carmoferreiraarte-blog
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arte e percepções 
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carmoferreiraarte-blog · 6 years ago
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“Perdoa o que puder ser perdoado, esquece o que não tiver perdão.”
— Engenheiros do Hawaii.  
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carmoferreiraarte-blog · 6 years ago
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carmoferreiraarte-blog · 6 years ago
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Sétima aula - 25/06 - Livre
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carmoferreiraarte-blog · 6 years ago
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 Sonho de uma noite de verão
UMA ADAPTAÇÃO DE MÁRIO FERREIRA
 PERSONAGENS
HIPÓLITA, rainha das Amazonas, noiva de Teseu
HÉRMIA, noiva de Demétrio, mas ama Lisandro
LISANDRO, rapaz apaixonado por Hérmia
DEMÉTRIO, noivo de Hérmia, mas amado por Helena
HELENA, amiga de Hérmia, apaixonada por Demétrio MARMELO, carpinteiro
FUNDILHOS, tecelão
FLAUTA - comerciante
OBERON, rei dos elfos e marido de Titânia
TITÂNIA, rainha das fadas e esposa de Oberon
PUCK - duente
FLOR-DE-ERVILHA e FLOR DE COBRE -   fadas  da corte de Titânia
 CENA
A ação transcorre em Atenas e num bosque próximo.
ATO I
 CENA 1
Atenas. O Palácio de Teseu.
Entram Teseu, Hipólita, Filóstrato e pessoas da corte.
 HIPÓLITA- Daqui a quatro Dias e quatro noites, a lua cor de prata iluminará a noite do nosso matrimônio. Convide todos os atenienses para a festa de meu casamento! Quero que todos estejam muito alegres e que a tristeza não seja nossa hóspede!
(Entram Hérmia, Lisandro e Demétrio.)
HÉRMIA- Salve, Hipólita, nobre Rainha!
TESEU- Salve, boa Hérmia. Aconteceu algum problema?
HÉRMIA- Infelizmente, venho fazer-lhe uma queixa de meu próprio pai. Este homem, Demétrio, tem o consentimento de meu pai para se casar comigo. Porém este outro, Lisandro, enamorou meu coração com versos, presentes de amor, serenatas ao luar... cativou-me com anéis, brinquedos, ramalhetes de flores, docinhos, enfim. Por isso, nobre Rainha, eu vim até aqui para que meu pai, diante de sua autoridade, me deixe livre para seguir meu coração pois, se preciso for, me entregarei a Este cavalheiro, ou à morte.
HIPÓLITA- Responda com prudência, Hérmia. Lembre-se de que é um dever respeitar seu pai. Além disso, Demétrio é um cavalheiro muito digno.
HÉRMIA- Mas Lisandro é igualmente digno. Peço perdão pela ousadia de defender abertamente minha própria causa, por amor. E gostaria de saber qual será o meu destino se me recusar a desposar Demétrio.
HIPÓLITA- Ou morrer, ou retirar-se da sociedade e viver para sempre casta no templo de Diana. Três vezes abençoadas são as que escolhem este caminho por vontade própria; mas ai daquelas que, podendo usufruir a vida, são condenadas a viver e morrer solitárias.
HÉRMIA- Prefiro viver só, a entregar minha juventude a um homem que não amo.
HIPÓLITA- Pense um pouco mais, Hérmia. Até a próxima lua, quando se celebrará o meu casamento, você deverá decidir entre ser esposa de Demétrio, ou morrer, ou jurar eterna virgindade no altar de Diana.
DEMÉTRIO- Por favor, Hérmia, concorde. E você, Lisandro, desista.
LISANDRO- Você é o preferido do pai de Hérmia, Demétrio. Por que não se casa com ele? Mas, ela, é a mim que ama.
LISANDRO- Senhora, sou um homem honesto, tão rico e nobre quanto Demétrio, porém sou o preferido de Hérmia. Demétrio, ao contrário, sempre cortejou Helena, a filha de Nedar, tanto que hoje esta moça vive perdidamente apaixonada por ele.
TESEU- Venham comigo, Demétrio, gostaria de lhe falar em particular. Quanto a você, bela Hérmia, esforce-se por aceitar a vontade paterna, pois as leis de Atenas não poderão ser atenuadas4. Vamos.
(Saem Hipólita, Demétrio e demais pessoas da corte.)
LISANDRO- Por que está tão pálida, minha querida? Parece que de repente murcharam as rosas de sua face.
HÉRMIA- Talvez por falta d’água que viesse da tempestade de meus próprios olhos...
LISANDRO- Por que será que o verdadeiro amor encontra tantas dificuldades? Ou esbarra em diferenças de idade, ou de condição social, ou em discordâncias familiares, ou então ocorre alguma tragédia, guerras, doenças, mortes, enfim, sempre uma sombra vem interromper a felicidade, sempre o sonho acaba em ruína...
HÉRMIA- É triste demais ter que aceitar o cativeiro5! Mas se o fim de todos os amantes sinceros é ser infeliz, que o destino nos ensine a ser pacientes...
LISANDRO- Isso consola. Porém, escute, Hérmia: eu tenho uma tia muito rica, viúva, que mora a umas sete léguas de Atenas e me considera como um filho. Na casa dela poderíamos nos casar e viver felizes, longe das rigorosas leis atenienses. Se você me ama, fuja de casa amanhã à noite e encontre-se comigo no bosque que fica a uma légua da cidade.
HÉRMIA- Onde?
LISANDRO- Lá onde certa vi você com Helena, realizando rituais sagrados  na Festa da Primavera.
HÉRMIA- Meu querido Lisandro, eu juro pelas setas de Cupido: amanhã encontrarei você naquele bosque.
LISANDRO- Conto com você. Vem chegando Helena...
(Entra Helena.)
HÉRMIA- Bom dia, bela Helena, por que tanta pressa?
HELENA- Bela? Bela é você, amada por Demétrio... Em seus olhos ele vê o mais puro brilho, na sua voz a mais doce melodia. Se a beleza fosse contagiosa como as doenças, pudera eu infectar-me com sua formosura, Hérmia! Porque somos o oposto uma da outra, e foi você quem conquistou o coração de Demétrio.
HÉRMIA- Eu faço cara feia, e mesmo assim ele me adora. HELENA- Pudesse eu saber os truques do seu riso!
HÉRMIA- Eu o ofendo, e mesmo assim ele diz que me ama. HELENA- Quem me dera poder comovê-lo com minha voz! HÉRMIA- Não tenho culpa por Demétrio agir assim comigo. HELENA- A culpa é de sua beleza...
HÉRMIA- Seja corajosa! Sabe, Lisandro e eu decidimos fugir de Atenas. LISANDRO- Amanhã à noite nos encontraremos no bosque.
HÉRMIA- Reze por nós, minha cara Helena. E encontre a felicidade com Demétrio. Agora devemos nos afastar, querido Lisandro. Amanhã nos encontraremos conforme foi combinado. Adeus.
