Tumgik
deuscaos-blog · 6 years
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Soneto do Arrependimento
Imagina conhecer a melhor pessoa do mundo E fazê-la sangrar Na fonte límpida da vida sinto-me imundo Afundo na queda livre do último andar
Viver é muito complicado Conviver com essa dor é impossível Ainda que tenhas me perdoado Reduzi-me à partícula invisível
Fiz da nobre escultura milhões de pedaços O calor do arrependimento é brasa nos pés descalços Minhas madrugadas são sessões de pesadelos horripilantes
Nas manhãs soturnas e frias Não leio as belas palavras que me dizias Dói a alma não causar os sorrisos de antes
- Caos
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deuscaos-blog · 6 years
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1 minuto da sua atenção
Leve-me para a igreja Preciso me redimir dos meus pecados Uma seita onde a bondade enseja E todos os meus erros sejam apagados Prezado supervisor, não importa quem seja Perdão pelos corpos enterrados Pelos corações magoados Pelos prantos derramados Faz um milagre em mim e veja A conversão de um dos caminhos mais desviados O importante é que esteja De mente aberta para meus olhos fechados
Salvador? Senhor? Não banque o árbitro do meu arbítrio livre Coloque-me no pedestal que nunca estive Pensei que podia contar contigo Por que não fala comigo? Por que não podemos ser amigos? Estou ciente que me faltou traços de humanidade Entenda que não tenho os poderes de uma divindade Apesar de ter criado vidas Apesar de ter tirado vidas Ter alterado a natureza Responsável por tamanha tristeza
Cá estou humilde Implorando que não duvide E também não revide Se possível revise E tão breve me avise A gravidade do meu caso Se a vida é destino ou acaso Se eu já nasci com determinado prazo Tu ou ninguém quem determina? Quando tudo isso começa e termina? Se existem classificados ao Paraíso Ou à sete palmos a consciência se elimina? Se ao final temos juízo Ou a falta dele nos incrimina?
Na possibilidade de minha súplica Tocar seu espírito divino Visite minha república Procure esse menino Que tão cedo acha que é muito tarde E na frieza humana tem um peito que arde Réu confesso disposto ao confessionário Com os pés cansados pelo tortuoso itinerário Sabe onde me encontra Disseram que era onisciente Sempre fui rebelde que se diz do contra Cansei de nadar contra a corrente Aguardo pacientemente Para sanar árdua dúvida que corrói a minha mente Se finalmente terei uma conversa olho no olho com Deus Ou o até logo da vida é um eterno adeus
- Caos
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deuscaos-blog · 6 years
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A droga do mundo
A busca pela redenção é ilusória O mundo é podre O mundo é sujo E eu sou um universo Sempre fujo Só comigo converso
Meus quebra-cabeças estão sem peças Meus inimigos estão sem pressa Meus fracassos estão transbordando Os amigos que tinha acabei matando Esse é o velório dos meus segredos velados Aqui exponho pecados ocultados
Um cavalo de corrida aposentado Correndo atrás do tempo perdido Mas o tempo não é dinheiro, mulher e carro importado Uma vez perdido, ele jamais volta Não importa seu arrependimento ou sua revolta Ele nunca para para ouvir Ele até ouve enquanto anda Ignora o que foi dito e te deixa cair Suas costas ardem enquanto o tempo passa por cima Sua impotência, perante tudo, sublima
Tomei atitudes positivas para tirar meu saldo do vermelho Continuei negativo Hemorrágico com o soco no espelho Eu só queria ser saudável Eu só queria ser feliz Mas sou herdeiro da tragédia Ainda que escreva os melhores versos Ainda que componha obras primas Ainda serei eu Com o dom da infelicidade melancólica nas minhas veias
No meu copo absinto Da realidade me abstenho Meu corpo no labirinto Vários caminhos a seguir e nem sei de onde venho Para mim mesmo minto Dizendo que me empenho
Alquimista reverso doente Levando destruição e dor onde meus pés rastejam Pegadas pesadas Alma pelada e penada Fantasmagórico Sem fãs eufóricos Nada de emoções plenas Em pleno Sol do meio-dia tremo
Nem estrela na calçada da fama Pode iluminar meu negrume Todos ignoram meu drama Como de costume Todas com quem dividi a cama Somente deixaram dores e perfumes
Cansado de andar em círculos Por não frequentar os círculos adequados Exausto de distribuir currículos E perder vagas para os indicados Meu pai ficou uma década desempregado Dormindo no tapete bege da sala Circunstâncias levaram cada um para um lado Lembro apenas das fotos perdidas na mala
Nasci com defeito congênito Nasci com desejo de ser gênio E aptidão para ser genro Vivi três décadas, dois séculos e milênios E nem cheguei aos trinta Minha namorada queria ouvir que posso conquistar prêmios Mas não quer mais que eu minta
Fardo amargo de ser auto-destrutivo Desequilíbrio de um morto-vivo Preso na reflexão da ilha do medo Viver mais tarde ou morrer mais cedo?
