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Caro Viajante,

percebi que a felicidade realmente está em pequenas coisas. Naquela musica que você não escuta há tempos e então ela toca no rádio. No sorriso que você recebe daquela pessoa. Ou quando você simplesmente resolve comer um chocolate no meio do estresse da semana e saboreia aquela gosto maravilhoso na boca. E quando também você para e olha para céu e percebe o quão bonito e brilhante ele está

 Por mais que seja piegas o que eu acabei de escrever sobre a felicidade, é a mais pura verdade e é interessante quando você para e percebe isso. São essas pequenas coisas que nos momentos de aflição você se agarra e um leve sorriso até aparece. 

 Pode acreditar Viajante, no mundo em que vivo, isso é muito importante para a nossa sanidade mental. O tempo todo estão jogando coisas em cima de você e em um tempo tão curto que dá uma exaustão. A correria do dia a dia nos leva a não nos importarmos com esses pequenos momentos, mas que possuem grande importância. 

 Você tem Viajante? Esses momentos que só você viveu e só você sabe o quanto lhe fazem bem?

Ass.: Blue

Data: 24 de Maio de 2015 d.C.

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Caro Viajante,

as vezes é complicado ser você mesmo. As vezes não, a maior parte do tempo.

 Pelo menos comigo é assim. 

 Nunca satisfeita com o que faço, sempre me sinto perdida, fora do eixo, como se sempre estivesse na direção contraria. É difícil nos aceitarmos como somos, acho que é por isso que procuramos constantemente a aceitação por fora. Mas não é o bastante, não para se olhar no espelho e dizer “eu me aceito” 

 Fico me perguntando se um dia eu conseguirei conviver comigo mesma em paz. Sem ficar me questionando a cada segundo. Sei lá, as vezes me pergunto porque tive de nascer dessa maneira. Seria tão mais facil se eu sentisse de maneira diferente, pensasse diferente, agisse diferente... Enfim fosse completamente diferente.

 Fico me perguntando se a pessoa que me planejou e que criou tudo isso (bem pelo menos eu acredito nisso sabe que há algo maior do que nós), o porque ter me feito dessa maneira, sensível e cabeça dura. Teimosa demais, insistente, uma pessoa que acredita demais e acaba se machucando diversas vezes. Que parece que não aprende com os próprios erros.

 Ah Viajante, porque não nasci diferente? Porque tenho de ser assim? Tem certas coisas em nós que não conseguimos mudar, que fazem parte de nós de uma maneira tão enraizada que simplesmente não vai embora. Ele fica porque é você e se for, você perde a noção de quem é.

 Não sabe quantas vezes tenho vontade de pegar um ônibus, um avião, um táxi, uma bicileta (que eu ainda não sei andar, mas vou aprender) seja lá o que for e ir embora. Começar uma nova historia. Deixa essa para trás e ir embora. 

 Queria que minha vida por um momento não fosse essa bagunça total, essa desordem que me deixa tonta porque não sei para onde ir. Queria que as coisas começassem a dar certo. Principalmente duas coisas que eu estou pedindo tanto para que ocorra. Para que eu possa ter esses dois momentos sabe.

 Uma seria conseguir estudar cada vez mais de modo eficiente para eu poder passar para a faculdade. Seria a realização de um sonho. A outra... Ah Viajante não sabe como fico sem graça de escrever isso, mas preciso. Tem um cara que anda mexendo com os meus sentimentos e fica o tempo todo na minha cabeça. Não consigo parar de pensar nele e eu não posso continuar desse jeito. Não posso ficar alimentando esse meu desejo de poder estar com ele. É complicado.

 Viajante, me sinto egoista de vir aqui e escrever reclamações quando eu deveria ser grata pela minha vida. Mas não consigo tirar esse peso, essa sensação de que está tudo fora do eixo.

 Sorte sua poder viajar por tantos lugares da galáxia. Jamais ficar parado. Sempre em movimento. Deve ser bom, pelo menos eu acho.

 Será que um dia eu irei encontrar finalmente um sentido?

Ass.: Blue

Data: 31 de Março de 2015 d. C.

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Caro Viajante,

Sei que faz tempo que não te escrevo e sinto muito por isso. Muitas coisas mudaram, muitas coisas aconteceram e por mais que minha vontade de lhe escrever fosse grande... Eu não sabia o que escrever. 

 Agora eu sei.

 Há coisas da vida que são inevitáveis. Elas precisam acontecer você querendo ou não. Como por exemplo, é inevitável que o tempo passe e quando você vai ver uma parte da sua vida já se foi e uma nova vai começar. O problema é quando você já está habituado com essa parte da sua vida, essa que mesmo não sendo perfeita, de alguma maneira te faz bem.

Onde quero chegar Viajante é que dizer adeus as coisas que nós somos apegados e amamos é doloroso. Por um lado tem toda aquela expectativa de algo novo, coisas novas, mas saber que tudo será diferente me assusta.