LISANDRO- Adeus, minha Hérmia. (Sai Hérmia) Adeus, Helena, e espero que Demétrio seja dedicado a você.
(Sai Lisandro.) HELENA- Em toda Atenas sou considerada tão bela quanto Hérmia; Demétrio é o único que não reconhece. Antes ele me adorava, mas depois que viu Hérmia, só tem olhos para ela... Mas já sei o que fazer: vou contar-lhe o plano de fuga dos dois; ficará agradecido a mim e talvez volte a dar-me atenção. Preciso encontrar Demétrio!
  CENA 2
Entram Marmelo, Fundilhos.
MARMELO- Bom aqui neste papel está o nome de todos os artesãos de Atenas que foram considerados capazes de interpretar nossa peça no banquete de casamento de Teseu e Hipólita.
FUNDILHOS- Não seria melhor você me contar primeiro o enredo da peça, e só depois chamar o nome dos atores?
MARMELO- Bem, a peça é: “A mais lamentável comédia e a mais cruel morte de Píramo e Tisbe”.
FLAUTA- É uma obra-prima! E deve ser muito divertida... Agora, Marmelo, diga o papel que cada um vai fazer.
MARMELO- Fundilhos, tecelão! Você está inscrito para o papel de Píramo. FUNDILHOS- E quem é esse Píramo? Um tirano ou um amante?
MARMELO- Um amante, que se mata muito galantemente por questões de amor.
FUNDILHOS- Então terei que derramar muitas lágrimas...
FLAUTA - Se depender de mim, provocarei tempestades de choro!
FUNDILHOS - Porém, acho que eu ficaria ainda melhor num papel de tirano.
FLAUTA - Eu também daria um Hércules excelente... Bem, vamos aos outros.
MARMELO- Flauta, ficará com o papel de Tisbe.
FLAUTA- E quem é Tisbe? Um nobre Cavalheiro?
MARMELO- É a amada de Píramo.
FLAUTA - Papel de mulher, não! Afinal, eu já tenho barba...
MARMELO- Não faz mal, porque representará de máscara, e além disso poderá afinar a voz o quanto quiser.  Já Faminto, alfaiate, fará o papel da mãe de Tisbe. Eu, farei o pai de Tisbe. E o marceneiro Aconchego... vai ficar com o papel de Leão.
 FLAUTA- Já está escrita a parte do Leão? É que eu queria fazer também e seria melhor se eu pudesse já ir começando a estudar o texto, porque sou um pouco lerdo para aprender as coisas...
MARMELO- Você poderá improvisar, não se preocupe. Bastará rugir... Então, assim que a lua brilhar, encontrem-me aqui no bosque, para ensaiarmos longe de olhares curiosos. Não faltem!
FUNDILHOS- Lá estaremos para ensaiar a peça com muito empenho e coragem...
FLAUTA - E muita diversão! Até amanhã.
 ATO II
 CENA 1
Bosque perto de Atenas.
Uma fada e Puck entram por lados diferentes.
 PUCK- Olá, pequena fada! Por onde você tem andado?
FADA- Por bosques, prados e relvas verdinhas, sempre mais apressada que a lua, a serviço de minha senhora, a rainha das fadas. Agora mesmo estou procurando pérolas de orvalho em pétalas de rosa, para fazer pingentes. Adeus, espírito travesso, tenho que ir! A rainha e as outras fadas devem estar chegando!
PUCK- E também os elfos! Avise sua rainha para não se encontrar com Oberon, pois ele está furioso com ela por causa daquele menino vindo da Índia, que ela arrumou para ser seu pajem.8 Oberon queria roubá-lo para fazer parte do seu cortejo... e para ensinar-lhe os segredos da floresta. Mas a rainha só quer saber de cuidar do menino e enfeitar-lhe com grinaldas de flores. Ela e o rei dos elfos têm discutido muito por esse motivo. Basta que se encontrem e saem brigas horríveis, que fazem os elfos tremerem de medo.
FADA-  Não  é  você  aquele  menino  traquinas9  que  de  noite  embaraça  os cabelos das jovens dos vilarejos, desajusta as peças dos moinhos, faz com que a manteiga recém-batida desande e a cerveja não fermente, e ri de tudo isso às gargalhadas?
PUCK- Acertou, pequena Fada. Sou Puck, aquele que durante a noite de tudo faz brinquedo, só para trazer alegria ao semblante10 de Oberon. Aí vem ele! E ali vem a rainha! É melhor você ir.
(Entram, por um lado, Oberon com seu séqüito11 de elfos; por outro, Titânia com sua comitiva de fadas.)
OBERON- Que péssimo encontro!
TITÂNIA- Invejoso! Vamos embora, fadas. Não quero mais a companhia desse senhor.
OBERON- Fique, Titânia! Respeite as ordens de seu marido.
TITÂNIA- Está bem, eu fico. Mas eu sei muito bem que você sai de casa à noite disfarçado, para poder encontrar-se com outras mulheres... E que voltou mais cedo de sua viagem à Índia só para rever a rainha das Amazonas, que está prestes a casar-se com Teseu.
OBERON- Como se atreve a acusar-me de cortejar Hipólita, se eu estou cansado de saber de seu amor por Teseu?
TITÂNIA- É o ciúme que leva você a inventar esses disparates! Desde o verão passado que você está me perseguindo em cada canto da floresta, em cada fonte, com suas acusações. Onde quer que eu estivesse com minhas fadas, lá vinha você nos perturbar com suas gritarias. E, assim, acabou atrapalhando as estações do ano... Os ventos sopraram mais forte do que deveriam, daí os rios se inundaram, os bois cansaram-se de puxar o arado e o lavrador perdeu seu trabalho, o trigo apodreceu antes mesmo de brotar, o gado está doente nos currais pois os pastos ficaram cobertos de lama. As pessoas sofrem muito com a confusão das estações, e a culpa desses infortúnios12 é sua, Oberon! Agora chega.
OBERON- Está em suas mãos o remédio desses males, Titânia. Basta que me dê o garoto indiano, para eu fazer dele meu pajem. Não peço muito. Por que você gosta tanto de me contrariar?
TITÂNIA- Nem todo o reino dos elfos seria suficiente para comprar de mim esse menino. A mãe dele, uma grande amiga, devotada13 seguidora das fadas no reino da Índia, morreu de parto justamente com o nascimento desse menino, que peguei para criar com muito carinho e jamais largarei.
OBERON- Você tem intenção de permanecer neste bosque?
TITÂNIA- Ficarei aqui até as núpcias de Teseu e Hipólita. Se você quiser vir de bom grado14 participar de nossas brincadeiras e danças à luz da lua, será bem-vindo. Se não, poupe-me, e também terei o cuidado de evitar os lugares onde você estiver.
OBERON- Dê-me o menino e seguirei com você. TITÂNIA- Nem por todo o meu reino. Vamos, fadas.
(Sai Titânia com seu séqüito.) OBERON- Pode ir, Titânia, mas você terá minha vingança. Puck! Venha cá. Você se lembra daquela noite em que estávamos sentados numa colina,
ouvindo uma sereia que cantava doces melodias e olhando as estrelas que desciam do céu para escutá-la?
