Tumgik
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[ PÃO,PAZ E TERRA]
O Deus em quem eu creio não tem terra pra plantar. O Deus em quem eu creio não tem teto pra morar. O Deus em quem eu creio tem as mãos calejadas, usa boné pra se proteger do sol forte, carregando nas costas a enxada. O Deus em quem eu creio detesta o protocolo, a espera mais uma vez pela reintegração de posse. Esse meu Deus coleciona marcas: do tempo, do sol, mas principalmente da polícia. Esse meu Deus ama agroecologia e sonha com a destruição dos agronegócios. Ama os contos populares e despreza a soberba dos poderosos. Caminha com os pobres e destrói os templos corrompidos pelo capitalismo. Proclama por onde passa: pão, paz e terra! Deus foi assassinado ontem com mais dez pessoas por pistoleiros armados enviados por um dos nossos deputados latifundiários. Mas Deus ressuscitou hoje pra ocupar um prédio abandonado a 15 anos no Rio. Meu Deus sempre ressuscita. Renasce todos os dias no ardor da luta. Foi impossível dete-lo com a cruz. É impossível dete-lo com tiro. É onde houver gente sem terra, onde houver gente sem teto, ali ele ressuscitará pra gritar que é chegado o reino de justiça, que é chegada a revolução!
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[MINHA TEOLOGIA, MINHA VIDA]
Vieram me falar essa semana que eu só estou nessa de viver e pregar sobre um Deus que caminha com os pobres, pq algum teólogo burguês inventou isso.
aí eu quero contar uma historinha: Eu nasci no interior do Rio, em uma favela. Uma favela mesmo ( que a maioria acha que não existe longe da capital), casas muito humildes, tráfico armado, juventude preta sendo exterminada. Minha mãe era de uma assembléia de Deus que ficava lá no morro. O pastor da igreja vendia vassouras debaixo de um sol quente absurdo pra conseguir se manter. Se alfabetizou na ânsia de ler a Biblia. Essa igreja ajudava muito a gente. Era uma comunidade mesmo. Era todo mundo passando aperto mas se ajudando. O grupo de oração das mulheres, se reunia toda semana, passava horas lá de joelhos intercedendo pelo filho de uma delas que naquele momento tava na mira do grupo de exterminio.
A gente passava muito aperto. passamos a vida toda. mas eram esses irmãos e irmãs que socorriam. A gente que vive a margem, a gente que tem que lutar muito pra se manter vivo, aprende na pratica a ser solidário, a sentir a dor do outro pq a dor do outro é a nossa dor. Quando meu pai se converteu, ele foi pra PIB que posteriormente rachou e se transformou em uma das maiores igrejas neopentecostais da cidade. alguns milhares de membros, muita gente com dinheiro, muita juventude animada cantando umas musiquinhas em inglês.
Nos tornamos a família missionária da Igreja. Daí em diante nunca estudei mais de um ano na mesma escola. sempre mudando de cidade pra onde o Bispo da igreja direcionasse. Interior de MG, Baixada fluminense... e quantas vezes, a igreja nao picou o salário do meu pai em varios pedacinhos, quantas vezes cortou pra investir em qualquer outra coisa...e quantas vezes eu nao vi minha mãe chorar baixinho pedindo a Deus um milagre que nos alimentasse. E Deus? Deus sempre fazia os milagres acontecerem, Sempre esteve ali com a gente. Subindo o morro no sol quente depois da EBD, no interior de MG e na baixada clamando pelo que comer, O Deus que caminha com os pobres sempre caminhou com a gente.
Uma vez por mês quando tinha culto de missões, a gente tinha que ir pra igreja sede, dar o testemunho de como estavam os trabalhos missionários. Me lembro de ficar ansiosa pra esses domingos chegarem pq era nesse domingo, que a gente existia pra igreja. Nesse domingo, as pessoas nos enxergavam, nos abraçavam e beijavam, doavam roupas que não queriam mais e até levavam a gente pra comer uma pizza. Eu amava esses domingos. Ser gente visível tinha um bom sabor e eu precisava aproveitar ao máximo antes que o dia seguinte chegasse e a gente voltasse a desaparecer.
Teologia da prosperidade, as lideranças enriquecendo, a gente sempre no aperto. Mas a gente seguiu e chegou aqui pq conhecemos o Deus que caminha com os pobres. Conhecemos o Deus que se fez carne, mas que também se fez classe. Era Deus alimentando a gente, Era Deus consolando meus pais no desespero, era Deus com a minha mãe orando com as irmãs lá no morro que tinham tido seus filhos assassinados. Era Deus ontem, É Deus hoje.
Eu vivo o que eu vivo, eu prego o que eu prego, pq esse sempre foi o Deus que caminhou comigo. Então não. Esse Deus dos pobres, não é uma invenção de algum teólogo burguês.
