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˚⋆𐙚 Calliope Seshat
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Autista superdotada, INTP e nerd incorrigível. Escrevo com curiosidade e um toque de preguiça. Bem-vindos ao meu mundinho!🤓☝️
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cseshat · 1 month ago
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ESTOU ENLOUQUECENDO
Eu poderia explicar tudo isso de forma racional, catalogar os sintomas, reduzir o que sinto a um conjunto de variáveis previsíveis, encaixar essa espiral na terminologia correta, ansiedade generalizada, depressão social, algum distúrbio sensorial talvez. Poderia tentar respostas para meu desconforto através de alguma explicação l��gica que li em qualquer livro, algo justifique o motivo pelo qual minha mente nunca desacelera, o motivo pelo qual não consigo ser como os outros, o motivo pelo qual me sinto uma variável solta, deslocada dentro de um sistema que parece operar sob regras que não compreendo. Poderia, mas não faria diferença. Porque a verdade crua, incômoda, gritante e sufocante, é que não sei quem sou. E é aí que tudo começa a se despedaçar.
Quem sou eu? O que sou? Filha de quem? História de quem? Sangue de quem? Qual o propósito disso tudo? Existe um propósito? Há dias em que sinto que sim, que algo grande me espera em algum lugar, que sou parte de algo ainda não revelado. Mas, na maioria das vezes, tudo o que consigo sentir é que sou apenas um conceito inacabado, um rascunho malfeito, um erro de cálculo que deveria ter sido apagado, mas que, por alguma razão cósmica, continuou existindo. E existir assim, sem forma definida, sem um eixo fixo, é como ser sugado para um vórtice que não tem fim. Meus pensamentos se acumulam, comprimem-se, multiplicam-se em possibilidades infinitas, mas nenhuma delas chega a lugar nenhum. São apenas ruído. Um zumbido incessante que não cessa nem quando estou em silêncio absoluto.
E eu quero falar sobre isso. Quero verbalizar esse colapso interno, transformar essa avalanche de pensamentos em algo compreensível. Mas não consigo. Não tenho voz. Ou talvez tenha, mas não saiba usá-la. Quero gritar, mas a garganta fecha. Quero dizer que estou enlouquecendo, mas as palavras morrem antes de nascer. É um tipo de loucura metódica, lenta e racional, onde percebo cada detalhe do meu próprio colapso e ainda assim sou incapaz de interrompê-lo. A mente se torna um labirinto sem saída, e eu estou sempre em movimento dentro dele, mas nunca encontro a saída. Nunca saio do lugar.
Talvez seja por isso que me sinto diferente desde sempre. Desde criança, algo em mim nunca se encaixou direito. Passei anos observando as pessoas, tentando decifrá-las como se fossem enigmas, buscando padrões nos olhares, nas palavras, nos gestos, mas nunca cheguei a uma solução concreta. Ainda não sei interpretar a linguagem delas, ainda não sei como interagir sem parecer um erro de sistema. Pessoas me confundem, me exaurem, me afastam. E no fundo, a verdade é que sou incapaz de me conectar. Talvez eu simplesmente não tenha sido feita para isso.
E então, o isolamento. O afastamento gradual, inevitável. A percepção cada vez mais forte de que sou uma constante que nunca para, mas que também nunca chega a lugar algum. Faz uma semana que não entro numa sala de aula, e honestamente? Não sinto vontade de voltar. Quero apenas ficar aqui, no meu quarto, no escuro, sufocada pelo calor das minhas próprias roupas pesadas, tentando sentir algo, qualquer coisa, nem que seja a pressão do tecido contra a minha pele. Mas nem isso funciona. Porque o vazio é maior. Sempre maior.
E é exaustivo carregar esse pensamento. Saber que sou uma incógnita, e a maior de todas. Saber que, mesmo rodeada de pessoas, ainda sou irremediavelmente invisível. Saber que, por mais que eu tente entender os outros, jamais serei compreendida.
E não sei o que será de mim. Não sei se algum dia encontrarei uma resposta concreta. Não sei se vou enlouquecer de vez ou se já enlouqueci e só não percebi.
Criei esse blog para despejar palavras, mas às vezes nem isso é suficiente. Palavras são pequenas demais para conter o que sinto. Talvez eu ache algo maior. Mas até lá, continuo sendo essa constante, esse ruído de fundo. E a vida segue. Mesmo que eu não saiba exatamente como segui-la.
Leitores invisíveis, será que algum de vocês entende? E você, que talvez seja visível, se ainda estiver aqui, sente o mesmo?
