Desabafos de uma vida pesada para a cabeça ficar mais leve...
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Oi, responsabilidade.
Hoje tive uma conversa comigo mesmo como se estivesse falando com alguém, mas no fundo, reafirmando para mim tudo que eu tinha vontade de dizer e de ser. Sempre me faltou muita coragem para muitas coisas, de dar o primeiro passo, de desistir, enfim, de arriscar. Engraçado que isso não me acontece em relação aos começos. Sempre penso muito, idealizo muito. Vou lá e começo a fazer mil coisas ao mesmo tempo. Sempre fui assim, desde criança, aprendendo algum curso da escola pela manhã, a tarde estudando, a noite ora nadando, ora aprendendo violão. Em ir lá falar com aquela pessoa... Mas aos finais, não sou a mesma pessoa. Morro de medo de me despedir, ainda mais quando meu corpo inteiro pede pra ficar. Morro de medo de finais. Sempre que concluo alguma coisa, parte de mim se sente feliz e outra um tanto vazia, que logo eu tenho que preencher com algo. Com pessoas é pior, muito pior. Eu não consigo. Nunca terminei um relacionamento sério. Nunca. Todos, sem exceção, terminaram comigo. Por mais que eu estivesse infeliz, segurando o que não tinha mais o que segurar, aguentando o insuportável, eu não conseguia dizer adeus. E nenhum foi capaz de me dizer isso olhando nos meus olhos. Sempre foi por mensagem. Sempre tive a sensação de que não fiz o suficiente, que não fui o suficiente. Anos depois, analisando a situação com outra cabeça, é que começo a ver os erros estúpidos que eu deixava passar, não só do outro, mas meus também.
Ao ter essa conversa, pude notar o quanto sozinha mudei. Então concluí: tenho que ter mais responsabilidade. Responsabilidade comigo, com quem eu amo, com o que me proponho a fazer, levar a sério mesmo. Não que antes eu não tenha feito nada de forma responsável, mas eu sempre esperava por alguma circunstância, por um alguém, por uma coisa... Sinto uma maturidade tomando conta de mim como nunca senti antes. Não sei se pela proximidade com o meu aniversário, farei 22 anos sexta, mas sinto que março não é mais o mesmo. Perdi o sentimento de ansiedade por algo bom, de esperar que me fizessem algo de bom. Mas agora não. Eu irei fazer. Eu irei dizer. Eu irei sentir. Eu vou ser chefe do meu futuro. Eu vou ser dona de mim. Eu vou. Eu.
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Querida Marina
Hoje você apareceu. Me assustei. Coração bateu mais forte. Senti um frio na barriga.
Você me perguntou se eu ainda morava no mesmo lugar, acompanhado de uma foto de uma cartinha que eu tinha escrito. Tinha minha letra e tudo. Uma grafia que eu usava há alguns anos. Hoje eu escrevo meu nome diferente. Muitas coisas são diferentes agora.
Sabe, você sumiu. Você e outras pessoas que eu julgava tão importantes. Mas com você sempre foi diferente. E é até engraçado. Nunca te vi. Nunca te abracei. Nunca pude viver sequer um dia contigo. Mas por muito tempo você sempre esteve presente. Eu achava que com você eu poderia falar qualquer coisa. Eu sei que nunca fui um exemplo de pessoa. Na época que a gente se conheceu, eu não sabia o que tava fazendo da vida. Era tudo uma bagunça. Mas com você era calmaria. Ficávamos horas no telefone. Você indo pra escola a noite, o caminho era longo, longo o suficiente pra eu te contar o meu dia. Eu gostava da nossa rotina, dos laços que a gente criou. Você começou a namorar um cara estranho e esqueceu de mim. E eu, fui me esquecendo de você. Aos pouquinhos. Você sempre ia e voltava. Ia e voltava. Eu já não sabia mais o que eu era pra você.
Sabe outra coisa, nunca fui muito de ir atrás das pessoas. Mesmo aquelas que eu amava mesmo. Mas com você eu sempre fui. Me aproximei até da sua família pra ter notícias suas. Não sei se você pensou em mim. Mas eu continuava ali. Até o dia em que te perguntei do fundo da alma se ainda existia algo. Você foi tão fria em dizer que sim. Ainda tentei outra, e você, sempre respondendo com um jeito que eu não conhecia mais. Eu sei, faz parte da vida mudar. Eu mudei muito, mas muita coisa pra melhor. Outras pra pior. Houve momentos em que precisei tanto de alguém e eu queria tanto que esse alguém fosse você. Que do nada você iria aparecer e falar comigo, brincar, contar do dia, das angústias...
Eis que você aparece, trazendo a tona tudo que eu achava que eu tinha esquecido. Pensei ter superado essa ligação com amigos, considerando o tanto de pessoas que foram embora da minha vida, mas não. Com você sempre é diferente.
Parte de mim quer que você suma de vez e nunca mais fale comigo. Outra parte espera algum sinal de fumaça teu, não importa a que tempo. Mas aí, lembrei que você tinha guardado o presente que te enviei. E eu, nunca tive nada seu...
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