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Calliope Seshat
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Bem-vindos ao laboratório caótico de uma mente inquieta: opiniões fervilham, ideias explodem��� mas a autora raramente aparece para recolher os destroços.
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cseshat · 8 days ago
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Ah, a Paixão!
Sinto vontade de me apaixonar. Quanta vontade eu tenho de me apaixonar. De simplesmente sentir aquele frio no estômago, mesmo sem estar realmente frio. De viver conversas profundas que escondem sentimentos; sentimentos fortes, recentes, que tento não deixar transparecer. Mas a cada pergunta, cada resposta e convite… me sinto encurralada por esse sentimento. Um sentimento lindo, intenso, a paixão que eu gostaria de viver.
Gostaria de respirar esse sentimento, de me envolver com ele tão profundamente que até o ar me sufocasse, que o espaço no peito fosse apenas da ardente paixão.
Diga-me, leitores invisíveis: já se apaixonaram? Contem-me suas experiências. Talvez, ouvindo suas histórias, eu me apaixone por elas… ou por vocês.
Ah, como eu gostaria de sair, de conversar, de conhecer alguém. A paixão é linda. Mas no mundo de hoje… tudo é complicado. Entregar-se a um sentimento tão bonito pode acabar em coração partido, em amargor. E ainda assim, como eu queria me entregar de corpo e alma, sem ser machucada. Como queria sentir que estou me deitando com alguém loucamente apaixonado por mim.
Mas que mundo mesquinho é esse em que vivemos? Às vezes, só me resta imaginar a paixão como uma alternativa, porque as pessoas são difíceis.
E mesmo assim, eu gostaria. Gostaria de escrever cartas, de cantarolar sozinha por estar feliz, apaixonada, radiante. De ler algo e me lembrar de alguém. De ser lida como leio a paixão. De dedicar as mais belas músicas de amor àquele que abraça minha linda e cruel paixão.
É bonito, não é? Se apaixonar! Paixão, paixão… Talvez ela surja de novo, talvez me faça feliz. Até lá, eu a lerei, a escutarei, a escreverei, a pensarei. Mergulharei em paixões falsas com as pessoas, só para ouvir mais sobre ela. Porque se apaixonar é lindo. E eu… eu a consumiria.
Calliope Seshat, 2025
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cseshat · 8 days ago
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Invisível, Mesmo Presente
Às vezes, eu sumo. Fico ausente. E sei que isso incomoda pessoas que não têm culpa alguma do meu comportamento.
É algo ruim, porque, embora eu me afaste para tentar me sentir melhor, quem se importa com a minha presença não encontra conforto nesses desaparecimentos. E ainda assim, eles são necessários. E, por isso mesmo, se tornam ainda mais difíceis.
O problema, meus leitores invisíveis, é que eu não sei ficar. Gosto de estar presente… mas gosto ainda mais de não estar. É a minha âncora, a única coisa que me mantém sã, ou pelo menos era. Nem isso mais tem funcionado.
Eu queria não ser assim. Queria ser constante, firme, presente como as outras pessoas. Queria não fugir de tudo ao meu redor. Mas sinto que fui feita de fugas. Que sou, essencialmente, ausência. Preciso me esconder, preciso desaparecer para me sentir inteira. E isso é estranho para qualquer pessoa comum.
Mas eu não sou comum.
Eu fujo. Eu desapareço. E, quando chego ao limite, abandono tudo, até aquilo que desejei com todas as forças, por não conseguir lidar com o peso. Então sumo. Me torno ausente. Ausente como sempre. Com uma memória fugaz, nunca real. Mesmo quando estou fisicamente, minha mente já foi embora. Afinal, não sei ficar. E, às vezes, só queria que ninguém me encontrasse no meu esconderijo. Porque se fugi, é porque precisei, e essa explicação sou eu.
Sou esse tipo de pessoa. Que às vezes aparece, mas logo some. Que se esconde, que precisa de silêncio, de solidão, de dias inteiros imersa em tudo o que não tem nada a ver com a realidade.
Dias sem falar, dias calados, dias em que deixo até pessoas importantes esperando. Não é maldade; eu simplesmente não consigo estar.
Nunca gostei disso. Carrego o peso dessa ausência comigo, carrego sempre e há todo instante, pois vejo laços se desfazendo sempre que ela se torna presença. E sabe, sinto até falta de pessoas, mas não tenho vontade de procurá-las. Às vezes, é só preguiça de interagir, e sei o quanto isso é sério.
Mas é isso. Ser ausente talvez seja meu maior problema. Porque ser ausente, no fundo, é ser eu. Alma e corpo. Anseio por invisibilidade. Pelo “nunca estar”.
E isso é o que mais me assusta. Porque o problema não é apenas sumir. É que eu sou o sumiço.
Calliope Seshat, 2025
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cseshat · 8 days ago
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Prisioneira do Tempo Que Foge
Minha vida passa e eu fico.
É desesperador ver minha vida passar bem diante dos meus olhos. Completamente desesperador, porque simplesmente não consigo fazer nada. E tudo continua passando. Nem minha própria voz eu escuto, porque já não consigo gritar. Não tenho voz para isso. Não consigo.
E, mesmo assim, tudo passa. Tudo continua passando e me deixando para trás. As pessoas vivem. Os dias seguem. O sol nasce. O sol se põe. O ano corre. A vida também. Mas eu não. Eu permaneço igual, presa nisso. Em mim.
Presa nessa coisa que sinto e que me faz continuar aqui, definhando. Vendo a vida passar por mim e me deixar no caminho, sem que eu consiga sequer chorar, ou pedir para ir junto, ou pelo menos para voltar.
Porque, meus leitores invisíveis, já não tenho mais lágrimas. Já não tenho mais forças para fazer um pedido desses.