Calliope Seshat, 2025
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cseshat · 1 month ago
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PAIXÃO, SE APAIXONAR, E MAIS UM MONTE DE BOBEIRA
Eu quero me apaixonar. Mas não de um jeito casual, não de um jeito morno, não dessas paixões que surgem na terça-feira e morrem antes do domingo. Quero me apaixonar como quem pula de um penhasco sem saber se há chão, como quem se entrega a um incêndio sem se importar em se queimar. Quero a paixão que me tire o ar, que me vire do avesso, que me faça sentir que estou caindo e flutuando ao mesmo tempo.
Quero diálogos carregados de tensão, daqueles que não falam nada, mas dizem tudo. Quero perguntas que me façam hesitar, respostas que me façam acelerar, olhares que me deixem sem reação. Quero a confusão deliciosa de não saber o que sinto, mas saber que sinto. Quero ler entrelinhas, perceber detalhes insignificantes, encontrar significados em um suspiro. Quero que cada troca de palavras seja um duelo e um convite, um desafio e uma rendição.
Vocês já sentiram isso, leitores invisíveis? Já foram tomados por essa urgência absurda, essa fome insaciável de mergulhar em alguém sem medo de se perder? Me contem suas histórias. Quero ouvi-las, absorvê-las, me apaixonar por elas, talvez me apaixonar por vocês. Porque, às vezes, a paixão dos outros é a única forma segura de experimentar esse sentimento sem sair ferida.
Porque, no fundo, eu sei: me apaixonar de verdade é um risco.
Vivemos em um mundo onde a paixão se tornou um jogo de poder, onde gostar demais é perigoso, onde o primeiro a se entregar perde. Me ensinaram que sentir é fraqueza, que demonstrar interesse é erro, que investir sem garantias é imprudência. Mas que graça tem a paixão se não for para ser imprudente? Se não for para se jogar, sem paraquedas, sem certezas, sem manual de instruções?
Eu queria.
Queria ter certeza de que, ao me deitar ao lado de alguém, estaria com alguém que sente tanto quanto eu. Que não some, que não hesita, que não trata o sentimento como moeda de troca. Queria a transparência, a intensidade, a reciprocidade.
Mas, se o mundo me nega isso, eu fabrico.
Eu leio sobre paixões que nunca vivi. Eu escrevo sobre amores que nunca senti. Eu crio histórias onde a paixão ainda é pura, onde não há espaço para joguinhos, onde sentir não é um erro, mas um direito.
E talvez, um dia, enquanto estiver distraída imaginando uma paixão que nunca foi minha, a verdadeira bata à porta.
E eu, sem pensar duas vezes, a deixarei entrar.
Xoxo!
Calliope Seshat, 2025
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cseshat · 1 month ago
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A FOME DE AMAR: O Amor Como Canibalismo
O amor e o canibalismo. Conceitos que deveriam se repelir, mas que, de alguma forma, sempre estiveram entrelaçados dentro de mim. Porque amar, na sua forma mais crua e instintiva, não é apenas querer estar perto — é querer possuir.
Sempre fui assombrada por uma fome que não se satisfazia com palavras bonitas ou toques superficiais. Era algo mais profundo, mais selvagem, mais desesperado. Havia noites em que a dor se aninhava dentro do meu peito como uma fera faminta, devorando tudo, e a única forma de silenciá-la era imaginar um amor. Mas não qualquer amor. Não esse amor morno, racional, bem comportado que nos ensinam a querer. Eu ansiava por um amor que me destruísse. Um amor que me consumisse de dentro para fora, que me fizesse arder de desejo e desespero, que me tomasse por inteira e me deixasse vazia quando se fosse.
E então, em meio às madrugadas silenciosas e aos soluços engasgados, eu pensava: se eu amasse de verdade, se encontrasse alguém que me arrancasse desse vazio, eu não iria apenas querer tocá-lo. Eu não iria apenas querer beijá-lo. Eu iria querer senti-lo dentro de mim. Literalmente. Eu iria querer mordê-lo, rasgar a pele, saborear a carne, levá-lo para dentro do meu corpo, garantir que ele nunca me deixasse, nunca fosse embora, nunca se dissolvesse na memória como todos os outros.
O toque é efêmero. O calor do corpo desaparece. A voz se apaga no tempo. Mas o que é ingerido torna-se parte de nós.
