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Cartas sem selo para lugar nenhum
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cartassemselo-blog · 1 month ago
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Notas sobre a depressão. 1
Ouvia os pássaros despertando e cantando com os primeiros raios de sol, quebrando o silêncio manso da manhã. Isso me trouxe uma melancolia profunda. Tomei coragem e saí da cama, de arrasto. Uma sensação de fraqueza nauseante tomou conta de cada fibra do meu corpo. Ao abrir a janela me senti Lestat, borbulhando, indo ao pó. Era um dia lindo, mas minha alma era cinza. Meu corpo todo, um predador. Minha alma, a caça. Um desespero sem sentido acompanhado da árdua tarefa de espremer a pasta de dentes na escova. As meias, sim, as meias! Faz 5 graus lá fora e aqui dentro - 1. Mas não sinto frio, nem nada. 
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cartassemselo-blog · 1 year ago
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. Eu 
“Sou composta por urgências:
minhas alegrias são intensas;
minhas tristezas, absolutas.
Entupo-me de ausências,
Esvazio-me de excessos.
Eu não caibo no estreito,
eu só vivo nos extremos.
Pouco não me serve,
médio não me satisfaz,
metades nunca foram meu forte!
Todos os grandes e pequenos momentos,
feitos com amor e com carinho,
são pra mim recordações eternas.
Palavras até me conquistam temporariamente…
Mas atitudes me perdem ou me ganham para sempre.
Suponho que me entender
não é uma questão de inteligência
e sim de sentir,
de entrar em contato…
Ou toca, ou não toca”.
- C.Lispector
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cartassemselo-blog · 1 year ago
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"Nisto erramos: em ver a morte à nossa frente, como um acontecimento futuro, enquanto grande parte dela já ficou para trás. Cada hora do nosso passado pertence à morte." - Confúcio -
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cartassemselo-blog · 1 year ago
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e tudo que sinto transformo em poesia... a dor só é bonita na escrita. na vida, ela maltrata.
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cartassemselo-blog · 2 years ago
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A coisa não acontece de uma hora para outra. Você não acorda um dia e do nada está sem vontade de viver. Você não perde o interesse pelas coisas que gosta derrepente, nem deixa de ver sentido em tudo em um estalar de dedos. A coisa é mais sutil. Vem chegando de mansinho, como uma leve brisa anunciando a primavera e carregando em seu sopro as sementes que irão brotar. Sim, eu sei que é uma analogia muito fofa para uma coisa tão áspera e dura, mas o inço também brota na estação das flores. Vai brotando aqui e ali, ganhando força, entrelaçando-se nas flores, sugando sua energia e matando uma aqui, outra ali, até matar todas e tomar conta do canteiro.
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cartassemselo-blog · 2 years ago
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Para você que acredita na beleza da natureza humana, saiba que desde a pré-história, não há um lugar onde o ser humano tenha pisado em que não houve sangue, morte e destruição. Antes do invento da roda, metade das espécies do planeta já haviam sido dizimadas. Se existe algo que fazemos bem é isso, acabar com tudo ao nosso redor. E a coisa segue cada vez pior e em larga escala. Logo enfrentaremos uma nova onde de extinção e o meu apego a essa vida não é tão forte a ponto de eu ficar triste com isso. Na verdade, espero nem estar mais aqui.
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cartassemselo-blog · 2 years ago
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O que é o tempo para mim? Com certeza não é só um bolo com velinhas apagadas e um pedido. É um passado e um futuro ligados por um agora. Um agora que passa a cada piscar de olhos, e parece nunca estar presente. Uma sucessão de ‘agoras’ ininterruptos que enganaria os sentidos mais apurados, não fosse pelo relógio. É uma unidade de medida mundana e também a eternidade que foge a nossa compreensão. Um presente e as vezes um castigo. Um fio sem começo e sem fim que se estende na duração. É o espanto ao deparar-se com o espelho do banheiro em um dia qualquer pela manhã. É a conta da farmácia. A saudade de quem fica e a falta de quem se foi. É uma fórmula da física. É a dor nas costas e os cabelos brancos. É a experiência. A nostalgia que só é possível para quem já tem passado suficiente e a expectativa de quem tem muito futuro pela frente, mesmo que ele acabe amanhã. É contradição e incerteza. É autoengano. É sabedoria e é arrependimento. É o certo, o errado e todo resto. Aquilo que se aprende e aquilo que se esquece. Um veneno que adoece a alma e também um remédio que cura as feridas. O intervalo entre chegadas e partidas e o que continua existindo antes e depois disso. É desperdício. É evolução. Dor e prazer. É o eterno movimento das ondas do mar que lava a areia dos pés. É um dia que vale um ano e aquilo que desejamos que não acabe ou, que acabe. É o “eu sabia que ia dar nisso’’ ou o ‘’não tenho mais idade pra isso” que, a propósito, já faz parte do meu vocabulário. Sim, o tempo para mim é tudo isso e mais: é aquilo que decidirmos fazer com ele antes que acabe. Viver é o tempo. Viver.⌛⏳
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cartassemselo-blog · 2 years ago
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Você não lê o que eu escrevo, não ouve o que falo, não vê o que eu mostro. Você é cego, surdo e mudo. Você não deveria estar aqui. E eu não tenho pena de você. Não é possível ter compaixão de quem simplesmente não quer. Não quer ver, ouvir e falar. Sentir. Não dá para querer ficar perto de quem só exite e não sente.