Descobri que livros salvam vidas Recomendado cem páginas por dia Mulheres submissas tornaram-se divas Pena que minha mãe não lia
- Caos
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deuscaos-blog · 6 years
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Pente e Meias
Meu pai não teve pai Talvez eu o cobre demais Como ele me cobria de madrugada Há alguns anos perdemos a paz A manhã memorável é a menos ensolarada
Já me imaginei cometendo parricídio No segundo domingo de Agosto Lágrimas no início seriam indício Do sangue a escorrer no rosto
Mas por herança paterna Lato e nunca mordo Minhas vontades internas Morrem por aborto
Sempre recolho meus ideais Para executar o ideal Meus desejos reais Perdem para a necessidade do real
Prefiro contar frustrações Para não contar trocados Por melhores condições Meus sonhos foram enterrados
Sonhei com um banho sanguinário Temi o banho de sol Ser um nobre revolucionário E não um imperceptível mol
Trago em meu peito desilusões profundas Poço fundo de aspirações imundas Escândalos de vozes mudas Gigantes almas miúdas
Desavenças com meu velho e pensamentos no gatilho Problemáticos verbos, sério empecilho Péssimo homem, terrível filho Questionamentos eu empilho
Na dúvida de ser ou não ser? Não me tornei Shakespeare Sem saber por onde correr Nem de rotas para fugir
Parado nos momentos paradoxais As datas mudam mas meus dias são iguais Impaciente com as patologias terminais Preso nas intermináveis horas do dia dos pais
- Caos
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deuscaos-blog · 6 years
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Cara ou Coroa
A agulha vicia braços heróis no Bronx Álcool e sexo distraem a miséria do rei em Havana Uma irmã derrete órbitas oculares em Hiroshima Enquanto a outra filha compromete a genética em Nagasaki Uma cantora prodigiosa é silenciada pela overdose em Londres Um jovem sem futuro é ouvido pela última dose em São Paulo A guerra civil desorienta o homem médio em Aleppo
Uma jovem atriz ascende ao estrelato em Hollywood Um campeão olímpico torna-se herói nacional em Trelawny Cientistas descobrem água líquida em Marte Casais tiram fotos ao pé da Torre Eiffel em Paris A banda de rock clássica faz uma performance histórica em Wembley Um líder rebelde recebe o prêmio Nobel da paz em Oslo                                      O primeiro presidente negro dos Estados Unidos faz seu discurso da vitória em Chicago
Sou sortudo por não estar na primeira estrofe Ou azarado por não pertencer à segunda?