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[ NÃO TORNE IMPURO AQUILO QUE EU PURIFIQUEI - O DEUS DO AMOR A DIVERSIDADE]
“Tendo fome, queria comer; enquanto a refeição estava sendo preparada, caiu em êxtase. Viu o céu aberto e algo semelhante a um grande lençol que descia à terra, preso pelas quatro pontas, contendo toda espécie de quadrúpedes, bem como de répteis da terra e aves do céu. Então uma voz lhe disse: "Levante-se, Pedro; mate e coma". Mas Pedro respondeu: "De modo nenhum, Senhor! Jamais comi algo impuro ou imundo! " A voz lhe falou segunda vez: "Não chame impuro ao que Deus purificou". Atos 10:10-15 Ah, eu queria abraçar esse texto rs! Amo cada trechinho bíblico desse que revela Deus como o Deus do amor que está acima de tudo. Só pra contextualizar: Os judeus, nesse período ainda eram cheios de regras e dogmas que os tornavam extremamente intolerantes com outros povos, crenças e tradições. Se sentar à mesa com um “gentio” era considerado absurdo. As narrativas de jesus nos evangelhos por exemplo estão cheias de histórias que conectam o Mestre ao povo samaritano, que era um povo extremamente desprezado pelos Judeus e muito por conta de uma cultura mais livre, diversificada que divergia bastante do tradicionalismo e conservadorismo judeu, não é atoa. Pois bem, Jesus é torturado, assassinado, ressuscita e deixa com seus seguidores e seguidoras a missão da construção do Reino que ele tanto pregou a respeito. O livro de Atos é todo pra contar esse processo de pregação da mensagem de Jesus. Aí, Esse Deus “dos judeus” decide se revelar pra um carinha chamado Cornélio, que era italiano, que não foi criado e educado segundo os dogmas judeus, que vivia a vida na prática da justiça, que já construa esse reino do qual Jesus falava mesmo sem saber, mas que não vivia segundo as leis do povo judeu. Em algumas versões, o título desse texto coloca cornélio como Pagão. Quando Deus se revela pra ele e manda que ele chame a Pedro, Deus está simplesmente quebrando em um milhão de pedacinhos a soberba judaica de acreditar que o detinham. Deus não cabe em uma tradição religiosa, Deus não cabe em uma única cultura, Deus não cabe no nosso imaginário a respeito dele. Nós não detemos a verdade. Só uma pausa no texto pra falar que eu sou muito pentecostal mesmo. Tô escrevendo isso aqui com olho cheio d'água, glorificando muito. Que Deus lindo! Quando Pedro tem essa visão, TODAS AS CERTEZAS nas quais a fé dele se baseavam estavam ruindo. “ EU NÃO VOU COMER SENHOR. CRESCI APRENDENDO QUE ISSO ERA IMPURO. CRESCI OUVINDO QUE ERA PECADO. EU MORRO DE FOME, MAS NÃO PECO CONTRA O SENHOR. EU PREFIRO MORRER DO QUE ME CONTAMINAR COM ESSA ABOMINAÇÃO!” E Deus insistia: “ NÃO TORNE IMUNDO O QUE EU PURIFIQUEI. NÃO CHAME DE ABOMINAÇÃO AQUILO QUE EU CRIEI. NÃO SE RECUSE DIZENDO IMORAL SOBRE AQUILO QUE EU CRIEI TÃO PURO E BONITO!” E logo depois os homens enviados por Cornélio chegam para levar pedro até ele. Quando Pedro chega na casa cheia de “gentios” a primeira coisa que ele fala é: Vocês sabem muito bem que eu não deveria estar aqui porque é contra a lei um judeu visitar um gentio né?! Mas Como Deus me disse pra não chamar de impuro homem nenhum, eu estou aqui.” Percebam que mesmo depois dessa visão maravilhosa, ele se mantém com algum nível de resistência. Parece Criança quando faz o que a mãe mandou só porque acha que se não fizer vai ficar de castigo. Ele não estava convencido daquilo, ele só estava obedecendo. Provavelmente achando uma insanidade. As regras ainda gritavam dentro dele. Provavelmente ele sentia algum nível de culpa por estar alí, com aquelas pessoas, porque a tradição gritava que Jesus era uma verdade que pertencia só ao povo dele. E é impressionante como nós falamos isso todos os dias. É impressionante nossa dificuldade de deixar Deus falar mais alto que as nossas moralidades, nossa dificuldade em abrir mão da nossa pretensão de achar que temos a verdade sobre quem Deus é. Depois disso Cornélio explica a pedro como Deus havia se revelado a ele e Pedro não teve saída a não ser entender. “ Agora eu percebi que de fato Deus não separa as pessoas. mas aceita a todos que praticam a justiça! Vocês conhecem a mensagem enviada por Deus através de jesus!” Ele finalmente compreende: Vocês também o conhecem. Ele em toda a sua glória e majestade, não se revelou só pra gente. Vocês conhecem o Messias. Ele não veio apenas para nós, Ele veio pra Humanidade. Percebam como o dogma tem essa capacidade de nos deixar cegos, surdos e mudos diante das revelações de Deus. Pedro andou com Jesus, comeu com ele, o seguiu, viu os milagres, o viu confrontando a liderança religiosa, o viu conversando se assentando com os samaritanos, sendo assassinado por ser altamente subversivo, e ainda não tinha se tocado em quem era Jesus. A pretensão em achar que temos a verdade cria um abismo que nos distancia de Deus, a ponto de nós andarmos com ele, pregarmos sobre ele, e não o conhecermos. Pedro o amava, mas não o conhecia porque o dogma não permitia. Pedro não o conhecia porque Deus se permite conhecer na liberdade, no olho no olho, na ciranda, na troca, porque Deus se revela e se manifesta na diversidade. Deus ama tanto a diversidade que a criou, e não dá pra desejar conhece-lo odiando aquilo que ele criou tão puro, tão belo.. Não