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cartassemselo-blog · 2 years ago
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Estou prestes a fazer aniversário e como em todos os anos, faço uma espécie de ritual que não tem sentindo algum, ao menos conscientemente; vou para o banheiro com uma tesoura cortar eu mesma as pontas do meus cabelos, lisos como uma lagoa em dia sem vento. Faço a amarração que aprendi certa vez em um tutorial, com o cabelo seco mesmo, afinal, são só as pontinhas, e passo a tesoura. Tirei dois dedos. Dois dedos que não doeram nem um pouco, afinal, cabelo cresce. Enquanto me penteava para ver o resultado do corte, um súbito olhar voltou do espelho para mim. Me assustei com o instinto de perceber algo para além da aparência e da óbvia e indesejada ação do tempo. Eu estava ali, olhando para aqueles olhos me encarando de volta, como se tivesse outra de mim em mim. Um duplo eu, percebendo-se mutuamente. Não gostei do cinismo convicto com que aquele olhar me fitava, como se eu estivesse fazendo algo errado, mentindo ou enganando e aquela minha versão do espelho soubesse a verdade. Este breve e inusitado momento pareceu demorar uma eternidade. Por fim, sai do transe com um piscar de olhos demorados, um pouco apertados, daqueles que parecem dar uma bronca nos olhos por estarem vendo o que não devem. Estranho. Coisas perturbadoras acontecem na vida de quem ousa perceber as coisas. Por fim, o dia continuou, com dois dedos a menos de cabelo e dois a mais de loucura.
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cartassemselo-blog · 2 years ago
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Perdi muito tempo até aprender que não se guarda palavras. Ou você as fala, as escreve, ou elas te sufocam.
Clarice Lispector
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cartassemselo-blog · 2 years ago
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Só o que vejo são cemitérios. Até onde a vista alcança, cemitérios. Cheios de gente viva caminhando ao redor das próprias lápides, todas com data de chegada mas não de saída. Os túmulos fechados de terra fresca esperando a primeira fincada da pá. Mas estas pás estão nas mãos dessa gente viva, que caminha por sobre seu próprio destino, distraídas, pensando no longo tempo que ainda tem, e que está logo ali. É tão feliz e reconfortante saber que já tenho um lugar para ir, enquanto estar aqui é tão triste e solitário.
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cartassemselo-blog · 3 years ago
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As vezes eu queria ser um pássaro para poder voar e ver o mundo lá de cima até parar de bater as asas de repente.