Talvez isso seja loucura. Talvez seja apenas o extremo da solidão, a forma mais visceral de tentar preencher um buraco que parece impossível de ser preenchido. Mas naquela época, quando eu mal conseguia respirar, quando o mundo parecia afundar ao meu redor e eu não tinha mais forças para lutar, eu queria algo que me salvasse. Algo intenso o suficiente para me arrancar da apatia, para me fazer sentir tudo de uma vez, sem espaço para o vazio, sem tempo para o medo.
E se amar fosse consumir? Se amar fosse ser consumido? Se o maior ato de entrega não fosse apenas dar o coração, mas dar o próprio corpo, oferecer-se por inteiro, sem deixar nada para trás?
Eu queria alguém que me devorasse. Queria que me comesse com a mesma fome que eu sentia. Queria que me rasgasse, que me tomasse, que se afogasse em mim tanto quanto eu me afogaria nele. Queria que fosse brutal, insaciável, absoluto. Porque amor, para mim, nunca foi sobre leveza. Sempre foi sobre peso. Sempre foi sobre a fome insuportável de querer algo que nunca é suficiente, de querer alguém ao ponto da obsessão, ao ponto da loucura, ao ponto do devorar.
Me acham estranha por isso? Talvez. Mas no fundo, não somos todos famintos? Não passamos a vida procurando algo que nos preencha? Não desejamos, em algum momento, fundir-nos a alguém de uma forma tão intensa que se torna impossível distinguir onde terminamos e onde o outro começa?
O amor, como o conhecemos, sempre me pareceu insuficiente. Eu queria mais. Eu queria tudo. E se para isso eu precisasse morder, rasgar, consumir — então que assim fosse.
E vocês, meus leitores invisíveis, já sentiram essa fome? Essa ânsia insuportável por algo que não pode ser saciado? Já quiseram amar alguém ao ponto de torná-lo parte de vocês para sempre? Ou sou apenas eu, uma eterna faminta pelo que nunca poderei ter?
Xoxo!
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Calliope Seshat, 2025
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cseshat · 1 month ago
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SAUDADES DE ALGO QUE NUNCA VIVI
Queridos leitores invisíveis, vocês já sentiram saudades de algo que nunca viveram?
Não falo daquela nostalgia por tempos passados, por lembranças da infância ou por momentos que sabemos que aconteceram. Não. Eu falo de uma saudade sem nome, sem rosto, sem tempo. Uma ausência tão profunda que parece um vazio deixado por algo que não sei se realmente existiu, mas que, de alguma forma, sinto como se tivesse feito parte de mim.
Às vezes, essa sensação me invade do nada. Um arrepio na espinha, uma melodia antiga que desperta algo que não sei nomear, um cheiro que não reconheço, mas que me leva para um lugar que talvez nunca tenha pisado nesta vida. É irracional, eu sei. Eu nunca fui religiosa. Não acredito em reencarnação, mas também não a descarto. Não há lógica nisso, e eu vivo pela lógica. E, ainda assim, se eu escutar meu coração – esse traidor sentimental que insiste em desafiar minha racionalidade –, ele grita que já conheci alguém que hoje não existe mais. Alguém que, de alguma forma, já morou dentro de mim.
Talvez eu esteja enlouquecendo.
Mas como explicar essa saudade que me sufoca? Como justificar essa sensação de que escrevo sobre vidas que nunca vivi, descrevo lugares que nunca visitei, imagino objetos que nunca toquei – e, no entanto, tudo me parece tão familiar? Como se estivessem gravados em mim, como se, em algum momento, tivessem sido reais.
Sinto que poderia escrever milhões de cartas para alguém que não sei quem é.
Que poderia vagar por noites escuras, procurando por alguém que talvez nunca tenha existido – ou que existiu, mas não nesta vida.
Talvez seja apenas minha mente brincando comigo. Talvez seja apenas minha imaginação me pregando peças.
Mas, seja o que for, essa saudade me consome. E, mesmo que eu nunca descubra de onde ela vem, sigo sentindo essa falta.
Essa falta de algo.
De alguém.
De mim mesma, em um tempo que talvez nunca tenha sido meu.
Xoxo!
Calliope Seshat, 2025
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cseshat · 1 month ago
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MALDITOS HOMENS CONFUSOS (Em Pleno 2025):
Queridos leitores invisíveis, me digam: há alguma lógica nisso? Alguma ciência, algum padrão matemático que explique essa dança irritante de vai e vem, essa inconsistência absurda dos homens confusos?
Porque se há, eu não compreendi.
