"Não me prendo a nada que me defina. Sou companhia, mas posso ser solidão. tranqüilidade e inconstância, pedra e coração. Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono. Música alta e silêncio. Serei o que você quiser, mas só quando eu quiser. Não me limito, não sou cruel comigo! Serei sempre apego pelo que vale a pena e desapego pelo que não quer valer… Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato. Ou toca, ou não toca." - Clarice Lispector.
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Por muito tempo escrevi para ela. Sobre minhas felicidades, gratidões, angustias, tristezas, decepções. Enfim, sentimentos. Sempre foi além de meu amor minha confidente e melhor amiga. Hoje, decidi escreve sobre ela, talvez sobre nós ou quem saiba sobre algo...
É que ela significa algo muito grande para mim. Algo que ainda estou descobrindo, algo que já estou sentindo e agradecendo por ter esbarrado por essa vida com ela.
Tem coisas que acontecem de repente, sem aviso prévio, e são como um presente vindo dos céus. Elas chegam no tempo certo, parecem sob medida para nossas vidas, por mais que estejamos descrentes da possibilidade de sermos surpreendidos. O destino é tão sábio em distribuir imprevistos, em pilotar o tempo! Esse irônico ser adora brincar com nossos sentimentos, mexer nas gavetas da nossa cabeça e do nosso coração, e a nós só resta nos deixar levar, até porque não podemos fazer nada contra ele.
O dia a dia corrido, maluco, que vivemos atualmente, marcado pelo imediatismo, pela urgência, pela falta de tempo, por emoções rasas e de sinceridade duvidosa, nos torna míope para a presença sutil e criativa do destino. Assim, envolvente, sedutor e de humor afiado, ele se aproveita disso para nos deixar morrendo de vergonha, fora do eixo, sem palavras diante das situações mais absurdas que é capaz de criar.
Às vezes só dá vontade de me agarra a ela. A minha pessoa. E sentir aquela paz que a gente sente quando olho nos olhos dela, pois a escolhi para estar ao meu lado e tornar a essa jornada mais doce. É o sorriso bobo que sai sem fazer força, em momentos simples do dia a dia, mas que se tornou especial só porque ouviu a voz ‘da minha pessoa’. É aquele momento só meu de manhã ou de madrugada, que me pego olhando ela dormir e tenho certeza de que quer ver essa imagem todos os dias até o fim da minha vida. É aquela cara de boba que eu faço quando vejo a foto dela no celular, e bate aquela vontade de abraçá-la bem forte, e que mesmo assim fico ansiosa mesmo sabendo que no fim do dia ou no fim de semana ou qualquer dia a qualquer hora estaremos juntas pela semana, mês, ano, vida.
Primordialmente procuro um amor maduro. Bem... Não sei se ainda somos tão maduras quanto gostaria. Mas pra falar a verdade, eu até concordo quando ela diz que eu sou mais exigente que o normal e que o “suficiente” não é o bastante pra mim. Mas sabe quando vocês estão em programas diferentes com seus amigos, se divertindo, e você fala do teu parceiro com brilho nos olhos de um adolescente, mas com o respeito e vivência de um casal maduro? Sei que espera que a outra pessoa faça isso. É quando após fazerem programas separados, chegam em casa e contam animados sobre tudo, bebendo uma cerveja e em clima de leveza absoluta. Sem medo, desconfiança do que possa ou não ter acontecido. É quando fazem declarações de amor cheias de elogios e sorrisos, quando tiram fotos que transparecem felicidade verdadeira, quando não se importam em dizer para o mundo ouvir o quanto são felizes ao lado do outro, mas também quando sabem que não precisam, necessariamente, fazer isso porque não estão nesse mundo para provar nada para ninguém. É que sei o quão insegura sou. Nasci com os dois pés pra trás. Mas sei que ela também não me deu tantas oportunidades durante esses anos de confiar cegamente nela em que mesmo assim confiaria e confio à vida.