- Caos
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deuscaos-blog · 6 years
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Intermitências da Morte
Eu tinha medo da morte Achava que causaria grande estrago Ela me conheceu e tive sorte Apaixonou-se por mim como no livro de Saramago
A velha senhora apaixonada como adolescente A frieza mortal tornou-se incandescente Na minha cama encheu-se de vivacidade Desistiu do luto por toda a eternidade
Abandono do cavalo branco Aposentadoria da foice fatal Implodiu o peito no ato franco Declarando que não conhecera igual Sentimento solavanco Imprevisibilidade do improvável casal
Quem diria que a morte é o amor da minha vida? Quem dissesse estaria insano Era a poesia não lida Senhora de outro plano
Planícies policromática coloriram minha amada Iridescente alma resgatada Desertou do vale sombrio Nova habitante do país tropical Aceitou esse desafio Disse que me acompanha até o final
Na verdade, fez juras à mim Prometeu que não teremos fim No árduo trabalho não teve substituta Não sucumbiu e jamais voltou à labuta Encantada no feitiço meu Nova era que se concebeu E no dia seguinte ninguém morreu
- Caos
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deuscaos-blog · 6 years
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Ofensas silenciosas
A madrugada de domingo me convidou para mais uma jornada escrava Calça verde, blusa amarela e azul Tênis velho e rasgado rumo à zona sul
O espanto das pessoas me espantava Acalma-te, não sou como tu Na fogueira das vaidades o objetivo é ser igual, prefiro ser iglu
A moda me incomoda Meu jeito é quadrado, o mundo é uma roda Gigante pela própria natureza Em que a naturalidade gera estranheza Não sigo padrão nem tenho beleza Desprezo sorrisos falsos e exponho real tristeza
Apesar de não me enquadrar Meu retrato emolduro Feição consternada a me guiar Pelos passos que costuro
Essa foto não posto Pois no futuro não aposto No banco frio encosto Ensaio um levante esperançoso porém recosto Recorto memórias amargas das quais não gosto
No meio da multidão Ninguém fica no meu caminho As taças se quebrarão Eu sempre sou vinho No inverno há migração Eu sempre sou ninho Estrela sem constelação Eu sempre sozinho
Meu vestuário colorido contrasta Com minhas emoções cinzentas Há tempos deram um basta Nas ilusões sedentas Não cederam nem mesmo nas noites de tormentas
Atormentado pelos traumas da infância Pela sirene da ambulância Pela sirene da viatura Pela vida dura sem estrutura
De um jeito torto representando a bandeira Mesmo sem pôr o coração na ponta da chuteira Pote de medalhas de ouro no fim do arco-íris Tudo desmorando frente à minha íris
Ruínas nas minhas retinas As tragédias pulsam nas esquinas À passos curtos sigo Apesar dos olhares ofensivos Cansei de procurar abrigo Nas covas dos vivos
- Caos
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deuscaos-blog · 6 years
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Finalmente posso viver como um ser humano
Esses versos vêm do coração Mas não é um poema de amor Vermelho de vingança, não de paixão Vermelho de raiva na linha Equador Sangue fervendo próximo da explosão Se me calo ou pisam no meu calo sinto calor Pequenos movimentos levam meu peito à erupção
Jovem suburbano irado Latino-americano colonizado Incerto sobre a minha real raiz Certo que o real não me faz feliz Preconceitos enraizados Cercam por todos os lados Transportaram a destruição direto da matriz E os filhos da filial tomaram bem no nariz
Nocaute Blackout Mesmo com olhos abertos Não é possível ver a luz Flertamos com céus encobertos E a fé cega é o que nos conduz Mas a mim não condiz É meu tórax, não meus pulsos, marcado por cicatriz
Ideias insanas, meio maníaco Pensamentos grandes, megalomaníaco Estou fazendo de propósito À procura de um propósito Que me afaste do niilismo Enquanto isso não sirvo para depósito Sou ambiente inóspito Para a doutrina do existencialismo
Existia em minha essência Um traço de mudança Que erradicaria a decadência Dos tempos de bonança Criatura de extrema paciência Aos longos tempos de andança
Porém esses tempos me levaram à templos Que me apresentaram exemplos De tragédias colossais Podridão humana que consta nos anais Perdição material representada por anéis Descoloração dos céus azuis anis Tempestades ambiciosas ferem a nós                                                 Valorizamos vestuário e repudiamos espíritos nus 
Esses versos pulsam em meu peito Cada linha um efeito Ainda não sei do que sou feito Ou como corrigir defeitos Nem como seres se acham perfeitos Mesmo com desprezíveis costumes Ateamos morte aos cardumes Choramos chorume É o cúmulo exterminar a base para chegar no cume
Enquanto há quem não coma Muitos vivem em redoma Na nossa defesa são linfomas Conterrâneos com diferentes idiomas Idiotas São os que enganam Ou são enganados? Poliglotas Diversas línguas emanam Os pensamentos ultrapassados
No passado eu era pacato Atualmente meu interior é um caos A teoria é que me eleve ao estrelato A realidade é percorrer degraus Graus: Farenheit 451 Livros? Nenhum A leitura desencadeia encarcerados mentais Se todos devorassem livros, jamais seríamos desiguais Por isso cada dia leio mais
Mas ainda é pouco E quanto mais eu leio Mais me chamam de louco O jogo está passando Venha ver o escanteio Seu time está ganhando É para isso que você veio?