Eles aparecem, despertam interesse, demonstram algo, mas nunca de forma definitiva. E eu, que sou uma mulher de fases, mas não de dúvidas, me vejo presa nesse jogo. Porque, vejam bem, eu sei o que quero. Sei quando gosto de alguém, sei quando me interesso, e quando isso acontece, eu invisto. Tento estar presente, tento cultivar, tento ser alguém na vida de quem me desperta algo. Mas sempre caio na maldição dos indecisos. Sempre.
Ah, eles me amam! Me amam! Mas se amam tanto, por que não dizem o que querem? Por que somem e reaparecem quando bem entendem, como se meu tempo, minha paciência e meu coração fossem apenas peças descartáveis no tabuleiro deles?
Se quer me beijar, me beije como se o ar não fosse mais necessário. Mas não me deixe esperando até o dia em que lembrar que eu existo. Se quer me ver, me veja. Saia comigo, fale, ria, ande ao meu lado e olhe nos meus olhos, mas não desapareça sem explicação, me deixando parada no meio da rua, sem saber se eu era algo ou apenas um instante conveniente. Se quer minha amizade, ótimo, eu valorizo isso mais do que posso explicar. Mas cultive, construa, demonstre que importa.
Porque eu não sou dessas que brincam. Não sou dessas que fingem que não se importam, que jogam desinteresse para ver quem corre atrás. Não. Eu sou intensa, sou inteira, sou cheia de amor para dar. E o que recebo em troca? Um alvo invisível pintado em mim, que só atrai homens que não sabem o que querem.
Homens, homens, homens… Malditos homens confusos.
Querem me enlouquecer? Me levem com vocês. Mas parem de ir e vir, de voltar e sumir, de me chamar e depois me ignorar.
Ou me querem, ou me deixam ir.
Xoxo!
Calliope Seshat, 2025
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cseshat · 1 month ago
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Eu viveria de escrever se pudesse
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cseshat · 1 month ago
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Espelho meus sentimentos nas minhas histórias...
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cseshat · 1 month ago
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NÃO GOSTO DE FALAR, MAS ACHO QUE SERIA FALANTE SE SOUBESSE COMO SER
Falar nunca foi minha especialidade. Se eu pudesse, me recolheria para dentro da minha mente e passaria o resto da vida calada, apenas observando, apenas pensando. Mas, de algum jeito, algumas pessoas me fazem querer falar. Não muitas, mas algumas. E aí está o problema.
Porque o desejo de falar e o conforto do silêncio coexistem em guerra dentro de mim. Eu quero me aproximar, quero estar presente, quero dizer algo… mas ao mesmo tempo, não quero. Me esforço para puxar uma conversa, mando uma mensagem, dou minha opinião, tento participar de algo… e logo depois, me arrependo. Como se tivesse feito algo errado. Mas o que exatamente?
As pessoas falam o tempo todo. Jogam palavras ao vento sem peso, sem medo, sem pensar duas vezes. Então por que, quando sou eu quem fala, sinto como se estivesse invadindo um espaço que não é meu? Como se minha voz fosse um incômodo? Como se, ao abrir a boca, eu estivesse cometendo um erro? Um erro dos grandes!
Já pensei tanto sobre isso que poderia escrever um ensaio sobre a complexidade de falar quando se vive melhor dentro da própria cabeça. A ironia é que pensar não resolve. Eu poderia estudar sobre interações sociais, sobre como funciona a comunicação, sobre a naturalidade com que as pessoas constroem laços. Poderia me convencer de que falar é normal, que eu posso falar. Mas na prática? A lógica falha. Porque não é racional.
É como um instinto contraditório: quero me aproximar, mas me retraio. Quero falar, mas o silêncio é mais seguro. Quero ter pessoas na minha vida, mas odeio a sensação de me expor. E ainda assim, sou humana. Preciso me conectar.
No fim, talvez o problema não seja o meu silêncio, mas o medo de quebrá-lo. De ser mal interpretada. De parecer inconveniente. De não saber medir a hora certa de falar, ou de me arrepender depois por ter dito algo que qualquer um diria sem pensar.
Queria entender. Falar sem medo, mandar uma mensagem sem passar minutos —ou horas— pensando se devo ou não. Porque isso acontece muito. Principalmente se eu gostar da pessoa. O que é raro. E, por ser raro, é pior. Mas sempre existe alguém que me deixa assim. Que me faz querer conversar mais. Que me faz querer estar ali.
E, ao mesmo tempo, me faz sentir mal. Porque o medo de incomodar cresce como um monstro. E eu enrolo. Às vezes por dias.
Por que sou assim?
