Tumgik
derbelmonyren · 2 years
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lukasprk​:
𝒅𝒆𝒓𝒃𝒆𝒍.
obstinado, persistente, incansável — não importava qual dos sinônimos com conotações negativas usassem para descrever lukas nos últimos dois meses, o que ninguém podia negar era a sua completa dedicação e devoção ao que tinha posto em sua cabeça: pegaria aquela assaltante à todo custo. o que a diferenciava das centenas de casos de assaltos e agressão diários em berlim, afinal? talvez fosse a humilhação de ter cometido tantos deslizes de principiante na cena do crime, por ter deixado aquilo decorrer da pior forma possível apenas porque hesitou na hora de agir. mas, no fundo, havia algo sobre aqueles olhos afiados que não era capaz de esquecer, o olhar dela preso em sua mente durante todas as frustrantes noites que sucederam o incidente como um lembrete irritante de seu fracasso e o alimento para a sua sede por encontrá-la. o primeiro mês de sua busca não lhe rendeu quase nada, era quase como se estivesse perseguindo um fantasma, não existiam recordes sobre o que lukas tinha a mais plena certeza de se tratar de uma pessoa experiente, nenhuma descrição que se encaixasse nas feições tão únicas da mulher. sua busca era equilibrada com turnos dobrados graças a repreensões de seus superiores graças à sua distração no trabalho, as pesquisas clandestinas no banco de dados policial e as explorações não autorizadas na sala de arquivos. não importava quantas vezes o mandavam simplesmente abandonar aquela busca que nunca dava em nada, ignorar as fotos borradas que conseguiu de câmeras de vigilância, desistir sequer passava pela mente do homem — mas foi aí que ele errou.
encontrou o que não devia e percebeu que o buraco era bem mais embaixo, não era apenas um furto: assassinato, para começar. a ficha tão podre perdida em meio a um caso tão horripilante quanto a lista de crimes na folha, mas uma coisa era indiscutível: era ela. derbel. nome que custaria a esquecer tal como o olhar afiado que mirava-o através da foto em preto e branco do arquivo, precisamente ali foi o começo do seu fim — por mais dramático que pudesse soar. a promoção que haviam dito para ele desistir? caiu em sua mesa como uma benção do céu, ou era isso que ele tentava se convencer, porque era muito fácil perder sua fé na humanidade depois ter entrado para a unidade de crimes violentos, uma subida tão grande que gerou burburinhos por todo o escritório, mas não podiam negar que naqueles últimos meses lukas havia feito um trabalho melhor do que qualquer outro policial ali que nunca tiveram sequer um vislumbre daquela que era a peça chave de um dos casos que mais precisavam resolver, trazer o jovem para aquela equipe não foi nada além de estratégia, viram alguém que estava disposto a se matar pelo trabalho e alimentaram isso e, o pior, agora tinha recursos e um distintivo que o fazia chegar em lugares antes nunca imaginados, a arma que carregava no coldre pesava e o fazia se sentir estranho com aquele poder mortal em mãos, mas sabia que era uma precaução necessária depois de ter se inserido em lugares perigosos e situações arriscadas em busca de, talvez, com sorte, conseguir uma vaga pista sobre o paradeiro de derbel. fotos borradas decoravam o quadro de recados atrás de sua mesa e registros e mais registros se empulhavam ao lado do computador, todas suas anotações seguras em um caderno de couro que não mostrava a ninguém, porque ali ele aprendeu que confiar nos outros não era a melhor opção e ser o novato sempre o colocava em desvantagem, era ambicioso demais para perder todo seu trabalho para um detetive mais experiente que apenas seguiu as pistas descobertas por ele. não, se recusava a deixar isso acontecer, sacrificando até sua vida pessoal que antes já parecia ser nula, cada vez menos visitava seu pai e cada vez mais era visto pelos distritos baixos da cidade, quase como se da noite para o dia tivesse se tornado um viciado naquela vida noturna suja, mas não era bem assim, anos na academia o ensinaram que para fazer um bom trabalho era preciso estar presente no meio de quem você estava atrás.