PUCK- Lembro-me perfeitamente.
OBERON- Naquela noite eu vi algo que você não viu. Vi Cupido, descendo em direção à Terra com suas armas. Ele atirou sua flecha amorosa mirando uma sacerdotisa que meditava num templo entre as árvores, mas errou a pontaria. Mas eu vi quando a seta ardente atingiu uma florzinha branca como o leite, que no mesmo momento ficou roxa, ferida pelo Amor. Essa flor, conhecida como amor-perfeito, dá um suco que, se pingado sobre as pálpebras de alguém que esteja dormindo, faz esta pessoa ficar perdidamente apaixonada pelo primeiro se que encontrar, ao abrir os olhos. Vá buscar-me essa flor imediatamente!
PUCK- Em dez minutos darei quatro Voltas na Terra!
 OBERON- Vou pingar essa poção nos olhos de Titânia, para que ela se apaixone pelo primeiro urso, leão, touro, lobo ou macaco que vir. E, antes de tirar-lhe o feitiço, exigirei que me entregue o pajem... Quem vem vindo aí? Vou tornar-me invisível para poder escutar a conversa.
(Entra Demétrio, seguido por Helena.) DEMÉTRIO- Não me persiga, Helena, não gosto de você. Onde estão Lisandro e minha amada Hérmia? Você disse que estariam aqui. Pare   de
andar atrás de mim! Vai embora!
HELENA- Você me atrai como um ímã... Mas meu coração não é de ferro. Pode me tratar como um cão, que continuarei seguindo você. Pode me chutar, me insultar, mas permita que eu siga você.
DEMÉTRIO- Você está ultrapassando os limites, Helena. Fico doente só de olhar o seu rosto...
HELENA- Fico doente se não vejo você.
DEMÉTRIO- Não é aconselhável que uma jovem como você ande sozinha pelo bosque a esta hora. Volte para Atenas.
HELENA- Não estou sozinha, confio em você. E quando olho o seu rosto, minha noite se ilumina.
DEMÉTRIO- Vou deixar você para trás, entregue às feras, e embrenhar-me entre os ramos mais cerrados.
HELENA- Qualquer fera tem o coração mais brando que o seu.
DEMÉTRIO- Não quero discutir. Agora deixarei você e peço que não me acompanhe.
(Sai Demétrio.)
HELENA- Seguirei você mesmo no inferno, que a seu lado seria para mim um céu... Serei feliz até mesmo se morresse por suas mãos.
(Sai.)
OBERON- (em voz baixa, para Helena) Adeus, bela ninfa! Você não deixará este bosque sem ter conquistado o seu amor!
(Puck torna a entrar.)
Trouxe a flor? PUCK- Ei-la aqui.
OBERON - Obrigado. Conheço um lugar lindo onde o ar é perfumado de violetas, primaveras e tomilho selvagem. É ali que Titânia gosta de dormir, acalentada por danças e canções. Vou pingar o sumo desta flor nos olhos dela e enchê-la de fantasias... Entrego também a você uma parte do líquido. Quero que encontre pelo bosque uma graciosa jovem ateniense, que está sendo desprezada por um rapaz muito orgulhoso. Quando ele dormir, pingue em seus olhos um pouquinho do sumo. Mas cuidado! É indispensável que, quando ele acorde, o primeiro ser que ele encontre seja a jovem que ora despreza. Faça tudo com cuidado, Puck: quero que ele fique mais apaixonado por ela do que ela por ele... Agora vá, e volte quando o galo cantar pela primeira vez.
PUCK- Fique tranqüilo, saberei achá-lo.
(Saem.)
 CENA 2
Outra parte do bosque.
Entra Titânia, com seu séqüito.
 TITÂNIA- Cantem para que eu durma docemente, fadas! E, enquanto eu estiver dormindo, quero todas trabalhando! As fadas azuis devem matar as lagartas nocivas nos botões de rosa. As fadas verdes devem perseguir os morcegos e arrancar-lhes o couro das asas, pois os pequenos elfos estão precisando de casacos novos. E as fadas amarelas devem espantar  as corujas, que piam a noite toda a nos observar. Cantem! E boa noite.
(As fadas cantam.)
FADAS-                               Dorme, dorme, tranqüila!
Vão embora, serpentes, Desapareçam, mosquitos! Insetos e bichos feios, Façam silêncio esta noite.
 Dorme, dorme, tranqüila!
Sumam daqui, besouros, Desapareçam, aranhas! Cante conosco, rouxinol, Doces melodias de ninar.
Fada vermelha - As horas que suavemente emolduraram O olhar amoroso onde repousam os olhos Serão eles o seu próprio tirano, E com a injustiça que justamente se excede; Pois o Tempo incansável arrasta o verão Ao terrível inverno, e ali o detém, Congelando a seiva, banindo as folhas verdes, Ocultando a beleza, desolada, sob a neve. Então, os fluidos do estio não restaram Retidos nas paredes de vidro, O belo rosto de sua beleza roubada, Sem deixar resquícios nem lembranças do que fora; Mas as flores destilaram, sobreviveram ao inverno, Ressurgindo, renovadas, com o frescor de sua seiva.
 Laura - Assim, não deixemos a mão rota do inverno desfigurar De ti o teu verão antes que sejas destilada; Adoça teus sumos; orna um lugar Que tenha o valor da beleza antes de sucumbires.
 Bárbara - Já vi muitas manhãs gloriosas cobrirem Os cumes das montanhas com o olhar soberano. Beijando com a tez dourada o verde dos campos, Colorindo pálidos córregos com a divina alquimia, Não permitindo que as nuvens baixas vaguem.
 Carol - Cupido adormeceu ao lado de sua flecha. Uma das ninfas de Diana aproveitou o seu descuido, E rapidamente mergulhou a sua flama amorosa Numa fonte fria do vale que encontrou pelo caminho, E logo tirou do sagrado fogo do Amor.
Bárbara - Ela dormiu.
Bruna - Vamos sair de mansinho.
(Saem as fadas.)
(Entra Oberon e espreme a florzinha nas pálpebras de Titânia.)
OBERON- (declama em voz baixa, no ouvido de Titânia) Você vai se apaixonar pelo primeiro que encontrar, seja ele urso, gato ou leão.
(Sai.) (Entram Lisandro e Hérmia.)
LISANDRO- Você parece cansada, Hérmia querida. É melhor repousarmos um pouco. E, para ser franco, estou meio perdido, nesta escuridão acho que não conseguirei encontrar o caminho.
HÉRMIA- Está bem.  Aqui  mesmo tenho um bom  leito de  folhas    secas.
Encontre outro para você, um pouco mais afastado.
LISANDRO- Podemos fazer um travesseiro com um punhado de relva e dormir lado a lado, sem maldade. Afinal, somos um só coração.
HÉRMIA- Não, Lisandro. Não convém que você durma a meu lado. Não falo em tom zangado, mas com delicadeza lhe peço que se afaste de mim durante esta noite. Confiarei em sua lealdade.