Eu não sei. Mas gostaria de aprender a ser menos assim. Ainda que goste, ainda que anseie pelo silêncio e me acomode na minha própria companhia, quero ser alguém que sabe falar. Quero me expressar com aqueles em quem confio, aqueles que merecem ouvir o que guardo.
Mas, por enquanto, ainda não consigo. Não sem me sentir mal.
Enquanto isso, tentarei decifrar a confusão de querer — e não querer— querer.
Xoxo!
Calliope Seshat, 2025
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cseshat · 1 month ago
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OCUPADA DEMAIS PENSANDO EM NÃO PENSAR
Queridos leitores invisíveis, vocês já tentaram não pensar em algo, só para descobrir que isso transforma o pensamento em um parasita mental? Como um aviso de "não aperte o botão vermelho" que instantaneamente nos força a querer apertá-lo?
A mente humana tem essa ironia cruel: quanto mais tentamos esquecer, mais algo se instala, cravado em nós como um prego no assoalho, fazendo barulho a todo instante. Eu sei que não deveria pensar nisso. Eu sei que há outras coisas para ocupar meu cérebro, mas, de alguma forma, essa presença persiste, se faz notar nos cantos mais escuros da minha mente, e eu odeio isso.
Estudo, leio, me distraio, jogo a lógica contra a emoção, como quem empilha livros sobre um fantasma esperando que ele suma. Mas não some. Continua ali, flutuando entre uma página e outra, entre um pensamento e outro, me encarando com um sorriso de quem sabe que está ganhando.
E a raiva cresce. Raiva de mim mesma. Porque, se sou tão racional, por que não consigo simplesmente apagar essa interferência? Por que, mesmo sabendo que é irracional, ainda sinto? Ainda chamo? Ainda dou importância? E aí vem a pior parte: sentir-se burra por pensar tanto, e saber que se sentir burra não muda nada. Só faz pensar mais.
Acho que é isso. Um ciclo infinito de pensamentos. O que essa pessoa quer? O que essa lembrança quer? Me enlouquecer? Me consumir até que eu mesma desapareça dentro desse labirinto mental?
Existem chances de que eu nunca descubra, e que minha única resposta seja a própria pergunta, vivendo sem fim dentro de mim. Mas uma coisa eu sei: pensar demais sobre não pensar é uma armadilha. E eu já caí nela.
Xoxo!
Calliope Seshat, 2025
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cseshat · 1 month ago
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O MEU SILÊNCIO RESPIRA
Queridos leitores invisíveis, eu sou a solidão. Não como uma visitante ocasional, mas como alguém que nela nasceu e se moldou. Sinto-a em cada silêncio que me acha, e, às vezes, penso que é uma dádiva — outras, questiono se é mesmo possível viver plenamente assim, cercada apenas pelo eco dos meus pensamentos.
Sempre amei a solitude. Há um certo encanto em viver comigo mesma, em me perder no silêncio e esquecer que compartilho o mundo com bilhões de outras vidas. No meu universo particular, tudo é quietude, mas nunca paz. Porque quem vive só sabe que o silêncio não é mudo — ele fala, sussurra verdades que o ruído do mundo não permite ouvir.
Essa voz interior nunca se cala. Ela completa os espaços vagos com lembranças, sonhos e perguntas sem resposta. E, embora eu tente me abrir para o mundo, no fundo sempre volto para o mesmo lugar: comigo mesma. É aqui que me encontro, mesmo quando preferia me perder.
Mas, por mais que eu ame essa solitude, às vezes desejo dividi-la. Não com alguém que queira preenchê-la, mas com quem saiba apreciá-la. Alguém que entenda que a solidão não é ausência, mas presença — da alma, da mente, do sentir.
Vivo entre paredes silenciosas, em quartos escuros que parecem pulsar junto comigo, como se esperassem algo. Alguém. Ou talvez seja só a solidão pedindo para ser compartilhada. O medo, no entanto, sempre fala mais alto: e se eu só souber oferecer isso? Silêncio, distância, esse refúgio que me protege, mas também me isola?
Ainda assim, mesmo temendo o “para sempre” da solidão, encontro conforto nela. Sou parte do seu sereno vazio, e talvez isso não seja tão ruim. Mas, em meio a esse silêncio, ainda guardo um desejo: encontrar alguém que pulse por essa solidão tanto quanto por mim.
E até lá, sigo aqui — sozinha, mas completa o suficiente para imaginar que isso, por si só, já é um tipo de companhia.
Xoxo!