seu telefone pessoal nunca foi tão usado, havia distribuído o número para qualquer pessoa que parecesse ser uma boa fonte de informação, mesmo que não tivesse fé assim em absolutamente ninguém que encontrava, pois já haviam sido tantas pistas falsas que chegava a ser frustrante, mas nunca, nunca ele desistiria, não quando soube com certeza sobre uma das garotas de programa que havia tentado ajudar de que uma ruiva havia tomado seu lugar no clube onde ela costumava dançar e colecionar clientes que queria mais do que danças. a descrição era perfeita demais para ser inventada e mesmo que sua parte racional tentava alertar que podia ser uma armadilha, a adrenalina em suas veias quando pegou um dos carros disfarçados da sua equipe naquela noite e partiu em direção ao clube que havia sido informado. não era nada de diferente das dezenas de clubes que havia visitado naquele tempo, mulheres com pouca roupa e homens nojentos em todo canto, a música alta bagunçando seus sentidos junto com as luzes avermelhadas que pareciam tornar o ambiente pesado. contava com seus instintos ali e rezava para que estivesse certo. com roupas emprestadas da sala de evidências (se desculparia depois), lukas ostentava uma imagem que não era sua, roupas escuras e mais justas do que estava acostumado, a camiseta fazia um trabalho decente em esconder o colete balístico, mas era a jaqueta de couro que estava encarregada de ocultar o coldre com seu revólver de um lado e munição extra do outro. teve sorte de ter lembrado de pegar um pouco de dinheiro também, pois teve que se manter neutro quando ouviu o preço de uma dança privada com a garota nova como havia sido instruído a dizer.
deixar as centenas de dólares para trás pareceu uma péssima ideia quando se sentia mais apreensivo a cada passo que dava em um corredor abafado até uma sala pequena com um sofá ao fundo e um pole dance bem em frente, parecia que estava em uma sala da tortura e cada segundo que passava suas palmas suavam mais e mais. e se desse errado? e se não fosse ela? mas e se fosse?! a mente conturbada mal processou o barulho dos saltos que começaram a ecoar pelo ambiente, sua respiração presa em sua garganta quando levantou o olhar sutilmente para dar de cara com quem tanto procurava. o boné e a franja sobre os olhos eram tentativas de esconder sua identidade, então só torcia para que seus lábios entreabertos fossem interpretados como apenas um homem nervoso com sua primeira dança particular.
Depois de anos trabalhando pelas ruas e se expondo aos mais diversos riscos por conta própria, tornar-se uma dançarina de um clube noturno podia ser facilmente considerado o ponto mais alto de sua vida, afinal, ganhava seu dinheiro num ambiente controladamente seguro e sem precisar transar com ninguém — que não quisesse, claro. Existiam alguns pontos negativos como a competitividade acirrada lá dentro entre as meninas, mas nada tirasse o valor do trabalho ou o tornasse insuportável, porque ganhar um bolo de dinheiro numa noite sem tanta movimentação valia muito a pena. As primeiras semanas não foram fáceis, porque da mesma forma que existiram garotas amigáveis e acolhedoras, também existiram aquelas que a enxergavam como um empecilho, especialmente depois dos boatos que a antiga colega de trabalho delas fora demitida para que Derbel entrasse em seu lugar, porém não demorou muito para que engolissem a sua presença. Mesmo que não fosse uma dançarina de pole dance tão profissional quanto algumas dali, que carregavam anos de experiência, a mulher sabia usar a própria lábia e sensualidade como ninguém, arrecadando bastante dinheiro ao clube acompanhando alguns homens e servindo drinks. A novata rapidamente ganhou um nome na boca dos clientes regulares e dos mais curiosos: Red.