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cartassemselo-blog · 3 years ago
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Acabei de ler o livro Um crime da solidão: reflexões sobre o suicídio de Andrew Solomon, mesmo autor de o Demônio do meio dia, que a propósito, estou lendo pela segunda vez. Gostei do capítulo onde ele fala sobre o suicídio de um amigo. De como uma leve agonia de espírito, quase imperceptível e camuflada pela vitalidade e inexperiência da juventude, com o passar dos anos e a distração das demandas da vida, toma conta de alguém, ganhando força, enredando lentamente a pisque, e finalmente fazendo o indivíduo sucumbir. A proporção que isso pode tomar, extrapola o conceito original de igualdade entre as partes, fazendo com que uma delas esmague a outra. É realmente desproporcional a relação de forças que a depressão pode vergar sobre o deprimido. Ele também falou sobre como as vezes, é difícil  perceber que alguém próximo a você, que você pode até conhecer bem, pode estar em apuros com sua existência e pensando em pôr fim a ela. Solomon teve uma depressão fortíssima que o assolou no período em que estava escrevendo O demônio do meio dia, onde aliás, descreve com riqueza de detalhes e conceitos, as inúmeras faces que a melancolia patológica pode assumir. Tem conhecimento de causa de forma pessoal e profunda. Mesmo assim, não foi capaz de perceber as nuances de espírito que traçaram o trágico destino de seu amigo. Nem sempre nossos pensamentos refletem nossas ações, e é realmente difícil saber se uma pessoa está pensando em se matar, principalmente se a maneira com que ela age e se expressa é capaz de nublar a percepção de quem interage com ela. Além do que, a personalidade do indivíduo pode ajudar a esconder essa intenção.  Eu sempre tive a impressão de que uma personalidade mais expansiva, pode camuflar uma dor intensa. Uma personalidade mais retraída, contida e naturalmente pessimista, parece evidenciar de forma mais clara uma possível depressão e uma consequente atitude autodestrutiva do deprimido. Parece ser mais natural esperar o pior de alguém nitidamente abatido.Em minha experiência pessoal, tendo convivido com pessoas avariadas por intempéries mentais e por ter conhecido pessoas que cometeram suicídio, posso dizer que isso não é uma verdade absoluta, embora ache que essas personalidades em questão, parecem ser mais explícitas na maneira com que evidenciam sua intenção. Acredito, baseada não somente em leituras, mas também empiricamente, que uma pessoa verdadeiramente obstinada e decidida a ceifar a própria existência, pode conseguir, e muitas vezes consegue, passar incólume diante a credulidade e ceticismo dos conhecidos, amigos e até da própria família. Muitas vezes nem sabem que a pessoa possui algum transtorno. Perigo maior ainda ronda a depressão de pessoas impulsivas que, naturalmente, parecem assumir uma postura de maior risco perante a vida, em uma corda bamba existencial. De qualquer maneira, sei que é realmente possível parecer estar bem por fora, mesmo estando em pedaços por dentro e como o suicídio pode ser, não somente um ato de fuga da dor e desespero intenso, mas também, uma construção que perpassa os anos sorrateiramente, o que a propósito em certa passagem, o autor parece considerar. Enfim, é uma obra de leitura rápida e envolvente, onde Solomon discorre sobre um assunto bastante espinhoso de forma lúcida  e sem ‘’espetar’’ leitores mais sensíveis.
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cartassemselo-blog · 3 years ago
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cartassemselo-blog · 4 years ago
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Melancolia
A melancolia é minha casa. O lar que construí para mim e onde me sinto confortável, segura e estranhamente feliz. Sinto que caminho carregando com gosto o peso de verdades inconvenientes nas costas, peso este já integrado ao restante de meu corpo, assim como os inúmeros quilos extras que tornam alguém obeso e o fazem continuar comendo.
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cartassemselo-blog · 4 years ago
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Um sonho cretino
Tenho um sonho recorrente há anos e que é no mínimo, perturbador. Nele, estou dirigindo por uma estrada, à noite. Sei que é à noite não só pelos faróis acesos, mas pela sensação. Sei que o carro é meu, mas nunca sei o modelo. Estou ouvindo uma música que não conheço, de uma estação de rádio que não conheço. Começo a trocar as estações, mas também não identifico nenhuma delas, o que me diz que estou a uma certa distância de casa. Sinto que estou indo para algum lugar que conheço, mas não sei dizer qual. Enquanto dirijo, sinto uma mistura de pressa com tédio. Minha velocidade é suficientemente alta para uma daquelas multas salgadas. Embora com apenas duas vias, a pista é bastante ampla, com faixas bem demarcadas e fluorescentes. Em uma das vezes que tive esse sonho, me dei conta de que nunca havia reparado se havia placas de sinalização na estrada. Condicionei minha mente quando acordada, a prestar atenção nisso quando sonhasse novamente. Para minha surpresa deu certo. Sim, elas estavam lá, amarelas e verdes e... vazias. Nada que desse uma mínima pista de para onde eu estava indo, embora no sonho eu “soubesse”.  