Calliope Seshat, 2025
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cseshat · 1 month ago
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"17 VELAS, NENHUM DESEJO"
É meu aniversário. Deveria ser um dia leve, cheio de significado, mas, honestamente, tudo o que sinto é um vazio amargo, por uma data que chegou sem convite. Dezessete anos. Que marco importante, dizem. Um passo mais perto dos dezoito, da liberdade, da "vida adulta". Mas por que isso soa mais como um peso do que uma conquista?
Ontem, acordei com a cabeça pesada, o humor nublado. Passei o dia carrancuda, como se meu corpo já pressentisse o incômodo que essa virada traria. E, agora, com as horas avançando e as mensagens chegando, só consigo pensar: é só mais um dia, não é? Mais um número para somar, mais um ciclo que se fecha sem que eu saiba, de fato, o que ganhei além do tempo.
Talvez eu esteja sendo ingrata. Talvez, aos olhos de quem observa de fora, eu devesse sorrir, agradecer, sentir a alegria que, supostamente, deveria acompanhar cada vela acesa. Mas a verdade é que não me sinto assim. Sinto falta de algo que nem sei nomear. De quem eu fui? De quem estava comigo? Ou, talvez, só do conforto de não ter que lidar com expectativas.
Os aniversários sempre foram datas estranhas para mim. Não só os meus, mas os de todos. Um dia em que as pessoas te olham como se você estivesse mais especial do que ontem, quando, por dentro, você se sente exatamente igual — ou, quem sabe, um pouco mais cansada. É engraçado como essa data parece carregar um brilho obrigatório, me faz pensar que felicidade é um roteiro a ser seguido.
Mas hoje, aos 17, eu confesso: não sei mais como me sentir feliz com isso. Talvez porque, lá no fundo, eu sinta falta daquela amenidade de outros anos, quando a vida parecia mais simples. Quando a noite do meu aniversário era sinônimo de risadas descompromissadas, conversas sem hora para acabar, e um coração genuinamente aquecido. Agora, tudo soa mais melancólico, mais soturno.
Será que sinto falta de mim? Ou é o medo do que vem depois? Porque crescer, de perto, não tem nada de mágico. É só um lembrete constante de que o tempo não espera, e você precisa correr para alcançá-lo.
Então, aqui estou eu. Mais velha, supostamente mais sábia, mas com a mesma dúvida de sempre: devo comemorar? Devo me parabenizar por chegar até aqui?
Talvez, sim. Talvez a maior vitória seja justamente essa: ter atravessado mais um ano, mesmo sem sentir que ele foi gentil comigo. Então, parabéns, eu de 17. A de 16 te agradece por não ter desistido, por ter enfrentado cada dia, mesmo quando parecia pesado demais. Eu queria estar mais satisfeita, mais leve, mais qualquer coisa. Mas, por enquanto, só posso me desejar um sincero: você chegou até aqui, e isso já é algo.
Ainda assim… parabéns.
Xoxo! 25/02/2025
Calliope Seshat, 2025
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cseshat · 2 months ago
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Pensamentos de fim de noite: tomara que meus futuros filhos nunca descubram o que escrevi nesse blog na adolescência.
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cseshat · 2 months ago
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DIÁRIO DE UMA ESCRITORA - Quando a Dor Se Transforma Em Palavras:
Março, abril e maio de 2024 foram um pesadelo.
Foram meses turbulentos, exaustivos, esmagadores. Até hoje, certas músicas daquele tempo me dão calafrios. Me transportam de volta para uma versão de mim mesma que eu preferia esquecer. Durante aqueles três meses, minha mente era um campo de batalha — e eu era tanto a guerreira quanto o inimigo. Eu me despedaçava, tentava me remontar, apenas para desmoronar de novo.
Mas, curiosamente, foi quando mais escrevi.
E é aí que eu me pergunto — e pergunto a vocês, leitores invisíveis desse blog: quando estão no fundo do poço, suas mentes também transformam dor em palavras? Em textos, poesias, capítulos de livros? Porque a minha sim. E ela fez isso incansavelmente.
A dor veio. Eu escrevi. Ela voltou. Eu escrevi mais.
Foi um ano ruim. O tipo de ano que deixa um gosto amargo na boca. Mas, ironicamente, rendeu textos que me enchem de orgulho. Escrevi tanto que, às vezes, tenho a sensação de ter absorvido toda a gramática do português pelo caminho mais melancólico possível.
Descobri que escrevo quando declino.
Porque não sei falar. Porque não sei ser ouvida.
Então, escrevo.
