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A Despedida

Comprei minha comida cara preferida para para que comerei enquanto assisto a mesma série de sempre; aquela que revejo porque não preciso prestar atenção; inclusive estou vendo agora enquanto escrevo; na verdade, só estou ouvindo. Antes friends, agora gilmore girls, ótimas séries, ou um pouco raras. Eu as amo porque posso ouvi-las enquanto faço outra coisa e levantar os olhos de vez em quando só pra não perder o costume. Não posso mais ver essas séries, pois elas são gatilhos para que eu coma demais e não preste atenção no momento presente. Preciso iniciar de uma vez meu projeto de viver somente com o que eu preciso, então irei começar amanhã pela manhã e rezar muito para que eu tenha força para prosseguir; Vou apreciar cada pedacinho dos meus mini temakis, pois ser´a última vez neste ano que os comerei. Eu acredito em mim mesma e preciso vencer esse vício.

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Eu convenci a mim mesma que o mal estava tão distante que não podia me atingir, mesmo sentindo ele a me emprestar a todo momento. Ignorei a minha intuição de que algo estava errado para me ludibriar com falsas expectativas e banalização de sentimentos. Eu não imaginei que o mal estava o tempo todo envolvendo o meu corpo, meu espírito, meu ofício e meu lar. Por tanto tempo imaginei que as revelações viriam me expor, mas me enganei, as revelações vieram libertar a minha alma do mal e me colocar de volta no controle da minha vida, para que eu possa seguir minha jornada. A verdade é que eu pensei que tinha cometido um erro imperdoável, mas eu é que não me perdoava por ter feito algo que julgo ruim. Agora eu decidi fazer as pazes comigo mesma e com o mal que me fizeram e o que eu fiz também.

Iniciei uma oração de limpeza profunda de todas as energias ruins que podem estar atravancando meu caminho. De início fiquei com medo e um pouco em dúvida, porque sou espírita, e a oração tem teor católico, mas li tantos depoimentos sobre sua eficácia que decidi aderir. No primeiro dia tive sonhos muito assustadores que me fizeram perder o sono e ficar com muito medo de apagar as luzes de novo, porque eu senti uma presença ruim no meu quarto. No sonho, as luzes da minha casa se apagavam e um espírito me sufocava; quando acordei me senti sufocando e fiquei com muito medo, um sentimento horrível. No segundo dia, fiquei com muito sono o dia todo e me sentindo sem energia para fazer atividades simples. A noite sonhei que discutia com meu pai e ambos estavam com muita raiva. No terceiro, que é quando escrevo este texto, senti dores no corpo e muito sono o dia todo, me senti até um pouco deprimida; orei a meus mentores que me protegessem de todo o mal.

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Peço a Deus força, pois não quero mais ter medo. Peço ao senhor que me dê a sabedoria necessária para aceitar a jornada sem relutância. De que me serve o medo se o destino quase sempre é certo? De que me serve a dor se esta é tão efêmera? A fé me guiará. E será tão maior que meu medo que este quase parecerá imperceptível. Peço a Deus sabedoria, pois me entregarei às experiências e cada pequeno ato será sentido em todos os seus tons pelo âmago do meu ser. 

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Minha vida é uma grande jornada. Estar presente em cada experiência é meu desafio. Aprender e influenciar é minha missão.

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Não errei quando me dediquei completamente ao outro. Não errei quando amei mais ao outro do que a mim mesma. Não errei quando deixei de fazer coisas para mim e fiz para o meu próximo. Não errei quando coloquei a felicidade do outro acima da minha. Errei quando esperei que fizessem o mesmo por mim. A minha jornada e missão de vida é fazer o bem e não deixar que meu ego esteja a frente do meu propósito, como tem estado. Ao me dedicar em cuidar, amar e ajudar, devo renunciar de toda vaidade e egoísmo. Olhar para dor do outro, as vezes, pede que paremos de olhar para a nossa. 

