão amanteigado e recheado. Mantenho o capuccino tradicional cremoso."
Posicionou o capacete ao lado da mão estabelecida sobre a mesa, disposto a obter maior conforto durante sua permanência no local.
" Agradeço a indicação. E quanto ao outro pedido, mantenho a requisição do proprietário do estabelecimento, preciso tratar sobre alguns assuntos... conversa entre homens."
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No momento em que conseguiu captar os olhos e, assim, o rosto dele por completo, Ash tinha certeza que não o conhecia. Isso lhe dava uma pequena paz, pois havia rumores de que os empresários estavam cada vez mais perto de consumir todas as lojas da região. Por outro lado, havia uma pequena inquietação brotando ali, já que poderia estar enganada levando em conta o tempo que ficou fora. As coisas podem ter mudado mais do que ela imaginava. Embora houvesse esse conflito de emoções, ela se manteve tranquila, apenas com foco em seu trabalho como em todos os dias de sua vida.
Ela se virou levemente para a esquerda, apontando para o grande cartaz que anunciava o especial, enquanto dizia: — Bem, o famoso pão amanteigado com recheio e pequenos pedaços de mo... — A sua fala interrompeu ao escutar a cantada, e seu sorriso foi sumindo aos poucos. Era cotidiano na loja ser paquerada, não só com ela, mas também com todos os seus funcionários. Então, houve uma reunião em que quando isso acontecia, ninguém se calaria diante daquilo. Não considerando a importância de que isso poderia causar a perda de cliente ou não, pois Ashley valorizava como necessário o bem-estar de todo mundo.
A postura dela ficou um pouco mais rígida, mas ainda mantendo o profissionalismo para atender. — Felizmente, aqui não é um programa de vai dar namoro. Então, eu preferia só oferecer o prato do dia mesmo. — Ashley tentou dar um sorriso, mas ainda não conseguiu relaxar. Ainda estava pegando a prática de volta para atender, principalmente quando se tratava de clientes daquele tipo. — Vai querê-lo? —
Uma coisa que a família Muller sabia fazer com amor era doces de todos os tipos e não poderiam deixar as receitas ficarem apenas entre eles, precisavam compartilhar com o mundo. Por isso, surgiu a pequena empresa Pão do Céu. Fundada desde os anos de 20, encantava cada morador e visitante com a sua variedade de doces na pequena cidade natal. Não ficaram apenas ali. Expandiram seus negócios para as cidades vizinhas que tinham alguém da família para poder administrar o local. Todos seguindo as receitas da matriarca: Aurora Muller; embora cada novo integrante da família adicionava a sua ou mais receitas especiais criadas. Com Ashley não foi diferente. A filha caçula de cinco irmãos, ela sabia desde criança qual seria o seu sonho: se tornar a confeiteira e criar um caminho mais gostoso das docerias. Não foi fácil, pois sua mãe queria que sua filha crescesse além daquela cidade, mas Ashley era teimosa e ficou contra todos àqueles que falavam para ela voar. Sempre tinha um lema: posso voar estando aqui. E foi o que aconteceu.
Assim que voltou de sua formação, aos 20 anos, Ashley assumiu uma das docerias, a principal, que ficava localizada na melhor parte da região que era visada por todos os empresários. Sua vida era voltada para o trabalho: a felicidade de seus clientes. Isso lhe afastou de relacionamentos mais íntimos com a exceção de uma relação que mudou sua vida. Dos 22 até os 25 anos, Ashley esteve em um relacionamento, além da doceria. Ela estava cada vez mais feliz até que uma tragédia mudou sua vida.
Ashley engravidou do homem, o qual começou a ser agressivo de várias formas. Ela estava presa e paralisada, não sabia o que fazer. Em um dos episódios violentos, Ash perdeu a criança, descobrindo, posteriormente no hospital, que nunca poderia engravidar outra vez. Aquilo atravessou sua alma, quebrando-a em pedaços. O homem foi preso, pego em flagrante, mas isso não mudava o fato de ter perdido uma de suas felicidades.