E escrevo com tanta honestidade que, se alguém ler, saberá exatamente o que eu sentia. Porque meus personagens carregam as dores da época. Porque registro pensamentos que nunca verbalizei. Porque transformo em palavras as frases que um dia quis dizer e apenas engoli.
Eu escrevo. Escrevo. Escrevo.
É ruim. Muito ruim. Mas talvez seja bom.
Porque, olhando para trás, percebo que, mesmo vivendo minha pior fase, nunca estive tão forte na minha escrita.
Talvez seja esse o preço de ser escritor: sangrar em silêncio para que as palavras falem por nós.
Xoxo!
Calliope Seshat, 2025
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cseshat · 2 months ago
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12 DE FEVEREIRO DE 2025 - DIÁRIO DE UMA ESCRITORA (Entre Caos e Palavras):
Faz tempo que não apareço por aqui. Nem sei dizer exatamente por quê. Criei este blog para escrever —para ter um espaço meu, onde pudesse compartilhar o processo de dar vida às histórias que insistem em nascer dentro de mim. Mas, ironicamente, desde janeiro, não escrevi nada aqui.
A verdade é que não deixei de escrever. Só não escrevi aqui.
Falando nisso, tenho uma atualização que me enche de orgulho (e um pouco de pavor): Kaminari chegou a 81 mil palavras! Todo sábado e domingo, quando finalmente posso me sentar para escrever, a história simplesmente cresce diante dos meus olhos. As palavras fluem sem que eu perceba, o que é incrível… e um problema. Porque me entrego tanto à narrativa que perco completamente a noção do tamanho que ela está tomando. Agora que cheguei à metade, já são 438 páginas.
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Se formos pensar, já é um livro inteiro. Mas ainda há tanto por contar.
Já dividi a história em dois volumes, mas pelo que estou prevendo, o primeiro ainda terá quase 700 páginas. Foi aí que meu pai, dias atrás, me perguntou: "Você não acha que um livro tão grande pode ser cansativo?"
E essa é a pergunta que não sai da minha cabeça.
Não sei a resposta. Para mim, essa história é boa. Eu sinto que é. Mas a visão de um escritor sobre sua própria obra nunca é totalmente confiável. Sempre há inseguranças, dúvidas, aquela voz incômoda que sussurra: E se você estiver errada?
Sei que os dois primeiros capítulos são mais lentos. Sei que podem parecer "parados". Mas são fundamentais para o enredo. Então, espero que minha versão do futuro resolva esse dilema de um jeito que me deixe satisfeita. Espero que, um dia, eu olhe para Kaminari e pense: "Consegui".
Mas antes disso, tem um outro obstáculo no caminho: a revisão.
Sempre termino minhas histórias. O problema é revisá-las. Esse processo me desanima de uma forma inexplicável. Escrevo compulsivamente, mas reler, analisar, editar… é um verdadeiro teste de paciência. Talvez esse seja o tema da minha próxima postagem: "A Arte de Escrever Sem Freios e Odiar Revisar".
Seja como for, não faço ideia de como as coisas serão daqui para frente, especialmente com a carga de estudos aumentando. Mas espero que tudo se encaixe.
E que Kaminari encontre seu caminho. Obrigada por lerem até aqui. Até a próxima!
Xoxo!
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Calliope Seshat, 2025
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cseshat · 3 months ago
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CALLIOPE É…
• Calliope é uma pessoa muito pensativa.
• Calliope ama a música “Mary” do Alex G.
• Calliope tem uma forte intuição e tem medo de senti-la.
• Calliope ama a década de 80.
• Calliope se fechou muito para o mundo e prefere ficar apenas no próprio mundo dela.
• Calliope tem grandes sonhos, mas sente que eles nunca se realizarão.
• Calliope é uma INTP.
• Calliope tem medo de morrer.
• Calliope tem altas habilidades e superdotação, mas não se considera tão inteligente quanto esse título sugere.
• Calliope é muito silenciosa.
• Calliope passa muito tempo no quarto.
• Calliope ama os universos que criou e sonha com eles.
• Calliope não entende o significado do seu nome.
• O nome de Calliope tem dois L's; isso a torna única?
• Calliope gostaria de ser uma irmã melhor.
• Calliope queria ser uma cientista, mas é uma escritora (o que não é ruim, mas seria legal ser uma Marie Curie).
• Calliope ama política.
• Calliope estudou sua própria tipologia.
• Calliope quer ir ao Japão.
• Calliope ama xadrez e joga intuitivamente.
