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PARA LER EM 20.09.2021

Oi daqui!

Hoje é dia 15 de Outubro e eu ainda não fiz a carta desse ano. Quase 1 mês de atraso. Acho que as outras também tiveram atrasos, mas toda vez que lembro dessa carta eu fico “puts... não fiz de novo” e o ciclo continua.

Vou contar um pouco de como foi esse ano dos 25 anos. Tentarei pontuar coisas importantes e, depois, tentar fazer uma recapitulação por meses.

Um dos motivos que eu acredito estar me fazendo demorar a escrever essa carta, é porque eu tenho tido muita falta de vontade de ficar no computador e fazer coisas em geral que o envolvam... Estamos em quarentena há 8 meses, eu acho, e esta pequena casa é tudo que tenho visto e experienciado todo esse tempo. Às vezes cansa ficar aqui. Mas é bom também. Tenho sentimentos muito conflituosos em relação à isso. 

Outro motivo, que também acho que está influenciando bastante minhas emoções neste momento (rs) é o fato de eu estar grávida! Isso é muito surreal. Eu passei a minha vida inteira pensando no momento onde eu engravidaria e seria mãe e como eu queria isso e seria mágico e eu teria meu bebê no colo e seríamos felizes... E está sendo ótimo sim. Mas, ao mesmo tempo, eu me vejo cercada de tantas preocupações... O mundo e como ele está, dinheiro, trabalho, todas as preocupações do parto, pós parto, amamentação... As fases dessa criança, o quanto vai demorar pra ela conseguir se estabelecer como um SER, se ver como um e conseguir responder por suas ações... E ao mesmo tempo como isso tudo vai passar logo e eu vou me ver, lá na frente, perdida nesses pensamentos ao invés de ter aproveitado os momentos... Minha cabeça fica a milhão, a todo tempo... E eu ainda tenho coisas a fazer...

Enfim. É neste ponto em que o mundo se encontra agora: 1. uma pandemia mundial onde, nesse ponto, as pessoas já não se importam mais. Mesmo que o número de mortos não tenha cessado, já vemos pessoas viajando, marcando rolês, se cumprimentando, tirando a máscara para coçar o nariz, matando a saudade da praia... 2. um desgoverno desastroso, cheio de mentiras, roubos, e ninguém faz nada! Nossas florestas estão queimando e eu não consigo entender como isso pode continuar acontecendo com os culpados escancarados para todos... 3. você, grávida, pensando como vai colocar essa criança em todo o contexto sem enlouquecer, provando pra ela que nascer humano te traz possibilidades incríveis... Sendo que às vezes se questiona disso...

Vamos tentar fazer a recapitulação dos meses: SET/2019: Eu e Bob faríamos 1 mês de namoro. Viajamos juntos pela primeira vez em Julho, para Curitiba. Nesse ano, meu aniversário foi no Hopi-Hari, com muitos amigos. Bob, Lahiri, Novinha, Gray, Vitória, Denise, os colegas do Marista João (2), Lucas, Marina (do MI), a Marina, que veio de Brasília, Wal e Bia. Era para o Peres e a Thaís irem, mas eles passaram mal? Ou algo do tipo logo no começo do dia. Foi bem divertido! Apesar de algumas pessoas não terem ido em muitos brinquedos por medo??? Ou outras coisas que hoje me questiono, consegui curtir bastante com as pessoas que foram e estavam presentes ali! Eu e Bob pulamos de bungee-jump e a sensação de vazio foi única e incrível... Sinto vontade de fazer coisas loucas assim de novo! (Tive de abrir o Google fotos para me certificar de fatos mais uma vez) Também teve um outro menino que foi, que eu mal conhecia, que era o Alysson. Ele deu a maior dor de cabeça a todos nós porque não conseguiu pegar o ônibus e teve de ir de taxí, enfim... Foi um rolê. Saindo do Hopi-hari, ainda fomos para um Emo Revival que foi bem meh. Um local apertado cheio de gente bebaça que só queria ficar bebaça por ficar bebaça. Péssimo. Rolês com gente bebendo são péssimos!

OUT e NOV/2019: Não lembro de nada muito marcante que tenha acontecido nesses meses e venho notado desde as últimas cartas que é geralmente assim mesmo. Não sei se me importo com isso! Houveram CCs, Blum’s e fui em uma festa sem o Bob, não lembro porquê. Lembro de ter sido legal, não usei nada, mas fui com pessoas que hoje não me fazem bem lembrar. Eu acho ainda que em algum desses meses, fomos para praia com Lahiri, Gray, Novinha, Dib e Bob... Era para a Jaque ter ido mas ela furou, como já tinha feito em outros rolês. Essa praia me mostrou coisas novas sobre essas pessoas que eu achava serem incríveis e tivemos um doce muito louco, que me tirou bastante da realidade e me fez derreter, da praia até o banheiro do loft. Tive pensamentos intensos sobre como eu tenho vergonha do mundo e das pessoas, e o medo de não conseguir lidar com algo que eu escolhi fazer. Algumas crises derivaram disso. DEZ/2019: Em Dezembro, várias coisinhas aconteceram... Tivemos a festa do Terno Rei, onde a Vitória ficou com o Lahiri pela primeira vez, Jaque ficou toda esquisita com a gente pela primeira vez também, mas foi legal no final das contas. Depois, tivemos a ‘ceia’ de final de ano comemorada lá em casa, onde fizemos comidinhas, e ficamos um tempo juntos, antes de ir pra várias festas (Carlos Capslock, vglnt, the week) numa viagem muito louca, já tendo tomado bala nesse processo todo. Foi legal também, mas hoje não sairia mais com essas pessoas. Depois disso, Bob viajou com a família para Portugal, porque seu irmão estava fazendo intercâmbio lá tinha um tempo.

