As aventuras de dois publicitários em suas viagens como motoristas de Uber.
Don't wanna be here? Send us removal request.
Text
Amigo de Infância
Começando mais um dia ( na verdade noite ) de corridas, tanque cheio e carro limpo, saio pra mais uma aventura e em menos de 5 minutos, já aparece a primeira chamada que está a poucos minutos, o aplicativo mostrava que o passageiro era uma mulher pelo nome.
Vamos abrir aqui um rápido flash back pra essa história tenha um melhor entendimento, nesse hiato eu gostaria de mencionar um dos meus super poderes, que é a capacidade de relembrar fatos, pessoas, nomes e mínimos detalhes da minha infância. Comecei a gravar os fatos de minha vida a partir dos 2 anos de idade, desde então me lembro de certas pessoas e coisas pertinentes a vida delas tais como, nomes dos vizinhos dessa pessoa, ou de um primo dela que eu tenha visto apenas uma vez na vida, ou de uma comida que essa pessoa comentou, enfim, deu pra entender né?
Saindo agora do flash back e voltando a 2016. Pois bem, cheguei no local da chamada, já esperavam no local em frente a um prédio, a mulher, o marido e duas crianças.
- Boa noite gente, tudo bem com vocês? Já colocaram o destino? - Já sim amigo, pode seguir pelo GPS.
Eu tenho por costume permanecer calado e só prossigo em um bate papo se o passageiro assim o fizer e se sentir a vontade pra conversar. Percebi que o marido não puxava conversava, mas falava com os filhos, aquele papo chato de pai, “quando chegar em casa é banho e cama!” ( Eu sei, sua criança interior se identificou agora né? a minha também) e assim fazia, falando também com a mulher, que estava no banco de trás com as crianças. Mas vez por outra, ele reclamava sobre o trânsito lento e assim pude perceber que ele estava muito afim de chegar em casa logo.
E não foi só isso que percebi, lembram do flash back lá em cima? pois é, a voz do cara, bateu nos arquivos do hd que está intitulado, “Anos 80 - amigos″, como também não tenho o costume de ficar fintando os passageiros eu apenas escutava a voz, talvez isso tenha feito eu prestar mais atenção, e em dado momento quando parou em um sinal, eu olhei pra ele e soltei sem querer, mas querendo : “Eu conheço você cara”. E na hora que eu disse isso, foi servida a torta de climão, sim, porque, depois da pausa que eu dei o cara poderia esperar qualquer coisa, aquele misto de pavor deve ter batido na cabeça dele pela cara que ele fazia, e com os olhos esbugalhados olhando pro meu dedo em riste que ainda apontava pra ele. Acho que na cabeça dele tava rodando mil mensagens do tipo, “Ferrou esse cara me conhece de onde? o que foi que eu fiz?” E sei lá tantas outras, e daí tentando consertar rápido, falei o nome dele, dos irmãos, do bairro que morava e disse a ele meu apelido de infância, levei o cara pra 35 anos atrás da vida dele (e da minha também) eu não o via desde dessa época.
Foi ótimo, trocamos telefones e ainda conversamos um pouco no portão da casa dele, falamos rápido sobre as famílias e por fim, olhei pra esposa que também ria com a revelação...e alívio, ela parecia esperar outra coisa também. É meus amigos, como sempre digo nossa cidade é uma kombi, digo, um Uber.
Por Dzao.
0 notes
Text
Barba.
Só quem tem barba grande conhece os desafios de deixá-la sempre apresentável. É preciso ter cuidado ao comer, lavar, passar óleo para hidratar, ter o cuidado de não ficar passando a mão o tempo todo por conta da oleosidade da mão. E muitas pessoas não sabem disso, mas passam a mão porque logo chama atenção.
Certo dia recebi um chamado para buscar um passageiro que decidiu ir na frente. Mesmo sem colocar o destino final, se mostrou muito simpático e me fez muitas perguntas sobre o Uber e sem deixar a conversa acabasse, indicava o caminho enquanto falava. O destino era um caminho que não conhecia muito bem, até mesmo um pouco estranho. Mas o cliente era muito simpático e conversava bastante.
Com um tempo o assunto acabou e chegou o silêncio. Eu, sempre muito concentrado na estrada, não esperava nunca que ia escutar um pedido de desculpa antecipado e sentir a mão do cliente começar a tocar na minha barba e esticá-la para ver o tamanho.
- Desculpa, sua barba realmente chamou minha atenção. - Disse o cliente, rapidamente arrependido de sua ação. - Nossa, que chato eu fui. Passei logo a mão na sua barba sem nem pedir.
- Não tudo bem, não tem problema. - Respondi ao mesmo tempo que pensava “Puta merda, isso é hora de ser educado, Renan?” - Você é Muçulmano? - Perguntou o cliente.
- Não, não. Eu só gosto de deixar assim mesmo. - Respondi ainda com uma expressão travada no rosto e passando a mão na barba incomodado, mas achando a pergunta engraçada.