LISANDRO- Você tem razão, Hérmia. Dormirei ali adiante. Boa noite!
(Afasta-se.)
HÉRMIA- Bons sonhos!
 (Dormem) (Entra Puck.)
PUCK- Já percorri todo o bosque, sem achar o ateniense em cujos olhos devo espremer o sumo desta flor. Noite e silêncio... Mas ali está ele! E ali está a moça, coitadinha, dormindo no chão, tão distante dele... Vou dar agora um jeito nisso!
(Espreme a flor nas pálpebras de Lisandro.) Despejo em suas pálpebras o sumo mágico da flor, para que o amor nunca mais consinta ao sono fechar os seus olhos.
(Sai.) (Entram Demétrio e Helena, correndo.)
HELENA- Espere-me, por favor, Demétrio! Vai me deixar nesta escuridão? DEMÉTRIO- Pare de me perseguir, Helena! Saia do meu caminho.
(Sai Demétrio.) HELENA- Como me sinto cansada! Hérmia, sim, é feliz; seus olhos brilham de felicidade. Os meus, sempre cheios de lágrimas, deveriam resplandecer mais que a luz do dia... Sou tão feia que as próprias feras ao
me ver fogem para o arvoredo... Mas, o que vejo? Lisandro aqui? Estará dormindo ou ferido? Acorde, Lisandro! Você está bem?
LISANDRO- (despertando) Helena! Que felicidade poder despertar com a maravilhosa visão do seu rosto! Por você eu seria capaz de atirar-me ao fogo! Onde está Demétrio, aquele insignificante? Quero liquidá-lo16 com minha espada!
HELENA- Não, Lisandro, não diga uma tal coisa. Somente porque ele ama  sua Hérmia? Ela adora você, isso é o que importa. Você devia ficar contente.
LISANDRO- Contente com o amor de Hérmia? Não. Eu me arrependo das horas que perdi ao lado dela... Amo você, Helena! Só agora consigo enxergar... Eu era tolo, inexperiente demais, iludido. Mas já posso ler em seus olhos as histórias de amor que poderemos viver juntos...
HELENA- O que eu fiz para merecer tamanha humilhação? Já não basta o desprezo de  Demétrio,  devo  agora  suportar  o  escárnio17  de  quem  eu considerava amigo? Pensei que você fosse um cavalheiro mais honrado e gentil, Lisandro!
(Sai.) LISANDRO- Hérmia continua dormindo. Ainda não percebeu que já não tem o poder de encantar-me. Mais que isso, que me é indigesta e que a odiarei
noite e dia. Todo o meu amor agora pertence a Helena.
(Sai.) HÉRMIA- (despertando) Lisandro, socorro! Uma serpente me ataca! Lisandro... Não responde? Pensei que uma serpente me picava, mas foi apenas um mau sonho... Que susto! O que terá acontecido com Lisandro?
Tenho que encontrá-lo o mais depressa possível.
  ATO III
 CENA 1
Um bosque. Titânia está dormindo.
Entram Marmelo, Fundilhos,
 FUNDILHOS- Pronto?
FLAUTA - Parece que encontramos um local perfeito para ensaiar.
MARMELO -  Este gramado servirá de palco; Vamos representar como se já estivéssemos diante de Teseu...
FUNDILHOS- Sabe, Marmelo, eu acho que nesta comédia de Píramo e Tisbe há algumas coisas que poderão não agradar ao público, principalmente às mulheres. Por exemplo, quando Píramo sacar a espada para se matar...
MARMELO- É mesmo, é melhor suprimirmos as cenas de matança.
FLAUTA- Eu acho melhor escrevermos um prólogo, avisando que a espada não é de verdade e que Píramo na realidade é o Fundilhos.
MARMELO- Muito bem, escreverei esse prólogo.
FUNDILHOS- E o leão não irá causar medo às mulheres presentes?
MARMELO- Nada disso. Basta dizer o nome do ator e arranjar um modo de fazer seu rosto aparecer através da máscara. Ele próprio poderá dizer algo assim:
FLAUTA - “Prezadas senhoras, não tenham medo, sou um homem como os demais”,
MARMELO - E depois revelar seu verdadeiro nome, dizendo francamente que é o Flauta. Temos ainda algumas dificuldades, a começar pela lua, que deveria iluminar o encontro de Píramo e Tisbe...
FLAUTA - É melhor que alguém entre em cena segurando uma lanterna, dizendo que representa a lua.
MARMELO – Precisamos também de um muro, porque na história a conversa de Píramo e Tisbe acontece através de um buraco no muro...
FLAUTA - Alguém terá que fazer o papel de muro. É só pôr um pouco de argila na roupa... E Deixar um buraco a mostra.
MARMELO- É. Acho que assim ficará bem. Agora, vamos começar.
(Marmelo como director começa a colocálos em suas marcas - Aparece Puck ao fundo.)
PUCK- Quem são estes grosseirões que estão gritando tão perto do lugar onde repousa a rainha das fadas? É um ensaio teatral!? Vou assistir e, se for   o
caso, participar também.
MARMELO- Fale, Píramo! E você, Tisbe, venha para a frente do palco! FUNDILHOS- “Oh, Tisbe, você é como a flor mais horrorosa...” MARMELO- Odorosa! Odorosa!
FUNDILHOS- “...como a flor mais odorosa, tão suave é o seu hálito, querida.
Mas, espere, estou ouvindo vozes. Volto já.”
PUCK- Nunca se viu um Píramo assim!
(Sai.)
FLAUTA - “Ó Píramo brilhante, sua pele é como o lírio branco, seus lábios como a rubra roseira, você é fiel como o potro mais altivo que jamais correu. Venha encontrar-me mais tarde na tumba do menino...” (SAI)
 MARMELO- Na tumba de Nino, homem! Mas ainda não é hora de dizer esta última frase. Só depois que Píramo entrar. Você disse a sua parte toda de uma vez, sem esperar o Fundilhos. Entre, Píramo! É sua vez!
(Torna a entrar Puck, seguido de Fundilhos - transformado em monstro -
com cabeça de burro.)
MARMELO- O que é isso? Um monstro horrível! Estamos enfeitiçados, socorro! Fujam!
(Saem os atores.) PUCK- Vou persegui-los até o amanhecer sem dar sossego! Por montes, vales, pela mata...   ora como cavalo, ora como morcego, ou sapo, ou    macaco,
ou urso sem cabeça, enfim, relinchando e urrando e rugindo como eu bem quiser!
(Sai.)
FUNDILHOS- Por que será que saíram correndo? Com certeza estão querendo aprontar alguma brincadeira comigo...
 FUNDILHOS- Deve ser a sua cabeça de burro, seu asno!
MARMELO- Deus o abençoe, Fundilhos! Deus o abençoe! Você está transformado... em burro!
(Sai.) FUNDILHOS- Já entendi a brincadeira. Parece que querem me fazer de asno, só para me amedrontar. Mas não sairei daqui! Passearei de um lado   para
outro, até mesmo cantarei, para verem que não estou com medo.
