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No jardim dos sonhos, não germinam rebentos de ilusões.
Sonhamos com o nosso lado expansivo, crescendo incondicionalmente, assumindo inconscientemente um universo infinito que nos explode por dentro, em sementes de felicidade, que acreditamos se transformarão em lindas flores, antes de nos recompensarem com saborosos frutos.
As ilusões são brotos involuntários da mente, detetáveis unicamente em estado avançado de maturação, antes de se tornarem inevitavelmente em desilusões. Proliferam como ervas daninhas, que se nutriram exaustivamente de um sol de expetativas, regadas diariamente de inconsciência.
Somos jardins confusos, em busca de equilíbrio numa corda de dualidade, que liga o topo de dois cumes: a essência e a circunstância. E o lobo que obtiver a maior porção de sustento, vai sentenciando, assim, se florescem os sonhos, ou se germinam as desilusões, nesta dança de travessia entre um e outro.
A fórmula secreta reside na consciência, essa fonte de água pura, que flui na infinitude de possibilidades de desaguar no seu mar, contornando desvios aparentes do seu leito natural e repartindo-se, com humildade, nos que se declaram inevitáveis.
Sonhar é dar-nos ao mundo. Não é imaginação! É Ser!
Iludir-nos é sugarmos o seu veneno. Não é criação! É desaparecer!
Não importa se o observador entende a arte. Importa apenas a sua singularidade!
Não importa ir ao encontro…
Importa não nos perdermos… de nós!
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Nascemos nus de medo!
No instante em que o primeiro sopro de ar nos invade os pulmões, instala-se o primeiro átomo desse devorador, a que chamamos medo.
Alimenta-se de sentimentos, sonhos, desejos, planos, expectativas e, assim se vai enraizando, em cada molécula do nosso ser.
Inicialmente discreto, disfarçado de protetor, vai manipulando as nossas escolhas, sem termos consciência do seu poder sobre a nossa existência.
Quando ousamos corajosamente olhá-lo nos olhos, reivindicando a propriedade sobre as nossas decisões, do alto do seu sarcasmo, devolve-nos aquela gargalhada feudal, exibindo um contrato de venda da alma ao diabo, por nós assinado, em estado embriagado de inocência.
E é nesse momento em que tentamos fugir das garras do senhor do terror, que percebemos estar aprisionados num corpo anestesiado de pânico.
Buscamos ideias engenhosas para ludibriar a nossa mente, fazendo-a acreditar em fórmulas secretas de vacinas para combate a tal maleita, desprezando o mecanismo autoimune que desenvolvemos desde cedo.
Aqui, em estado de consciência começamos a secar por dentro. Choramos a nossa fragilidade. Apetece-nos desistir encurralados. Quem sabe até aceitar, por fim, desaparecer nas suas entranhas…
Os loucos não têm medo…
Os loucos riram com o senhor feudal e viraram-lhe as costas, indiferentes.
Entregaram-lhe a vida naquele formato por si manietado, libertando-se das amarras de um corpo atrofiado de angústia.
A isso se deve a leveza dos loucos. E nós sentimos tristeza ao observar o seu alheamento!
Talvez o enigma se desvende neste preciso contrassenso.
Por que razão temeremos verdadeiramente a insanidade?
Será esta uma verdadeira prova de coragem em assumirmos as rédeas da nossa existência, ou será a cobardia efetivamente uma questão genética?!
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Diz-me o que posso fazer por ti avozinha!
Não entendo qual o sentido disto. Esta minha impotência para alterar esta realidade, está a destruir-me.
Olho para ti, deitada nessa cama, com o teu corpo todo alterado e não consigo imaginar um nível mais profundo de sofrimento.
Não sei se estás aí, só sinto a tua ausência. Será que me sentes, avozinha? Será que pensas em alguma coisa? Onde estás?
Será que tens uma vontade? Será que dás pelas horas passarem? Será que estás em paz? Olho para ti assim e questiono tudo o que chamamos vida!
Penso nos maiores dramas da humanidade. Aqueles que universalmente se reconhecem como genocídios humanos e pergunto-me: Não será isto mais do mesmo?
Como conseguem sorrir alheadamente, todos os dias, estas pessoas que te manuseiam como um tronco morto de uma árvore esquecida há quase um século?
Como é possível tanto desprezo por uma vida? Pergunto-me qual o sentido de tudo isto, avó?
Porque quando olho para ti, imagino que a maior manifestação de Amor que poderia oferecer-te, seria a tua libertação desta jaula onde estás aprisionada.
Olhos que não veem toda uma história de criação, de amor!
Diz-me o que posso fazer por ti avozinha, para te levar onde queres ir. Para junto do teu Amor, que partiu há tanto tempo e por quem sentes tantas saudades.
Já não tenho os teus maracujás para apanhar. Já não sinto o perfume das tuas rosas Avó!
Sentes o meu amor quando te penteio os teus cabelos macios como nuvens?
Sentes o meu amor quando te passo creme no teu rosto adormecido pelo tempo?
Vais chegar bonita a esse tão desejado reencontro com o teu amor avó!
Diz-me só porque ainda estás aqui avó?