[ESTOU FAZENDO ESSE REVIEW DO ANO E MAIS UMA VEZ ACHO QUE NÃO FAZ SENTIDO MAS JÁ ESTAMOS AQUI ENTÃO VAMOS]

JAN/2020: No final do ano fizemos um rolê onde a Vitória ficou com o Gray e isso foi estranho, mas hoje rimos bastante disso. Depois, fui com o Bob pra Sanca, pois iriamos passar o ano novo lá, sozinhos, num doce. Esse doce foi bem estranho. Eu senti coisas estranhas no meu corpo e me afundei em brisas sobre a existência humana, e muitas vezes me sentia fora do meu corpo, às coisas não faziam sentido (rostos de pessoas, por exemplo) e eu fui entrando numa paranóia gigantesca sobre isso. Passei a noite inteira em claro tentando me encontrar, me entender nas brisas ou tentando me distrair, nada funcionava... Eu sinto que aquela brisa ficou comigo por muito tempo. Até hoje não entendo o que aconteceu. Acho que o doce foi um gatilho pra algo que já estava dentro de mim adormecido... Ao voltar pra SP, comecei a procurar casas para nos mudarmos. Eu, Bob e Lahiri iríamos começar um “novo capítulo” em SP com uma casa nova. Também teve o Yodi vindo pra SP com uns amigos e curtimos um final de semana juntos. Ele encontrou com a menina que gostava e foi estranho... Ela não gostou de mim.

FEV/2020: Fomos na festa Tantsa, que foi bem legal! Mas algumas pessoas não gostaram. Bob ficou doidinho. Era bem longe, o Uber da volta foi intenso! Neste mês também, nos mudamos pra nossa nova casinha. Foi incrível realizar todas as mudanças, fazer nosso próprio espaço pra coisas doidas, juntos, com amigos... Foi um momento bastante intenso, pelas crises que eu estava passando, mas também bastante libertador! Tivemos algumas festas de carnaval, e acho que foi aqui onde as coisas com os amigos do Bob começaram a ficar estranhas. Era uma galera muito preocupada em ficar muito louca não importando o quê. Divergimos de ideias várias vezes e eu condenei muitas ações que eles tomaram por ali também. Em fev também comecei a visitar a psicóloga e desabafar um pouco do que vinha acontecendo. As festas de carnaval me traziam um sentimento estranho de multidão e incapacidade.  

MAR/2020: Aqui a loucura começou a começar. Uma nova mutação do coronavírus começou a se espalhar pelo mundo, chamado COVID-19. Algumas pessoas, logo no começo de Março já estavam se precavendo, andando com álcool gel, deixando de levar os filhos à escola, alguns locais fecharam circulação de pessoas... Mas a vida continuou. Fomos em uma Blum muito gostosa esse mês, bem antes de começarem a proibir todas as aglomerações. Já tinha bastante gente de máscara. Foi a primeira bala da Vitória. Ela não gostou muito. No final do mês, o Marista fechou as portas por medida do governo, e estava se programando para voltar em duas semanas, assim que o vírus se espalhasse menos. Ficamos sem trabalhar nesse período. Aqui também começamos a ver o desgoverno do presidente, pessoas sem noção e a doce ilusão de que essa quarentena seria rápida. Quando saíamos para andar a noite, estava tudo fechado. Era bem bizarro ver que fazíamos parte disso! O céu estava mais limpo, víamos árvores e prédios muito distantes... O começo foi muito bom pra mim. Eu fiquei muito feliz dessa “pausa” da realidade. Fizemos várias coisas aqui em casa, inclusive...

ABR/2020: Algumas vezes, as meninas vinham passar um período aqui em casa. Cumprimos as higienizações e elas passavam cerca de uma ou duas semanas aqui, e fazíamos coisas em casa. Assistir filme, jogar tabuleiro, ver músicas e dançar na sala... E usar drogas que já estavam compradas. Em Abril o uso foi intenso, tivemos algumas festinhas aqui, principalmente eu Vitória e Bob, e fizemos bom uso delas, rs. Algumas crises surgiram, mas é gostoso lembrar.  Aqui em Abril, as aulas começaram a ser online. E isso era bemmmmm chato. Depois fui acostumando, mas ainda é chato. Aqui também foi quando adotamos nossas gatinhas, Amaya e Sarai e isso causou a maior confusão entre nós e Lahiri. Hoje vejo que foi pro melhor, mas na época foi bem tenso. Mal sabíamos nós que...