Não sei mais quem sou com a vida passando tão depressa. E isso me enlouquece. É absurdo sentir sua própria existência escorrer diante dos olhos, enquanto tudo o que você pode fazer é observar e esperar. Já não consigo mais me mover. E vocês… sentem isso também? Já sentiram? Conseguem ouvir o que estou tentando dizer?
Calliope Seshat, 2025
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cseshat · 14 days ago
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Resenha: Memórias do Subsolo, de Fiódor Dostoiévski
Nota: 5/5
Autodestruição e genialidade. Se eu pudesse resumir Memórias do Subsolo em duas palavras, seriam essas, com absoluta certeza. Fiódor Dostoiévski nos entrega uma obra de uma complexidade sem igual, um convite para mergulhar na mente torturada de um narrador que é ao mesmo tempo doente, arrogante e brilhante. Ele fala diretamente com você, te confronta, te fere, te arrasta para o abismo junto com ele. Como ele mesmo declara na primeira linha, “sou um homem doente”, e talvez ele seja — tão doente quanto eu, que me vi despida, lida e cuspida em meus próprios pecados ao longo dessas páginas. Ler este livro, pela segunda vez, foi como ter minha alma exposta com uma elegância cruel, e ainda assim, não consegui parar. É uma obra que me marcou intimamente, e, caro leitor, prepare-se para ser visto, para ser desafiado, para sentir o peso de um subsolo tão sujo quanto verdadeiro.
Premissa e Enredo: A Dança da Consciência em Conflito
Memórias do Subsolo, publicado em 1864, apresenta um narrador sem nome, um homem depressivo, egocêntrico e hiperconsciente, que vive isolado em seu “subsolo” — um espaço físico e metafórico onde ele vomita seus pensamentos mais ácidos e contraditórios. Ele fala com o leitor como se estivesse em um confessionário, questionando a sociedade, a racionalidade humana e o próprio sofrimento, que ele define como “a causa única da consciência”. Como eu mesma gosto de afirmar, sofrer é ser CONSCIENTE, e este livro é uma prova viva disso.
O enredo de Memórias do Subsolo não segue uma linha convencional, e é exatamente isso que o torna genial. Na primeira parte, o narrador despeja suas reflexões filosóficas com uma intensidade sufocante. Ele critica a busca humana por progresso, argumentando que escolhemos o sofrimento para afirmar nosso “livre e maldito arbítrio”. Suas palavras são fortes ao expor as contradições da natureza humana. E isso é um chame e tanto. Ele é petulante, sim, mas também verdadeiro, e me fez questionar minhas próprias escolhas, meus próprios sofrimentos. Como acredito, leitor, que você também iria.
Na segunda parte, acompanhamos episódios da vida do narrador que revelam sua autodestruição. De um jantar humilhante com colegas a sua relação complexa com Liza, uma jovem prostituta, ele oscila entre o desejo de pertencimento e a necessidade de se isolar. Podemos observar um reflexo de sua própria covardia, de seu orgulho, de sua inteligência que o condena. Ele sofre por estar sozinho, mas continua se acovardando, remoendo sua solidão enquanto critica a sociedade. É um ciclo que me tocou profundamente.
Personagens: Mais Que Um Narrador
O narrador sem nome é um dos personagens mais fascinantes e perturbadores da literatura. Irritante, arrogante, autodepreciativo — e, ao mesmo tempo, absurdamente humano. Sua hiperconsciência o transforma em vítima de si mesmo: preso numa mente que disseca cada detalhe de sua existência, vive num jogo torturante com a própria consciência. É a autossabotagem elevada ao extremo, causada justamente pela lucidez que o habita, uma consciência que parece ter vida própria dentro dele.
Quando li a frase “outra circunstância me atormentava, naquela época: exatamente o fato de ninguém se parecer comigo nem eu me parecer com ninguém. ‘Então, eu sou único e eles são todos’, eu pensava e ficava remoendo isso”, eu me reconheci. Senti. Ouvi algo. Um vazio inexplicável, mas que alguém, em algum momento, também já sentiu.
Afinal, quem nunca se viu deslocado, como se o mundo inteiro tivesse sido feito para todos, menos para você?
Por outro lado, os personagens secundários, como Liza, anteriormente citada, são menos desenvolvidos, mas funcionam como espelhos para as falhas do narrador. Liza, com sua vulnerabilidade, expõe a incapacidade dele de se conectar, criando momentos de tensão emocional para o protagonista, que se vê confuso ao lidar com eles. Há um gosto duvidoso em ler.
Execução: Dostoiévski Transforma
A escrita de Dostoiévski é um prodígio. Ele escrevia sem medo, escrevia para nos despir, para nos confrontar com nossos pecados, dúvidas e desejos mais sombrios. Novamente repito, senti, ao ler, que estava sendo lida, que o narrador soubesse exatamente quem eu sou. Dostoiévski seguiu acertando com a estrutura do livro, que, como eu disse, mescla um ensaio filosófico com uma narrativa árdua, que, por sinal, a torna extremamente poderosa. A leitura não é fácil, ela te faz enfermar junto com o narrador, te faz pensar, talvez até demais, como ele. E, ainda assim, é impossível largar.
Essa foi minha releitura, e as memórias densas e profundas desse subsolo tão sujo e amargo continuam a me tocar. Não me orgulho de me ver refletida nesse narrador, mas estou lá, em cada linha, em cada remoída, em cada pensamento. Dostoiévski transforma, e Memórias do Subsolo é, sem dúvida, um dos meus livros favoritos, um pilar no meu top três.