De volta ao silêncio, agora constrangedor, segui o destino.
Ainda conversamos um pouco, pois o destino era longe, e no final da corrida recebi outro pedido de desculpa mais sincero. Não que eu me preocupe tanto com a oleosidade da barba, mas ter um estranho pegando de surpresa na sua barba, como se fosse um adereço qualquer é um pouco estranho, não acha? Ainda bem que deu tudo certo com o resto da corrida. Por Renan.
1 note
·
View note
Text
Não fui eu.
Eis que as corridas são como correntezas que vão te levando e você vai indo. Começo sempre perto de casa, pego um passageiro, fico um pouco no bairro que ele me deixou e assim por diante.
De repente me vejo em um dos bairros nobres da nossa cidade e a chamada vem de dentro de um supermercado Pão de Açucar. Lá vamos nós.
Cheguei e como de praxe o cliente ainda não se encontra no local. (A Uber aconselha esperar por 5 minutos antes de tentar contactar o cliente por telefone, nós recebemos um adicional por essa espera ). 5 minutos passados vou ligar, quando meu telefone chama, escuto um ringtone na minha frente. Pois é, a agradável estava assistindo TV de costas pra rua e nem aí pra mim.
E lá vinha ela, empurrando um carrinho cheio de compras, me apressei em ajudar, abri o porta malas, acondicionei todas as compras, ela em pé assistia tudo de pose de madame. Aparentava ter entre 35 e 38 anos, loura, cabelos compridos e de bolsa Louis Vuitton pra fazer feira , o nariz empinado completava o look do dia.
- Não coloquei o destino, mas vou lhe ensinando o trajeto. É que estou com meu carro na revisão e dai tive que pegar Uber. - Pois não senhora.
Algumas direitas e esquerdas depois chegamos no prédio dela. - O senhor me faça o favor, pode entrar na garagem pra podermos colocar as compras no carrinho, é só encostar ai na frente que o porteiro do prédio vai abrir e o senhor entra. E chegando láááá no fim da garagem ela diz, - Pode parar aqui moço, que eu vou pegar o carrinho. Desci e abri o porta malas, ela chega com o carrinho e já começo a colocar as compras. Nesse exato momento, me toquei que esqueci de deixar o aplicativo em offline, para não receber chamadas enquanto ajudava ela com as compras.
- Senhora, me dê só um segundo preciso desligar o aplicativo. Corri sentei no banco e chequei a movimentação enquanto ela continuava a colocar as compras no carrinho, mas rapidinho, coisa de 15 ou 20 segundos eu voltei pra continuar a ajudar. Ai foi que a coisa fedeu, literalmente meus amigos.
Acho que minha cliente não esperava que eu retornasse tão rapido pra ajudá-la e ela por si só resolveu se aliviar ali atrás mesmo...de frente pro porta malas do carro...de fronte pro carrinho...ali, só eu e ela na garagem, ela não podia me culpar, ela sabia que tinha sido ela, e apenas ela, era a proprietária daquele magnânimo PUM que ela acabara de soltar! Fiquei pensando que talvez ela tenha pegado um peso maior, a sacola da melancia deveria estar pesada demais, não sei, um esforço fora do limite, também não sei. O fato é que toda pompa e glamour daquela Louis Vuitton, tinha se acabado ali, naquele momento, em frente aquelas sacolas do Pão de Açucar.
A minha vontade era dizer, “mas minha senhora...” Mas, eu não podia nem pensar nisso porque a vontade de rir era enorme. Fiz cara de paisagem e olhei pra ela dizendo, acho que o aplicativo não desligou, e voltei pra dentro do carro, ela finalizou as compras dentro do carrinho e se despediu. Apesar do meu carro ter banco de couro, ainda dei uma averiguada se estava tudo bem. Não foi brincadeira não, aquilo tinha cheiro de morte.
Por Dzao.
1 note
·
View note
Text
Uma Barata!
Sou um quase candidato a ter TOC em se falando de carro, por um triz mesmo, duas das maiores esquisitices minha quanto a carro são, Uma, não suporto ruídos, quanto menores são, mais eles me incomodam, tive verdadeiro prazer ao saber que existe uma empresa que contratam caras que são especializados em achar ruídos dentro do carro, eles dão uma volta dentro do carro com você drigindo e o cara fica pulando dentro do carro de um banco pra outro que nem um macaco e encostando o ouvido em todo canto caçando os possíveis ruídos, achei o máximo isso.
E a outra esquisitice é quanto a alimentos dentro do carro. É uma verdadeira paranóia isso, mas a idéia de comer um lanche dentro carro pode se tornar um caso de divã pra mim. A Uber aconselha que tenhamos balas, chocolates e água para oferecer ao cliente como diferencial. Ok, não produzem cheiro como uma pizza, ou um hamburguer, mas ainda são alimentos e podem sujar.