da pra conhece-lo gritando ABOMINAÇÃO, a quem ele fez puro. E puro aqui, não tem esse sentido puritano que logo vem na nossa mente não. É puro no sentido de ser livre dessa concepção de pecado. É puro no sentido de ser livre das regras que criminalizam. É puro de ser livre de julgamento. Não torne impuro, não leia segundo o seu dogma preconceituoso aquilo que eu fiz livre pra ser o que é. Não torne impuro de julgar com as suas tradições religiosas humanamente falhas, aqueles e aquelas que eu fiz livres, aqueles por quem eu também fui pra cruz, aqueles e aquelas que são historicamente oprimidos e marginalizados. E pedro finalmente compreendeu: Você aceita a todos aqueles que praticam a justiça. Entendi Senhor. Seus critérios não são como os meus. Minha “moralidade” é trapo de imundícia pra você. Tu és o Deus da liberdade, da diversidade. Tu és como vento que sopra onde quer, como quer, sobre quem quer! Eu aposto com vocês que essa experiência foi um marco no relacionamento de Pedro com Deus. Porque quando a trave do dogma caiu dos olhos de Pedro, ele conseguiu, ali, na diversidade, no considerado Impuro pela religião, enxergar o Deus sobre quem ele pregava. O nosso desafio hoje, como igreja em pleno século XXI, permanece o mesmo: Arrancar dos nossos olhos as traves culturais-religiosas que nos impedem de na diversidade, enxergar os diferentes rostos de Deus. Não é por acaso que o símbolo de fidelidade dele conosco é um arco-íris! rs Que o Espírito Santo, que nos convence do pecado, da justiça e do juízo, revele-se para nós nas famílias formadas por pessoas LGBTT, revele-se para nós na resistência da periferia, se revele para nós nas narrativas, histórias e vidas dos nossos irmãos e irmãs do Candomblé e Umbanda, se revele para nós na libertação dos nossos corpos e sexualidades. O grito de Deus hoje pra bancada evangélica assim como foi pra pedro é: Pare de chamar Imundo o que eu purifiquei. O grito de Deus hoje pras lideranças evangélicas como malafaia é: Pare de chamar abominação aquilo que eu criei. Se nós, em toda nossa prepotência até agora só sentimos chuva, Que Deus venha como furacão, destrua tudo que achamos que sabemos sobre ele, e nos revele sua doce e misericordiosa graça toda vez que olharmos a DIVERSIDADE.
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[ CULTURA DO ESTUPRO, SUSANA E DEUS MULHER]
Hoje quero escrever sobre uma história bíblica que não está na nossa bíblia evangélica. Ela está no capítulo 13 do livro do profeta Daniel, na bíblia católica. Na nossa bíblia esse livro para no capítulo 12. Mas é uma história tão profundamente inspiradora, que eu não podia não falar sobre ela. Susana era uma mulher belíssima, extremamente temente a Deus, casada com um homem importante e respeitado. Ela gostava de passear no jardim ao lado da casa, e foi assim que dois homens pais de família que haviam sido nomeados juízes naquele ano, conselheiros do povo, que frequentavam sua casa por causa de seu marido, começaram a cobiça-la. Um não contava pro outro porque sentiam vergonha de desejarem transar com ela. Um dia, ambos se despediram para ir embora, mas deram meia volta e se encontram no mesmo lugar para a observarem e foram obrigados a contar um pro outro o que se passava. A partir daí, começaram a procurar uma boa oportunidade para pega-la sozinha. Em um dia de muito calor, Susana resolveu tomar um banho no jardim e pediu para que suas empregadas buscassem os óleos e perfumes. Assim que as portas se fecharam e ela ficou sozinha, os dois homens foram atrás dela e lhe disseram: Olha, os portões estão fechados, ninguém está nos vendo e nós queremos você. Concorde com a gente e vamos transar. Se você não concordar, nós vamos acusar você dizendo que vimos você adulterar com um rapaz e por isso mandou as empregadas saírem. Susana suspirou e disse: Eu estou sem saída. Se eu fizer isso, serei condenada a morte, se não fizer estou condenada a cair nas mãos de vocês. Mas eu prefiro dizer N O! E em seguida ela gritou forte e os dois homens também gritaram contra ela. No dia seguinte, quando o povo se reuniu na casa do marido dela, os dois homens chegaram cheios de planos contra ela para que ela fosse condenada a morte. Mandaram chamar Susana que chegou acompanhada de seus pais, filhos e parentes. Eles mandaram tirar o véu que cobria seu rosto só pra que sadicamente continuassem olhando e alimentando seus desejos por ela. CHORANDO, ELA OLHAVA PARA O CÉU, POIS CONFIAVA NO SENHOR. Os dois homens contaram a história que planejaram anteriormente e a acusaram de adultério. A assembleia acreditou neles porque era formada de homens anciãos, juízes e pais de família assim como eles e a condenou à morte. Susana em voz alta clamou: “Deus eterno que conhece e vê tudo o que acontece, Tu sabes que eles mentiram contra mim. Vou morrer sem ter feito nada do que eles me acusam.” Deus atendeu ao clamor dela e enquanto ela era conduzida para a morte, o Espírito Santo despertou o profeta Daniel que gritou: Como vocês são idiotas! Sem julgamento e sem clareza dos fatos vocês acabaram de condenar uma israelita a morte. Voltem para o tribunal porque esses homens mentiram sobre ela. Daniel interroga os dois homens que se contradizem em seus testemunhos e são condenado a cumprir a pena que Susana cumpriria segundo