Alguns me dizem: "calma, não se irrite Foi assim que enlouqueceu Nietzsche" Isso me deixa consternado Não acredito que alguém acredite Que contestar é errado É cada atitude absurda Impossível incorporar Buda E não ficar incomodado
Vivemos em um jogo de cartas marcadas Marquei todas vezes que nossas castas foram renegadas Quantas costas foram rasgadas Rasguei o contrato com a paz Portas e janelas trancadas Vidas inteiras traçadas Batalhas, em vão, travadas Ainda me julgam incapaz
Antes incapaz do que capataz Antes viver melhor do que viver mais Quantificam a felicidade como algo palpável Se na palma de nossas mãos há um mundo imensurável E justamente nessa imensidão foi onde nos perdemos Caçadores por necessidade Tornaram-se ditadores por crueldade Jogados no mar das atrocidades Sem barcos e remos
Quando mares e olhos estão fechados Destacam-se a visão dos privilegiados Que herdaram a superioridade do tempo das naus Navios potencializados Nativos massacrados Homens que vivem bem são os homens maus
Esse é o cenário e dele sinto nojo Difícil de mudá-lo com o que tenho no estojo Eles controlam educação, saúde, quartel Oceanos, terra e céu Só coordeno a caneta no papel Não quero um mausoléu Tampouco um óbito glorioso Meu rosto carrega honroso brio Apenas peço: atirem no meu coração raivoso Não destruam meu perfil
- Caos
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deuscaos-blog · 6 years
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O Sol
O Sol simpatizou comigo e me fez seu pupilo Conversamos olho no olho e não queimou minha pupila Acalorados segredos que mantenho em sigilo Um astro cuja magnitude não se assemelha mas o brilho se assimila
Estrela solitária, proprietária de um sistema Suntuosidade é o seu emblema Fulgor perene de invisibilidade manifesta Sua partida traz sensação funesta
Na sua ausência nasce o desvio moral Ao papel se confessa melancolia existencial Inspiração para soturna sinfonia Dolorosa feito grave misofonia
Madrugadas medievais aquecidas por fogo Chamas de um frágil concorrente demagogo Para os indigentes, fogueira Para os abastados, lareira
Suplentes ineficientes não confundem mente sã Fagulhas não se comparam ao nascimento pela manhã Do grande astro de irradiante coroa Expõe sua face e o canto do bem-te-vi ecoa
Responsável por enormes planetas e ínfimos detritos Presencia demasiada baboseira Menos insignificante que poeira E ilumina penumbra de conflitos
A escuridão remete ao sono Sua alcunha remete ao trono Antes abanar do que abandono Não sou dono do mundo mas sou protegido do dono
- Caos
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deuscaos-blog · 6 years
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BoAte
Saí das trevas para abrir meu clube noturno Sou anfitrião e atração tocando piano Percepção do momento oportuno Para triunfar no plano humano
As salas de aulas estão vazias Finda-se o ensino médio Os teatros estão vazios Monólogos causam tédio
Todos querem uma noite infame Na candura de um mélico enxame Em chamas de luxúria e vingança O caçador pede à presa uma dança
Dois corpos se movem pelo salão O tempo de um velho amor urge Dois olhos dizem ao coração O instante que um novo amor surge
Quando o Sol estreia no novo dia Sentem falta das teclas namorando meus dedos No meu espetáculo há magia E cumplicidade de seus segredos
- Caos
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deuscaos-blog · 6 years
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Tijolos e Tintas
Os belos são os que mais tem a perder Quando seus corpos sarados E rostos santificados Se rendem ao pesar de envelhecer
Pobre alma que se ilude Pensando ser eterna sua juventude Há necessidade de oferecer outras virtudes Velhos admiradores buscam novas atitudes
Deixam de olhar suas bocas E ouvem o que tem a falar Palavras rasas e poucas Planetas rebaixados de patamar
Os feios nada tem a perder Conseguiram ser respeitados Através da capacidade, admirados Sempre um belo leão a abater
Cientes do olhar rude E ainda que o brinde não o saúde Alcançam sua plenitude Aos padrões dão amplitude