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Não acredito na miséria da alma humana. Tenho inegável fé nos propósitos dessa desprezível espécie que domina o planeta terra atual. E hoje, diante da grandeza de minha própria alma, posso de fato constatar sua plenitude imensamente contrastante com sua finitude e misereza. Tenho a minha frente passado, presente e futuro; consigo enxergar seus fragmentos completando um ser imperfeito, repleto de pequenas falhas, que constroem mais um indivíduo infinito em seu pequeno mundo de finitudes. Eu sou livre. Sou livre, mas tenho medo. Assim como tenho medo de esquecer as vírgulas que travam meu texto e minha voz. No entanto, o passado não existe mais, o passado é somente o passado, assim sendo, não pode ser uma vírgula. O passado não existe mais. O passado não trava e não é vírgula, pois não existe mais. Meu Deus, como é insuportável ser refém da norma culta. Não consigo escrever sem acrescentar milhares de conjunções que tornam meu texto mais aceitável para a ABL. É por isso que jamais serei poeta, porque o poeta é livre e jamais estaria escolhendo conjunções para não repetir demais as que já foram usadas. Não podemos causar eco, não é legal pra norma padrão da língua portuguesa. Perdi completamente o rumo desse texto, deve ser porque eu estou me sentindo um pouco mais livre, já que não estou respeitando nenhum parágrafo durante essa digitação frenética. Mas ora, desrespeitar regras exemplifica liberdade? Queria ter escolhido uma palavra bem melhor que “exemplifica”, mas não me veio nenhuma a mente. Do que eu estava falando mesmo: Ah é, da miséria da alma humana, ou da ausência dela. Ausência da miséria? Ausência da alma humana? Configura ambiguidade? Acho que não. Como eu estava dizendo antes de me perder completamente, não acredito na miséria da alma humana; mesmo a alma mais pobre de qualquer sentimento considerado valoroso ou “de bem” pela moral cristã ou pela ética kantiana, ainda essa alma terá algo de belo e infinito. A alma humana foi criada, ela surgiu e penetrou um corpo antes inerte; a matéria morta se tornou um ser pensante e capaz de tomar decisões, isso é um milagre, não é? Aliás, isso ou isto? Qual seria correto nesse caso? Não consigo me lembrar dessa aula de gramática. Vocês acham que compromete o sentido? Vocês quem? Enfim, o que estou querendo dizer é que acredito que todos temos uma alma que surgiu por algum tipo de milagre ou obra de um ser superior, somos seres incríveis, dotados de consciência e podemos fazer qualquer coisa, pois somos donos de nossa liberdade. Viver a liberdade depende de nossas escolhas. Eu estou fazendo uma escolha bem agora, e preciso de força e resignação para conseguir levá-la até o fim. Você conhece alguém que se comprometeu a viver com o mínimo possível? Consigo pensar em grandes personalidades como Jesus Cristo, Mahatma Gandhi, Madre Tereza de Calcutá... Já deixo claro que não é bem por aí. O cansaço do exagero penetrou minha alma. Tenho vivido de inúmeros exageros em minhas vida... Amar demais, sofrer demais, dramatizar demais, rir demais, beber demais, comer demais, gastar demais, falar demais, rancor demais, passado demais, preocupação demais... é, acho que já deu para entender. Quero me propor a fazer as coisas de forma diferente. Quero me dedicar a utilizar em minha vida somente o necessário. Não quero mais me perguntar o que eu quero, mas sim o que eu preciso. O que eu preciso no momento, não o que eu preciso daqui a um dia, uma semana, um mês, um ano... O que eu preciso no momento presente. Não será nada fácil essa jornada, pois tenho me acostumado a viver assim ao longo dos meus 23 anos e todos os meus planos estão pautados nessa forma de viver. Pois bem, meus queridos, preciso de novos planos; até porque, nada mais justo, já que estou me sentindo uma nova mulher a dias. Uma nova mulher precisa de novos hábitos, novos sonhos, novas formas de ser feliz, novas descobertas, novas roupas, novo corpo. Estou animada. Volto pra dizer como está indo a minha jornada.