Lá, rá, lalalá, rá Bom dia, sabiá Bom dia, carcará
Que voz bonita cedo vem cantar!
TITÂNIA- (acordando) Que anjo é este que me desperta do meu leito de flores?
FUNDILHOS- (distraído, continua cantando) Lá, rá, lalalá, rá!
TITÂNIA- Cante outra vez, gentil cavalheiro, eu lhe imploro. Sua voz arrebata20 meus ouvidos; sua formosura encanta meus olhos; me comove de tal modo que não resisto a jurar que o amo.
FUNDILHOS- Minha senhora, eu acho que a senhora não deve estar em pleno uso da razão para dizer uma coisa dessas... Mas, para dizer a verdade, hoje em dia a razão e o amor quase não andam juntos...
TITÂNIA- Você é tão sábio quanto belo.
FUNDILHOS- Nem tanto. Se eu tivesse sabedoria suficiente para conseguir sair deste bosque, já me daria por satisfeito...
TITÂNIA- Não quero que você saia deste bosque! Quer queira, quer não, você vai ficar. Tenho muito poder aqui! E agora que você já sabe que lhe tenho amor... Vou dar a você muitas flores e jóias do mar e pôr a seu serviço muitas fadas e silfos.21 E vou fazer de você um gentil cavalheiro. Libelulinha! Flor-de-ervilha! Grão-de-mostarda! Teia-de-aranha!
(Entram quatro silfos.)
LIBELULINHA- Pronto!
GRÃO-DE-MOSTARDA- Eu também! FLOR-DE-ERVILHA- Aqui!
TODAS- Para onde devemos ir?
TITÂNIA- Sejam corteses com este cavalheiro. Bailem em volta dele, para agradar-lhe a vista. Dêem-lhe damascos, uvas rosadas, figos e amoras doces. Depois, favos e mel das melhores abelhas. Apressem os vaga- lumes   para   que   acendam   perto   dele   seus   candeeiros.  E   teçam translúcidas cortinas com asas das mais belas borboletas, para que a luz  da lua não venha incomodar seus olhos. Cumprimentem-no!
FLOR-DE-ERVILHA- Salve, mortal! TEIA-DE-ARANHA- Salve!
LIBELULINHA- Muito prazer! GRÃO-DE-MOSTARDA- Como vai?
FUNDILHOS- Sinceramente, tenho muito prazer em conhecer Vossas Senhorias... Qual é mesmo o seu nome?
FLOR-DE-ERVILHA-   Flor-de-ervilha.
FUNDILHOS- Cara senhora, recomende-me à senhora Vagem, sua mãe. Fico muito feliz em conhecê-la mais de perto. E o seu?
GRÃO-DE-MOSTARDA-   Grão-de-mostarda.
FUNDILHOS- Muito prazer, caro senhor. Sei perfeitamente que o rude cavalheiro Rosbife já devorou muitos de sua família. Eu mesmo já fiquei com os olhos cheios de lágrimas por causa de parentes seus... Seu nome?
TEIA-DE-ARANHA- Teia-de-aranha.
FUNDILHOS- Fico muito feliz em conhecê-la mais de perto, minha   senhora.
Quando eu cortar meu dedo, poderei usá-la.
TITÂNIA- Levem-no para o quarto das margaridinhas, que será um refúgio seguro para hospedar o gentil cavalheiro, antes que a própria lua dele se enamore.
(Saem.)
 CENA 2
Outra parte do bosque.
Entra Oberon.
 OBERON- Queria muito saber se Titânia já despertou e quem terá sido o primeiro a aparecer diante de seus olhos. Mas eis que chega meu mensageiro!
(Entra Puck.)
Então, espírito travesso, qual foi a última que você aprontou no bosque?
PUCK- A rainha se encontra loucamente apaixonada por um monstro! O pior dentre os atores, que fazia ridiculamente o papel de Píramo, deixou a cena por um instante, enquanto aguardava sua vez. Então, eu o transformei em cabeça de burro! E, quando ele teve que voltar à cena, assustou o outro de tal maneira que se espalharam. Somente Píramo permaneceu ali no palco, meio transformado em burro e sem entender por que fugiu seu colega. Bem naquele momento Titânia despertou e apaixonou-se perdidamente pelo monstro.
OBERON- Foi melhor do eu teria podido imaginar! Mas, e a magia nos olhos do ateniense, você já pôs?
PUCK- Encontrei-o enquanto dormia. Este assunto também já está   resolvido.
Perto dele, estava a jovem desprezada, que logo passará a ser idolatrada.
(Entram Demétrio e Hérmia.)
OBERON- Silêncio! Aí vem o ateniense insensível.
PUCK- A jovem é a mesma, mas juro que este moço é outro...
(Escondem-se Puck e Oberon.)
DEMÉTRIO- Mas por que está me tratando dessa maneira tão ríspida? Eu amo você, Hérmia.
HÉRMIA- Eu o amaldiçoarei mil vezes, se souber que você tirou a vida de Lisandro enquanto ele dormia. Oh! Mate-me também! Ele era tão fiel a mim como o sol é fiel ao dia; não é possível que tenha fugido e me deixado sozinha no bosque. Não, não tenho dúvidas: você o assassinou, posso ver em seu olhar.
DEMÉTRIO- A sua crueldade é tanta que devo estar mais com aspecto de assassinado que de assassino. Mas, mesmo com ar tão severo, o seu brilho é encantador, como o da própria Vênus cintilante...
HÉRMIA- Traga-me Lisandro de volta! DEMÉTRIO- Isso é impossível.
HÉRMIA- Já estou perdendo a paciência, Demétrio. Você deve tê-lo matado enquanto ele dormia, não é? Você só teria a coragem de cometer um tal crime pelas costas... Você é traiçoeiro como uma víbora... Você é um verme!
DEMÉTRIO- Não matei ninguém. E, se Lisandro desapareceu, não sou culpado. Se eu lhe afirmasse que ele está vivo e bem, que vantagem teria?
HÉRMIA- Nesse caso, você teria o privilégio de não me ver nunca mais.
(Sai.) DEMÉTRIO- Está tão enfurecida que não adiantaria segui-la. O melhor agora é descansar. Quem sabe, quando a raiva de Hérmia passar, eu possa
propor-lhe algum acordo.
(Deita-se e dorme.)
OBERON- O que você fez? Pôs a magia nos olhos da pessoa errada, pervertendo26 o coração de um namorado fiel!
PUCK- Foi culpa do destino... Afinal, para cada namorado fiel, há milhares de infiéis!
OBERON- Puck, faça uma  busca por  todo o  bosque, à  procura de Helena!
Enquanto isso, vou encantar os olhos desse rapaz.
PUCK- Lá vou eu, ligeiro como uma flecha!
(Sai.)
OBERON-                           Bela florzinha ferida Pela seta de Cupido,
(Espreme a flor nos olhos de Demétrio.)