Passou um ano fora e a loja fechou-se nesse meio tempo. Várias propostas foram enviadas para ela, mas nunca abertas. O amor pelos doces ainda estava lá e só precisava de um empurrão. Então, sua avó e seu pai fizeram uma surpresa, onde Ashley aos poucos começou a adorar o mundo da doceria. Era uma forma de lidar com seus sentimentos de tristeza: encontrar a esperança em seus sonhos. Então, a doceria foi reaberta com muito entusiasmo dela e dos clientes.
Ela não esperava que as coisas iriam mudar em um dia tão quente. Ash escutou o barulho das portas sendo abertas e seus olhos voltaram para o corpo desconhecido que adentrava ali. Era um visitante, acreditava a mulher. Com um aviso dado por sua cabeça para um dos garçons indicando que iria atender o homem misterioso, Ashley caminhou levemente até lá e antes que pudesse falar algo, escutou as palavras sem ter sequer um olhar direcionado para si. Arqueou uma das sobrancelhas, um pouco desconfiada, e antes que pudesse prosseguir, sugeriu com um leve sorriso nos lábios: — Boa tarde, senhor. Gostaria, pelo menos, de saber qual o prato especial de hoje? É uma das receitas originais. —
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Uma coisa que a família Muller sabia fazer com amor era doces de todos os tipos e não poderiam deixar as receitas ficarem apenas entre eles, precisavam compartilhar com o mundo. Por isso, surgiu a pequena empresa Pão do Céu. Fundada desde os anos de 20, encantava cada morador e visitante com a sua variedade de doces na pequena cidade natal. Não ficaram apenas ali. Expandiram seus negócios para as cidades vizinhas que tinham alguém da família para poder administrar o local. Todos seguindo as receitas da matriarca: Aurora Muller; embora cada novo integrante da família adicionava a sua ou mais receitas especiais criadas. Com Ashley não foi diferente. A filha caçula de cinco irmãos, ela sabia desde criança qual seria o seu sonho: se tornar a confeiteira e criar um caminho mais gostoso das docerias. Não foi fácil, pois sua mãe queria que sua filha crescesse além daquela cidade, mas Ashley era teimosa e ficou contra todos àqueles que falavam para ela voar. Sempre tinha um lema: posso voar estando aqui. E foi o que aconteceu.
Assim que voltou de sua formação, aos 20 anos, Ashley assumiu uma das docerias, a principal, que ficava localizada na melhor parte da região que era visada por todos os empresários. Sua vida era voltada para o trabalho: a felicidade de seus clientes. Isso lhe afastou de relacionamentos mais íntimos com a exceção de uma relação que mudou sua vida. Dos 22 até os 25 anos, Ashley esteve em um relacionamento, além da doceria. Ela estava cada vez mais feliz até que uma tragédia mudou sua vida.
Ashley engravidou do homem, o qual começou a ser agressivo de várias formas. Ela estava presa e paralisada, não sabia o que fazer. Em um dos episódios violentos, Ash perdeu a criança, descobrindo, posteriormente no hospital, que nunca poderia engravidar outra vez. Aquilo atravessou sua alma, quebrando-a em pedaços. O homem foi preso, pego em flagrante, mas isso não mudava o fato de ter perdido uma de suas felicidades.
Passou um ano fora e a loja fechou-se nesse meio tempo. Várias propostas foram enviadas para ela, mas nunca abertas. O amor pelos doces ainda estava lá e só precisava de um empurrão. Então, sua avó e seu pai fizeram uma surpresa, onde Ashley aos poucos começou a adorar o mundo da doceria. Era uma forma de lidar com seus sentimentos de tristeza: encontrar a esperança em seus sonhos. Então, a doceria foi reaberta com muito entusiasmo dela e dos clientes.