Face disforme supera cabeça oca O conteúdo põe a capa em seu lugar Aleijadinho foi mestre da arte barroca Sua aparência sombria não o impediu de brilhar
- Caos
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deuscaos-blog · 6 years
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O-
A estrada percorrida pela humanidade é banhada de sangue Olhe para nossos pés mergulhados em sangue Estamos inebriados com cheiro de sangue Chuva ácida desumana com gotas de sangue O solo fértil da nossa terra foi adubado com sangue No alicerce da nossa casa há todos os tipos de sangue
Finjo que não sei toda a verdade A verdadeira face da hipocrisia Nosso estado mental é de calamidade Atrocidades cometidas todo dia
Estou sentado em um dormitório quente Enquanto corpos esfriam O futuro morre silenciosamente Enquanto os vizinhos espiam
Sou mais um hipócrita desse sistema Admito e não nego Também sou um dos problemas Antes de me resolver não sossego
O menino me pediu dinheiro no farol Neguei mesmo com a carteira cheia Cobro meu lugar ao Sol Porém assombro quem me rodeia
A frieza de nossos corações Concebe caveiras de cristais É tão fácil condenar multidões Difícil é salvá-las com um tratado de paz Tratamento de esgoto para nossas podridões Sanar o básico tipo menos filhos sem pais
As mãos que balançam os berços Não são as mesmas que abriram os sutiãs De noite devoram os beiços Mas há fome pelas manhãs Avós apelam aos terços Para manterem as almas sãs A opção de compra que exerço São de tecnológicas maçãs
O mundo nas palmas, milhões de aplicativos Pessoas à margem, milhões de inativos Ilusões reais, milhões pensam estar vivos Cravar infinitos leões para vencer milhões de crivos
Tudo isso para nada A hora do rush congestiona Estamos parados na estrada E o caminho decepciona Muita luta nas jornadas Muitas mães que se emocionam Irmãos com as veias marcadas E os espelhos já não os reflexionam
Refletimos pouco e erramos em demasia É um ciclo perigoso que o cérebro vicia Ficamos mudos para a mudança e ela não se inicia Os laboratórios atestam sermos uma droga em primazia
Perdido nesse tiroteio nem as balas me encontram Os parentes me desapontam Comigo também não contam E já não conto nada para ninguém Queria escrever um conto mas me atraio pela poesia Queria escrever uma poesia romântica mas me atraio pela doentia Quero curar os doentes mas não curo nem meu dia E já assumo que sou doente também
Tenho problemas na visão Dos olhos, do quarto, de mundo Pensei ter visto o clarão da salvação Era só um vagalume no poço fundo Movimentos involuntários, translação e rotação E até com esses dois me confundo Talvez a vida seja sobre lesão E eu sempre me contundo Não vou descansar em paz e quietação Mesmo que caia em sono profundo Movemos a areia do tempo sem exatidão E é na imperfeição do tempo que me aprofundo
- Caos
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deuscaos-blog · 6 years
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Manuscrito Revisado
Perco o sono mas não perco o trono Insônia insossa com índices de abandono Eleito Rei por ser muito solidário Mas como o Sol, sou um astro solitário
Um brilho intenso no céu límpido Tão forte que fortalece o ímpeto Fulgor revigorante que desperta a preguiça O temor se esvai e a coragem se atiça
Perguntaram quão disposto estava a salvar a humanidade Abdiquei de minha simplicidade E personifiquei total complexidade Que absorve surrealismo e materializa realidade
Homens maus ganharam poderes econômicos Começaram a nova ordem mundial Enclausurados em cultos maçonicos Obtiveram um domínio nunca visto igual
Controlavam países dos quais nem sabiam a língua Não demonstravam remorso vendo crianças morrendo à míngua Tudo era sobre poder e não poder perder Podar a pose de ascensão de quem almejava crescer
Mas não para fortificar como planta Para enfraquecer raízes da genealogia que se levanta Em armas intelectuais Revolução mental que pregava sermos iguais Enquanto presenciavam dores e nos aniquilavam como rivais
Ri e vai como vencedor da guerra Chora e cai de rosto na terra Sorrisos e lágrimas na mesma atmosfera A fúria se propaga e a desigualdade impera