Derbel não planejava dançar naquela noite, na verdade, sua função seria conquistar os rostos novos que surgiam no estabelecimento e empurrar as bebidas mais caras em troca de alguns flertes, então a notícia que teve ainda no camarim de que um cliente havia pago uma quantia bastante gorda de dinheiro para uma dança privada a surpreendeu. Mesmo que aquela fosse a modalidade mais chata — afinal, qual era a graça de fazer uma verdadeira performance para uma pessoa só? —, também era o serviço mais lucrativo e mais eficiente em fidelizar clientes, porque se fizesse um bom trabalho, os próximos encontros já estavam garantidos. Retirando a blusa que vestia anteriormente para ostentar sua pele valorizada pelo harness, Derbel espirrou um pouco de seu perfume favorito no pescoço antes de seguir até o corredor secreto para as salas privativas. Lembrava vagamente da sensação de nervosismo que sentiu na primeira vez em que foi contratada para uma dança exclusiva, das suas mãos suadas e do seu coração acelerado, mas depois de quase dois meses lá dentro, a atividade já se tornara bastante banal e, às vezes, até entediante, porque quase sempre não tinha a sorte de receber um cliente interessante ou atraente. Será que encontraria um velho gagá como na última vez? Ou, quem sabe, um recém divorciado carente? Felizmente, ao abrir a discreta porta e ultrapassar a cortina escura, o vislumbre que teve do cliente já lhe trouxe um pouco de diversão.
A pequena sala era escura, iluminada unicamente por fitas de luz led azul e vermelhas em pontos estratégicos, al��m do fraco holofote direcionado ao pole, então era difícil para Derbel identificar com clareza os traços do homem sentado no sofá preto, especialmente quando trajava um boné. Não duvidava que estivesse tentando se esconder. Com um pequeno sorriso travesso, a mulher silenciosamente ligou a caixa de som na sua playlist e alcançou o pole para começar a dançar a música escolhida. Acompanhando as batidas da música, Red contornava a barra rebolando vagarosamente ao passo que sua mão livre passeava pelo próprio corpo, explorando-se e apreciando a música. Sentia-se extremamente gostosa exibindo tanta pele e faria questão de ostentar sua confiança enquanto se movimentava sem pudor algum, porque se seu objetivo era fazer o desconhecido gozar dentro da própria calça, ela faria o mesmo enquanto prendia a barra por entre as pernas durante suas acrobacias lascivas. Girando e deslizando no pole, abrindo espacates no chão e abrindo as pernas na direção do homem enquanto simulava gemidos silenciosos, Derbel acreditou que já fosse o momento ideal para se aproximar e tornar a experiência mais completa ao cliente.
Desfilando sem pressa na direção do desconhecido, Derbel buscou as mãos dele e as direcionou à alça de aço presente na parede atrás do sofá para que ele a segurasse. — Não vale tocar em mim, docinho. — alertou-o antes de sentar no colo do homem para rebolar firmemente nele como muitos de seus clientes amavam. No entanto, ficar de costas não foi a sua decisão favorita quando estava tão curiosa sobre as feições dele quanto estava interessada em deixá-lo duro. Dessa forma, Derbel levantou-se para sentar no colo masculino mais uma vez, porém de frente para sorrir diante da imagem dele com aquele boné idiota cobrindo seu rosto. — Está com vergonha? — perguntou baixinho enquanto buscava o apoio dos joelhos dele para continuar rebolando no ritmo da canção. — Ou é casado? — soltou a dúvida mais presente em sua mente. — Sua esposa não vai ficar sabendo, esse será nosso segredinho.
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derbelmonyren · 3 years
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lukasprk​:
você não faz ideia. não era o ideal responder a pessoa que segurava uma lâmina à sua garganta com aquele nível de escárnio, mas saiu automaticamente junto de um riso nasalado. tecnicamente, não tinha experiências com ladrões armados, porque poucos eram loucos o suficiente para tentarem qualquer coisa durante seus turnos diários, claro que já havia sido ameaçado com canivetes por pivetes que não gostavam de ser importunados enquanto acabavam com as paz pública, mas aí geralmente ele ainda conseguia fingir que tinha algum tipo de autoridade com seu uniforme e distintivo (não, a merda de seu cassetete nunca seria capaz de fazer alguém temer alguma coisa). com suas roupas de civil e sem qualquer tipo de identificação, era quase como se estivesse nu aos olhos da criminosa e pensar desse jeito o desconcertou levemente enquanto a permitia arrastá-lo até o caixa, um pouco perdido em seus pensamentos um tanto confusos naquela hora da noite e com seu nível de cansaço. quem é que poderia culpá-lo por se mostrar um verdadeiro inútil naquele momento? claramente não o atendente que o conhecia bem e mesmo assim conseguiu perder todos os sinais para que apertasse o botão para ativar o alarme da loja ou ligar discretamente para a polícia como qualquer pessoa sã faria. ah, não, no lugar de fazer isso o pobre seguiu as instruções da mulher ameaçadora enquanto lukas xingava baixinho consigo mesmo. que situação de merda.