Calliope Seshat, 2025
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cseshat · 2 months ago
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Resenha: Alizarina (Série Sablier Rouge), de Alexia Gagliardi
Nota: 5/5
Alizarina, o primeiro livro da série Sablier Rouge, de Alexia Gagliardi, é uma estreia arrebatadora que começou como fanfic no Wattpad e se transformou em uma obra original, com lançamento para fevereiro de 2025. Como alguém que acompanhou a história desde seus primórdios, posso dizer que testemunhar a evolução dessa narrativa, da plataforma digital ao formato de livro, é mais do que uma honra, é a celebração de uma obra brilhante. Alexia entrega uma combinação perfeita de suspense, romance proibido e personagens inesquecíveis, em um universo multifacetado que promete conquistar qualquer leitor. Vamos mergulhar nessa história?
Alizarina apresenta Ada Miyamura, uma policial de elite treinada, perigosa e extremamente ardilosa, designada para uma missão de alto risco: infiltrar-se no submundo do crime em Tóquio e derrubar Sirius, o misterioso líder cuja identidade permanece desconhecida. Movida por um objetivo pessoal de destruir Sirius antes de qualquer outro, Ada mergulha em uma vida dupla que se torna mais complexa — e doce — do que ela imaginava. Ao se envolver com Sirius e seu grupo, ela encontra um espaço de acolhimento e diversão, onde pode ser ela mesma, mas sem jamais baixar a guarda.
Qualquer deslize pode ser fatal, e o equilíbrio entre sua missão e seus sentimentos é o coração pulsante da narrativa.
A premissa já é intrigante por si só: um thriller policial com um romance proibido, repleto de tensão e adrenalina. Alexia Gagliardi acerta ao mover uma história que combina suspense, ação e emoção, mantendo o leitor preso do início ao fim.
Enredo: Um Equilíbrio Perfeito de Tensão e Emoção
Alizarina é um livro que sabe dosar seus elementos. A trama se desenrola em um cenário de tensão constante, onde a sensação de que algo maior está por vir permeia cada página. Há um prelúdio de mistério, culpas e responsabilidades que ainda não se revelam completamente neste primeiro volume, mas que mantêm o leitor intrigado. A narrativa alterna momentos de alegria, com interações vibrantes entre os personagens, e picos de tensão, com dilemas morais e conflitos internos que Ada carrega. Esse equilíbrio é um dos maiores trunfos da autora, que constrói uma história coesa, envolvente e repleta de detalhes.
O submundo de Tóquio é meticulosamente construído, com nomes, cenários e dinâmicas que demonstram o cuidado de Gagliardi com a ambientação. A escrita é clara, fluida e, ao mesmo tempo, profunda, tornando a leitura rápida e imersiva. Os capítulos revelam novos detalhes que enriquecem o universo, sem sobrecarregar o leitor, e a promessa de que este é apenas o primeiro livro deixa um gostinho de quero mais.
Personagens: Fortes, Complexos e Inesquecíveis
Ada Miyamura é uma protagonista indomável. Forte, fria e estrategista, mas, por dentro, carrega um fogo ardente aquecendo seu peito. Sua construção é impecável: Alexia nos apresenta uma mulher determinada e capaz, mas com camadas emocionais que revelam suas inseguranças e desejos. Ada é o tipo de personagem que prende o leitor, tanto por sua força, quanto por sua complexidade.
Sirius, o antagonista e interesse romântico, é igualmente cativante. Misterioso, sarcástico e envolvente, ele nos dá adrenalina, perigo e um charme que deixa o coração acelerado. O romance entre ele e Ada é a personificação do caos: ambos são independentes e completos sozinhos, mas juntos formam uma dinâmica única, marcada por paixão, tensão e um toque agridoce que deixa o leitor ansioso por mais. A química entre eles é palpável, e o fato de serem um casal proibido só intensifica a narrativa.
Os personagens secundários também brilham, trazendo carisma e profundidade ao grupo que acolhe Ada. Podemos ouvir suas vozes e observar suas personalidades, contribuindo para o senso de comunidade que contrasta com a missão perigosa da protagonista. É impossível não se apegar a esse elenco tão bem construído.
Considerações Finais
Alizarina, primeiro livro da série Sablier Rouge, é uma leitura obrigatória para quem ama personagens fortes, tramas cheias de adrenalina e romances que tiram o fôlego. Alexia Gagliardi entrega um universo multifacetado, com uma escrita envolvente e um enredo que promete crescer ainda mais nos próximos volumes. Se você gosta de histórias que misturam suspense, perigo e paixão em um ritmo eletrizante, este livro é para você.
A escrita envolvente, aliada ao desenvolvimento cuidadoso dos personagens e do cenário, faz com que o livro transcenda suas origens, apelando tanto para fãs do gênero jovem-adulto quanto para leitores que buscam suspense e romance de qualidade. Como alguém que acompanhou a série desde o início, sou suspeita para falar, especialmente por ser apaixonada por Sirius, um personagem que é um verdadeiro céu! Ainda assim, é inegável que Alizarina marcou minha adolescência e continua a me encantar com sua capacidade de equilibrar ação, emoção e paixão.
É impossível não se apaixonar por Ada, Sirius e o submundo de Tóquio que os cerca. Mal posso esperar para ver o que o futuro da série reserva!
Calliope Seshat, 2025
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cseshat · 2 months ago
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Curiosamente, “Mary”, do Alex G, sempre foi a minha música favorita. Ela me traz boas memórias, mas também uma melancolia profunda, e tudo bem. Acho que, no fundo, todas as minhas boas memórias carregam uma certa tristeza, talvez seja exatamente isso que as torna tão especiais.