É ter muitas outras opções de companhia, mas querer apenas uma. É que me sinto confortável para ser eu mesma, cem por cento, e que posso falar o que quiser sem me preocupar em “filtrar” as palavras porque elas serão entendidas perfeitamente como eu as disse. Ao mesmo tempo é combinar algo com ela e ficar preocupada se ele vai aparecer ou cumprir o prometido, porque às vezes nem sei se ele vai. Entendeu porque não sei se somos maduras o suficiente para isso?
No fundo, sei que ela tem certeza que deve desculpas a algumas pessoas – ou a alguma, pelo menos. E talvez ela já ficou em dúvida se funcionaria ou se alguém a ouviria, ou até mesmo se faria sentido “pedir desculpas do nada depois de tanto tempo”, por exemplo. Tudo isso pode passar pela cabeça e é normal, mas queria que ela se lembrasse de uma coisa: nunca é tarde para pedir desculpas a alguém. Mas pergunto a você, caro leito. Você consegue ofender e machucar quem você diz amar e não se desculpar? Percebe que não é sobre errar, mas sim sobre errar e não tentar consertar? Percebo que de todos os passos para o amadurecimento, ele é o mais complexo para nós.
É que a maturidade não se estuda para aprender a ser, ele apenas vem. Vem com o tempo, com aprendizados ganhos, com os erros cometidos pelos amores infantis. E é por isso que sei que ela é alguém que me dá sentido. Que me instiga a aprender, a refletir, a crescer e prosperar por tudo. Inclusive em busca de nosso amor maduro.
Sei que já vivi amores, mas nunca um amor que me acalma. Também já fui apaixonada, mas nunca uma paixão que me deixava segura mesmo sem estar com os pés no chão. Já morri de saudades, mas ela sempre passava. A saudade que eu tenho dela, nunca passa, e o tempo que eu fico do seu lado, nunca é suficiente.
Sempre fui cercada de boas companhias, mas nunca tive tudo que precisava em uma mesma pessoa, e tenho a ela. Meus sonhos sempre foram a longo prazo com tudo planejado e mesmo assim eu vivo o hoje intensamente. Mas com ela eu sonho pra sempre, pra hoje, amanhã, depois e depois.
Hoje, sinto meu coração transbordar, em uma alegria que jamais eu senti antes, um sentimento de gratidão profunda por ter encontrado em uma mesma pessoa, a mulher da minha vida, minha melhor amiga, meu porto seguro, minha amante, minha ex e futura esposa e futura mãe dos nossos filhos.
A gente se completa porque somos cúmplices das nossas loucuras e parceiras sem medir a loucura que a outra vai fazer. Apenas concordamos. Juntas a gente só vai.
Hoje tento entender todos os meus erros, acertos, duvidas, sofrimento, amadurecimento, porque sei que tudo isso me levará até... Não sei! Mas sei que dou tudo de mim, mas que entrego tudo na mão dEle, pois Deus, é sempre perfeito em tudo que faz. E rezo todos os dias para que a nossa caminhada juntas seja feita de luz e amor.
Ainda viram muitas magoas, pedidos de desculpas e assim quando estivermos velhinhas, talvez não estejamos maduras o suficientes para este amor. Mas até lá, estaremos juntas e tentando nos tornar melhor uma pela outra e juntas pelo mundo.
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Esses dias, eu tentei.
Ontem voltei para casa, fui para o meu quarto, sentei na beira da cama, chutei os sapatos, desabotoei o sutiã e caí no choro.
Quero que vocês saibam que eu chorei até meu nariz escorrer e engoli o choro assim que a primeira pessoa que me passou a mente me atendeu. Chorei até minha cabeça doer tanto, que eu mal via no visor do telefone com quem eu falava.
Quero que vocês saibam que ontem eu chorei pra valer. Ontem eu chorei!!! Por todos os dias que estive ocupada demais, ou cansada demais, ou com raiva demais para chorar. Chorei por todos os dias, por todas as formas e por todas as vezes que desonrei, desrespeitei e desliguei meu Eu de mim mesma. Mas meu Eu se refletiu de volta para mim quando os outros fizeram comigo as mesmas coisas que eu já fizera comigo mesma.