MAI/2020: No final de Abril, a minha menstruação não veio. E eu achei isso muito estranho, porque estava com todos os sintomas de que ela deveria vir. Cólicas, seios doendo (MUITO), dores de cabeça... Até que coloquei o dedo na minha vagina pra ver se algo saia dali... E senti uma coisa diferente de tudo que tinha sentido já. Pois é, eu estava grávida. E tinha feito o uso de várias substâncias ilícitas no mês anterior. Eu me culpo bastante por isso até hoje. Por mais que eu não soubesse na época que fiz o uso, ainda fico com o pensamento de que “se meu bebê tiver algo, é porque eu fui OVER”. Assim que descobrimos, já começamos a fazer várias mudanças na alimentação, estilo de vida, e marcar médicos. A nova gravidez, misturada com as crises anteriores não foram fáceis de controlar. E, pra piorar tudo, a Neguinha morreu. Eu me sentia, em muitos momentos, sentindo o peso do mundo, e em outros, sentindo absolutamente nada e bem com isso. Contamos para nossas mães. Eu pra minha primeiro, e ela ficou muito feliz. O Bob estava meio sem jeito de contar pra família dele que, a princípio, surtou por conta do vírus e tudo mais, mas hoje faz tudo pelo bebê.

Os próximos meses, JUN/JUL/AGO/SET se basearam em quarentena. Não saímos de casa para quase nada, somente médicos, mercado, lugares próximos, faz muito tempo que não vemos alguns amigos, e nem fazemos questão de tal. Meu aniversário foi aqui em casa, bem como o do Bob, chamamos apenas a Vitória e compramos um bolinho e nos reunimos para conversar.

Estamos em Outubro. Entrei no terceiro trimestre de gravidez e parece que o tempo está voando, ao mesmo tempo que parece que está tudo tranquilo e vamos conseguir resolver tudo... É tudo intenso.

Esse ano pra mim foi de grandessíssimas mudanças. A pandemia e o isolamento me mostraram que tem pessoas que não se importam com os outros se elas não estiverem bem. Entendo que se sentir bem é importante para muitas coisas, e é preciso cuidar de si antes de cuidar do outro, mas quando falamos de uma situação de alarme mundial, é preciso entender todo o contexto. Seu corpo vai aguentar mais um final de semana sem droga quando sair de casa significa colocar a vida de muitas outras pessoas em risco.

Também percebi o quanto me doo pras pessoas e, honestamente, não tenho a necessidade de cobrar isso de volta, mas às vezes preciso de um aconchego, e não recebo. A Jaque foi uma grande quebra desse ano, a mostra definitiva de quanto me dediquei a auxiliar uma pessoa a crescer, porque ela clamava por isso, e quando precisei de um ombro, de um afeto, receber nada. Afastamento.

Muitas pessoas dizem que a gestação e o pós-parto é um momento muito solitário para a mulher. Estou sentindo isso ao extremo, acredito, por conta da pandemia. Acho que me afeta dias sim, dias não. Estou feliz com o momento de agora, afastada do mundo. Sinto meu corpo mudando e se enchendo de culpas e cargas que terei de carregar e tratar sozinha, e estou tendo tempo para me adequar a isso e me entender sozinha nesse processo... Tá tudo bem. Se eu não tiver alguém pra contar agora, por mais que seja solitário, será de grande autoconhecimento e sinto que venho precisando muito disso agora. Me entender como um ser humano sozinho, completo, que faz o que pode no mundo onde vive. 

Por esse ano, é isso. Essa carta ficou super extensa, e de maneira desnecessária, eu acho. Pro próximo ano, não se sinta obrigada a fazer uma carta de recapitulação. Diga o que sente vontade de dizer e só. Mesmo que sejam duas linhas.

Pri

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20.09.2019

Nem sei como começar essa carta;

Reli as cartas dos anos anteriores e a de 2018 está incrível, parabéns!.

Vou tentar fazer um recap de todos (ou a maioria) dos eventos que eu lembrar e achar importante.

Setembro/2018: Mês de últimas vezes. Festa a fantasia. Rose e Rei Gelado (B.). Relembrar essa festa foi estranho. hoje eu sinto que o grupo de amigos W./B./P./T. não é mais parte do meu escopo de amizades. *É uma mistura de sentimentos lembrar das coisas* Sinto que estão se afastando e sinto que isso não é ruim. Estão em outro momento e vai ser forçado tentar mantê-los por perto. Entrei em um momento de “deixar ir aquilo que não pode/precisa mais ficar”. Parece que faz muito tempo desde essa festa. Você mudou bastante desde lá.

Outubro/2018: Mês de primeiras vezes. Aqui as coisas começaram a ficar mais loucas. Outubro foi a primeira vez que eu fui pra Sanca. Também foi a primeira vez que eu tomei bala. Também foi a primeira vez que o B. disse que me amava. ♥ (parece que faz muito tempo essas coisas, meu deus)

Novembro/2018: Eleições 2º turno. Lembro de ter ficado apreensiva. Quis fazer luta, baixei apps de segurança etc. Fiquei apreensiva por meus amigos. Era só o começo do governo esquisito. Primeiro doce.