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cseshat · 2 months ago
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Azul Perfeito e eu
Acho que poucas pessoas sabem o quanto eu realmente me sinto sozinha. Na verdade, acho que ninguém sabe. Aos 14 anos, quando a vida parecia que ia me engolir, comecei a escrever Azul Perfeito, o meu primeiro livro. Ele era para ser meu refúgio, um lugar onde eu pudesse despejar as dores, indagações e medos que sentia naquela época. Hoje, aos 17, o livro permanece inacabado. Mesmo faltando tão pouco para terminá-lo, ele ainda é um espelho quebrado de mim mesma, refletindo fragmentos de uma história que, na minha cabeça, já está completa, mas que meu coração ainda teme finalizar.
Não é preguiça ou falta de inspiração que me impede de concluir meu livro. Na verdade, sinto que voltar àquele universo é dar de cara com memórias que doem demais para serem vistas. Ainda assim, em silêncios que se prolongam por meses, sinto o chamado daquelas páginas. É como se elas, impregnadas de mim, sussurrassem meu nome, implorando para que eu retorne, para que eu me enfrente. Quando cedo, desabo sobre as palavras, e minhas lágrimas se misturam a elas. É um ciclo sem fim, e eu nunca chego ao final; afundo junto à história que tanto carrega da minha alma nas linhas.
No entanto, à medida que minha adolescência avança, percebo que há mais a adicionar nela: sentimentos que se tornam mais pesados, mais melancólicos, deixando um gosto amargo na boca. Acima de tudo, o peso da solidão, que se torna mais real — mais do meu protagonista do que de mim —, que me faz sentir que meus livros são minha única companhia verdadeira. E me faz perceber que estar sozinha não é apenas a ausência de pessoas; é sentir o mundo ao meu redor vibrar em cores, enquanto eu me apago, como se estivesse desaparecendo junto com as páginas que não consigo escrever.
Tenho poucos amigos, muito poucos… Sempre fui uma pessoa seletiva, ou talvez apenas calada demais para saber como construir uma amizade. Ainda assim, mesmo esses poucos, que de algum modo parecem compreender a minha essência, não me fazem sentir acompanhada. Não os sinto comigo. E, no fundo, eu também não estou lá para eles. Talvez esse seja o problema. Não era assim que eu queria que fosse. Sonhava com dias cheios de risadas, de leveza, mas, em vez disso, sinto-me afundando em um mar de pensamentos que não sei nomear, vendo os dias passarem na minha frente, me dissolvendo um pouco mais, como se eu estivesse sumindo junto com Azul Perfeito.
Há quase dois anos, não toco no manuscrito. Mesmo assim, não há um dia em que eu não pense nele, nas lágrimas que derramei sobre aquelas palavras, nos personagens que criei para me salvar. Gênesis Perbl, minha deuteragonista, nunca morreu para mim, apesar do destino que a história lhe reserva. Não quero que ela desapareça, assim como não quero me perder. Mas há momentos em que já não sei o que desejo, ou quem sou.
Quando comecei Azul Perfeito, acreditava que escrever seria minha salvação, uma forma de superar a depressão, a solidão e as dores que eu não sabia explicar. Ao dar vida a Gênesis e Tsumuji, eu buscava um propósito, uma razão para seguir em frente. Anos depois, porém, encontro-me em um lugar ainda mais escuro. A vida parece estagnada, e eu, paralisada. Adoeci, não apenas no corpo, mas na alma, deslizando para o fundo de um poço onde a luz mal chega. Tudo parece imóvel, exceto o vazio que cresce e me consome.
Ainda assim, uma parte de mim acredita que retomar a escrita pode ser minha redenção. Mergulhar novamente naquele universo talvez me permita encontrar o abraço que tanto procuro, não um momento fugaz, mas a presença de alguém que realmente veja, que se importe, que me ajude a enxergar um propósito. Assim como Gênesis fez por Tsumuji, espero encontrar, nas páginas de Azul Perfeito, a luz que hoje não consigo ver.
Calliope Seshat, ou Vitoria, 2025
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cseshat · 2 months ago
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KELLY M. PROMETEU TUDO E NÃO ENTREGOU NADA! RESENHA: DESENFREADOS
Nota: 1/5
Desenfreados, de Kelly M., nasceu como uma fanfic no Wattpad, onde conquistou fãs com sua intensidade, drama exagerado e um romance tóxico que se encaixava perfeitamente no estilo da plataforma. Contudo, ao ser adaptado para um livro de mais de 700 páginas, o que funcionava no formato original se perde em uma narrativa inchada, sem profundidade e com personagens que não conseguem sustentar o peso da história. Mesmo com a premissa intrigante, a execução deixa a desejar, frustrando leitores que esperavam mais.
Para começar, vamos falar um pouco sobre a obra: a história gira em torno de Ryen Rodrigues, uma jovem que, desde a infância, é apaixonada pelo melhor amigo de seu irmão mais velho, Kellan Royal. Ryen, descrita como doce, gentil e ingênua, é atraída pela aura misteriosa e sarcástica de Kellan, um garoto quatro anos mais velho, com traços de “““sociopatia””” e uma postura de indiferença cruel para mantê-la afastada. Uma tragédia abala a vida de Ryen, destruindo sua inocência e marcando sua trajetória. Cinco anos depois, ela retorna à cidade, agora fria, carregando o peso de um segredo sombrio: uma morte nas costas. Kellan, por sua vez, está determinado a desvendar os mistérios de Ryen, prometendo um jogo de gato e rato cheio de tensão.
A ideia, com elementos de trauma, segredos e um romance com potencial para ser complexo, parece promissora. No entanto, a execução não entrega o que sugere. A narrativa, que poderia explorar profundamente os conflitos emocionais e os segredos dos personagens, cai em clichês e repetições, desperdiçando o potencial de uma história que, no papel, soa como uma fanfic envolvente. Todavia, esse não é o maior problema. E, sim, a falta de substância para sustentar suas 700 páginas.