Vá até o fundo dos olhos Deste moço adormecido E faça que, ao acordar, Ele se sinta rendido
Pelo amor de quem o ama.
(Volta Puck.)
PUCK- Helena vem vindo aí.
OBERON- Com o barulho, Demétrio logo vai acordar. Vamos observar dali, invisíveis.
PUCK- Dois homens disputando o amor de uma jovem... Certamente vai haver cenas de ciúme. Vai ser divertido!
(Entram Helena e Lisandro.)
LISANDRO- Por que você diz que é ironia? Se fosse assim, eu não estaria sofrendo tanto... Estou apaixonado por você.
HELENA- Quanta ousadia... Essas palavras são falsas e pertencem a Hérmia, não a mim. Você não se envergonha de me fazer os mesmo juramentos que ainda ontem lhe fazia?
LISANDRO- Eu estava fora de mim quando jurei amor a Hérmia. HELENA- Estava fora de si quando a deixou, isto sim...
LISANDRO- Demétrio a ama.
DEMÉTRIO- (despertando) Helena, encantadora Helena! O que há de mais fascinante que seus olhos? Perto deles o puro cristal é lama... E seus lábios? A rubra e doce cereja não é mais tentadora... Como eu gostaria de beijá-la, minha princesa de luz!
HELENA- Oh, que sofrimento! Vocês dois resolveram zombar de mim? Se fossem cavalheiros, se tivessem um mínimo de respeito, jamais me ofenderiam dessa maneira. Rivais no amor de Hérmia, juntos resolveram tirar-me a paciência, por zombaria...
LISANDRO- Você está sendo cruel, Demétrio. Tenho certeza de que ama Hérmia. Por que não fazemos um acordo franco? Eu cedo a você o amor de Hérmia, você me cede o de Helena.
HELENA- Jamais ouvi uma declaração tão absurda.
DEMÉTRIO- Mas, Lisandro, não quero saber de Hérmia. Se um dia a amei, está tudo acabado. Meu amor agora pertence somente a Helena.
LISANDRO- Não acredite nisso, Helena.
DEMÉTRIO- Terei de usar a força para provar meus sentimentos? Mas eis  que chega a sua amada...
(Entra Hérmia.)
HÉRMIA- Lisandro! Consegui chegar até aqui na noite escura seguindo sua doce voz! Por que você me deixou sozinha?
LISANDRO- Para vir ao encontro de meu amor. HÉRMIA- Mas que amor pôde afastar você de mim?
LISANDRO- O amor da bela Helena, cujos cabelos loiros me atraíram como estrelas na noite. Você não percebe que, se a abandonei, foi porque não a suporto?
HÉRMIA- Não é possível que esteja dizendo a verdade...
HELENA- Até você, Hérmia, está metida nesta brincadeira de mau gosto? Que ingratidão! Parece que você se esqueceu do quanto éramos amigas, das confidências que trocamos, da infância que passamos juntas, como irmãs... Agora você rompe esta amizade pondo-se ao  lado destes    dois
traidores, contra mim, para zombar de minha tristeza? É uma ofensa muito grande...
HÉRMIA- Mas eu não ofendi você; ao contrário, acho que você é quem está me insultando.
HELENA- Você quer dizer que não combinou com Lisandro que ele me seguisse por toda a parte e elogiasse sem parar meus olhos e meu rosto? E não foi você quem convenceu Demétrio, que ainda há pouco me odiava, a chamar-me deusa, ninfa, maravilhosa, irresistível? Por que razão Lisandro iria renegar o grande amor que tem por você e começar a fazer-me juras sem o seu consentimento? Já não basta eu ter a infelicidade de amar sem ser correspondida... Isso deveria despertar piedade em vocês, não desrespeito.
HÉRMIA- Não estou entendendo nada.
HELENA- Pois bem, continuem zombando. Eu vou-me embora. LISANDRO- Não vá, Helena, minha vida!
HÉRMIA- Não zombe dela, meu querido.
DEMÉTRIO- Se o pedido de Hérmia não faz você parar com isso, Lisandro, terei de usar a força...
LISANDRO- Suas ameaças não me comovem, Demétrio, muito menos os pedidos de Hérmia. Amo Helena, e nada no mundo poderia impedir-me de afirmar isso.
DEMÉTRIO- Afirmo que o meu amor é maior. LISANDRO- Prove!
DEMÉTRIO- Agora mesmo. Venha cá! HÉRMIA- Mas o que é isso, Lisandro? LISANDRO- Saia de minha frente, morena feia!
HÉRMIA- Não posso crer no que estou ouvindo. Você está brincando, Lisandro? Quer dizer que não sou mais a sua Hérmia? Ainda esta noite você me amava, íamos fugir, íamos nos casar, e agora você diz que me odeia... Devo levá-lo a sério?
LISANDRO- Sim, jamais falei tão sério em toda a minha vida. E não quero vê-la nunca mais!
HÉRMIA- (para Helena) Sua bruxa! Roubou-me o coração de Lisandro!
HELENA- Não tem vergonha de tratar-me desta maneira? Quer obrigar-me a responder à altura? Sua baixinha!
HÉRMIA- Ah, então é assim?! Você conquistou Lisandro só por ser mais alta do que eu! Usou de sua altura para seduzi-lo! Mas não sou tão pequena como você pensa, viu, seu varapau! Posso alcançar seus olhos com minhas unhas!
 HELENA- Por favor, sei que vocês estão zombando de mim, mas não permitam que ela me agrida. Nunca gostei de violência, e não pensem  que eu seria capaz de enfrentá-la, só porque é menor do eu...
HÉRMIA- Menor?! Você insiste em chamar-me de baixinha!
HELENA- Escute, Hérmia, eu sempre fui sua amiga, sempre guardei seus segredos, nunca lhe fiz nenhuma ofensa... O único erro que cometi foi ter contado a Demétrio, por amor, seu plano de fuga com Lisandro. Ele seguiu vocês, e eu o segui, mas fui repelida por ele. Agora, só peço que me deixem voltar para Atenas, assim os deixarei em paz.
HÉRMIA- Pois volte logo! O que a segura aqui? HELENA- Um coração apaixonado.
HÉRMIA- Por Lisandro, não é? HELENA- Não, por Demétrio.
LISANDRO- Não tenha medo, Helena. Ninguém lhe causará mal algum. DEMÉTRIO- Eu a protegerei sempre, Helena.
LISANDRO- (para Demétrio) Vamos ver quem de nós tem direito sobre Helena. Siga-me.
DEMÉTRIO- Sim, vamos decidir à força!
(Saem Lisandro e Demétrio.)
HÉRMIA- Você é a culpada por essa briga, agora é melhor ficar.
HELENA- Não confio mais em você. Prefiro estar bem longe de sua companhia.
 HÉRMIA- Não sei mais o que pensar...
(Sai.)
 OBERON- Você é o culpado por tudo isso, Puck! Está sempre se enganando, quando não faz suas travessuras de propósito...
