Eduarda Couto é paranaense e estudante de fisioterapia que redirecionou suas dores para a escrita. Apaixonada por romances quentes e dramas bem construídos, não larga seu kindle por nada.
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Monólogo
— Talvez devêssemos tentar com o Carlos...
— Eu não quero viver infeliz porque não conseguimos ficar sozinhas.
— Claro, assim continuamos infelizes e sozinhas — Posso vê-la revirar os olhos enquanto os meus em resposta se enchem de lágrimas.
— Talvez devêssemos pular, já não é tão vazia a opção.
— Eu não quero desistir — Seu suspiro faz minha nuca arrepiar — Quero ver a gente se formar, talvez a gente construa uma família. Você não pensa no tanto de gente que podemos ajudar?
— Estou cansada de lutar contra algo que não consigo controlar, talvez devêssemos pular...
— E o que acontece depois?
— Eu não sei.
— Tenho medo, não quero perder você.
Me acomodo em cima dos meus quadris, sentindo a agua quente do chuveiro cair em minhas costas, queria fazer as coisas diferentes, mas o barulho é ensurdecedor. Eu consigo senti-la abraçando minha alma, como se pedisse desculpas, como se sentisse muito por me causar todos aqueles sentimentos.
— Eu não quero perder você, mas é como se eu nem existisse. Quando fecho os olhos e você vem atingindo tudo é como se eu fosse uma casca vazia esperando por aprovação.
— Eu sou só o reflexo de como o mundo te tratou, nunca te quis causar mal algum.
— Talvez devêssemos pedir ajuda novamente
— Talvez devêssemos.
— Não vai melhorar
— Não, não vai
Esfrego as mãos em meu rosto procurando me situar, não sei bem o que sentir.
— Eu e você, nós, estamos bem?
— Pra sempre, somos só nós duas.
— Só nós duas.
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Prendi minha respiração enquanto esperava na porta alguma coisa importante que esqueci o que era. Ele não fazia questão de sorrir pra mim, nem pra ninguém, na verdade, também não era educado demais, mas isso é, hum... Típico. Ele só ficava ali durante alguns momentos e aquilo era o suficiente pra atiçar minha imaginação. Talvez eu precise mesmo de psicanálise, penso incomodada com o rumo que minha cabeça divagava. Eu preciso respirar! Claro que preciso, não da pra esperar ele ir embora pra voltar a agir como um ser humano normal. Dei um sorriso tímido e inalei seu perfume que queimou minha garganta. Meu corpo inteiro acendeu como se tivessem jogado carvão em incinerador, estou extremamente desconfortável com essa situação. Seguro no batente da porta, meio tonta, procurando me equilibrar em cima do salto desconfortável. Desgraçado! Opa, desgraçado por quê? A louca aqui sou eu, ele não tem absolutamente nada haver com as fantasias que minha cabeça perturbada cria. Reviro os olhos impaciente com aquele cheiro que parecia nunca dissipar, puta perfume resistente. Aquilo parecia uma tortura. Volto a si quando ele diz algo me entregando aquilo que era importante e eu acabei esquecendo, o que era mesmo? Ah sim!
Balanço a cabeça levemente, tentando não parecer atordoada e curvo levemente uma das sobrancelhas, só então viro as costas e sigo como se não me importasse. A realidade é que eu preciso de uma dose dupla de whisky. Ele certamente não bebe esse tipo de coisa, ou bebe? Eu claramente não sei ler bem as pessoas. Balanço a cabeça novamente e me acomodo na cadeira mais próxima, voltando a respirar fundo e me livrando daquela sensação que esmagava meus ossos. Quem eu tenho que matar pra me livrar disso? Na verdade, não sei bem se quero mesmo me livrar disso. Tento focar em terminar o que comecei, pensando somente na recompensa. Meu corpo aquecido, não por ele, por motivos óbvios, mas por aquela dose que tenho sonhado, minha boca saliva. Talvez eu mudasse de ideia e acabasse pedindo tequila, mas com certeza fumaria um cigarro. A sensação do perfume dele queimando minha garganta era incomparável, mas nicotina era o que eu tinha.
Sou sugada de volta dos meus pensamentos quando sinto seu cheiro dentro do meu espaço pessoal. Sua mão toca levemente meu braço e meu corpo arrepia involuntariamente. Ótimo, agora eu não sei lidar com o toque de um homem, era o que faltava pra voltar a época do ensino médio. Ele diz alguma coisa que não consigo prestar atenção o suficiente para entender. Não consigo unir as palavras que saem da boca dele, não tem sangue bombeando para o meu cérebro. Seu perfume queima minha garganta novamente e então ele vai embora. Droga! Odeio querer o que não posso ter!
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"Você chega em casa, faz um café, senta na sua poltrona favorita e não tem ninguém... Você decide se é solidão ou liberdade."
Sempre adorei essa citação, me faz pensar muito sobre o meu medo patológico de ficar sozinha, de não agradar as pessoas ao meu redor. O fato é passo muito tempo da minha vida tentando ser alguém diferente do quem sou, pra agradar pessoas que não se importam. É difícil pra mim entender que sentar na minha cadeira favorita com uma taça de gin, já que odeio café, seja liberdade. Tudo isso porque tenho muito medo da solidão. Irônico, já que sempre acabo só, por algum motivo, para os outros é difícil demais ficar. Minha mente é minha maior inimiga, lembrando e relembrando coisas ruins sobre mim e por mais que eu lute, acabo acreditando que sou só aquilo: Vadia, histérica, problemática, dramática, intensa.
Intensidade;
É sempre um problema em todas as minhas relações, as pessoas estão acostumadas a ficarem imersas no silêncio, na omissão, eu não consigo. Preciso expor como me sinto, porque guardar dói, sufoca e ocupa espaços importantes dentro de mim. Relações humanas são difíceis pra mim e não acho que em algum momento se tornará mais fácil. Para os outros é mais fácil fingir que nada aconteceu, eu quero dizer, resolver. É mais fácil sentir que nunca sentiu, que não derrete de desejo quando vê, eu preciso compartilhar. O que as pessoas não entendem é que a intensidade não é um defeito, não sou um problema. Por mais que o medo das outras pessoas tentem me convencer disso. Minha intensidade é incrível porque me faz sentir de forma única, de forma bonita, não errada. Há muito tempo venho querendo sentir menos, amar menos, me entregar menos, porque minha forma de sentir da medo. Bom, o problema não sou eu. Eu só quero que fique quem entenda que em meio ao meu modo de amar, eu permaneço.
Intensa.
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