Os céus pediram reforço para ressurreição da luz Sozinhos não chegavam onde minha força reluz Reli os ensinamentos e os refiz Equilíbrio controlado entre livre arbítrio e martelo do juiz
Fiz jus ao chamado e chamei a chama Para gelados corações que a honra não emana E a manada de elefantes que nos pisavam como formigas Foram trombados e tombados durante as brigas
Abatidos nos embates Minimizados nos debates Força física e psíquica foram nossos diferenciais Acreditamos demais, deixamos eles pra trás e não nos alcançarão jamais
Amais a mais torta forma e a consertarás Consentir graça ao rude e o curarás O ódio pode fundar sua seita Mas só o fundamento do amor que se aceita
Fundamental fase mas sem dar a outra face Cristalino que transparece porém sólido pra que não transpasse Linha tênue entre disciplina e castigo Tecido fino que difere prisão de abrigo
Abri gota a gota, desvendando os sete mares Centímetros sentido a hectares É que os ares eram propriedades vinculadas Com embarque veiculado às verbas arrecadadas
Garanti passagem para os que a mereceram na viagem Vi que agem no deserto, vendendo miragem A montagem mostra oásis que se revela sertão Ser tão seco que não possui emoção
Moços e moças simples que são ludibriados Lucifers e Diabos no ápice endiabrados Observo do Alto, todos endividados Sangue de pagamento, todos débitos quitados
Todas classes quites, extinção de quitinetes Requinte distribuído, chuva de confetes Confere o que te cerca e lembra do que cercava Cerca elétrica extinta, ninguém mais precisava
Precisa atuação que deixou meu povo são Sanei toda a loucura, trajando preto na escuridão Escudo fortalecido, recompensa do sacrifício Insatisfeito com o final, criei um novo princípio
No princípio nada foi fácil, elevado edifício Edifiquei nossas estruturas mesmo que o solo não fosse propício Reformando dicionário, significado de difícil Aquilo que é possível quando não desiste no início
- Caos
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deuscaos-blog · 6 years
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Volúpia
A tempestade caindo lá fora E um temporal de amor aqui em nossos lençóis No calor dos seus braços, meu fogo aflora E nosso vulcão entra em erupção quando estamos a sós
Puxo seu cabelo e você delira Beijo seu pescoço e até no frio transpira A sua pele macia me inspira A cada palmo viajo e meu mundo gira
No seu cangote deságua o cabelo comprido Cumpro a meta de ser o escolhido Sua coxa arrepia e traz nova textura A minha mão viaja e o pensamento vai à loucura
Puro e verdadeiro, te entrego beijo sincero Não é mais nenhum segredo, o quanto te quero Seu olhar sedutor tem contato direto com a minha alma Frenesi me alucina enquanto tento manter a calma
Você e eu no Éden, provo do fruto proibido As línguas se entrelaçam, depois o lábio é mordido Vestida aos meus olhos, despida na imaginação Mesmo sendo perigoso não me dá tensão A luxúria me consome e me dá tesão
Você sentou no meu colo e senti poder Seu toque me faz transbordar de prazer Me perco na sua pele branca Me enlouquece com sua palavra franca
Sussurra no meu ouvido e me excita Desejo em cada centímetro do seu corpo fazer uma visita Desperta e injeta adrenalina em toda minha malícia Seu corpo na minha boca é uma delícia
Mamilos lindos e rosados Naquele instante ficamos alucinados Rosa virou minha cor preferida Quero te degustar sem pudor e te deixar desfalecida
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deuscaos-blog · 6 years
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De Repente
De repente Como duvidavam os céticos O Sol cospe sua última fagulha Não há mais dia para iluminar os açoites Noites de 24 horas, anos de 365 noites
De repente O fogo deixa de aquecer O corpo que te incendiava Nas gélidas madrugadas invernais Não tem mais graus Celsius positivos Apenas ocupa espaço como vulcões inativos
De repente O sorriso entristece A piada mais engraçada do comediante Causa o tédio de uma tarde chuvosa Pingos de melancolia corroem o teto Expondo o céu sem estrelas e triste Poluído pelo tempo infame que o consiste