 Acabou uma fase da minha vida que como eu disse antes não foi perfeita. Mas de uma maneira distorcida ela foi perfeita! Deixe que eu me explique. Coisas perfeitas são definidas por não possuirem nenhum defeito, nada de ruim. Só que a verdade é que ela foi perfeita por ter tido coisas ruins, mas que no final tudo isso só foi importante para que as coisas boas, as que eu vou levar para sempre comigo, se tornassem mais eletrizantes.

 Outro motivo que me fez ficar não somente longe do computador, mas das pessoas também, era que eu tinha que decidir o que fazer da vida. Como eu estava no ultimo ano do ensino medio eu fiz prova para entrar na faculdade e bem... Infelizmente não foi dessa vez. Chorei tanto...

 Enfim acho que a pior parte disso tudo foi ter de por na minha cabeça que eu teria de estudar mais um ano para tentar entrar para a faculdade e ai veio a parte dificil. Para onde ir? Foi bem tenso escolher, por varias razões, mas no final eu fiz minha decisão. Fiquei com pé atrás varias vezes, me questionando se eu estava voltando pelos motivos certos. Sinceramente até agora me pergunto isso.

 Então Viajante é mais ou menos assim que está minha vida. Sim eu me quebrei um pouco em certos momentos e até cogitei jogar tudo para alto, mas aqui estou eu. Sou uma sobrevivente dessa motanha russa que é a vida. Não está mais facil, muito pelo contrário parece que só piora, mas sinto que posso passar pelas partes ruins. Pelo menos eu espero que sim, afinal o quão ruim pode ser o dia de amanhã? Apenas se eu deixar que seja!

 Ass.: Blue

Data: 22 de Março de 2015 d.C.

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Caro Viajante,

sabe muitas vezes eu olhava para o céu e me pergunta "porque eu existo?". Mas sinceramente acho que não é essa a pergunta certa. A questão aqui é por que nós existimos? Será que temos alguma finalidade ou somos apenas meras coincidencia feitos do acaso? Se exite um criador séra que ele nos criou por alguma razão? E lá fora, nesse universo que dizem ser infinito, existe algo? Qual o sentido disso tudo?

 Eu vou lhe dizer uma coisa Viajante. Um dos motivos que me levaram a comecar a escrever para você é que no fundo eu espero realmente que alguém leia. Não alguém aqui no presente, mas alguém do futuro e talvez quem saiba de outro lugar. 

 E esse negocio de dimensões... Caramba! Pensar na possibilidade de em outro lugar eu possa ser uma pessoa tão diferente, mas ao mesmo tempo ainda ser eu. Minha cabeça está tão confusa com tantas ideias que nem sei se o que eu estou escrevendo está linear. Desculpe se estiver confuso, mas é que minha mente não está muito clara. 

  Toda vez que me aparece um filme ou livro que fale sobre essas coisas eu fico assim. É como se estivessem me mandando uma mensagem de que no final das contas a vida não é só isso aqui e que não é somente eu que acredito nessas coisas. Claro eles fantasiam um pouco, mas acredito que ali tenha um fundo de verdade. 

 Viajante gosto de imaginar que você viajou por varias galáxias e que quando chegou ao planeta Terra achou isso. Um relato de uma garota que apenas precisava de um lugar para se expor. Talvez para alguns seja patetico, mas não ligo. Minha mente não para e enquanto não escrevo não sossego.

Viajante, por que estamos aqui?

Ass.: Blue

Data: 16 de novembro de 2014 d.C.

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Caro Viajante,

dizem que a vida é como andar de bicicleta. E mesmo não sabendo em como andar em uma - uma das minhas metas de vida é aprender a andar nela  - eu acredito nisso. Porque quando você vai aprender a andar de bicicleta você cai, machuca-se e levanta. E então fica assim nesse ciclo até que em um momento você consegue andar nela e as coisas melhoram ficam mais faceis pois você achou o equilibrio, mas mesmo assim você ainda leva uns tombos,e por causa das experiencias passadas você já sabe melhor como lidar com a situação.

 Da ultima vez em que te escrevi, estava chorando e me sentindo péssima completamente depremida. Hoje não digo que estou completamente bem - talvez eu nunca fiue completamente bem -, mas posso te dizer que tive uma melhora considerável. Eu estava no chão na semana passada e agora resolvi mesmo machucada andar novamente na minha bicicleta. É sempre arriscando que dessa vez eu possa encontrar o equilibrio.

 Sabe Viajante ter essa percepção da vida me faz crer que talvez realmente no final tudo vai valer a pena. As nossas dores, as nossas decepções, tudo o que vem de ruim na nossa vida apenas vem para nos fortalecer. Só precisamos enfrenta-los de cabeça erguida e é o que estou tentando fazer, pois sei que tem muito em jogo. Cair e ficar no chão não é uma alternativa, você tem de se levantar. Tem de achar uma saída.

 Ultimamente as dificultades parecem estar tão grande que é complicado achar uma saida, mas deve ter um porque se não qual seria o sentindo disso tudo? Apenas uma vida que se passa e que de nada vale? Que tudo que será feito é em vão? Que estamos aqui vivendo para o nada?

 Simplesmente não consigo acreditas nisso! Preciso acreditar de que há sim algo maior do que nós e que no final tudo tem um propósito. Se não de que valeria o esforço? Para que passar por tudo isso?