a lei de Moisés, enquanto Susana junto com a família louva a Deus que intercedeu por ela! Que história meus amigos. Que história! Eu me emocionei lendo esse texto algumas vezes. Me emocionei pela identificação. Me emocionei por me enxergar. Por nos enxergar nele. Apesar dos nossos cultos, leituras nas igrejas apagarem esses relatos, é incrível como Deus fez questão de deixa-los lá, explícitos. Existem diversas histórias de estupro na bíblia. Histórias que denunciam desde sempre a cultura do estupro. Mas o que mais me chama a atenção nesse texto , é a riqueza de detalhes em descrever quem eram esses caras. A precisão em apontar que eram chefes de família, anciãos, Juízes de Israel, conselheiros do povo. A precisão do texto em apontar a “cara “ do patriarcado. Eu chorei lendo isso e to aqui compartilhando com vocês, porque não foram uma nem duas vezes que eu e outras tantas mulheres nesta vida fomos assediadas e nossas palavras foram desacreditadas e nós tivemos que ouvir: “ Mas fulano? Ele nunca faria isso. Você está louca. Ele é pai de família, Homem de Deus, Liderança,Trabalhador honesto...” Não foi uma nem duas vezes que fomos tidas como mentirosas, que nos apontaram como as imundas provocadoras imorais. Não foi uma nem duas vezes que procuramos nossas lideranças da igreja e fomos batizadas nos rios de culpa enquanto chorávamos despedaçadas depois dos nossos corpos serem violentados. Susana sou eu. Susana são as minhas amigas. Susana é minha mãe e minha irmã. Susana é minha avó, minha professora, a moça que me atende na padaria de manhã, susana é a irmã que canta no louvor. Susana é a mulher de ontem e é a mulher de hoje. Eu chamo os homens leitores a saírem da defensiva agora e lerem atentos e abertos a essa explanação e exortação. Quando nós dizemos que todo homem é um potencial estuprador, falamos disso: Uma amiga foi estuprada pelo próprio pai, uma outra pelo professor, uma tia pelo tio dela, eu por um missionário. Como não encara-los como potenciais estupradores? Se esforcem para compreender. Em todos esses casos fomos desacreditadas. Em todos esses casos, as características de “homens decentes e tementes a Deus” foram exaltadas pra inocentar esses homens. Quando dizemos que vocês são potenciais estupradores, estamos apontando pra vocês em desespero que vocês podem até não ser, mas mesmo que fossem teriam credibilidade e um milhão de apoiadores fiéis que surgiriam do além pra falar de seu caráter impecável enquanto nós continuaríamos desacreditadas e subjugadas com nossos corpos agredidos. Se esforcem um pouquinho (não é difícil) pra compreender que quando a gente está sozinha na rua e um de vocês surge, não importa nada a seu respeito, você é um potencial estuprador e nós andaremos o mais rápido que pudermos para nos distanciar. Quero que esse texto lhes sirva também. Que vocês a partir dessa reflexão, se desafiem a clamar para que o espírito Santo de Deus aponte pra vocês os pecados. Eu consigo tranquilamente imaginar, que se Susana naquele tempo se levantasse para dizer o que estou dizendo agora, aqueles homens na mesma hora se levantariam para se defender: “Você está generalizando Susana! Isso é um erro! Nós somos chefes de família, juízes, conselheiros, homens de Deus!” E dias depois estariam ali naquele jardim, intentando contra ela. Não nos digam que são a exceção. Não nos digam que isso é uma generalização. Reconheçam seus privilégios, se calem e nos ouçam mais. Permitam que o convencimento do Espírito venha sobre vocês, permitam se reconhecerem machistas, assediadores, violentos, misóginos para que o arrependimento venha e uma estrutura inteira de pecado e injustiça seja modificada. Outra coisa que me chama a atenção aqui, é a confiança de Susana nesse Deus mãe, mulher, que a conhecia, que sabia das injustiças, que via seu coração, que lutava com ela aquela batalha. Ela chorava, mas chorava olhando pro céu. Chorava elevando os olhos para as montanhas sabendo que seu socorro vinha de Deus. A palavra RUAH, é substantivo feminino em hebraico. A RUAH, é vento, sopro, alento, respiração, força e fogo. Palavra usada para identificar a terceira pessoa da trindade, foi traduzida como Espírito na Bíblia. A RUAH é o feminino de Deus. “Ruah eterna que conhece e vê tudo o que acontece, Tu sabes que eles mentiram contra mim. Vou morrer sem ter feito nada do que eles me acusam.” Ruah eterna que tudo vê, sabes como esse sistema patriarcal poupou mais uma vez os homens agressores e condenou-me a morte. Sabes como tudo que eu mais quero é liberdade. Sabes que meu maior desejo é viver sem medo. Mas sabes também que me silenciam noite e dia, enquanto os meus inimigos gritam contra mim. Quantas de nós mais seremos condenadas enquanto se perpetuam no poder, como juízes os que nos sentenciam a morte? Deus Mãe, quantas vezes mais meu corpo será violado, meu não será ignorado, meu choro ficará entalado na garganta enquanto dizem de mim IMORAL? O clamor de Susana é o clamor de todas nós. Foi RUAH quem ouviu sua oração, é RUAH quem escuta hoje a nossa oração. É Ela quem seca as nossas lágrimas, quem sopra sobre nós o sopro de resistência. É ela quem nos dará as estratégias, que nos guiará a frente da batalha. É RUAH quem vai disparar através de nós cada flecha, cada lança, que derrubará o patriarcado!
