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18 de Julho de 2020

Queria poder te dizer que o que me aflige nesse momento não é a dor do meu dente siso que insistiu em sangrar o dia inteiro. Dor, que apesar de atordoante, não se compara a consternação crescente que a tua falta ao meu lado representa. Acho curioso o fato de termos praticamente todos os nossos amigos em comum e ainda assim não termos nos conhecido antes. Soa quase como se o universo quisesse nos fazer quebrar a cara algumas vezes a fim de nos capacitar um pro outro. Daí todo esse suspense, todas as tentativas de amar fadadas ao erro, pra que pontualmente estivéssemos prontos pra acolhermos um ao outro. Sabe aqueles atropelos que a passagem de algumas pessoas por nossas vidas pode representar? Como quando você se decepcionou com aquela garota que mais valorizava o conteúdo do copo ao que você lhe dizia? Ou a forma como saí machucada após passar sete anos insistindo em alguém que nunca soube me enxergar? Cada uma dessas experiências falhas nos lega algo e é esse aglomerado de algos que me faz entender que a distância que hoje nos separa é apenas mais um contratempo. O destino nos uniu, as circunstâncias nos separam, mas eu nunca tive tanta convicção de que te amo. Por fim, eu não te disse na ligação, mas é a dimensão do amor que sinto por você que me assusta! O meu siso, bem...Ele não faz cóssegas perto do que a tua falta me provoca.

Carta n° 1