 E você viajante no que acredita? 

 Ass.: Blue

Data: 02 de Setembro de 2014 d.C.

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Caro Viajante,

ao som dos Beatles te escrevo essa carta. Não sei se você alguma vez já se sentiu como se tudo que você mais dejesa está tão longe do seu alcance e que por mais que você se esforce, simplesmente não consegue.

 Pois bem esse sentimento que para mim é a perfeita definição de frustração é o que mais sinto. Parece que eu escolho mal as coisas que eu resolvo querer e então a vida, as pessoas, o universo, o carma seja lá o que for conspira contra.

 E ai você tenta levar tudo numa boa dizer que vai ficar tudo bem e que a vida é assim e quando parece que alguma coisa que pode finalmente dar certo, lá vem a vida e te mostra que não é bem desse jeito. Então mais uma vez você precisa se reerguer e continuar porque a vida segue e se você parar niguém vai esperar. Você fica para trás.

 As pessoas hoje não tem tempo para isso.

 Vivo em uma sociedade em que você é uma peça de uma máquina. Se quebrar e não voltar a funcionar o mais rápido possivel você é substituido. Como diz um texto que li hoje muitas vezes temos de mascarar o que realmente sentimos, pois as pessoas não ligam apenas querem que você funcione da maneira que eles acham certo.

 As vezes fico me perguntando se existe algum lugar onde as coisas não funcionem dessa maneira. Onde eu poderia simplesmente ser eu mesma sem que me julgassem ou me substituissem, pois definitivamente sou uma peça quebrada e por mais que eu tente voltar a funcionar estou em um estado deplorável. 

 Eu não sirvo.

 Sinto muito te encher com essas coisas trister viajante não era minha intenção que a segunda carte fosse dessa maneira, mas precisava escrever o que tanto está me aflingindo. Esta me sufocando e não sei para onde correr. Estou procurando um lugar onde eu possa ao menos enferrujar em paz.

 Será que você saberia onde é esse lugar? Onde seria minha Pasárgada! (Caso não saiba o que é isto procure por Manuel Bandeira texto “Vou-me embora pra Pasárgada”). É viajante as coisas não andam muito bem por aqui. Espero que no futuro as coisas tenham melhorado, não piorado como as pessoas tanta acreditam.

 Pois por mais que a vida me machuque varias e varias vezes uma parte de mim se recusa a perder as esperanças de que no final algo vai dar certo. Porque se eu deixar de acreditar quem irá faze-lô? 

Até mais Viajante.

Ass.: Blue.

Data: 23 de agosto de 2014 d.C.

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Caro Viajante,

esta é a primeira vez em que escrevo a você. O motivo que me leva a fazer isso é simples, a necessidade de contar a alguém como me sinto sem que me sinta julgada. Sei lá acho que o fato de saber que um longo período de tempo nos afasta, sinto-me mais a vontade. E também porque gosto de escrever e então espero que goste das minhas cartas.

 Estou no ano de 2014 d.C. no mês de julho do dia 29 em pleno século XXI. Imagino que no momento em que estiver lendo essa carta provavelmente a Terra deve estar completamente modificada. Talvez completamente destruída por causa do ser humano que não soube habita-la e tirou tudo, ou quem sabe, por mais que as chances sejam mínimas, os seres humanos conseguiram achar um equilíbrio para viver da natureza sem destruí-la e também decidiram não jogar uma bomba atômica e vivem ainda com a presença de vocês.

 Não sei, é uma grande incógnita e prefiro pensar que no final tudo vai dar certo. Acredite, é esse tipo de pensamento que me faz na maioria das vezes não desistir de que há uma possibilidade de que as coisas deem certo. Mas as vezes está tudo tão nebuloso, tão complicado que fica difícil acreditar de que vale a pena continuar. São muitas as vezes em que penso em simplesmente parar e desistir.

 Mas eu não consigo essa é a pior parte. Não consigo desistir de ter esperança, de acreditar que coisas melhorem podem sim acontecer que mesmo que as pessoas lhe magoem não é por mal... Sempre invento desculpa para justificar, mas chega um momento em que você não aguenta.

 Viajante você simplesmente explode!

 Simplesmente não aguenta mais a vida como ela está. Tudo parece simplesmente fora dos eixos e sem estar no seu controle. Você já se sentiu assim? Completamente perdido? Completamente sozinho? Fico imaginando se enquanto você viaja por meio de tantas galaxias e viu aquela imensidão percebeu essa solidão... Agora imagina sentir isso em meio a varias pessoas. 

 Ah Viajante a vida na Terra é um tanto complicada e é por isso que escrevo essa carta e pretendo escrever mais para ti. Pois preciso disso, de saber que em algum lugar, mesmo que seja no futuro, alguém se importa. Pois no mundo em que agora vivo poucos são os que se importam e eles são os que mais sofrem.

 Bem vou parar por aqui, pois o tempo não para e a vida segue. Obrigada por guardar alguns minutos seus para mim.

 Até mais Viajante!

PS: não direi meu nome, mas pode me apelidar de Blue.