De repente Os olhos doces amargam a visão do outro Assim como a doçura dos beijos torna-se insípida O inebriante perfume, inodoro O toque desejado, repulsivo Minutos juntos, eternidade Pequenos defeitos, pecados Longos telefonemas, recados
De repente O poema mais belo deixa de ter sentido O amor existente deixa de ser sentido A ausência antes dilacerante Não é mais sentida Há uma sensação revigorante No ato da despedida Corações machucados saram com a partida O suspiro da morte vira sopro de vida
- Caos
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deuscaos-blog · 6 years
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O que senti sem ti
Arrepios frios Carne trêmula Terremoto cutâneo  
Palpitações vulcânicas Padecimento efusivo Erupção pungente
Ejeção dramática Danos indiscriminados Dilúvio salgado
Afogamento silencioso Madrugada calada Manhã calamitosa
Data interminável Segundos dilatados Precedente eternidade
Esperança assassinada Ponte demolida Destino inalcançável
Metas inexequíveis Sonhos despertados Pesadelo emocional
Saudade robusta Ausência tua Extinção minha
- Caos
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deuscaos-blog · 6 years
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Pilares Sociais
Mente sã, corpo saudável Com saudades, saudado Conquistando futuro suado Sede de conhecimento insaciável
Mente força, corpo fortaleza Amado e armado contra a incerteza Exploração do território da alma pureza Sede de essência que não cessa com beleza
Mentem muito, corpos doentes Cedem muito cedo, são negligentes Sede da guerra é a capital do capital O presidente anuncia o uso do arsenal
Semente da paz não foi incorporada no mundo Se a mente é incapaz, o corpo é moribundo Muitos estão perdidos sem saber de onde são oriundos Resolver primeiro as coisas pelas quais desejamos todos os segundos
Segundo estudos, vivemos realidade caótica Seguindo tudo que é admirado por nossa ótica Perseguindo todos que diferem da nossa filosofia Demasiados embates e escassa empatia
Empate agrega um ponto e não muda trajetória Derrota ensina a lutar mais pela vitória Para alguns dias de luta se transformam em dias de glória Para muitos a realidade é sobreviver sem escolha como escória
Não necessitamos atingir material riqueza Para nos livrarmos da pobreza E mostrar nossa força independente da alheia fraqueza Envenenar a rainha não te torna princesa
O princípio do altruísmo vem através da liberdade De viver sem buscar recompensa, agir pela boa vontade Ter um coração puro de verdade Independentemente se céu e inferno existem na realidade
Não pensar por preguiça ou covardia Pode ser letal, deixar o cérebro em letargia Quanto mais se pensa, mais difícil é ser feliz O conhecimento fere as certezas e deixa cicatriz
As dúvidas machucam e as respostas curam Questionamentos são necessários, mesmo quando faltam soluções Se felicidade é obter controle nas coisas que nos rondam Os pormenores agigantam nossas frustrações
Queria descobrir quem criou o universo para iluminar meus breus Mas me digam religiosos: quem criou seu Deus? Se contentar com o atalho não dignifica a chegada A linha final não é sucesso pra quem não evoluiu na estrada
Quanto mais me oprimem Muito mais me fortifico Palavras atiradas não me deprimem Adiciono-as ao meu vocabulário e fica mais rico
Cérebro que se destaca, leva martelada Mas não conseguem pregar, religião estagnada Mesmo que me atirem no abismo Jamais corroborarei com desigualdade e racismo
Raças, etnias, fome e miséria Há diferença na cor da artéria? Reclusão dos direitos não são férias Exclusão da humanidade e sequestro da dignidade são situações sérias Estômagos vazios ou cheios... de bactérias Faminto e na barriga, apenas verme Não comer dói mais que o corte da derme
As paredes vão se fechando e vou estourar o teto Claustrofobia sentimental sufoca o afeto Sofrimento excessivo judiando dos fetos Se a decisão fosse minha, usaria diversos vetos Mesmo com vidas tortas, mantenha os passos retos Se o mundo virar uma selva, não sejam insetos
- Caos
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