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Marina gosta de mar. Ela o olha e deseja ser Mar. Ser a onda agitada que bate na areia e ser a imensidão calma imensidão do oceano.
Marina queria conhecer Poseidon, falaria pra ele que é mar e é deusa, que Poseidon é seu sudito,deve obedece-la, pois ela tem a substância liquida e magina que faz o mundo ser mais azul que cinza.
Ah Marina queria fazer canção de ninar com seus fluidos nos ouvidos de quem tem manto perto dela
Ah, o mar, poderia ter tantos nomes, um para a agua da praia, agitada e feliz, como criança; outro, para a agua escondido entre outras aguas, calma e velha. Marina pensa que todos nomes caberiam em Marina.
Marina, enfim, admite que não é mar, mas também pode ser o que quiser, msmo não sendo.
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meus olhos te seguiram
massagearam cada linha do teu papel
beijei tua semântica
mordi tua ironia
ri teu ceticismo
belisquei tua ideia
nos enrolamos em pensamento
até faltar-me ar
precisei segurar os lençes pra aguardar tal epifania
deitada olhei teus versos nus
tua ideia despida
teus membros gesticulando para acompanha-la
eu falei. tu falou. eu falei, tu falou.
entramos em um ritmo frenético
continuamos por horas nele
suávamos
cada palavra saia tal livre que parecia próprio pensamento
hipnótico
tua voz arrepiava meus ouvidos
tua língua afiada beijava a minha
beijava toda parte de mim
minha língua retribuia no ritmo incessante
gozamos verroborgicamente.
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..
digo que minha alma é doce, tem sabor de algodão doce em boca de criança e tenho orgulho da minha alma, tão linda! Mas como uma alma doce pode se apetecer com a ideia de tu sumir do mundo como vela usada? gostoso seria pensar em não te existir.. Se a pupila dos meus olhos fossem munições de arma, você não estaria aqui.. Se minhas mãos fossem punhais, se idem idem idem idem idem.
Digo que minha alma é doce, mas você a suja sem nem saber. Digo que minha alma é doce e seria mais doce com um caminhão no seu caminho.
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hoje li você.
um poema sem graça.
te li rápido
comi tuas letras como quem come miojo atrasado pro serviço.
até o esqueci.
se amanha te ler
no entanto
posso querer te regurgitar
deixa-te na minha boca
saborear-te como quem lambe sorvete
sentir minha língua tocando tua semântica
posso
amanha serei outro
e você
mesmo sendo o mesmo
também será para mim
outro
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a revolta
O silêncio dentro do ônibus naquela hora da manhã era tocável, contagiava qualquer boca tagarela. Ele, durante todo trajeto, imperava a ordem do não som, dando uma magia aquele dia comum.
Podia ver que todos naqueles assentos queriam estar nas suas camas quentes, sozinho ou abraçados, aos sonhos e pesadelos. Podia-se ver tantos rostos de pupilas escondidas, em livros sonolentos, em pensamentos lentos.
O silêncio cada vez mais forte levava o ônibus a um lugar muito mais distante do que o trajeto previamente estipulava. O silêncio era um pacto entre todos aqueles, uma revolta alta ao despertador prematuro.
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Neoplasia
O juiz falou um não garrafal e argumentou sua negativa com palavras que não tem nada haver com dor e câncer "indeferimento" "ausência disso" "protocolo daquilo". Usou palavras assépticas demais pra quem perde os cabelos, a força, a vida a cada dia. Ele disse que minha sobrevida era pequena, que eu só viveria 2 meses a mais por conta do medicamento e que o remédio era caro demais pra tão "baixo custo beneficio".
Quem é ele pra falar quanto valem dois meses? 2 meses da 60 dias, 60 dias da 480 de sono, considerando 8 horas por noite. Cada sonho dura entre 5 a 20 minutos, o que dá em torno de 1920 SONHOS. MIL E NOVECENTOS E VINTE SONHOS e um juiz saudável em sua sala fechada, com seu salário grande vem me dizer que o remédio não vale 1920 sonhos? Quantas vezes posso respirar? quantas palavras posso falar? uma infinita possibilidade indeferida por um juiz.
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amanhã é segunda e isso não representa nada pra mim
meu desejo era ligar o ar condicionada o mais gelado possível e cobrir ele, cobrir com o cobertor e com minhas pernas, queria era ficar assim, com o netflix ligado em algum filme bom que já vimos. Poderia fazer isso agora? tirá-lo daquele lugar frio, mesmo morto ali, no caixão, meu coração ainda achava que ele poderia estar com frio, mesmo minha razão dizendo reiteradamente não.