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A trama se arrasta em um ciclo de conflitos mal resolvidos, sem oferecer evolução significativa para os personagens ou a história. Elementos típicos de histórias jovem-adultas — como stalkers, rachas clandestinos, violência e sexo explícito — são jogados na narrativa sem critério ou pesquisa, resultando em um mundo pouco convincente e situações apelativas. A impressão é que Kelly M. tentou estender uma ideia que funcionava no formato de fanfic, mas que, como livro, carece de direção, propósito e construção de mundo.
Personagens: Um Enigma Mal Construído
Ryen Rodrigues é uma protagonista inconsistente. Seus traumas e segredos são mencionados, mas nunca explorados com profundidade. Em um momento, ela é assolada por inseguranças; no outro, se apresenta como confiante e sedutora, sem qualquer construção que justifique essas mudanças abruptas. Após 700 páginas, o leitor ainda não sabe quem Ryen realmente é, sendo forçado a preencher os vazios de uma narrativa que não se sustenta.
Kellan Royal, o par romântico, é igualmente raso. Descrito como misterioso e “inesquecível”, ele é, na verdade, inseguro e sem carisma, com invisíveis traços de sociopatia que nunca são bem desenvolvidos. Seu desdém por Ryen, que deveria criar tensão no romance, soa forçado e não evolui para algo mais profundo. A relação entre ele e ela, que prometia ser intensa e complexa, é reduzida a diálogos vazios e repetições emocionais, sem química ou crescimento que justifique o impacto pretendido.
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O único personagem que desperta algum interesse é Christian Yun, que, ofusca os protagonistas. Sua presença, no entanto, apenas evidencia a falta de desenvolvimento de Ryen e Kellan, reforçando a sensação de que a autora priorizou tropos sensacionalistas em vez de criar personagens emocionalmente ricos.
Execução: Uma Fanfic que Não Amadureceu
Desenfreados é um exemplo claro de como uma fanfic promissora pode falhar ao tentar se transformar em um livro sem a preparação adequada. A transição do Wattpad para o formato publicado exigiria um trabalho cuidadoso de edição, construção de mundo e desenvolvimento emocional, mas o que vemos é o que venho repetindo desde o início desta resenha: uma narrativa que carrega os vícios de sua origem — exagero, repetição e falta de coesão. A extensão desnecessária do livro amplifica esses problemas, e a existência de uma segunda parte, quando a história poderia ter sido resolvida em um ÚNICO VOLUME, é desanimadora.
Confesso que não sou fã do gênero dark romance, mas a curiosidade despertada pelo burburinho em torno da fanfic me levou a dar uma chance à obra, tanto em sua versão original quanto como livro. Infelizmente, a decepção se repetiu.
Respeito quem acompanhou Desenfreados desde o Wattpad e encontrou prazer na história, mas, como livro, a obra não se sustenta. Kelly M. prometeu uma narrativa intensa e emocionante, mas entregou um amontoado de clichês mal trabalhados e personagens sem profundidade (além de gatilhos desnecessários, já que o maior vilão da história tentava estuprar a protagonista ainda quando ela era jovem). Não tenho interesse em continuar com o segundo volume, mas torço para que a autora aprenda com os erros deste primeiro livro e apresente algo mais consistente no futuro.
Para quem procura um romance com personagens bem construídos e uma trama que vá além dos clichês sensacionalistas, Desenfreados não é a melhor escolha. É uma promessa que, infelizmente, não se cumpre.
Calliope Seshat, 2025
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cseshat · 2 months ago
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Resenha: Monster, o Monstro Sem Nome – Uma Obra-Prima que Desafia a Alma
⚠️ Atenção: Esta resenha pode conter spoilers leves. Prometo ser cuidadosa, mas a paixão por essa obra pode me levar a revelar mais do que o planejado!
Acabei de assistir Monster há poucos minutos, e confesso: estou sem palavras. Ainda assim, tentarei transmitir o impacto avassalador dessa obra-prima, que, sem exageros, é o melhor anime que já vi. Escrito por Naoki Urasawa, Monster é uma jornada psicológica, filosófica e emocional que transcende o formato de anime, entregando uma narrativa tão densa e intricada que parece mais um romance literário do que uma animação. Vamos mergulhar nesse universo, começando com uma visão geral – sem spoilers pesados, prometo!
A Premissa: Um Médico, Um Monstro e Uma Escolha
Monster se passa na Alemanha pós-Guerra Fria, em um cenário marcado pelas cicatrizes da Segunda Guerra Mundial e pela divisão do Muro de Berlim. A história gira em torno de Kenzo Tenma, um neurocirurgião japonês brilhante, conhecido e admirado como “Doutor Tenma”. Sua vida, no entanto, desmorona após uma decisão moral que o coloca em rota de colisão com Johan Liebert, um sociopata carismático e aterrorizante, cuja vida Tenma salvou quando ele era apenas uma criança.
Agora, foragido e acusado de crimes que não cometeu, Tenma embarca em uma cruzada para deter Johan, o “monstro sem nome” que ameaça destruir tudo ao seu redor.
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Monster (2004-2005)
Logo nos primeiros episódios, somos apresentados a um enredo que mistura suspense psicológico, thriller policial e reflexões filosóficas. A trama é meticulosamente construída, com detalhes – por menor que pareça – conectando-se de forma brilhante ao todo. Urasawa tece uma teia onde nada é gratuito: personagens, eventos, diálogos tem um propósito. É como uma bola de lã que, ao ser desenrolada, revela uma única linha conectando tudo. E que linha! Prepare-se para pausar os episódios e exclamar: “Cara… isso é coisa de louco!😰🤯”
O que torna Monster tão especial é sua habilidade de entrelaçar temas profundos com uma história envolvente. A série explora o niilismo – a filosofia que questiona o sentido da vida, da moralidade e da existência – de maneira brilhante, especialmente através de Johan, um dos antagonistas mais complexos e fascinantes que já vi; a personificação do caos, um espelho que reflete as fraquezas humanas.