Dezembro/2018: (a partir daqui um beck começou a fazer parte do processo). Primeira vez em Jaboticabal. Festa na casa da B. (ano novo). No dia seguinte, fomos na piscina.

Janeiro/2019: X

Hoje é dia 29/09 e, até então, eu não terminei essa carta. A semana antes e a seguinte do meu aniversário foi seguida de muita preguiça e desmotivação (a anterior por desmotivação e crises relacionadas e a seguinte de preguiça). Eu fiquei postergando essa carta porque fiquei imaginando que teria de fazer uma réplica da carta do ano passado; mas das cartas nunca foram sobre isso e sim passar pra VOCÊ o que EU acho importante e necessário de lembrar.

Vou elencar em tópicos o que acho imporante ser lembrado e, daí do atual presente, decide o que fazer: lembrar e contar pra quem estiver com você, fazer um áudio, falar “AFF”, etc.

• Eu comecei a usar drogas (até agora bala, doce e maconha) Eu gosto e acho vezes melhor que álcool Mas qualquer mísero efeito que eu sinta, eu acho que é culpa delas (esquecimentos, travas na fala, cansaço...). E já tentei desprender sentimentos, mas é difícil.

• As metas do ano eram: 1. viajar para a Grécia em 2019; 2. morar com o B. em até 2 anos; 3. estudar grego no duolingo; 4. Iniciar a pós-graduação; 5. encontrar uma atividade física; 6. comprar um projetor; 7. comprar uma mesa; 8. comprar um tênis; 9. fazer uma tattoo; 10. pular no sacomã; 11. aprender malabarismo; 12. aprender a andar de costas no patins. 

• Metas concluídas: 4 (iniciou até duas); 6 (mas ainda não chegou); 7 (não comprou, mas resolveu o problema); Outras ainda podem ser concluídas ainda.

• Eu fiz ainda coisas que não eram meta, mas foram incríveis. Segue: - pulei de bungee-jump no Hopi-Hari. Foi uma sensação única. - Eu e Bob conversamos muito sobre filhos. Ainda é uma questão. Às vezes desejo, às vezes medo. - Iniciei o módulo 1 de LIBRAS e estou apaixonada.

• A Marina te falou sobre acontecimentos da religião dela e aquilo te pegou forte quando soube que seu avô morreu.

• Eu comecei a gravar áudios com pensamentos e isso te ajuda a se entender melhor.

• Eu não faço mais questão de manter amizades que não valem a reciprocidade.

Eu acho que não faz mais sentido essa carta ser longa como a outra. Isso será suficiente pra você (eu acho) lembrar desse ano com carinho, porque ele foi gostoso de viver. 

Pri, Setembro/2019

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PARA QUEM EU FOR EM 20.09.2019

20.09.2018

24 ANOS! Sua mãe esquecendo! Festinha surpresa! Cupcakes Alunos fofos!

Pouco antes da leitura da carta do ano passado, fiz uma leitura das cartas dos anos anteriores. Isso foi bem importante e me fez dar conta de algumas coisas: 1. Existe sempre uma confusão em destinar as cartas a mim ou a você e também de se referir a mim como mim ou você. Cheguei a conclusão de que quem escreve essa carta sou EU. Porque eu sei quem eu sou hoje e o que eu sinto também só eu sei. E não você. "Cada eu que digo é outro". 2. Preciso ser mais detalhista. Sei que às vezes me cansa escrever ou pareço não ter tempo; mas me permiti ter. Decidi que é importante (essa tentativa de carta mais reta está ótima, parabéns). 3. As cartas são sempre muito curtas e rasas. Parece que eu tinha pressa de terminar e/ou achava que iria me lembrar de tudo... E não é assim.

Dito isso, prepare-se para uma carta mais longa que as anteriores e com mais detalhes (vou me esforçar). -x- Sobre a última carta: Existe um ponto onde o D. foi citado. Eu realmente não me lembro da última vez que falei com ele antes do W.. Aquela frase me fez questionar muito sobre isso.

SET/2017:Eu realmente não me lembrava de como foi a festa do ano passado (me rendi ao google fotos). Prof Marina fez uma festinha surpresa para você com as crianças e você comemorou o fim do dia com A. e É.. Tiraram hoje o que são suas fotos preferidas dos três. Já sua festa de aniversário teve o tema festa do pijama + neon e foi incrível. Você estava muito feliz. Se não me engano, ficou com R. e o É. ficou bebinho! Seus amigos fizeram a parede mais incrível do mundo! E você passou horas olhando pra ela. Essa noite você teve ciúmes da D. com o R. e ele dormiu na sua casa.

OUT/2017: Nada extremamente memorável. Charlie ficou bem doente e fez cirurgia. Revendo as fotos, deu muita saudade da Helena G. e Laura M.. O sonho de ter uma filha Helena continua. Você foi no show da Aurora com o D.. E foi estranho achar que ele foi só por você. Eu me senti bem desconfortável.