Eu queria chorar, mas sei que se começo, nunca mais paro, se chorar, quem posso abraçar? se quem eu poderia tá feito mármore, se chorar, não paro. Olho pra cima e tento pensar em outra coisa, tem bombom aqui, poderia comer alguns.. o choro não deixa a distração existir.
amanhã é segunda e isso não representa nada pra mim.
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OLHA BEM MULHER
olhe a sua saia
a sua unha
a sua trança
olhe o espelho
quem você é?
o que você quer ser?
quer ser mulher ou gente?
mulher é bicho castrado de mente.
mulher serve como atendente
como servente
mas é só gente mesmo que é gerente.
mulher tem unha grande demais pra atirar
tem saia curta demais pra sentar
tem salto alto demais pra correr
tem batom demais pra comer sem borrar
mulher é de mármore
escultura moldada
fica embaixo de asa
guardada, guarnecida, imaculada.
mulher é rosa é flor delicada.
então, se olhe no espelho
você quer ser gente ou mulher?
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CARO SENHOR
Caro senhor, vim por meio dessa carta dizer que a voz é minha e assim sendo a utilizo como bem me quer. Se falo mim como pronome pessoal, se falo menas como advérbio.. Se você entende o que quero dizer, qual o tamanho problema? Caro senhor, não tem outra coisa pra fazer além de ME importunar? Ínfimo mundo onde ínfimas coisas são tão desinfimas.
se liberte disso ai caro senhor grite menas por ai até liberta-la também caro senhor.
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tartaruga-se
Qual a pressa se o sol continua sempre parado? Se o segundo continua sempre passando? Toda essa presa do mundo, como se ele fosse se desmanchar ao fim da ampola.
devagar-se.
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Dia da vírgula
vírgula rejeitada pela gramática, mas amada pelo povo, como Dom Pedro, gozou o dia do fico e ficou, ficou entre sujeito e verbo.
a vírgula, se emancipou e inaugurou nova constituição feita pelos próprios habitantes. O povo ditou, sem ouvir os repúdios da gramática:
“ENTRE SUJEITOS E VERBO, ACEITA-SE, À FORÇA, A VÍRGULA!!”
obs. uma certa parte dos habitantes, pediu que se escrevesse em latim, disse que assim a nova regra seria mais aceito pela gramática
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Como tempo pode ter relógio? Se relógio marca igual e tempo marca diferente... ontem foi o mesmo tempo que hoje, eu sei, mas ontem rebobina em um segundo. Ontem é um segundo? O amanha, ora, nem aconteceu e mesmo assim dura o infinito.
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vc acredita em fantasmas, não é?
em algum deles, digo.
pode ser que ele esteja embaixo da cama
pode ser que esteja dentro do armário
pode ser que esteja embaixo das unhas de sua mãe
pode ser que esteja no id interior do id interior do freud
você acredita em fantasmas, não é?
em algum deles, digo.
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Lombrosiano
aiai
carrapato não tem pai
coitado
órfão
antes de prefácio de gente, já abandonado
na sua síntese, solitário
aiai
grudado em cachorros, vacas, ratos.
renegado
rouba o sangue como vampiro
mas diferente dele, sem glamour
aiai
carrapato sem pai
carrapato sem amor sem lar
antes de nascer já é odiado
estigmatizado
preso
antes do policial ver o crime
já é criminoso
aiai
carrapato
roubando sangue alheio!
pentelho!
aiai
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você me ama? a moça com água tremula do copo em suas mãos quis saber. Um olhar, um olhar era o que ela precisava pra saber que ele a amava, aquele olhar das comédias românticas, que acontece depois dos desencontros, naquela parte que deixam de partir no aeroporto e se beijam. Se seus olhos trepidassem, se seus olhos esquivassem, se suas pupilas olhassem rápido demais, qualquer coisa seria sinal de transformar tudo em sorvete explanado no sol do meio dia.
Ele olhou, só um olhar, não um olhar cheio de signos e características devaneadas, só um um olhar que significa apenas o desenho de dois olhos, duas pupilas, uma parte branca, um nariz os separando, duas sobrancelha os delineando. Só, como uma criança que rabisca o que vê, como um sol que se nasce e se desce sem querer ser crepúsculo no seu tom de plenitude.
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Você me ama? perguntou a menina em sua frente.
Nunca havia esperado tal questão, será que o amor era assim? Tão tocável? Será que um “sim” significaria realmente sim e um “não” realmente não? Tão simples? Ele não sabia se a amava e não sabia o que ela esperava em sua resposta. Respondeu. Viu na sua voz um tom ligeiro, um tom que subiu ao agudo e depois desceu ao grave, com um breve quebra mola de silêncio. Será que ela havia reparado nas oscilações?
“você me ama?” a pergunta da menina ecoou nos horizontes e ele a olhou, olhou e viu a menina com uma água na mão, ávida para ser bebida.
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