ser pressionado contra o balcão tirou de seus lábios um grunhido surpreso instantes antes de tentar se livrar do aperto dela agora que não tinha mais a faca em seu pescoço. se mover demais significava ser pressionado com mais força, mas não era como se ele não tivesse aguentado pior em horas intermináveis de treinamentos na academia. rapidamente esticou um de seus braços sobre o balcão, a ponta dos dígitos tentando alcançar o botão do alarme que sabia ficar por ali graças ao protocolo municipal, o som ensurdecedor que preencheu o ambiente até então tão calmo. aquela foi a sua deixa para agir antes que ela fugisse com a sacola de dinheiro, seu calcanhar plantado na ponta do pé dela com força antes de conseguir se livrar da imobilização (com um pouco de sofrimento, mas disso ninguém precisava saber) e então foi a sua vez de a agarrar, a destra indo direto ao pacote com o dinheiro depois de empurrá-la com ligeira força em direção às geladeiras de bebidas que ficavam logo atrás do caixa. sabia bem que não era momento para calcular a sua força, mas uma parte de si hesitou por alguns míseros segundos antes de agarrar a mão livre dela com a sua canhota, pois por alguns instantes se esqueceu que ela ainda carregava a droga do canivete. liga pra estação, porra. gritou exasperado sobre o ombro para o atendente que em algum ponto daquela interação desabou ao chão e agora assistia a cena apenas com o topo da cabeça visível sobre o limite do balcão do caixa. há muito não sentia aquele pico de adrenalina e era visível em seus olhos o brilho da determinação quando passou a encarar a mulher com a sua respiração levemente descompassada. acho que não é uma boa noite pro crime. bescheuert. a careta surgiu assim que a frase deixou seus lábios, porque não era nenhum vigilantes para sair por aí distribuindo frases ruins de efeito, tal como ela própria havia feito antes.
Por que caralhos tudo tinha que dar tão errado? Derbel já havia assaltado alguns pequenos estabelecimentos antes com extrema facilidade, mas por que logo ali tinha que existir algum imbecil metido a herói? Depois que teve a sacola de dinheiro em mãos, todos os acontecimentos seguintes se desenrolaram com muita velocidade e se sentiu bastante idiota por ter desacreditado tanto naquele cara, porque se esperasse pelo pior, muito provavelmente não teria dado aquele vacilo. Uma hora estava pressionando ele contra o balcão e na outra, a mulher encontrava-se grunhindo graças ao impacto de suas costas contra a geladeira de bebidas enquanto um alarme irritante ressoava. Seu maldito capuz havia saído de sua cabeça, revelando não apenas seu rosto, mas também seu característico cabelo vermelho e foi ai que soube que estava fodida. O quão humilhante seria ser presa num assalto mixuruca depois de tanta coisa que já havia feito? Obviamente que Monyren não poderia permitir que algo assim acontecesse.
Com uma de suas mãos agarrada pelo rapaz, ficou evidente o despreparo dele numa situação como aquela e, diferentemente da hesitação dele, a ruiva não pensou duas vezes em contra-atacar. Não estava em seus planos sair dali suja de sangue, mas não existia outra alternativa quando estava encurralada e precisava ter pressa para escapar, então, em um único movimento, Derbel enfiou parcialmente o canivete no braço masculino para que fosse solta juntamente com o saco de dinheiro e, aproveitando o susto com sua reação, também passou uma de suas pernas pelas dele para desequilibrá-lo e derrubá-lo no chão, sujando o piso branco com o líquido escarlate. — Leck mich am Arsch. — disse com escárnio ao recuperar o dinheiro com velocidade. Voltando a esconder o rosto com seu capuz, Monyren até pensou em roubar-lhe a carteira, mas o som que ainda ressoava pela loja e a informação que a polícia não era longe dali foram os motivos mais que suficientes para que deixasse a brincadeira de lado e corresse para fora o mais rápido possível.