NOV/2017: Aqui se inicia um marco de lembrança ruim. Estou escrevendo a carta com o auxílio do Google fotos e me doeu muito ver tantas fotos com o D. e com o É. próximos desse período porque não precisa nem passar muito para saber que vão sumir. No dia 15 você estava indo pro show da sua vida. Ia ver Daughter pessoalmente e sozinha! Muito independente e feliz de estar tomando suas decisões! Você viu o R. aquele dia. E eu amava ele. E eu sabia. E aí, quase para ir embora, alguém te olhou. E ninguém tinha te olhado. E marcou. Mas você não tava afim de tomar iniciativa. Mas ele sim. E te chamou para ficar com os amigos e de cara, duas mentiras: "conheço e gosto dessa banda" (nenhum dos dois) e "adoro a cantora da sua camiseta!" (não conhecia). E depois ele sumiu. E eu achei graça nesse cara esquisito e mentiroso que sumiu. De forma insensata, procurei ele no facebook um dia depois, nos encontramos e foi incrível e legal. Deixei ele saber de minha decisão de não namorar e a resposta quase pronta, hoje assustadora, foi: "Eu sempre consigo tudo que eu quero.".

DEZ/2017: Lembro que tive pensamentos do tipo "isso tá muito rápido", mas também "fodam-se as regras da sociedade, ninguém manda em mim e é momento de mudar". Lembro que R. me alertou. Lembro que eu queria que ele tivesse me impedido. Fui na casa dele e busquei todas as minhas coisas e ele chorou. Foi ele implorando. E eu não vi. Foi o terceiro choro do R. em quatro anos que o conheço. Eu murchei um pouco por dentro, mas eu sempre queria mais. Essa cena se repetiu na minha cabeça noites a fio. Eu chorava em todas e W. só me pedia para parar (ou nem isso). Esqueci de comentar que fui demitida da Builders e fiquei abalada, mas feliz de alguma forma. É. também saiu. Tive medo.

Os meses de JAN/FEV/MAR se resumiram em ele se mudando pra minha casa, com minha família, me criticando cada vez mais, criticando  minha família e me convencendo de que TÍNHAMOS que casar e ter filhos HOJE. Às vezes, eu aceitava pra ele parar de falar e ele sempre levou a sério. Me comprou aliança e tentava me engravidar. Meus sentimentos eram sempre de nojo e conflito. Eu sempre quis ter filhos e ele queria tanto que parecia que ia ser um bom pai. Os sinais sempre estiveram ali e eu não via. Ele gritava com a mãe, maltratava meus animais e me convenceu a me afastar de todos os meus amigos. Quando íamos a festas, sempre brigávamos por ciúmes, ele quebrava e destruía coisas minhas e me traiu. Me traiu muito. E quando eu descobri, começou a esconder, mas eu sabia que ainda existia. Obs: Como esse drama durou até JUN/JUL vou parar de falar dele porque AINDA dói. Em Fevereiro consegui um novo emprego. Já estava desesperada e me sentindo um lixo, nenhum lugar me chamava então o escolhido foi simplesmente o único. Lembro de ter tido muito medo e de me sentir constantemente vigiada e julgada. Com o tempo, vi que o que aprendi na Builders foi muito útil e me fazia falta, mas nem toda escola era uma Builders em todos os sentidos possíveis. Tive de aprender a me reinventar, ousar e criar. Foi desafiador. No último semestre da faculdade, tive de procurar um estágio às pressas e quase não deu tempo, mas foi. E foi sofrido. E aí, em Março, fui chamada para participar da TETO, onde tinha minha inscrito como voluntária fixa.

ABR/2018: Fui pro meu primeiro evento massivo da TETO. Não sabia o que esperar, me senti deslocada. mas um cara me chamou muito a atenção. "Sou o B., não gosto de calças". Foi um instant crush muito intenso. Lembro de guardar a aliança. E de não me sentir mal por isso.

MAI e JUN/2018: Foram só dois meses extremamente estressantes pelo fim do semestre e o início do luto pelo fim do relacionamento. Ele percebeu e ficava variando muito de humor. Queria me agradar, mas ainda era quem era. Em Maio teve uma ECO. Vi o B. de novo. Em Junho, aconteceu o EVSP e B. foi. Lá eu me apaixonei de verdade. Muito boba, fazia de tudo pra ficar perto dele ou tentar chamar sua atenção, iniciar uma conversa, QUALQUER COISA. No final do evento, todos foram beber juntos e eu finalmente consegui uma desculpa para falar com ele. Meu mestrado. E ele foi tão presente. Tão centrado. Tão atencioso. Eu só me entreguei. E não quis saber de nada. Ninguém. Me deixei ficar perdida em seus olhos, palavras. Fui honesta e gostei disso. Gostei dele. Trocamos telefone.