Lá pelas tantas, meus olhos começam a pesar. De uma hora para outra e para meu completo horror, estou plenamente consciente de que estou dirigindo de olhos fechados, supostamente dormindo. Quando digo supostamente, é porque ficou dizendo para mim mesma acordar, enquanto um desespero crescente e estranhamente conformado toma conta de mim. Enquanto isso, o carro está em alta velocidade, saindo da pista. Ao mesmo tempo em que eu sou a condutora, sou também a expectadora de um filme bizarro, cujos últimos momentos se passam em câmera lenta. Finalmente, quando estou na eminência de bater, capotar, explodir (ou todas as opções juntas) ou qualquer coisa que possa acontecer com um carro a mil, totalmente desgovernado e um pavor absolutamente letal tomando conta de todo meu ser, acordo. Assim mesmo, sem ponto de exclamação; apenas um ponto final apático. A repetição do previsível faz até um pesadelo perder a “graça”. O alívio embora profundo não é totalmente satisfatório e me sinto momentaneamente ingrata por despertar. Não sei ao certo quando foi a primeira das centenas de vezes que essa quimera me atormentou, só sei que já faz muito tempo e toda a vez que ela aparece para embalar meu sono, acordo abruptamente, sentindo como se estivesse sendo despejada da minha própria casa. O que antes era um alívio tem me deixado meio puta.  Antigamente não ousaria voltar a fechar os olhos, mas de uns tempos para cá, ando mais destemida e tento voltar a dormir para continuar de onde parei, sem nunca obter sucesso. Preferia me ver morrendo nesse sonho a voltar a tê-lo de novo e de novo e novamente, ad eternum; me deitando todas as noites com o prelúdio da aflição. Já tive outros sonhos lúcidos e impactantes, mas por algum motivo é este que me atormenta. Obviamente que busquei explicações a respeito desse sonho, afinal, acho um desaforo não conseguir entender algo que se passa dentro da minha própria mente de maneira tão detalhada e repetitiva. Quando acho que entendi, a máscara do óbvio cai do rosto do oculto e sigo enganada. Freud defendia que o sonho é o "espaço para realizar desejos inconscientes reprimidos" só que alguns sonhos extrapolam a linha que o separam da realidade, fundindo ambos em uma sensação cuja única tradução seria a de agarrar e sentir o ar com mãos. Acredito que ninguém, por mais ousado que seja, deseje saber tanto de si mesmo; saber da matéria prima por detrás do indecifrável. Talvez seja algo difícil de entender e traduzir justamente por medida de segurança e definidamente, acho que há um motivo para os sonhos ficarem aprisionados em nossa cabeça. Acredito que conseguimos entende-los parcialmente, quando muito, porque não nos conhecemos totalmente. Ainda bem. Enquanto a ponte entre natureza e espírito se estende a perder de vista, continuarei a sonhar, seja isso bom ou nem tão bom assim. As vezes falta corpo e mente para tanta realidade; a que vivemos fora de nossos sonhos e dentro deles. Sei que não obstante, continuarei tendo esse sonho cretino e, toda vez que o tiver, vou continuar tentando descobrir se eu acordo ou se eu morro. Ou as duas coisas.
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cartassemselo-blog · 4 years ago
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Não perca a fome
Quando me sento em uma mesa de almoço ou jantar na presença de pessoas pretensamente inteligentes e com inclinações radicais, me deparo com o pior que posso esperar de alguém. Sorte minha não me abalar com pouco. Não levo essas pessoas tão a sério a ponto de perder a fome. Levo poucas coisas em conta na vida e a inteligência não é uma dessas coisas. Para mim, o valor da inteligência está nos avanços tecnológicos, naquilo que contribui para o aprimoramento do mundo, naquilo que beneficia o maior número de seres humanos e facilita nossa estada por estas bandas.  Quando é usada como um recurso de autoafirmação, para polir o próprio ego, para subjugar opiniões contrárias pelo simples prazer de vencer discussões com ares de (falsa) relevância, me dá sono e me faz pensar nas mil maneiras de Einstein se revirar no caixão ou em outras mil maneiras de arrancar as minhas próprias orelhas. O mundo está cheio de pessoas inteligentes e detestáveis. Pior ainda os que possuem parca inteligência e pensam a si mesmos como seres com uma elevada percepção do mundo, quando na verdade não passam de acumuladores de informação e opiniões alheias. Falam de analfabetismo funcional, mas leem autoajuda barata. Enaltecem o sucesso profissional, mas não sabem que tipo de música o filho ouve nem em que ano do colégio ele está. Rodam o mundo em viagens caras contando os carimbos no passaporte, mas não sabem o dia de visita no asilo em que está a mãe. Dizem que falar menos e ouvir mais é sinal de sabedoria. Pode até ser, quando se está ao lado de pessoas realmente sábias. Quando se está na ilustre presença de seres pretensamente inteligentes, vencedores na arte de viver, é apenas um treino de paciência e resignação.
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