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[ A SANTA CEIA DOS EXCLUÍDOS]
Tomando o pão, deu graças, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: "Isto é o meu corpo dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim". Da mesma forma, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: "Este cálice é a nova aliança no meu sangue, derramado em favor de vocês. LC 22: 19-20 Eu não acredito em um Deus distante. Não acredito em um Deus autoritário e vingativo. Eu acredito no Deus que se fez carne e classe. Acredito no Jesus preto, na periferia , desacreditado por muitas pessoas, demonizado, chamado de subversivo, que veio pra mostrar que a vida sempre deve estar acima do dogma, que criou desafeto com a elite religiosa moralista de seu tempo, que andou com as PUTAS, que amou os odiados, que acolheu os rejeitados, eu acredito no Deus que se fez marginal por todos nós marginalizados. A santa ceia, que deveria ser um momento lindo de memória santa de Luta, pra mim anos atrás se tornou símbolo de segregação, amargura e distanciamento de Deus. A igreja cultivou em mim e em tantos de nós um medo de errar que é fora do comum. Esse medo é muito responsável por gerar uma culpa autodestrutiva insana que faz nascer amargura, dor e sofrimento. O terrorismo psicológico sobre pecado e inferno só são capazes de criar uma decepção absurda a cada erro ou pecado cometido porque é o tipo de discurso que nos distancia da nossa realidade humanamente falha, e cria , principalmente na igreja um ambiente de “competição” de quem é mais santo. Uma juventude toda vivendo a vida a partir do medo e do terror na busca desesperadora por uma santidade inatingível. Eu nas minhas eternas buscas por “libertação” da minha sexualidade “imoral”, quantas vezes não me privei de participar da ceia. Quantas vezes não fui privada...E a cada vez que isso acontecia era um sofrimento intenso de encarar os olhares de julgamento de pessoas se perguntando “ que pecado será que ela cometeu dessa vez?” Era como escrever PECADORA bem grande na testa ou colocar um alvo nas costas pra que as pessoas atirassem suas caras de desconfiança e palavras amargas. Eu quis tanto por tanto tempo participar daquele momento...Mas não fui santa o suficiente pra merecer tomar parte no corpo de Cristo. Depois de romper com a igreja onde passei a vida, eu descobri que a LIBERTAÇÃO que eu precisava, estava longe de ser da minha sexualidade, mas era daquele modelo religioso fundamentalista que é incapaz de perceber as realidades concretas da vida. Estava feliz namorando uma outra mulher, completamente apaixonada e pela primeira vez, sem qualquer peso de culpa nas costas, sem qualquer medo moralista afetando meu coração. Estava bem. Depois de muitos anos, estava bem. Fui com ela a comunidade de fé onde congrego até hoje, era culto de páscoa, a mensagem foi maravilhosa , estávamos muito felizes porque passamos o culto todo sem receber um único olhar hostil. Aí veio a hora tão temida: a Ceia. Eu já estava a tempo demais longe daquilo. Me recusava a continuar assim. Eu sou filha de Deus, compreendo o sacrifício de Cristo, sou parte desse corpo. Eu ia cear! Pegamos o pão, o vinho, eu e ela. Trocamos uma com a outra, trocamos uns com os outros, e ceamos. Eu chorava copiosamente enquanto olhava pra ela emocionada com os nossos copos vazios na mão. Ceamos! Não existia nenhum dogma que pudesse se sobrepor a nossa vida. Comemos de seu corpo, bebemos de seu sangue, em memória de um Deus que morreu por nós e que morre conosco a cada assassinato LGBTT, a cada massacre na favela, a cada corpo feminino estuprado. Comemos de seu corpo e bebemos de seu sangue chorando de gratidão pela graça que nos alcançou. Ceamos sentindo um fôlego do Espírito em nós, sentindo um sopro divino de RESISTÊNCIA. De lá pra cá, esses momentos de Santa ceia, tem me enchido de alegria, de vida, de amor. É essa a ceia que o Deus preto, na periferia , desacreditado por muitas pessoas, demonizado, chamado de subversivo, que criou desafeto com a elite religiosa moralista de seu tempo, que andou com as PUTAS, que amou os odiados, que acolheu os rejeitados, que se fez marginal por todos os marginalizados deixou pra nós. Deus convida a todos nós colocados no "banco", privados de exercer nossos ministérios, estereotipados, julgados, silenciados, historicamente oprimidos pra tomar parte no seu Reino. É a santa ceia dos excluídos alcançados pela doce misericórdia de Cristo! Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor. Romanos 8:38,39
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[JESUS CRISTO E A REVOLTA DE STONEWALL]
Dia 28 de junho é uma data celebrada mundialmente que marca um episódio que aconteceu em Nova Iorque no ano de 1969, quando ocorreu um levante LGBTT no bar de Stonewall em resistência ao abuso policial. Ser LGBTT nesse período era certeza de viver na clandestinidade. Existem relatos que vão desde a prisão até procedimentos psiquiátricos e internação em manicômio. O que aconteceu em Stonewall em 69 culminou na primeira parada LGBTT no ano seguinte, em 1970, e até hoje é memória da luta pelos direitos da comunidade LGBTT. 