Ela não esperava que as coisas iriam mudar em um dia tão quente. Ash escutou o barulho das portas sendo abertas e seus olhos voltaram para o corpo desconhecido que adentrava ali. Era um visitante, acreditava a mulher. Com um aviso dado por sua cabeça para um dos garçons indicando que iria atender o homem misterioso, Ashley caminhou levemente até lá e antes que pudesse falar algo, escutou as palavras sem ter sequer um olhar direcionado para si. Arqueou uma das sobrancelhas, um pouco desconfiada, e antes que pudesse prosseguir, sugeriu com um leve sorriso nos lábios: — Boa tarde, senhor. Gostaria, pelo menos, de saber qual o prato especial de hoje? É uma das receitas originais. —
Uma cidade pequena e uma família rica. O clichê que consegue se repetir em qualquer lugar do mundo, independendo do idioma ou cultura. Dos prazeres naturais do mundo, todo aquele usufrui das riquezas adquiridas ao longo da história consegue sentir os ventos da nobreza passando por sua face. Flynn, que possuiu a sorte de nascer com o sangue azul e o sobrenome correto, sentia os ventos da juventude e da burguesia tocando seu rosto diariamente. Em um quadro com designação de funções, a família Ramsey, proprietária de uma grande vincula da cidade, obtinha inúmeras casas de aluguel e estabelecimentos comerciais pelas ruas sinuosas. Os hotéis lhes pertenciam, parte dos restaurantes de melhor avaliação eram associados aos seus familiares e até mesmo supermercado já possuía a digital Ramsey. Alguns corajosos insistiam em entitular a família como uma "máfia", mas eles discordavam. "A vida não é fazer limonada com os limões que surgem pelo seu caminho" eles diziam, "a vida é saber administrar os limões para que eles tripliquem de valor". E disse Flynn era especialista. Sua abordagem nunca fora a mais amigável, não detinha o melhor carisma como sua irmã Helena ou sua mãe Annelise, mas ele era a mão forte a qual determinava o rumo daquele barco. Havia se reunido naquela manhã com o corpo de executivos responsáveis pela contabilidade e administração da empresa familiar e juntos concluíram que a melhor hipótese comercial para aquela zona da cidade seria o investimento de um centro gourmet para providenciar maior atração aos turistas que buscassem a cidade e, consequentemente, maior fluxo de dinheiro nos caixas do Ramsey.
O loteamento em questão estava localizado em zona de grande interesse comercial, Flynn poderia investir em obras públicas para o parque ecológico que ficava nas redondezas e tornar aquele bairro em uma mina de ouro. O principal desafio seria a negociação com os proprietários dos imóveis remanescentes no local.
Assim que o relógio marcou três horas da tarde, Flynn cruzou a cidade com sua motocicleta e chegou ao destino. Um sorriso maroto no rosto surgiu ao ver a placa disposta na frente do estabelecimento, em um ar de convencimento. Em sua mente, a vida era objetiva. O dinheiro que ofertaria faria os olhos do proprietário brilharem mais do que aquele letreiro miúdo. As janelas de vidro faziam com que a fachada muito lembrasse uma vitrine, uma jogada inteligente a qual atraía olhares curiosos.
Retirou o capacete que ainda protegia sua cabeça e o colocou debaixo do braço, ajeitando o cabelo logo em seguida. Deu passos largos em direção à porta do café. Apoiou a mão sobre a maçaneta firmemente e a abriu com um largo sorriso no rosto.
Os olhos vidraram o expositor, passando a língua pelos lábios ressecados enquanto decidia qual seria o doce que escolheria antes de aterrorizar mais uma pessoa que obteve o azar de encontrar com Flynn naquele dia. Sem erguer o olhar para o atendente, apontou para uma fatia de torta holandesa e a voz saiu como um trovão noturno.
"Boa tarde querida. Pode me entregar uma fatia dessa torna e um capuccino tradicional, por favor?" O sorriso tornou a surgir no canto de seus lábios "E, se possível, chame o dono do lugar, gostaria de conhecê-lo."
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