Em contrapartida, Tenma representa a luta pela ética e pela moral, mesmo quando o custo é alto. Essa dualidade cria um embate filosófico que ressoa em cada episódio.
Além disso, Monster é uma aula de construção de personagens. Mulheres como Nina Fortner (ou Anna Liebert, a irmã gêmea de Johan) são escritas com profundidade e força, desafiando estereótipos. Todos os personagens, do mais heroico ao mais vil, tem camadas que surpreendem. Você pode começar odiando alguém e, no final, torcer por sua redenção – ou vice-versa. A narrativa testa sua própria moralidade, questionando o que é certo ou errado em um mundo cinza.
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Monster (2004-2005)
Um Retrato Histórico e Psicológico
A série mergulha nas consequências da divisão alemã, abordando temas como racismo, o movimento neo-nazista, a vida em guetos turcos, orfanatos decadentes e as cicatrizes psicológicas de uma sociedade fragmentada. Esses elementos históricos são tão bem integrados que você se sente imerso naquele mundo. Um retrato de um pós-guerra. Sem falar na riqueza psicológica da obra, que é outro grande destaque. Monster explora de forma magistral os traumas, a manipulação e a fragilidade da mente humana. As reviravoltas ao longo da trama oferecem oportunidades perfeitas para refletir sobre a natureza do mal, a culpa e a redenção.
Produção e Estilo: Um Clássico Atemporal
Produzido pelo estúdio Madhouse, Monster adapta o mangá homônimo de Urasawa com maestria. Os traços, detalhados para a época (2004-2005), conferem realismo impressionante aos personagens e cenários. A trilha sonora, com tons melancólicos e tensos, amplifica a atmosfera opressiva. Cada quadro é pensado com cuidado, desde a expressão de um personagem secundário até as paisagens urbanas e rurais da Alemanha e da antiga Tchecoslováquia.
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Monster (2004-2005)
Por Que Assistir Monster?
Monster não é um anime para todos. Sua narrativa densa, ritmo deliberado e temas maduros exigem paciência e maturidade. Recomendo para um público adulto, preparado para ser desafiado intelectualmente e emocionalmente. Se você busca uma história que mistura suspense, filosofia e crítica social, esta é a obra perfeita. Caso ainda não esteja pronto, guarde-a para o momento certo – como eu fiz. A espera valeu cada segundo.
Se eu pudesse, passaria horas conversando com Naoki Urasawa sobre sua mente brilhante. Como aspirante a escritora, vejo Monster como uma inspiração e um lembrete do poder de uma boa história. É uma obra que transcende o rótulo de anime, sendo uma experiência humana, complexa e inesquecível.
Por fim, Monster é uma jornada que mexe com suas emoções, testa suas convicções e deixa um vazio reflexivo quando termina. É uma obra sobre o peso das escolhas, a luta contra o mal e a busca por redenção em um mundo quebrado. Minha recomendação final? Prepare-se para se perder nesse universo e cuidado com o monstro sem nome que pode bater à sua porta. Assista, leia, viva Monster. Você não será o mesmo depois.
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Calliope Seshat, 2025
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cseshat · 4 months ago
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A FOME DE AMAR: O Amor Como Canibalismo
O amor e o canibalismo. Conceitos que deveriam se repelir, mas que, de alguma forma, sempre estiveram entrelaçados dentro de mim. Porque amar, na sua forma mais crua e instintiva, não é apenas querer estar perto — é querer possuir.
Sempre fui assombrada por uma fome que não se satisfazia com palavras bonitas ou toques superficiais. Era algo mais profundo, mais selvagem, mais desesperado. Havia noites em que a dor se aninhava dentro do meu peito como uma fera faminta, devorando tudo, e a única forma de silenciá-la era imaginar um amor. Mas não qualquer amor. Não esse amor morno, racional, bem comportado que nos ensinam a querer. Eu ansiava por um amor que me destruísse. Um amor que me consumisse de dentro para fora, que me fizesse arder de desejo e desespero, que me tomasse por inteira e me deixasse vazia quando se fosse.
E então, em meio às madrugadas silenciosas e aos soluços engasgados, eu pensava: se eu amasse de verdade, se encontrasse alguém que me arrancasse desse vazio, eu não iria apenas querer tocá-lo. Eu não iria apenas querer beijá-lo. Eu iria querer senti-lo dentro de mim. Literalmente. Eu iria querer mordê-lo, rasgar a pele, saborear a carne, levá-lo para dentro do meu corpo, garantir que ele nunca me deixasse, nunca fosse embora, nunca se dissolvesse na memória como todos os outros.
O toque é efêmero. O calor do corpo desaparece. A voz se apaga no tempo. Mas o que é ingerido torna-se parte de nós.
Talvez isso seja loucura. Talvez seja apenas o extremo da solidão, a forma mais visceral de tentar preencher um buraco que parece impossível de ser preenchido. Mas naquela época, quando eu mal conseguia respirar, quando o mundo parecia afundar ao meu redor e eu não tinha mais forças para lutar, eu queria algo que me salvasse. Algo intenso o suficiente para me arrancar da apatia, para me fazer sentir tudo de uma vez, sem espaço para o vazio, sem tempo para o medo.
E se amar fosse consumir? Se amar fosse ser consumido? Se o maior ato de entrega não fosse apenas dar o coração, mas dar o próprio corpo, oferecer-se por inteiro, sem deixar nada para trás?