Se ao menos soubesse como levar-te pela mão avozinha…
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Encho o peito de ar, como quem se enche de coragem, sustenho a respiração, para não deixar fugir a força e pergunto:
- Porque me apontas sempre o que faço mal, aos teus olhos, sem nunca elogiares o que faço bem?
- Porque o que fazes bem, não fazes mais do que a tua obrigação!
Abre-se um buraco dentro de mim…
Penso que talvez esteja a fantasiar… e a vida seja mesmo assim. Renovo-me e volto a tentar fazer sair isto que penso ser amor. E passa uma vida, como um filme…ser invisível é um veneno lento que me desorienta.
Rasgo-me por dentro. Suponho ser infinita esta entrega de mim mesma.
- Isso não faz de ti melhor que ninguém!
Arregaço as mangas. Uma festa hipócrita no cabelo…
- Temos de estar onde somos precisos, não onde queremos.
É um sabor doce amargo que se entranha em mim, desde que o provei.
Comportamento aditivo.
Não quero mais ser água.
Escondo a cauda da Sereia. Esta dualidade que me destrói.
Penso ter encontrado a minha pérola.
Talvez encontre uma explicação para tudo.
- Foi tudo pelo melhor!
Quero gritar! Bloqueio a voz, num grito ensurdecedor de silêncio.
Quero sair daqui!
Mas tudo parece vão.
Salto do cavalo. Trespassa-me aquela espada.
Enfim…liberto-me!
Já não me importa que não me ames…
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Posso ser água, posso ser sorriso, forma, invisível, céu, aroma, sol, arrepio, carícia, som…
Nem sei se me sentem, se me desejam, se supõem que existo, se oram por mim, se me usam, se me agradecem, se me ignoram…
Não seleciono, não tomo iniciativa, não projeto, nem me recuso.
Nasci para dissipar qualquer tristeza. Não tenho parança. O meu público é a humanidade! Talvez se me tivesse calhado o reino animal ou vegetal, tivesse uma tarefa tranquila.
As fotos, as festas, os filtros, os efeitos especiais tentam ludibriar-me com as suas fantasias!
E as coisas! Ah, essas acreditam ser mestres ilusionistas, espetando-me facas capazes de me serrar a meio, para me fazer desaparecer.
O verdadeiro desafio é mesmo o caráter, porque o seu talento é boicotar a minha arte. Até sou capaz de reconhecer que não seria tão brilhante sem o seu estímulo.
Tudo vão! A consciência da efemeridade é o meu unicórnio!
Deixo-me levar pela simplicidade desta clareza que me colocaram na bagagem para a viagem. Talvez não a conheçam, ou não saibam que a procuram, ou onde procurar.
Ironicamente, sinto esvaziar a minha inspiração. Já nada faz sentido, apareço no arco-íris e não sei usar a escuridão na minha arte. Estou na multidão e tenho de apelar à solidão para criar. No meio do ruído, procuro desesperadamente o silêncio escondido para espalhar o meu perfume. Por fim, na Paz…o Amor!
Cansa-me a ideia do horizonte. Talvez esteja a perder o jeito…encolho os ombros. Aceito!
Este embalar do mar, não me deixa distrair deste irresistível cheiro a maresia.
Belíssima é imagem do Sol a beijar o horizonte.
Abraça-me calorosamente como se me tentasse seduzir.
Mas Eu estou aqui! E isso é tudo o que importa.
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Secretamente somos sempre meninas
Querida Neta,
Do lado de dentro desse sorriso rasgado, de quem acorda todos os dias com a página em branco, lê-me com esses olhos negros brilhantes de sonhos!
Dizem que as avós estragam as netas. Eu digo-te que as avós florescem nas netas.
Quero dizer-te que sou feliz!
Talvez o meu ritmo e este precioso silêncio que me acompanha te deixem na dúvida.
Não te deixes enganar por eles, são a minha Paz.
Há, no entanto, dentro de mim uma vibrante adrenalina, semelhante ao teu cantarolar no baloiço. Sabes que eu ainda danço ao sol, quando a música me invade o corpo?!
Secretamente somos sempre meninas. É assim que me floresço em ti.
Importa que nunca te escondas de ti.
Tens muitas páginas para colorir. Escolhe tu as cores e os traços. Alguns ficarão mais direitinhos do que outros, algumas páginas mais encantadoras, mas serás sempre tu a escolher as melhores combinações.
Acredita que quando quiseres rever os teus desenhos, vais reencontrar-te e surpreender-te.
Ficarás feliz ao perceber como foi libertador desenhares esse livro teu, sem nunca te esconderes de ti.
É por isso que sou feliz! Porque floresço ti, em cada saltito teu, saltito eu, genuinamente riscando os meus traços.
São inesgotáveis as possibilidades deste nosso livro, se abrirmos o nosso abraço ao que a vida nos presentear.
E todos esses sonhos de menina serão sempre teus!
E enquanto danças ao sol, cantarolando a nossa canção, vais sentir-te mesmo feliz!
Esse é hoje o meu mais precioso desenho!
Aquele sorriso de Amor para ti, da tua Avó.
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