48 anos depois , temos muitas vitórias pra comemorar, mas temos muitos desafios pela frente. No Brasil acontece em média um assassinato LGBTT a cada 25 horas. O Brasil é o país que mais mata Travestis e Transexuais e Metade de todos os assassinatos do mundo, acontecem aqui. Esses dados assustadores deveriam nos chocar. Deveriam provocar na Igreja uma comoção profunda e uma busca desesperadora pela mudança dessa realidade. Mas o oposto disso tem acontecido. A Igreja não apenas tem se omitido como tem dado as armas para que atirem contra nós. Propusemos o debate de gênero e diversidade nas escolas como forma de educar nossas crianças contra a LGBTTfobia e o machismo, a Igreja lotou as câmaras municipais de suas cidades pedindo por um proibição dessa discussão. Conquistamos o direito óbvio ao casamento, a bancada evangélica quer votar um projeto que define Família como mãe, pai e filhos e retroceder nesse nosso direito. Em Uma cidade do interior do estado, um suicídio coletivo LGBTT aconteceu com adolescentes entre 13 e 15 anos depois de vários episódios de violência na escola sem que nada fosse feito. Na Baixada fluminense toda semana são relatos de assassinatos com sinais de tortura. Na Chechênia recentemente descobrimos um campo de concentração para Lésbicas, Gays, bissexuais, Travestis e Transexuais. E a Igreja tem alimentado todas essas mortes com um discurso absurdo e violento nos seus púlpitos, na sua atuação parlamentar, na sua relação com as famílias. Todos os dias, pessoas LGBTTs são expulsas de casa pelas suas famílias cristãs. E todos os dias a igreja tem dito que quem quer destruir a família somos nós. Eu que vivi toda a minha adolescência entre jejuns, choros e clamores fervorosos pedindo a Deus pra me curar e libertar, eu que passei pela experiência das tantas tentativas de exorcismo, eu que apanhei muito quando mais nova pra não andar com a amiga lésbica, eu que fui posta pra fora, que colhi a rejeição da família, o abandono dos amigos crentes, eu que sou demonizada constantemente, sei bem o quanto a Igreja é violenta. Sei bem o quanto a Igreja nos afasta de Deus. O quanto a igreja nos joga num mar de culpa autodestrutiva até que não reste mais saúde psíquica. Mas eu também tenho vivido algo novo: a família se achegando, o perdão acontecendo, laços sendo reatados e a brisa do espírito santo de Deus soprando pra trazer esperança. Jesus, preso político, demonizado, torturado e assassinado estava lá em Stonewall. Estava lá levando Resistência. Estava lá sentindo nossas dores. Estava lá enfrentando a policia. Esse Deus de Stonewall, é o mesmo Deus que hoje está conosco, nos consolando e nos dando força pra resistir .É o mesmo Deus que faz das nossas existências, enfrentamento a esse CIStema de extermínio. É o Deus que nos alcançou com a sua graça e que derrama sobre nós bálsamo de misericórdia pra aliviar a dor. Esse maravilhoso Deus. É quem depois da tempestade, pinta o arco-íris no céu pra nos lembrar que Ele continua aqui com a gente e pela gente. O fundamentalismo que assassinou Jesus, assim como tantos de nós, agora, acuado, começa a dar passos pra trás porque percebe que a Cruz nunca foi o fim, e assiste assustado a ressurreição da ESPERANÇA
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[DEUS É UM SEM TERRA GRITANDO: REFORMA AGRÁRIA JÁ!]
Essa semana eu estive em uma ocupação de terra feita por várias famílias agricultoras. Essa área é uma das tantas que “pertencia” a Eike Batista e que o governo ao invés de garantir que retornassem pra quem sempre foi de direito, negociava um grande projeto com várias empresas multimilionárias para aquele território. Eu não sei se vc já teve a chance de conhecer uma ocupação/ acampamento desse tipo, mas garanto que é uma excelente experiência para te aproximar de Deus. É uma grande área, com barracas improvisadas feitas de lona que durante o dia esquentam muito e durante a noite não te protegem do frio , comida, banheiro, tudo no improviso. No sufoco. Tem gente ali de tudo que é idade. São famílias inteiras, desde a avó até o netinho bebê de colo. São pessoas que lutam pra garantir aquilo que em suma, já é delas. São pessoas que lutam pelo direito básico de ter onde plantar e colher. São famílias inteiras que a vida toda foram exploradas por “donos” de terra plantando e colhendo onde nunca foi delas, pra quem nunca se importou com elas. Elas só querem terra pra plantar. Nessa ocupação, estávamos todos apreensivos pra chegada da resposta do juiz sobre o pedido de reintegração de posse feito pelas empresas. Já estávamos com o coração apertado entendendo que quase sempre a decisão se volta contra os trabalhadores. Aí pra nossa surpresa, o parecer do juiz foi favorável! Com a notícia dada, começou ali um canto de celebração, um grito de palavras de ordem, gente se abraçando, as crianças pulando e meu olhos lacrimejando diante daquela cena. Foi quando um som me chamou a atenção. Era uma voz feminina gritando de longe, era a voz da dona Maria. Uma senhora de cabelos brancos já, mãos calejadas e muitas marcas que o tempo Fez questão de deixar, boné na cabeça pra se proteger do sol forte e de braços dados com seu marido. Dona Maria Glorificava a Deus! Glorificava sem parar. Chorava, levantava as mãos pro alto e repetia “ Obrigada meu Senhor Jesus! Obrigada Deus todo poderoso!” Eu que já estava emocionada, terminei de me acabar com aquela imagem. Me aproximei dela, ela me olhava e continuava “ Deus é fiel minha filha. Vc ta vendo? Deus cuida da gente! Deus está com a Gente. Ele ta com a gente. Ele ta qui!” Eu só abracei Dona Maria e logo depois caí de joelhos na terra, sentindo o espírito Santo tão forte...tão forte. Eu sabia que o que ela falava não era só comemoração com palavras aleatórias de um vocabulário crente. Ela sabia que Ele estava ali mesmo. Ela sentia. Pq ela sabe que Deus é o Deus dos oprimidos. Pq ela sabe que Deus é o Deus que luta conosco as nossas lutas. Ela o conhecia o suficiente pra saber que ele não arredaria o pé dali ate que a terra fosse de quem devia ser. Ela conhecia Deus o suficiente pra olhar para aquela terra e saber que Deus tinha montado acampamento ali. Pra saber que Deus OCUPAVA aquele espaço junto com ela. Ela sabe que Deus é o Deus que tem ansiado junto com ela a Reforma agrária. Dona Maria chorava e glorificava pq sabe que Deus é um Sem terra, comemorando com ela, seu novo pedacinho de chão pra plantar.