PUCK- Pode acreditar, meu senhor, foi um equívoco.28 O senhor não disse que eu reconheceria o moço pelas roupas típicas de Atenas? Pois bem, obedeci à risca: enfeiticei os olhos de um jovem ateniense... Mas até que esta confusão toda me divertiu bastante!
OBERON- Você viu que os dois rivais saíram em busca de uma clareira para brigar, não viu? Não quero que isso aconteça. Cubra o céu com uma névoa  bem  espessa, Puck,  fazendo  com  que  uma  treva impeça os inimigos de lutar. Depois, quero que você os separe, imitando primeiro a voz de Lisandro para que Demétrio, tentando segui-lo, se perca, e daí faça o mesmo com a voz de Demétrio. Quando estiverem exaustos, quero que adormeça-o profundamente. Então, esprema nos olhos de Lisandro o suco desta outra erva, que vai lhe trazer de volta o antigo amor, livrando-o do encantamento e fazendo com que volte a enxergar as coisas como antes. Assim, quando despertarem, pensarão que tudo não passou de um sonho... E os namorados voltarão para Atenas, unidos por laços que só a morte poderá destruir. Enquanto isso, vou desfazer o feitiço que fez Titânia apaixonar-se pelo monstro..
PUCK- Farei tudo imediatamente, senhor dos duendes! OBERON- Antes que raie o dia!
PUCK- Com toda a pressa! Lá vem um deles. LISANDRO- Onde está você, Demétrio?
PUCK- Aqui, vilão! LISANDRO- Vou pegá-lo!
PUCK- Então, siga-me até a clareira!
(Sai.) (Entra Lisandro.)
(Sai Lisandro, na direção da voz.)
 (Volta Demétrio.)
DEMÉTRIO- Onde você se escondeu, Lisandro?
PUCK- Covarde! Pensa que vai lutar com as estrelas? Manda-me segui-lo e desaparece? Venha cá, você vai ver do que sou capaz!
DEMÉTRIO- Você é quem vai ver! Mas onde está você? PUCK- Siga-me pela voz!
(Saem.) (Volta Lisandro.)
LISANDRO- Quase o alcanço, mas me perco... É veloz demais. Estou exausto, é melhor descansar um pouco. (Deita-se) Amanheça logo, dia! Assim que eu vir a luz, pegarei Demétrio de uma vez por todas.
  PUCK- Não vem me pegar, covarde?
(Dorme.) (Voltam Puck e Demétrio.)
 DEMÉTRIO- Não vejo nada; só corujas podem enxergar neste breu... Estou esgotado, mas quando chegar a luz do dia você vai ter o que merece, vilão!
  (Deita-se e dorme.) (Volta Helena.)
HELENA- Venha logo, aurora, para que eu possa chegar sã e salva a   Atenas!
Enquanto isso, sono, faça-me companhia!
(Deita-se e dorme.)
PUCK- Só três? Ainda falta uma para que os pares fiquem completos! Ali vem ela, coitada, triste e cansada dos desencontros do amor...
(Volta Hérmia.) HÉRMIA- Nunca tive tanto sofrimento e tanto cansaço. Já não posso nem mesmo caminhar, pois os pés não me obedecem. Vou ficar aqui até o sol
nascer...
(Deita-se e dorme.)
PUCK-                                 Dorme, dorme, namorado, em doce sono mergulhado.
(Espreme o suco da flor nos olhos de Lisandro.)
Seus olhos, ao acordar, o puro amor vão achar. Cada moça e cada rapaz de novo terão sua paz.
Pois é como o povo diz: João encontra Maria,
e tudo termina feliz.
ATO IV CENA 1
Bosque. Lisandro, Demétrio, Helena e Hérmia dormem.
Entram Titânia e Fundilhos, com o séqüito de silfos.
Oberon vem atrás, invisível.
 TITÂNIA- Venha sentar-se entre as flores, para que eu possa acariciar seu rosto, enfeitar de rosas sua cabeça e beijar suas orelhas.
FUNDILHOS- Onde está Flor-de-Ervilha? FLOR-DE-ERVILHA- Presente!
FUNDILHOS- Flor-de-Ervilha, coce minha cabeça! E onde está Teia-de- Aranha?
TEIA-DE-ARANHA- Presente!
FUNDILHOS- Teia-de-Aranha, pegue suas armas e saia à caça da abelha que vive naquele carvalho. Então, com muito cuidado, traga-me o seu saco de mel. Onde está Semente-de-Mostarda?
SEMENTE-DE-MOSTARDA-   Presente!
FUNDILHOS- Semente-de-Mostarda, ajude Flor-de-Ervilha a me coçar. TITÂNIA- Amor, quer ouvir música?
FUNDILHOS- Tenho um ouvido muito musical... Adoraria ouvir tambores. TITÂNIA- Diga-me, querido, o que gostaria de comer.
FUNDILHOS- Aceitaria com muito prazer um pouco de aveia seca, ou um bom feixe de feno!31 Não há nada que se compare ao feno perfumado!
TITÂNIA- Um dos meus silfos seria capaz de trazer, num instante, nozes diretamente do celeiro de um esquilo.
FUNDILHOS- Para falar a verdade, gostaria muito de repousar serenamente, sem ser incomodado...
TITÂNIA- Durma tranqüilo, querido. Enquanto isso, eu o acalentarei32  com madressilvas nas pontas dos dedos. Dispersem, elfos!
(Adormecem.) (Entra Puck.)
OBERON- Bem vindo, espírito! Olha só a loucura que você fez! Agora há pouco encontrei Titânia procurando comida e presentes para este monstro horrendo. Eu a repreendi,33 sabe? Mas ela nem se importou, apaixonada que está pelo jumento... Aproveitei para pedir-lhe o pajenzinho indiano, e ela o concedeu a mim de bom grado. Disse-me até que mandaria um de seus elfos levá-lo até meus domínios. Mas, agora que consegui o menino, vou tirar o feitiço dos olhos dela. E você, Puck, tire a cabeça do tecelão, para que ele possa voltar a Atenas com os outros, pensando que tudo isso não passou de um simples pesadelo.
(Espreme a flor nos olhos de Titânia.)
Que tudo continue a ser
Exatamente como era antes, E com clareza ela possa ver
E esquecer o ridículo amante!
Titânia, minha flor, desperte!
TITÂNIA- Meu Oberon! Que pesadelo horrível eu tive! Sonhei que estava amando um asno!
OBERON- Ali está o seu amado!
TITÂNIA- Como foi possível acontecer isto comigo? Ele é repugnante!34 OBERON- Espere. Puck, tire essa cabeça de burro do tecelão enquanto ele
ainda dorme!
(Puck obedece.) Titânia, peça um pouco de música. Quero que todos aqueles atores durmam profundamente, para depois pensarem que tudo não passou de sonho.
TITÂNIA- Música!
(Música.)OBERON- Música para encantar o sono! Vamos, minha querida, dê- me suas mãos. Agora que terminou a discórdia entre nós, devemos lembrar que amanhã, à meia-noite, vamos dançar diante de Teseu e Hipólita,  para  que  alcancem  grande  prosperidade35  e  tenham  muitos filhos.