JUL/2018: Mais um evento massivo e mais aproximação com a TETO. Já me sentia totalmente envolvida com a causa e meu projeto. Fiquei sem ver o B. por um tempo e cheguei a pensar que fosse besteira. É. fez aniversário e nos [eu e W.] chamou. Ele me notou estranha. Lembro que nos encontramos pouco tempo depois e eu vomitei meus sentimentos pra fora. Ele estava ali. E ficou. E eu decidi que ia terminar. Convicta, o fiz. W. não saiu de casa e me convencia a [não entendi a palavra da carta] e desistir. Marquei de sair com o B. de maneira a colocar um ponto final. 21 e 22 de Julho ele veio. Eu me senti livre. Me senti dona de mim de uma maneira diferente. Eu me senti a vontade com ele. De novo me entreguei e não tava nem aí. Sentia que ele ia embora e me deixar logo, então só quis curtir. MAS DISSE QUE ESTAVA APAIXONADA PQ SOU TONTA. Dia 22 de Julho, W. me entregou a chave e foi embora. De verdade. Lembro que nos primeiros dias  sem ele eu não sabia o que fazia, ria boba. Eu estava gostando cada vez mais de conversar com B., mas não me sentia presa, morrendo de saudades ou sofrendo de amor. Era (ainda é ♥) gostoso.

AGO/2018: Foquei em mim. Comecei mais um trabalho voluntário na Crea+, mas que está me sugando muito. Comecei um curso de lettering que virou minha terapia. Vi o B. de novo (estou perdida em datas). B. veio pra cá algumas vezes já. Conheceu É.. Depois P. e o grupo de amigos de Alphaville (Isso Setembro já). Ele faz cada vez mais planos de vir pra cá e agora começou a me chamar pra ir pra lá. Eu estou perdidamente apaixonada. E ele sabe disso. E às vezes eu me questiono o que ele tá. E nunca sei. Eu gosto de não saber. Ainda é gostoso. LEMBRETES PARA RIR NO FUTURO: quando ele disse que era comunista e eu derreti por dentro; quando ele ficou com cheirinho de maconha e disse que gostava do meu cheirinho; ele fofo falando que usava ecstasy.

SET/2018: Festa de inauguração da casa de B.+W.. Rolou uma conversa com as meninas que foi incrível e parece que pela primeira vez vou ver amigas??? Eu tô muito feliz de como entrei nos 24 anos. ♥ Fato que não mencionei, mas quero saber em 2019: W., Dani e minha preocupação.

Vê se aprende a fazer cartas!

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PARA LER EM 20-09-2018!

20.09.2017 Oi!

Acabei de ler a carta escrita por (mim? nós?) no ano passado e destinada a esse.

Realmente, Priscila, você (eu?) é tão boba! Você se diminui tanto! x Retrospectiva 22 anos: nossa (minha?) memória é péssima e mal me lembro do aniversário passado. Você ficou “bêbada”, chorou dizendo que ninguém gostava de você e quis vomitar sua alma pra fora (não se ressaca, mas de sentimento). 2016 foi um ano confuso, mas logo chegou 2017 te trazendo mudanças boas. (Saudades pipinha, saudades K5!)

O ano na Builders começou bem, mesmo que cercado de máscaras, e você estava OK com isso. Conheceu Alice e pela primeira vez sentiu um espaço de confiança recíproca. Ia realizar o sonho de trabalhar com a Marina também! Pouco tempo depois você conheceu o Érico. Que cara metido! Perdido! Quanto privilégio por ser homem! Você e Alice dividiram muito esse sentimento. E aí... Não sei como... (Não lembro mesmo) Érico se tornou simplesmente a sua mais bonita experiência de vida. Nos corredores, nós 3 trocamos olhares e sabemos o que há de errado na hora. Depois do trabalho, abrimos e exaltamos tudo que ficou trancado e remoído o dia inteiro. E, às vezes, você e ele, só, saem pelas ruas da Vila Madalena totalmente vulneráveis, puros e sensíveis. Érico te trouxe muita presença. Seu K4 também te traz coisas boas, mas às vezes você não pensa. Seus amigos te dão alternativas. Você pensa e aprende.

Aliás, se eu pudesse apontar uma coisa em você (mim?) que eu (você) acredita mais ter crescido foi isso: você parou de se culpar e arrepender de acontecimentos. Você passou a aprender com tudo à sua volta. Você pensa. Divide seu dia. Seus pensamentos. Se sente presente no que faz com frequência. Às vezes você tem até orgulho de você, acredita? Incrível, eu (você) sei!

Você já achou que o Érico era apaixonado por você por u olhar que ele te deu na padaria. Depois deixou de achar. Mas se apaixonou.

Você e o R. vivem um momento INCRIVELMENTE ESTRANHO (ESTRANHAMENTE INCRÍVEL). Tá tudo bem mas parece que não. Mas tá. Eu acho. Estão quase morando juntos. Aliás, você tem pensado muito em ter filhos. Você e o D. estão em uma relação de respeito incrível. Você parou por muito tempo, mas voltou a ouvir música e fazer lip sinc no metrô. Você não liga mais tanto pra sua letra (deu pra notar). A faculdade está insuportável e todo dia você pensa em largar (mas tá quase!).

Espero que os quadros estejam pendurados!!!