Eu queria alguém que me devorasse. Queria que me comesse com a mesma fome que eu sentia. Queria que me rasgasse, que me tomasse, que se afogasse em mim tanto quanto eu me afogaria nele. Queria que fosse brutal, insaciável, absoluto. Porque amor, para mim, nunca foi sobre leveza. Sempre foi sobre peso. Sempre foi sobre a fome insuportável de querer algo que nunca é suficiente, de querer alguém ao ponto da obsessão, ao ponto da loucura, ao ponto do devorar.
Me acham estranha por isso? Talvez. Mas no fundo, não somos todos famintos? Não passamos a vida procurando algo que nos preencha? Não desejamos, em algum momento, fundir-nos a alguém de uma forma tão intensa que se torna impossível distinguir onde terminamos e onde o outro começa?
O amor, como o conhecemos, sempre me pareceu insuficiente. Eu queria mais. Eu queria tudo. E se para isso eu precisasse morder, rasgar, consumir — então que assim fosse.
E vocês, meus leitores invisíveis, já sentiram essa fome? Essa ânsia insuportável por algo que não pode ser saciado? Já quiseram amar alguém ao ponto de torná-lo parte de vocês para sempre? Ou sou apenas eu, uma eterna faminta pelo que nunca poderei ter?
Xoxo!
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Calliope Seshat, 2025
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cseshat · 4 months ago
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Eu viveria de escrever se pudesse
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cseshat · 4 months ago
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Espelho meus sentimentos nas minhas histórias...
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cseshat · 5 months ago
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O MEU SILÊNCIO RESPIRA
Queridos leitores invisíveis, eu sou a solidão. Não como uma visitante ocasional, mas como alguém que nela nasceu e se moldou. Sinto-a em cada silêncio que me acha, e, às vezes, penso que é uma dádiva — outras, questiono se é mesmo possível viver plenamente assim, cercada apenas pelo eco dos meus pensamentos.
Sempre amei a solitude. Há um certo encanto em viver comigo mesma, em me perder no silêncio e esquecer que compartilho o mundo com bilhões de outras vidas. No meu universo particular, tudo é quietude, mas nunca paz. Porque quem vive só sabe que o silêncio não é mudo — ele fala, sussurra verdades que o ruído do mundo não permite ouvir.
Essa voz interior nunca se cala. Ela completa os espaços vagos com lembranças, sonhos e perguntas sem resposta. E, embora eu tente me abrir para o mundo, no fundo sempre volto para o mesmo lugar: comigo mesma. É aqui que me encontro, mesmo quando preferia me perder.
Mas, por mais que eu ame essa solitude, às vezes desejo dividi-la. Não com alguém que queira preenchê-la, mas com quem saiba apreciá-la. Alguém que entenda que a solidão não é ausência, mas presença — da alma, da mente, do sentir.
Vivo entre paredes silenciosas, em quartos escuros que parecem pulsar junto comigo, como se esperassem algo. Alguém. Ou talvez seja só a solidão pedindo para ser compartilhada. O medo, no entanto, sempre fala mais alto: e se eu só souber oferecer isso? Silêncio, distância, esse refúgio que me protege, mas também me isola?
Ainda assim, mesmo temendo o “para sempre” da solidão, encontro conforto nela. Sou parte do seu sereno vazio, e talvez isso não seja tão ruim. Mas, em meio a esse silêncio, ainda guardo um desejo: encontrar alguém que pulse por essa solidão tanto quanto por mim.
E até lá, sigo aqui — sozinha, mas completa o suficiente para imaginar que isso, por si só, já é um tipo de companhia.
Xoxo!
Calliope Seshat, 2025
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cseshat · 5 months ago
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"17 VELAS, NENHUM DESEJO"
É meu aniversário. Deveria ser um dia leve, cheio de significado, mas, honestamente, tudo o que sinto é um vazio amargo, por uma data que chegou sem convite. Dezessete anos. Que marco importante, dizem. Um passo mais perto dos dezoito, da liberdade, da "vida adulta". Mas por que isso soa mais como um peso do que uma conquista?
Ontem, acordei com a cabeça pesada, o humor nublado. Passei o dia carrancuda, como se meu corpo já pressentisse o incômodo que essa virada traria. E, agora, com as horas avançando e as mensagens chegando, só consigo pensar: é só mais um dia, não é? Mais um número para somar, mais um ciclo que se fecha sem que eu saiba, de fato, o que ganhei além do tempo.
Talvez eu esteja sendo ingrata. Talvez, aos olhos de quem observa de fora, eu devesse sorrir, agradecer, sentir a alegria que, supostamente, deveria acompanhar cada vela acesa. Mas a verdade é que não me sinto assim. Sinto falta de algo que nem sei nomear. De quem eu fui? De quem estava comigo? Ou, talvez, só do conforto de não ter que lidar com expectativas.
Os aniversários sempre foram datas estranhas para mim. Não só os meus, mas os de todos. Um dia em que as pessoas te olham como se você estivesse mais especial do que ontem, quando, por dentro, você se sente exatamente igual — ou, quem sabe, um pouco mais cansada. É engraçado como essa data parece carregar um brilho obrigatório, me faz pensar que felicidade é um roteiro a ser seguido.
Mas hoje, aos 17, eu confesso: não sei mais como me sentir feliz com isso. Talvez porque, lá no fundo, eu sinta falta daquela amenidade de outros anos, quando a vida parecia mais simples. Quando a noite do meu aniversário era sinônimo de risadas descompromissadas, conversas sem hora para acabar, e um coração genuinamente aquecido. Agora, tudo soa mais melancólico, mais soturno.