Pois bem, fiz um kit básico de Bombons recheados, água em copinho e barrinha de cereais. O meu carro tem um compartimento no teto, onde eu posso guardar tudo e ficaria repondo no painel do carro o que for sendo consumido. Pus algumas balinhas e 2 barrinhas de cereais e os copinhos de água bem acondicionados. Acontece que eu por 2 dias repus apenas as balinhas e os copinhos e vi que ninguém tocou nas barrinhas. E ai deixei as barrinhas no mesmo local no painel ( meu grande erro ).
Por apenas 2 dias que havia deixado as barrinhas resolvi dar uma olhada na validade delas, eis que quando eu rodo a embalagem na mão, sinto tocar na barrinha, e ao virar vi que a embalagem estava roída...sim agora é a hora onde os naipe de cordas dos filmes de suspense tocam acordes numa frase similar aquela do filme tubarão, e a camera vai dando um close nos olhos da vitima que boquiaberto grita mas não consegue emitir som algum, sim, esse sou eu.
Isso significa que uma barata, entrou no carro e roeu a embalagem da barrinha? Significa (desculpe aê Ronnie Von, vou usar aqui emprestado o jargão).
Fiquei louco, ainda mais porque eu não tinha como resolver aquilo naquele momento, Já era 7 da noite e resolvi que faria uma última corrida e no dia seguinte iria levar o carro pra detetizar e adotar a medida de não mais deixar os alimentos dormirem dentro do carro.
Uma chamada aparece logo em seguida e chegando no local, uma senhora com seus dois filhos entram, os garotos tinham entre 5 e 6 anos, voltando de uma festa de aniversário, os dois naquele embalo cheeeeeios de açucar na mente não paravam no banco de trás enquanto a mãe nao tava nem ai no “zap zap” dela no banco da frente ao meu lado. Os garotos a mil nas conversas e cada um com suas sacolinhas do aniversário iam brincando e pulando o tempo todo. Eis que em dado momento um deles grita: UMA BARATA! Sim, amigos, esse é aquele momento que você parece ter comido pastilhas halls preto pelos pés, sobe de baixo pra cima aquele clima gélido lentamente, tudo parecia estar em slow motion e enquanto eu virava a cabeça pra olhar no banco de trás e analisar a situação, o outro moleque rebate pro irmão segurando o boneco com a mão: Não é não, é um grilo! Matei você seu grilo, pei! pei! pei!.
Nunca mais deixo barrinha no carro.
Por Dzao.
1 note
·
View note
Text
A Primeira viagem.
A gente nunca esquece, fato. O debute de tão importante missão de levar alguém em segurança e oferecendo conforto com preço mais confortável ainda é a premissa da empresa e acaba sendo a sua.
Bom, primeiro vale uma nota do autor aqui, sobre a situação atual do Uber em nossa cidade que anda a duras disputas com os nossos irmãos taxistas. Isso acabou deixando um certo cagaço receio e exigindo mais cautela em nossas viagens. Os motoristas que já tinham experiência tinham essa cuidado, imagine então pra quem estava em vias de fazer a primeira viagem.
Pois bem, aplicativo no modo online, 5 minutos suficientes para o primeiro cliente chamar, estava a apenas 3 minutos de mim, exatamente dentro de um supermercado. Chegando no local nada de cliente ( descobri depois em outras viagens que isso é praxe das pessoas chamarem e não estar no local ) comecei a rodar dentro do supermercado e ao passar pela fila dos taxistas a sensação se assemelhava a de um traficante passando na alfândega, mas nem bem dei duas voltas o cliente apareceu ( também descobri que uma pessoa com celular na mão sempre será um potencial solicitante do serviço ).
- Boa noite.
- Boa noite, amigo, já colocou o destino?
- Sim.
Chequei, o destino rapidamente, não conhecia o local. Deixei o GPS fazer o resto do serviço e toquei em frente. Eu sabia apenas que era longe pra dedéu.
Fomos conversando, eu muito nervoso, claro, além da primeira vez, o temor dos taxistas e o destino desconhecido ajudavam no incomodo. Passado uns 20 e poucos minutos nós estávamos nos aproximando do destino e quando eu me achava quase relaxado com o cliente, adentramos nos arredores de uma favela, a coisa começa a ficar emocionante novamente e o esfíncter em ritmo de festa dava seu recado.
- Vira aqui...dobra aqui...agora desce ali... O GPS não dava mais instruções, não conhecia mais o caminho, estava ali agora por conta do passageiro. Depois de algumas viradas de rua e sem ter noção alguma de onde estava, chegamos ao destino.
- Aqui tá bom, obrigado, boa noite amigo, bom trabalho.
Agradeci e depois do procedimento de encerramento da viagem, olhei em volta e constatei que a rua não permitia que eu fizesse a volta, isso mesmo, de tão estreita, só cabia um carro indo e a única coisa que eu poderia fazer era voltar de ré. Ainda bem que a rua estava bem movimentada com pessoas na frente das casas e conversando. Não inspirava hostilidade. Mas, depois dali, desliguei o aplicativo, precisava ir ao banheiro...rápido.
Por Dzao.
1 note
·
View note