• Calliope tem uma pele sensível
• Calliope sente tanto ciúmes que fica doente.
• Calliope é rancorosa.
• Calliope tem um pôster de “Alice no País das Maravilhas” no quarto.
• Calliope tem como melhor amiga sua prima, que é três anos mais nova.
• Calliope usa o cabelo curto como acessório.
• Calliope tem uma personalidade forte.
• Calliope tem grandes olhos amendoados.
• Calliope tem postura para debater, e ela gosta disso.
• Calliope é muito atenta aos detalhes que outras pessoas não veem.
• Calliope é autista.
• Calliope sente as coisas de maneira mais profunda e intensa do que a maioria das pessoas.
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cseshat · 3 months ago
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RESENHA: NOITE NO PARAÍSO (2020) – SANGUE, REFLEXÃO E UM SUBMUNDO QUE VAI TE MARCAR:
Seja bem-vindo à primeira resenha de filme do blog — e que estreia! Prepare-se para cair em uma experiência brutal e poética com Noite no Paraíso (2020), uma obra que me atingiu como um soco, deixando marcas e uma necessidade urgente de compartilhar minhas impressões. Se você aprecia histórias intensas sobre vingança, traições e gangues, com um toque de romance que despedaça o coração, continue lendo.
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Noite no Paraíso (2020)
A trama nos apresenta Park Tae-goo, um gângster devastado por uma tragédia pessoal que se refugia em uma ilha na tentativa de escapar de seus inimigos. Lá, ele conhece Kim Jae-yeon, uma jovem misteriosa marcada por um destino sombrio, que se revela uma personagem forte, complexa e repleta de camadas emocionais que intrigam e fascinam. Ela é sobrinha de Kuto, um traficante de armas tão enigmático quanto ela mesma. O desenvolvimento dela e do nosso protagonista é forçado e, de certa forma, mais intrigante do que a própria personagem Jae-yeon, pois, enquanto Tae-goo carrega sua dor em silêncio, ela confronta a vida com um sarcasmo frio, autenticidade e uma intensidade que expõe muito de sua natureza, algo que, a princípio, me chamou atenção. Já conhecia a atriz de outros projetos e, mais uma vez, ela entrega uma performance excepcional.
O que torna Noite no Paraíso especialmente envolvente é sua abordagem "crua" do submundo criminoso. Aqui, o glamour frequentemente associado às histórias de máfia cede espaço a uma realidade sombria e brutal. Traições, massacres e vingança se entrelaçam de forma visceral, sem concessões. Este é um filme que não romantiza a violência, mas a emprega como ferramenta narrativa para revelar as camadas de desespero e sobrevivência que definem seus personagens. Como alguém que escreve sobre gangues e o submundo do crime, fiquei feliz com essa "representação" — e, de certo modo, menos culpada por explorar exatamente essa mesma brutalidade nas minhas histórias.
A estética do filme é um espetáculo à parte. A cinematografia de Kim Young-hoo, seu diretor, é SURREAL. Souberam criar um cenário de escuridão opressiva do crime com momentos de quietude poética, e isso é incrível! Foi uma fotografia densa e cuidadosamente composta que evoca o espírito do cinema noir, mas com uma pegada moderna que evita cair no pastiche. Eu também gostei e notei desde o início o uso de cores frias e sombras profundas, que intensificam a atmosfera de desolação e inevitabilidade trágica que permeia toda a narrativa. Quando a violência explode, é brutal e coreografada com precisão. Mas não é só para chocar — cada cena tem detalhes que te pegam de jeito.
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Noite no Paraíso (2020)
É um ótimo filme, exatamente o tipo de história que escrevo: sombria, intensa e com personagens que vivem nas extremidades da vida. E, no fim, ele acabou se tornando um dos meus favoritos. Recomendo com entusiasmo para quem aprecia histórias sombrias, realistas e visceralmente emocionantes.
Então, se você for maior de 16 anos e busca um filme que não teme a brutalidade da realidade e que transforma dor em poesia visual, *Noite no Paraíso* é uma experiência que não pode ser ignorada. Prepare-se para sentir cada golpe e se deixar levar por uma narrativa que é tão cruel quanto bela. Recomendo com entusiasmo e mal posso esperar para ouvir o que vocês acharam.
Afinal, algumas histórias foram feitas para nos lembrar de que o paraíso, às vezes, é apenas uma ilusão manchada de sangue. Xoxo!
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Calliope Seshat, 2025
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cseshat · 4 months ago
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FELIZ NATALINA!
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