Chorei por todas as coisas que me foram roubadas, por todas as coisas que eu pedi e não consegui receber, por todas as coisas que, depois de conquistar, eu dei a outras pessoas em circunstâncias que me deixaram vazia, gasta e exaurida. Chorei porque realmente chega um momento em que a única coisa que nos resta é chorar. Ontem eu chorei.
Porque eu queria que meu pai estivesse comigo, que chegava a doer. Ontem eu chorei. Chorei porque feri alguém. Chorei porque fui ferida. Chorei porque a ferida não tem para onde ir senão até o mais fundo da dor que a causou, e quando chega lá a dor acorda você. Chorei porque era tarde demais. Chorei porque tinha chegado a hora. Chorei porque minha alma sabia que eu não sabia que minha alma sabia tudo que eu precisava saber. Chorei um choro espiritual ontem, e esse choro me fez muito bem. E me fez muito, muito mal. Em meio ao choro, senti minha liberdade vinda, porque ontem eu chorei sobre cada momento da minha vida inclusive chorei pela vergonha e arrependimento do que sabia o quão errado era e por egoísmo, covardia e desengano, o fiz.
A gente sempre acha que vai passar imune a tudo de mau que acontece nessa vida. Toda aquela desgraceira que a gente vê na imprensa, todas essas doenças da pós-modernidade, todas essas epidemias globais, toda essa crise moral.
Entender as pessoas é difícil, ajudar as pessoas é ainda mais. Nem todo mundo tem o nível correto de empatia para lidar com outro alguém, nem todo mundo quer lidar com outro alguém.
Sabe, não tem problema nenhum não saber como resolver o problema de outra pessoa, nós nem sempre estamos preparados para resolver os nossos próprios. Não precisa se sentir culpado no âmbito de considerar responsabilidade sua. Quando uma ajuda passa a ser responsabilidade, ela deixa de ser uma ajuda. Não somos responsáveis por todas as coisas que acontecem no mundo.
Querer ajudar alguém é sempre bom, mas deve partir de dentro. Ajuda é empatia. E na realidade das coisas, tem faltado um bocado nas pessoas. Acho que a gente se acomodou. Nos jornais e demais mídias, vemos tanta desgraça acontecendo que isso nos acostumou a vê-la, daí se a gente repara alguma coisa acontecendo na nossa frente nos fingimos de cegos e passamos a diante. Nossa vida virou essa caminhada, olhando para frente ou para nós mesmos, sem prestar muita atenção ao redor e nos outros. Não creio que estejamos mesmo cegos, acho que é pior: vemos tudo, mas ignoramos. Ignoramos os moradores de rua, ignoramos o sofrimento de pessoas que conhecemos (e pasmem: até daquelas que queremos bem), a política, os maus tratos, a fome, o desemprego, a violência; viramos apáticos que pensam nos próprios problemas.
Não é sobre tomar todas as dores do mundo para si e resolver ser um super herói para salvar o mundo. Mas é saber que, às vezes, ser o herói de alguém pode significar ouvir ou só demonstrar um mínimo de qualquer coisa.Com toda essa vida fragmentadas em rede social, com todos esses likes distribuídos a gente esqueceu de falar.
E quantas vezes não ignoramos o que o outro sente? Ou pior: quantas vezes menosprezamos isso? “Isso é bobagem, você vai ficar bem”, “para de pensar merda”, “sua vida é ótima, você que reclama demais”, “você tá exagerando”… Quantas vezes não dizemos essas coisas simplesmente por acharmos que sabemos mais sobre a dor do outro do que eles próprios? Quantas vezes não pioramos a situação de alguém simplesmente porque não somos nós quem está sentindo aquilo?
Eu aprendi que cada pessoa só pode saber do que afeta a si mesma e como afeta; que cada pessoa só pode saber como se lida com os problemas ela mesma. Não importa quem diga ou te aconselhe como enfrentar os desafios, no fundo, é você mesmo quem escolhe como lidar ou como, simplesmente, age sobre as coisas.