Você teve um dia incrível hoje. Cheio de abraços, beijos e sentimentos bons. Você sorriu muito hoje e espero que no dia em que ler de novo isso, tenha um sentimento melhor ainda. Pri ♥

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LER EM 20/09/2017

05-10-2016/23:57 Ah, Priscila. Você é tão boba. Já faz alguns dias que li a carta que foi escrita em 2015. Eu nem lembrava dela. Inclusive achei por acaso.

Eu demorei a escrever (de volta?) pois tenho me questionado muito. A carta só aumentou isso. Porque eu escrevo? Quanto tempo faz?  Estou atingindo os objetivos que queria com isso?

Mas, mesmo sem respostas certas, eu gosto disso. Gosto de tentar decifrar enigmas que fiz para mim mesma um ano atrás. Acho que vou prosseguir com isso até não ver, realmente, mais nenhuma razão.

Como em todas as cartas anteriores, vou fazer um “tomadão” de todas as coisas  (que eu me lembro) que aconteceram desde seu aniversário passado e que te marcaram.

1. A mais marcante de todas, para mim, neste momento, foi o rumo que seu relacionamento tomou (FAZ, EM MÉDIA, DUAS SEMANAS QUE VOCÊ ESTÁ PARA TERMINAR ISSO E VAI SER HOJE) 20/10/2016 01:54 Seu relacionamento não estava em seu melhor momento, sejamos francas. Você tinha, e ainda tem, muitas dúvidas sobre ele. Medo, insegurança. naquela época tudo aflorou e você acabou se “apaixonando” pelo D. Ele te ouvia e mostrava interesse nisso. Naquele momento, aquilo serviu e serviu muito. Em uma atitude bastante nojenta, eu você ficou com ele na cozinha do apto dele... Com o P. dormindo na sala do lado. Eu me odeio muito por isso hoje porque a consequência disso foi o coração quebrado de alguém que você jurava não ter. Eu sei que aquele dia estragou tudo pra sempre. Nós conversamos depois, você foi honesta e as coisas estão se ajeitando aos poucos. Mas aquilo, nada nunca vai curar. Todos foram marcados. Atualmente, nós conversamos há um ou dois dias e ele explicou que o fato de não querer que eu dependa dele por conta da sua mãe. Isso me desmanchou. Eu ainda tenho inseguranças para com ele. Mas agora quero trabalhar nelas sozinha.

2. Você saiu das classes! E conseguiu o emprego maravilhoso na Builders.

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LEIA-ME EM 28/09/2016

*nota de 03/10/20: nomes citados e que serão mencionados novamente foram preservados. Nomes com apenas uma aparição e que não farão “história” foram mantidos.*

Não é necessário se apresentar. Socialmente você sabe quem é. O dado mais necessário para este texto é aquele que originou o motivo de sua escrita. Faz, hoje, oito dias que você tem 21 anos. Você nem ao menos sabe o motivo certo de estar escrevendo isso, mas ao se dar conta de sua idade às 23h de uma Segunda-feira sem aula (faltou luz), decidiu voltar à escrever cartas para si mesma.

Tópicos rápidos sobre sua vida atualmente:

• Você cursa pedagogia e tem raiva da coordenadora, da aula online e tem uma raiva dupla do menino loiro da secretaria. Ah, você também está gostando de uma menina chamada “Débora”, da sala 306. • Você trabalha nas Classes e, quando se dá conta disso lá, chora. • Você e R. farão 1 ano e 4 meses no próximo dia 11. • Vocês quase terminaram há 2 dias. • Você está com uma letra péssima. • E mania de fazer parágrafos ao contrário. • Você ainda ama muito pessoas que já saíram da sua vida ou não estão mais tão presentes (dica: D). • Você está se alinhando ao Radfem! E se não fosse pelo irmão da Bia poucos dias atrás, você estaria abstinente de discussões há tempos. • Você está com um grande amor por girafas. • Você não pintou seu quarto. • Você não sabe porquê está escrevendo em 3ª pessoa. • Você anda bem chata com barulhos. • Zumbido infernal. • Hoje você jogou 2 ranked e ganhou! • Seu tio está internado há 1 semana e você descobriu hoje. • Seu pai “apareceu”.

VAI DORMIR! Até 1 ano.

[blogdoeusozinho]

PARA A PRISCILA DE 13/06/2014

*nota de 03/10/20: essa é a primeira carta que tenho guardada. Eu não a escrevi no meu aniversário, e não faço ideia do porquê ela foi escrita. Ela é confusa e não faço ideia de quase nada que esteja escrito aqui.* 13/06/13 Olá, Priscila Hoje é dia 13 de Junho. E você está feliz. É madrugada de uma quinta-feira. 02:24 da manhã. Você,  há 3 horas, tenta dormir, mas é falha em sua missão. Pensamentos felizes lhe vem a cabeça. Mais cedo você tomou coragem para ir atrás de um quarto e tentar se mudar. Os resultados foram tão bons que você emanou felicidade para todos os lados (e de todos os lugares, se é que me entende).