Será que sinto falta de mim? Ou é o medo do que vem depois? Porque crescer, de perto, não tem nada de mágico. É só um lembrete constante de que o tempo não espera, e você precisa correr para alcançá-lo.
Então, aqui estou eu. Mais velha, supostamente mais sábia, mas com a mesma dúvida de sempre: devo comemorar? Devo me parabenizar por chegar até aqui?
Talvez, sim. Talvez a maior vitória seja justamente essa: ter atravessado mais um ano, mesmo sem sentir que ele foi gentil comigo. Então, parabéns, eu de 17. A de 16 te agradece por não ter desistido, por ter enfrentado cada dia, mesmo quando parecia pesado demais. Eu queria estar mais satisfeita, mais leve, mais qualquer coisa. Mas, por enquanto, só posso me desejar um sincero: você chegou até aqui, e isso já é algo.
Ainda assim… parabéns.
Xoxo! 25/02/2025
Calliope Seshat, 2025
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cseshat · 5 months ago
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Pensamentos de fim de noite: tomara que meus futuros filhos nunca descubram o que escrevi nesse blog na adolescência.
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cseshat · 5 months ago
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DIÁRIO DE UMA ESCRITORA - Quando a Dor Se Transforma Em Palavras:
Março, abril e maio de 2024 foram um pesadelo.
Foram meses turbulentos, exaustivos, esmagadores. Até hoje, certas músicas daquele tempo me dão calafrios. Me transportam de volta para uma versão de mim mesma que eu preferia esquecer. Durante aqueles três meses, minha mente era um campo de batalha — e eu era tanto a guerreira quanto o inimigo. Eu me despedaçava, tentava me remontar, apenas para desmoronar de novo.
Mas, curiosamente, foi quando mais escrevi.
E é aí que eu me pergunto — e pergunto a vocês, leitores invisíveis desse blog: quando estão no fundo do poço, suas mentes também transformam dor em palavras? Em textos, poesias, capítulos de livros? Porque a minha sim. E ela fez isso incansavelmente.
A dor veio. Eu escrevi. Ela voltou. Eu escrevi mais.
Foi um ano ruim. O tipo de ano que deixa um gosto amargo na boca. Mas, ironicamente, rendeu textos que me enchem de orgulho. Escrevi tanto que, às vezes, tenho a sensação de ter absorvido toda a gramática do português pelo caminho mais melancólico possível.
Descobri que escrevo quando declino.
Porque não sei falar. Porque não sei ser ouvida.
Então, escrevo.
E escrevo com tanta honestidade que, se alguém ler, saberá exatamente o que eu sentia. Porque meus personagens carregam as dores da época. Porque registro pensamentos que nunca verbalizei. Porque transformo em palavras as frases que um dia quis dizer e apenas engoli.
Eu escrevo. Escrevo. Escrevo.
É ruim. Muito ruim. Mas talvez seja bom.
Porque, olhando para trás, percebo que, mesmo vivendo minha pior fase, nunca estive tão forte na minha escrita.
Talvez seja esse o preço de ser escritor: sangrar em silêncio para que as palavras falem por nós.
Xoxo!
Calliope Seshat, 2025
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cseshat · 5 months ago
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12 DE FEVEREIRO DE 2025 - DIÁRIO DE UMA ESCRITORA (Entre Caos e Palavras):
Faz tempo que não apareço por aqui. Nem sei dizer exatamente por quê. Criei este blog para escrever —para ter um espaço meu, onde pudesse compartilhar o processo de dar vida às histórias que insistem em nascer dentro de mim. Mas, ironicamente, desde janeiro, não escrevi nada aqui.
A verdade é que não deixei de escrever. Só não escrevi aqui.
Falando nisso, tenho uma atualização que me enche de orgulho (e um pouco de pavor): Kaminari chegou a 81 mil palavras! Todo sábado e domingo, quando finalmente posso me sentar para escrever, a história simplesmente cresce diante dos meus olhos. As palavras fluem sem que eu perceba, o que é incrível… e um problema. Porque me entrego tanto à narrativa que perco completamente a noção do tamanho que ela está tomando. Agora que cheguei à metade, já são 438 páginas.
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Se formos pensar, já é um livro inteiro. Mas ainda há tanto por contar.
Já dividi a história em dois volumes, mas pelo que estou prevendo, o primeiro ainda terá quase 700 páginas. Foi aí que meu pai, dias atrás, me perguntou: "Você não acha que um livro tão grande pode ser cansativo?"
E essa é a pergunta que não sai da minha cabeça.
Não sei a resposta. Para mim, essa história é boa. Eu sinto que é. Mas a visão de um escritor sobre sua própria obra nunca é totalmente confiável. Sempre há inseguranças, dúvidas, aquela voz incômoda que sussurra: E se você estiver errada?
Sei que os dois primeiros capítulos são mais lentos. Sei que podem parecer "parados". Mas são fundamentais para o enredo. Então, espero que minha versão do futuro resolva esse dilema de um jeito que me deixe satisfeita. Espero que, um dia, eu olhe para Kaminari e pense: "Consegui".
Mas antes disso, tem um outro obstáculo no caminho: a revisão.
Sempre termino minhas histórias. O problema é revisá-las. Esse processo me desanima de uma forma inexplicável. Escrevo compulsivamente, mas reler, analisar, editar… é um verdadeiro teste de paciência. Talvez esse seja o tema da minha próxima postagem: "A Arte de Escrever Sem Freios e Odiar Revisar".
Seja como for, não faço ideia de como as coisas serão daqui para frente, especialmente com a carga de estudos aumentando. Mas espero que tudo se encaixe.
E que Kaminari encontre seu caminho. Obrigada por lerem até aqui. Até a próxima!
Xoxo!
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Calliope Seshat, 2025
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