Por exemplo: alguém pode conseguir lidar com a perda de uma amizade com uma tranquilidade absurda, ou apertando o famigerado botão do foda-se. Outras pessoas tendem a ficar extremamente magoadas, remoendo e pensando nessa perda pelo tempo que for necessário a ela para lidar com isso. Cada um também tem seu próprio tempo. Imagino quantas vezes eu mesma já aconselhei alguém, nessa situação citada, com as palavras “não seja bobo, não se importe com isso, não fica chateado…” e mais outros blábláblás, sem perceber que eu não podia dizer essas coisas, porque o que funciona pra mim pode não funcionar para outro alguém. Cada um tem sua forma de ser, agir e sentir e eu preciso entender e respeitar isso.
É necessária uma enorme paciência para deixar as pessoas no espaço delas, terem o tempo delas, para lidar com suas próprias dores. Eu sempre acreditei que conselhos nem são lá muito válidos, porque nada vai funcionar se a outra pessoa não tomar uma atitude e, sinceramente, cada um deve tomar as próprias decisões para aprender. Claro que consultar alguém mais experiente, alguém que te entenda, ajuda muito na escolha das coisas, mas a atitude, a decisão é sua.
Sinto que falta um pouco de respeito sobre como as demais pessoas lidam com as coisas delas, porque a gente compara o tempo todo com aquilo que nós faríamos naquela situação. Essa comparação é a pior coisa que você pode fazer por alguém. Você não é outra pessoa e a outra pessoa não é você. Não tenta transformar a atitude dela em algo seu, se ela for incapaz de ter alguma atitude parecida, ela pode se sentir ainda pior e impotente.
Digo e repito: relacionamentos humanos são complicados. Lidar com a complexidade das pessoas requer um esforço pessoal enorme, mas não é impossível. Inclusive, se importar verdadeiramente com alguém requer alguns sacrifícios, requer persistência e muita força de vontade. Tudo depende se você realmente tem se importado com as pessoas que você diz se importar.
Todo esse sofrimento porque eu ainda nem mencionei o quesito beleza. Ser jovem tem algo de belo que eu, definitivamente, não entendo. Porque por mais que meu corpo tenha mudado apenas uns quilos e meu rosto ainda não tenha, de fato, envelhecido, a beleza dos 20 e pouquinhos se esvaiu ralo abaixo, bueiro adentro, vida afora.
Outro dia me peguei num rolê nostálgico, olhando todas as minhas fotos de todos os meus álbuns do Facebook. E tudo o que eu consegui sentir foi um misto de saudade e tristeza. Aquele cabelo longo e reluzente era a coisa mais encantadora. Aquele corpo de fora era a coisa mais linda. Aquele sorriso era a coisa mais verdadeira. Aquele olhar de quem ainda não sabe o que é a vida era a coisa mais pura.
Hoje, o tempo recrudesceu tudo. Comecei a usar o cabelo curto. O corpo está com mais 10kg pra conta. O sorriso, agora, é contido – além de os motivos já não serem tantos, sorrir demais desvela as rugas, como bem dizia aquela menina loirinha que o Pestinha, do filme, encontrava naquela festa à fantasia em que ele estava vestido de diabinho. O olhar ganhou sabedoria, mas também um tanto de tristeza – nada no mundo é mais real do que o ditado popular que diz que “a ignorância é uma bênção”.
Porque envelhecer pressupõe amadurecer. Amadurecer pressupõe saber mais. E saber mais pressupõe se decepcionar mais, sofrer mais e dormir menos. Desde criança, todo mundo fala que eu sempre fui madura. E talvez seja por isso que os quase 21 tenham me apodrecido: amadureci demais. Tô com um gosto ruim. De maçã farinhosa, de tomate passado, de alface velha. De banana cheia de mancha marrom. A vontade é deitar em posição fetal e chorar uns pares de dias. De fingir que ainda é infância queimar calorias brincando de pique-esconde. De entrar numa máquina do tempo e voltar. Aos quinze, aos sete, aos três. Mas gente madura não pode fazer isso. Gente madura aguenta o tranco. Gente madura não chora. Gente madura encara tudo de frente, de peito aberto e sem colete à prova de balas. Apenas esperando o próximo – e fatal – tiro à queima-roupa. Que, com sorte, mata essa crise de identidade. E com azar, pega em cheio. No coração.
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