Quando resolveu encostar a cabeça no travesseiro, ficou imaginando sua tatuagem e daí, começou a rir feito idiota pensando em como a vida pode ser boa, às vezes.

Ficou jogando no celular, mas vez ou outra ria sem parar de qualquer coisa bizarra que fosse. Leu e releu notas e mensagens, mas ficou tão mais feliz que escreveu uma nova. Gravou um vídeo emanando sua felicidade e, por fim, acabou escrevendo um texto para você mesma.

Perguntas: 1. Mudou-se? 2. Continua na public? 3. Fez a tatuagem? 4. Fez mais alguma? 5. Alargador? 6. Teve mais um motivo para você estar feliz, lembra? 7. Como ele está? 8. E vocês? 9. Faculdade? 10. Como foi seu PIM? 11. Que música está ouvindo agora?

[blogdoeusozinho]

Tecnologias a meu favor

Criei este blog há muito tempo, com o objetivo de escrever quando estivesse em crise para aliviar os sentimentos...

Fiz só uma postagem, e ele foi esquecido, relembrado, lido, e ignorado de novo.

Hoje, descobri o site “future me” onde o objetivo do blog é enviar as “cartas de aniversário” que já escrevo para mim mesma todos os anos, mas em papel, de uma forma mais tecnológica. Achei incrível e estava fazendo... Até pensar que posso fazer isso neste blog, ressignificando-o.

Postarei também as cartas anteriores, preservando os nomes que aparecem para caso outro alguém encontre isso no futuro.

Hope it works! Assinado: eu de agora que acha que isso vai ser uma ótima ideia.

[blogdoeusozinho]

28/10/2016

Eu tive um dia horrível hoje.

Meu estado emocional estava péssimo e eu me chateei e me emocionei com muitas coisas, mas reagi a poucas.

Me senti terrível no trabalho por ter faltado ontem. As pessoas me perguntavam se eu estava melhor e eu sentia um tom de desconfiança. Eu sempre sinto que vou ser mandada embora logo. Hoje foi pior.

Pensando sobre tudo que aconteceu hoje e sobre quão ruim foi o dia pra mim, tudo leva a crer que ele só foi ruim hoje porque começou ruim ontem (na verdade já faz um tempo que me sinto muito fraca emocionalmente). Mas ontem eu já comecei o dia fraca fisicamente e não consegui levantar da cama antes do meio-dia - foi um milagre ter conseguido avisar o pessoal do trabalho que não iria, inclusive. O dia passava e eu não queria fazer nada, mesmo tendo zilhões de coisas pra fazer. Eu tinha um trabalho pra fazer, e não o fiz. Tinha uma peça da faculdade pra ir que começava às 20h30. Eu quase me atrasei. Eu não estava fazendo nada. Eu gastei o dinheiro que minha mãe me deu pra condução em coisas pra uma festa que eu vou dar e que quase ninguém vai vir, porque eu não tenho amigos. Não estou usando demagogia, eu realmente não tenho amigos, não tenho pessoas com as quais eu posso contar, que sabem do que se passa comigo, que se interessam por mim. E eu sei disso, não quero tapinhas no ombro.

Me senti um pouco pior no trabalho por saber que não vou mais ver (tanto) as crianças com quem fiquei essa semana e ainda faltei um dia, ou seja, deixei de aproveitar um dia com elas. No último dia, fiquei mais próxima da Letícia, garota-problema do K3BM e ela foi um amor comigo.  À tarde, fiquei próxima do Miguel, garoto-problema do K5T e eles tem muito em comum. As crianças com mais problemas são as que mais precisam de atenção e carinho. Isso é muito triste e questionável pra mim.

Terminando o último dia exaustivo, Kica não pode me dar carona, então tive de ir a pé até o ponto de ônibus. Fiz o caminho mais longo porque queria relaxar. Foi relaxante. No metrô, a linha azul estava com problema, mas eu não estava com pressa, afinal, ia só entregar um trabalho. E esperei. Esperei uns quatro metrôs e no meio de empurrões e pisões de pé consegui entrar. Olhei feio para algumas pessoas.

Chego na faculdade e termino o trabalho. Não encontro a professora e decido ir até a sala da palestra ver como estão as coisas. Quarenta minutos depois e nada acontece. A palestra tinha mudado de lugar e não havia sequer um aviso. Eu nem queria ver mesmo. Só matar tempo.

Fui finalmente encontrar a professora. Ela não aceita meu trabalho por atraso. Eu estou exausta. Começo a chorar ali mesmo e ela me pergunta se tenho algum problema ou se estou chateada com ela. Só disse que estava cansada e fui embora. Brava e chateada sim.

Fui comer pastel e não estavam mais fazendo. Esperei por uma surpresa que já sabia que não iria acontecer. Mensagens não respondidas. Nem enviadas. Nada de novo.

Cheguei, exausta. Ainda com lágrimas nos olhos pelo dia. Minha mãe pergunta se está tudo bem. Eu só estou doente e cansada.

Vou pedir uma pizza que nem quero comer. Eu estou exausta emocionalmente.

Dor de cabeça.

Mas ganhei no lol.