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[ ESCORRE SANGUE INDÍGENA, ESCORRE SANGUE DE DEUS]
Nessa madrugada, o povo Gamela foi violentamente atacado no MA por fazendeiros contrários a retomada de terras. Até agora, as notícias são de pelo menos 13 feridos a golpes de facão e paulada e 2 que tiveram membros decepados! O extermínio indígena que acontece diariamente no nosso país é uma realidade que nos chama a um posicionamento enquanto Igreja de Cristo Jesus. O evangelho está do lado dos oprimidos gritando contra toda forma de opressão. Deus está na luta contra os grandes latifundiários! Deus está clamando: Demarcação Já! Uma Igreja que fica muda diante do massacre que está acontecendo ao povo Gamela, nunca conheceu Deus! Uma igreja que se propõe fazer a defesa da família mas nunca se lembra de gritar pelas famílias indígenas, nunca conheceu o Evangelho! Uma igreja que se se cala diante do genocídio, é uma igreja genocida! Nessa madrugada, Deus foi violentamente atacado no MA por fazendeiros contrários a retomada de terras. Até agora as notícias são de que ele foi ferido a golpes de facão e paulada e teve os membros decepados! Estamos juntos, na oração e na Luta!
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[AOS MEUS IRMÃOS E IRMÃS DO AXÉ]
Eu passei 18 anos da minha vida com absolutamente tudo sobre vocês sendo demonizado pra mim. Se alguém me oferecesse comida ou água, eu deveria morrer de fome e sede, mas nunca aceitar o que me ofereciam. Cresci ouvindo coisas absurdas sobre as entidades. Cresci com o medo sendo gerado em mim. Cresci ouvindo que eu não podia ser amiga de alguém com uma fé diferente da minha. A intolerância foi gerada em mim desde sempre. Fui formada pra acreditar que quando um terreiro é incendiado, é a ira de Deus contra o pecado, mas quando alguém reclama do som alto da igreja, é um ataque de satanás contra nós porque estamos fazendo a vontade de Deus! Não foi uma nem duas vezes que reproduzi falas absurdas contra colegas da escola que eram da Umbanda e Candomblé. Mas a graça redentora de Deus me encontrou, e desde então comecei a compreender o quanto tudo que eu vivi até ali, precisava ser desconstruído. Tem sido um longo processo. Tem sido um árduo processo. Mas sigo nele por compreender que Jesus não esperaria de mim outra coisa se não isso. A primeira vez que fui a uma celebração da Umbanda, fui me sentindo "a super desconstruída". Quebrei a cara em mil pedaços. Descobri o quanto faltava ainda pra que eu me tornasse uma pessoa melhor. Os questionamentos vinham na mente, as palavras da minha família sobre tudo aquilo vinham a tona, o medo aparecia e eu só queria me libertar daquilo. Continuei indo sempre que podia é em algum momento, eu olhei pra mim mesma e só encontrei paz. Paz por estar ali, paz de ouvir cada palavra, de observar cada movimento. Paz. Só paz! Era como se o Espírito Santo soprasse no meu ouvido que era aquilo. Que era mesmo pra eu estar ali. Que era o que ele queria de mim. Eu sei do teor racista na intolerância religiosa. Eu reconheço meus privilégios enquanto pessoa evangélica em um estado que se diz laico, mas não é. Reconheço os tantos erros que cometi nesses anos e lhes peço perdão. Reconheço o quanto ainda preciso caminhar, mudar, me converter ao amor. Mas só quero dizer a vocês meus irmãos e irmãs do axé, que hoje, a minha fé não comporta intolerâncias. Quero dizer que o cristo a quem reivindico se envergonha de tudo aquilo que a igreja tem feito com vocês historicamente. Eu não sei o que é ter meus ritos interrompidos, não sei o que é sofrer com leis sendo criadas que me impedem de exercer minha experiência religiosa. Não sei o que é ser impedida de entrar na escola por ter guias no pescoço. Não sei o que é ser humilhada, agredida e até morta porque o mundo não aceita a minha fé. Eu não sei. Mas eu sei que quero me levantar pra gritar com vocês contra toda forma de opressão. Quero me levantar pra gritar não a falta de laicidade do estado. Quero também dizer aos crentes que o Cristo se envergonha com cada palavra de desumanização que proferimos nos nossos púlpitos. Que deus está passando bem longe de cada templo que tem pregado a demonização. O que eu queria mesmo, era que todos nós percebêssemos o quanto o cerne da mensagem do nazareno foi o amor e que longe do amor, nada vem dele, nada é pra ele. "Ora, se a fé é a certeza daquilo que não se vê" sigamos caminhando juntos rumo a um mundo de paz e liberdade, mesmo que ainda não consigamos visualiza-lo. Que a utopia de dias melhores nos carregue no colo com as bênçãos de Jesus e todos os Orixás!