Sem conhecer muito bem aquele bairro, Derbel correu pela escuridão até localizar uma ruela nojenta para se esconder até que se sentisse segura o suficiente para pegar o que deveria ser o último metro da noite e voltar para casa. Definitivamente não era daquela forma que desejou que a sua noite se desenrolasse, mas foi divertido — de certa forma — sentir novamente aquela adrenalina percorrer suas veias depois de tanto tempo evitando se aventurar pelo crime. Tinha que admitir que sentia saudades de lembrar que estava viva quando estava tão próxima do pior.
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derbelmonyren · 3 years
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lukasprk​:
depois de ter deixado o pouco de conforto que ainda tinha na casa do pai no interior em troca da capital, cada segundo acordado do rapaz era um uma infinita equação de como seria capaz de sobreviver até o final do mês sem passar maiores dificuldades e ainda conseguir ajudar seu pai com a pequena quantia que batia o pé todo mês para enviá-lo, porque faria tudo em seu alcance para sustentar a fantasia de que havia deixado a cidadezinha para trás para uma vida melhor e um emprego bom que ele tanto se dedicou para conseguir quando essa claramente não era a história; se dedicou, sim, até o ponto de exaustão quando ainda estudava na academia policial… todo esse esforço para passar anos estagnado no mesmo cargo medíocre de guarda – muitas vezes se martirizava por esses pensamentos, porque havia passado por tudo aquilo graças ao seu desejo de proteger as pessoas, o que ele gostava de pensar que fazia quando caminhava o dia todo pela cidade com a droga de um cassetete (nem mesmo um taser! era brincadeira mesmo) brigando com jovens que importunavam a paz pública… ah, sim, princípios à parte, ele odiava a sua vida naquele ponto.
não bastava o cargo cansativo física e emocionalmente, os rumores de uma iminente promoção no departamento estavam deixando todo mundo inquieto. com a sua sorte, lukas duvidava que sequer estava sendo considerado para o cargo, afinal, um pulo tão alto até a unidade de investigações especiais soava tão absurdo que ele se recusava a sequer ter esperanças. no entanto, isso não significava que ele não iria fazer como todos estavam fazendo e resolver passar noites a fio colocando seus relatórios em dia, uma tarefa que era sempre deixada de lado porque nada acontecia em suas rondas, mas aparentemente aquela era uma ‘parte da função, lukas, você vai levar outra advertência se continuar’. estava cansado demais para odiar seu supervisor naquele momento, olhando para as prateleiras tudo que enxergava eram praticamente borrões de produtos e seus respectivos preços. a mente, no entanto, calculava automaticamente cada mísero euro que tinha em sua carteira surrada para arcar com um mimo antes de ir embora para uma geladeira completamente vazia em seu apartamento. 
ouviu o sininho da porta da loja soando muito à distância para que seu momento de reflexão e auto piedade ali fosse encerrado com tanta facilidade. quando as mãos finalmente saíram do bolso do casaco grosso para pegar o sanduíche mais barato da prateleira (mesmo com a aparência duvidosa de algo que definitivamente não havia sido feito naquele dia) quando sentiu o objeto metálico contra seu pescoço. os ombros caíram imediatamente na maior das derrotas daquele dia, na pressa para ir embora, nem mesmo seu distintivo havia lembrado de trazer consigo, deus realmente tinha um jeito engraçado de brincar com o seu fiel. piu? perguntou indignado, trocando o peso de uma perna para outra mesmo diante do perigo da lâmina em seu pescoço, se fosse para morrer daquele jeito, definitivamente não aceitaria algo tão patético quanto aquilo! morrer por causa de um piu, ha! desde quando ele era um pintinho? você sabe que a delegacia é ali na esquina, né? disse com um suspiro pesado, cansado e completamente pasmo com a sua sorte. o que você quer? que eu pegue o dinheiro do caixa ‘pra você? pensando bem, se a pessoa tinha aquele tipo de coragem de assaltar um lugar tão bem iluminado, talvez ele devesse começar a temer por sua vida. se mostrar complacente ao menos parecia ser a sua melhor opção. 