PUCK- Senhor rei dos duendes e senhora rainha das fadas, a cotovia já está anunciando o amanhecer.
TITÂNIA- Sim, vamos, meu amor.
(Saem.) (Ouve-se        um                     toque           de    clarineta.    Entra Hipólita,)
Hipolita - O dia está apenas começando. Vamos aproveitar esta manhã livre para nos divertirmos.
Mas, esperem... quem são esses que dormem sob as árvores?
Aquela é Hérmia filha de Egeu! E eis ali Lisandro! E Demétrio! E Helena, a filha de Nedar... O que estarão fazendo aqui reunidos?
Provavelmente chegaram de madrugada, para participar dos ritos sagrados do início do verão, e resolveram descansar um pouco... Mas, bom é hoje o dia em que sua filha Hérmia deve dar a resposta sobre o casamento?
(Soam clarins. Lisandro, Demétrio, Hérmia e Helena despertam e se
levantam.) Bom dia a todos! Mas vocês não eram grandes inimigos e rivais no amor? O que agora fazem aqui, dormindo lado a lado em perfeita harmonia?
LISANDRO- Peço perdão, senhora. Estou um pouco confuso. Na verdade, não sei se estou dormindo ou acordado... Nem sei ao certo como vim parar aqui. Mas quero dizer-lhe toda a verdade. Acho que vim para cá com Hérmia, sim, íamos fugir juntos, para escapar às leis de Atenas...
DEMÉTRIO- É verdade. A bela Helena contou-me que eles tinham planejado fugir e esconder-se neste bosque. Com raiva, persegui-os até aqui. Helena, por amor, seguiu-me. Então aconteceu algo, que foi sem dúvida obra de um poder misterioso... O fato é que toda a paixão que eu sentia por Hérmia desapareceu como a neve ao sol. No fundo, sempre amei Helena. Agora que voltei ao meu estado normal, posso dizer que de todo coração amo somente Helena e para sempre lhe serei fiel!
Hipólita- Meus caros acho que esses jovens namorados merecem algo de especial! Pois, onde há amor, há felicidade... Assim, proponho que voltemos para Atenas e que todos se casem hoje mesmo, numa única festa!
HIPÓLITA- Os apaixonados, assim como os loucos e os poetas, têm o cérebro tão quente de fantasias que enxergam aquilo que a compreensão não pode ver. Contudo, apesar de estranhos os eventos que eles nos contaram parecem ter uma coerência, uma lógica que ultrapassa a fantasia.
Desejo a vocês muita alegria e muitos dias de amor, meus amigos.
LISANDRO- E nós lhes desejamos a mesma sorte.
Hipolita - Agora, vamos todos nos divertir!
 (Sae Hipólita. Os namorados ficam um pouco para trás.)
DEMÉTRIO- Tudo o que aconteceu me parece vago como montanhas ao longe, encobertas pela neblina.
HÉRMIA- Tudo parece um sonho.
HELENA- Mal posso crer que Demétrio está me amando novamente...
DEMÉTRIO- Vocês têm certeza de que estamos todos acordados? É mesmo verdade que Hipolita esteve aqui ainda há pouco e disse para seguirmos?
HÉRMIA- Sim, é verdade.
LISANDRO- Ela nos pediu que fôssemos ao palácio, em Atenas.
DEMÉTRIO- Então é tudo verdade, não estamos dormindo. Vamos! No caminho contaremos nossos sonhos.
(Saem.) FUNDILHOS- (despertando) Avisem quando chegar a minha vez! Minha próxima fala é... Ei, Marmelo!  Será que foi embora e me deixou dormindo aqui sozinho? Tive um sonho estranho, inexplicável. Parece-me que no sonho eu era... Não, é impossível explicar o que eu sonhei. Vou pedir a Marmelo que escreva uma poesia a respeito. Eu poderia recitá-la diante de Teseu, Isso mesmo! E vai se chamar “O Sonho sem Fundo de Fundilhos”.
 ATO V
PUCK- Nesta hora escura, em que apenas os leões rugem na mata, os lobos uivam para a lua e piam as corujas agourentas, nós, os elfos, estamos
alertas. Quando brilha o sol, nos escondemos. Na frente de todos eles eu vim a este palácio, de vassoura na mão, para limpar o batente da entrada afastando todo o mal que puder rondar a casa.
(Entram Oberon, Titânia e séqüito.)
OBERON- Espalhem luz por toda parte! Fadas, dancem e cantem, aproveitando o clarão!
TITÂNIA- Sigam a melodia e, dançando com graça, vamos abençoar esta casa!
(Cantam e dançam.) OBERON- Antes que chegue a aurora, vou abençoar o leito deste palácio.
Para que os casais que aqui estão vivam sempre em harmonia. Para que seus filhos sejam saudáveis, que cada fada cumpra a sua parte lançando algumas gotas de orvalho! Mãos à obra! Antes da aurora, encontremo-nos todos  no bosque!
(Saem Oberon, Titânia e séqüito.) PUCK- Caros espectadores! Espero que não tenhamos lhes causado nenhum cansaço.  Se  por  acaso  não  acreditarem  em  tudo  o que  se  viu  nesta encenação, pensem que estiveram a sonhar e que tudo não passou de um sonho estranho... de um sonho que apesar dos desencontros termina cheio de felicidade... de um sonho de uma noite de verão!
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carmoferreiraarte-blog · 7 years ago
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Oh linda, paisagem!!!! (em Praça da Sé - Olinda/PE - Brasil)
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carmoferreiraarte-blog · 7 years ago
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#selfienomuseu (em Instituto Ricardo Brennand)
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carmoferreiraarte-blog · 7 years ago
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Pq ainda estamos de férias!!! (em Aeroporto Internacional de Brasília)
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carmoferreiraarte-blog · 7 years ago
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Da série; prefiro as pernas que me movimentam!!! (em Farol De Santa Luzia)
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carmoferreiraarte-blog · 7 years ago
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Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isto não tem muita importância. O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado. (em Farol De Santa Luzia)
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carmoferreiraarte-blog · 7 years ago
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Sigamos assim!!!! (em Fundação Iberê Camargo)
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carmoferreiraarte-blog · 7 years ago
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Agende-se, dia 20/10 às 19:30h no Teatro Municipal Rubem Braga (em Teatro Municipal Rubem Braga)
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carmoferreiraarte-blog · 7 years ago
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Tá chegando o dia galera!!!! (em Teatro Municipal Rubem Braga)
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carmoferreiraarte-blog · 7 years ago
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carmoferreiraarte-blog · 7 years ago
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Dia 13/09/17 - 19h30min Só vem!!!!! (em Teatro Municipal Rubem Braga)
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carmoferreiraarte-blog · 7 years ago
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em Teatro Municipal Rubem Braga
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carmoferreiraarte-blog · 7 years ago
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Ciacfolk 30 anos (em Teatro Municipal Rubem Braga)
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carmoferreiraarte-blog · 7 years ago
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Essa semana tem celebração dos 30 anos!!!!
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