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[ SOBRE JESUS, MULHERES E ABORTO]
Quero ser voz profética de denúncia contra o pecado. Recuso-me a ficar calada diante de tantas mortes. Quero que se registre neste espaço, minha indignação com aqueles cujas mãos estão sujas de sangue. Enquanto mulher cristã, me posiciono pra dizer que a minha fé não comporta genocídios. A minha fé não comporta esse machismo sistemático que nos massacra todo dia. 40% das mulheres vítimas de violência doméstica são evangélicas. 70% das mulheres que abortam se declaram cristãs. E não somos tema de nenhuma pregação. Nossos corpos agredidos,violados, nossos corpos mortos que nunca foram nossos, também nunca foram preocupação no sermão de domingo à noite. Sofremos constantemente com a fé alienadora e dogmáticA nos fazendo beber doses altas de culpa, tendo overdoses de demonização. Mas ninguém fala sobre as nossas mortes. Por isso quero dizer desses templos, que o Cristo não ESTÁ lá. Saiu correndo pra procurar a mulher que sozinha em casa está tomando o chá. O Jesus tão citado nos púlpitos, em pranto foi ao encontro da mulher que se despedindo da vida está em qualquer clínica clandestina. O Deus Mãe, o Deus mulher, em pranto carrega no colo as tantas de nós assassinadas pelo silêncio e negligênciA da igreja. O Deus Mãe, o Deus mulher se ausentou das falas de culpabilização, está ocupada demais nos acolhendo com sua graça redentora. Nenhuma condenação há para aquelAs que estão em Cristo Jesus. Cristo Jesus está em nós, chorando com A gente nossa dor, lutando com a gente nossas batalhas, resistindo conosco no front. O Deus do amor enlouquecedoramente subversivo, se manifesta em cada uma de nós que ousa gritar no mundo que nos silencia. Se manifesta em cada uma de nós que ousa ser esperança num sistema que nos obriga a viver no inferno. Deus fugiu do templo. Foi chorar a morte da mulher que abortou!
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POR UMA LEITURA BÍBLICA DE LIBERTAÇÃO DAS MULHERES [GATILHO: ESTUPRO]
Quando a menina de 16 anos foi Estuprada coletivamente no ano passado, eu fiquei alguns dias passando mal com a notícia. Fazer a leitura desse texto bíblico, me trouxe semelhante dor, desconforto e desespero. Acho impressionante que em 22 anos de Cristianismo, em 22 anos dentro da igreja, esse texto nunca tenha me provocado essa mesma reação. Acho impressionante que nas tantas leituras nesses anos, eu nunca tenha parado chocado diante desse relato e chorado amargamente com o coração despedaçado como agora. Me choca esse bom trabalho do patriarcado de nos cegar diante das injustiças cometidas contra nós mesmas. Mas que Bom que seguimos redescobrindo a Bíblia por uma ótica que não invisibilize as violências que sofremos. Que bom que está tendo Leitura feminista da Bíblia sim. Livro de Juízes, no capítulo 19, conta uma história em que um homem abriga em sua casa um levita e sua concubina. Em determinado momento da noite, as pessoas daquela cidade cercaram a casa e pediram a ele para entregar o convidado para ser estuprado. O homem se recusa a entrega-lo por ele ser um hóspede, e em troca oferece sua filha e a concubina: “Não irmãos meus, não façam mal a este homem pois ele está hospedado em minha casa. Minha filha virgem e a concubina dele trarei para fora, humilhai-as e fazei delas o que melhor lhes parecer, porém não façam mal a este homem.” O texto segue com a concubina do levita sendo estuprada coletivamente por toda a noite até o nascer do sol no outro dia, que foi quando o levita a encontra morta, corta seu corpo em 12 pedaços e envia um pedaço para cada tribo de Israel em memória do que aconteceu. Como não ficar em choque diante disso? Como impedir que as lágrimas caiam? Como impedir a revolta de insurgir no peito? Nós estamos falando de um relato de milhares de anos atrás que conta um estupro coletivo. Que escancara pra nós que desde aquele tempo havia uma cultura do estupro que oprimia os corpos. Mas por que é que em todo esse tempo esse texto passou batido pra mim? Pra nós? Pras nossas igrejas? Por que não falamos sobre isso nos nossos cultos? Por que é que diante do massacre diário sobre nós, continuamos invisibilizadas? Quanto tempo se passou desde que esse registro foi feito e nós continuamos sendo entregues para sermos humilhadas, para fazerem de nós o que bem entenderem? Quanto tempo se passou e continuamos aqui nesse lugar de medo, dor e negação de direitos? Isso que escrevo, escrevo como convite, como clamor para que nós, mulheres cristãs nos posicionemos contra essa leitura biblica machista que nos lembra sempre do nosso lugar de submissão, mas que ignora escritos como este que falam sobre as nossas mortes. Isso aqui, é uma convocação a fala nas nossas igrejas expondo os pecados cometidos contra nós que a igreja tem legitimado quando nos silencia. É uma convocação à luta santa contra a devalorização das nossas vidas. É um chamado para que façamos falas proféticas de denúncia contra a opressão histórica a que somos submetidas.Meu desejo é que a revolta tome conta de nós a ponto de nos fazer tomar os microfones e púlpitos e fazer deles espaços de propagação de justiça, esperança e liberdade. Para as tantas de nós violentadas, que Deus mãe nos abrace, nos console, nos dê abrigo e injete nos nossos corações ânimo para seguir na luta contra aquilo que nos feriu. Que consigamos seguir caminhando para o Reino de Deus. Esse Reino onde seremos completamente livres, onde andaremos na ruas sem medo,onde a nossa voz será ouvida em todo canto e onde o nosso canto não será de luto ou lamento, mas será um canto de alegria, gozo e libertação. Que a justiça reine, que a nossa vida seja vivida em abundância e que Deus mulher siga conosco a frente dessa batalha!
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