Aquele cara estava zoando? Tinha que admitir que aquela não havia sido a melhor forma de pedir para alguém calar a boca, mas fazia tanto tempo desde a última vez que apelou para um assalto que suas melhores frases de efeito se perderam na própria memória — sem falar que estava um pouco nervosa de fazer merda exatamente onde deveria estar recomeçando a vida. Após respirar fundo, a ruiva pressionou por um breve segundo um pouco mais a lâmina no pescoço do desconhecido para dar um sustinho (qualquer mínimo corte não era responsabilidade sua!) e mostrar que não estava de brincadeira, mesmo que a sua intenção estava longe de ser machucá-lo seriamente. O comentário dele veio e Derbel decidiu simplesmente ignorá-lo para não parecer despreparada, mas a informação de que existia uma delegacia por perto foi bastante útil para não ser pega de surpresa com algum cara fardado. — Já tem experiência com isso? — falou com deboche. Em seguida, cruzou um dos braços masculinos nas costas dele, imobilizando-o e aproveitando para empurrá-lo em direção ao caixa.
O funcionário do caixa era bastante jovem e seu físico denunciava o quão fácil era quebrar seus ossos com algumas pancadas — até arriscaria dizer que ele era um alvo ideal de bullying, então não existia motivos para se preocupar. Aproximando-se, o rapaz ficou paralisado em choque do que estava prestes a acontecer e foi necessário um rosnado para que ele parecesse menos idiota e agisse. — Esvazia ou eu mato! — acenou com a cabeça para a caixa registradora. Com as mãos trêmulas, o funcionário pegou uma sacola plástica esverdeada e passou a colocar todas as notas existentes dentro dela em movimentos desordenados e a mulher olhava ansiosamente para a porta de vidro da loja na torcida de que não tivesse o grande azar de mais alguém aparecer. Felizmente, quando a sacola já com estava com todo o dinheiro possível, nada anormal havia acontecido. Empurrando sem delicadeza nenhuma o homem que usava de refém e o pressionando sobre o balcão, Derbel liberou o pescoço dele só para deitar o tronco dele à força sobre a superfície e poder trocar de mão o braço que imobilizava para, dessa forma, pegar a sacola de dinheiro.
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derbelmonyren · 3 years
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bills to pay
Proibida de ficar num mesmo lugar por muito tempo, recomeçar numa nova cidade nunca era uma missão muito fácil, especialmente se tratando de uma capital movimentada como Berlim. Derbel tinha ciência do quão arriscado era viver da forma como vivia numa cidade tão importante, mas a oportunidade de ter algumas pessoas de confiança a ajudando na adaptação pesara bastante na hora de decidir e estava exausta de se esconder para sempre. Diferente de Pinneberg, a mulher teria a chance de trabalhar com algo além do tráfico de drogas e a casa noturna em que passaria a performar estava longe de ser considerada decadente, o que aumentava a sua esperança de lucrar o bastante para ter uma vida mais tranquila.
No entanto, sua chegada à Berlim não foi a melhor de todas e o pouco dinheiro que tinha voou com facilidade com o aluguel de seu minúsculo apartamento e algumas taxas extras que precisou pagar para não apresentar determinados documentos. Estava praticamente zerada e o fato de não poder começar ainda com seu trabalho de stripper por conflitos internos do estabelecimento (afinal, se estava entrando era porque alguém deveria sair) só limitou ainda mais as suas opções do que poderia fazer para conseguir uma grana. Não era muito fã de apelar para assaltos, sobretudo em locais que mal conhecia, mas era isso ou chupar o pau de algum velho nojento — e Derbel merecia muito mais do que alguns trocados e um jato de porra nauseante.
Com um canivete no bolso do casaco, a mulher parecia um vulto graças ao seu traje preto básico e, felizmente, o clima estava frio o suficiente para não ser suspeito se esconder sob várias camadas de roupa. Após arrumar os fios vermelhos numa touca, Derbel vestiu o capuz e se dirigiu pela madrugada a um mercado de conveniência que estava de olho desde que pisara no solo do bairro de Charlottenburg. Era uma loja simples e que funcionava vinte e quatro horas de acordo com uma placa luminosa em sua janela, lembrava de ter visto uma grande movimentação durante o horário da tarde, mas às duas da manhã o local só tinha um funcionário e alguns poucos clientes. À medida que a mulher observava de longe a movimentação na rua para calcular o melhor momento, os níveis de adrenalina em seu corpo aumentava e era uma sensação que beirava o desconforto por não se arriscar assim há meses. Monyren esperava a loja esvaziar, porém a impaciência passou a acertá-la quando restou apenas um cliente teimoso que parecia congelado diante do mesmo conjunto de prateleiras há minutos. Com uma ideia em mente, a mulher acelerou os passos em direção à porta de entrada.
Acenando a cabeça educadamente para o funcionário a fim de não levantar suspeitar com um semblante ansioso, Derbel andou pela loja fingindo observar as prateleiras enquanto se aproximava vagarosamente do cliente — tinha que admitir que estava bastante curiosa para saber a razão daquele cara ser tão lento. Acionando o canivete, a mulher num movimento rápido e silencioso posicionou a lâmina na jugular do desconhecido. — Se você soltar um “piu”, eu te mato. — ameaçou-o num murmúrio próximo à audição dele. — Me obedeça e você sairá daqui em segurança.
@lukasprk
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derbelmonyren · 3 years
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derbelmonyren · 3 years
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hoyeon jung for w korea, 2021
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derbelmonyren · 3 years
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𝐭𝐚𝐠 𝐝𝐫𝐨𝐩. 𝑒𝑣𝑒𝑟𝑦𝑏𝑜𝑑𝑦 𝑤𝑎𝑛𝑛𝑎 𝑏𝑒 𝑎 𝙇𝙀𝙂𝙀𝙉𝘿.
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—— 𝗻𝗮𝘁𝘂𝗿𝗲 𝘀𝗲𝗹𝗲𝗰𝘁𝗶𝗼𝗻 ·⊹ 𝖉𝖊𝖗𝖇𝖊𝖑  ﹕ ⠀ MIRROR.  ❫
—— 𝗻𝗮𝘁𝘂𝗿𝗲 𝘀𝗲𝗹𝗲𝗰𝘁𝗶𝗼𝗻 ·⊹ 𝖉𝖊𝖗𝖇𝖊𝖑  ﹕ ⠀ MUSING.  ❫
—— 𝗻𝗮𝘁𝘂𝗿𝗲 𝘀𝗲𝗹𝗲𝗰𝘁𝗶𝗼𝗻 ·⊹ 𝖉𝖊𝖗𝖇𝖊𝖑  ﹕ ⠀ ASK MEMES.  ❫
—— 𝗻𝗮𝘁𝘂𝗿𝗲 𝘀𝗲𝗹𝗲𝗰𝘁𝗶𝗼𝗻 ·⊹ 𝖉𝖊𝖗𝖇𝖊𝖑  ﹕ ⠀ EDITS.  ❫
—— 𝗻𝗮𝘁𝘂𝗿𝗲 𝘀𝗲𝗹𝗲𝗰𝘁𝗶𝗼𝗻 ·⊹ 𝖉𝖊𝖗𝖇𝖊𝖑  ﹕ ⠀ POV.  ❫
—— 𝘁𝗶𝗿𝗲𝗱 𝗼𝗳 𝗳𝗲𝗲𝗹𝗶𝗻𝗴 𝗻𝗼𝘁𝗵𝗶𝗻𝗴  ﹕ ⠀ 001.  ❫
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