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Boa noite amor
❤️•-•-•❤️
Angustiada pelo futuro, fui conversar com vocĂŞ. Reprimi o medo do julgamento e do abandono por ser tĂŁo idiota a ponto de nĂŁo saber o mĂnimo de como seguir em diante. Me contendo, tirei o que estava reprimido em meu peito com simples perguntas para se ter uma base sobre o que talvez me espera, e isso doeu.
No começo era só uma conversa entre amigos, você me explicando o que eu não sabia, razamente, mas mesmo assim explicando. Isso foi lindo, eu me sinto um pouco menos culpada por ser do jeito que sou, ignorante e hipócrita.
Enquanto conversava com você, meu coração parecia se apertar, estou com medo por ir completamente às cegas para uma vida “adulta”, e você faz isso parecer tão fácil. Sei que meus sonhos de uma vida tranquila são apenas sonhos, mas você faz parecer que pode ser muito mais.
Soltei no ar algumas poucas faculdades que eu acho interessante, esperando vocĂŞ responder e ditar meu caminho, mas vocĂŞ me surpreendeu. Me perguntou o motivo da escolha e disse que eu poderia fazer qualquer uma, e se eu nĂŁo gostasse apenas trocaria. NĂŁo acho que isso seja fácil como trocar de roupa, mas pensando melhor, tem toda a dificuldade de escolher a que mais combina e a que mais me conforta, depois comprar e aproveitar, e se eu nĂŁo gostar, posso doar. Mas mesmo assim parece muito difĂcil.
Depois de começar a chorar, decidi encerrar essa conversa. Mandei um boa noite seco com um “vlw” e soltei o telefone por alguns segundos. E quando eu olhei… “boa noite amor”. Isso mexe comigo, sei que brincamos com isso, mas sair de um assunto tĂŁo sĂ©rio para apenas uma despedida com “amor” foi um pouco de mais. VocĂŞ mexe comigo, muito mesmo, vocĂŞ parece se sentir confortável comigo e eu tento ser a mais esquisita possĂvel pra esse conforto se estender, pra vocĂŞ nĂŁo ter medo do que vocĂŞ gosta, medo de acabar sendo julgado por mim, o que jamais vai acontecer a menos que vocĂŞ cometa algo detestável, e quando eu sinto nojo, nĂŁo tem mais volta.
“Boa noite amor”.
Queria ter respondido de volta, mas agora estou aqui passando a madrugada pensando nesses pequenos gestos que vocĂŞ anda fazendo. Eu sinceramente nĂŁo sei se vocĂŞ vai apenas na minha onda, mas isso mexe comigo. Acho que estou muito sensĂvel mesmo.
Boa noite meu amor ❤️
❤️•-•-•❤️
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Espelho d’água
O céu estava coberto por nuvens mais brancas que a neve sobre o solo, mas mesmo assim, os raios do sol iluminaram o gelo. Um homem, carregando uma antiga caixa de ferramentas em uma das mãos, e na outra, um enorme e desgastado machado, passava em uma velha trilha com o destino no imenso lago da região.
Os galhos das arvores batiam na vara de pesca, presa nas costas do homem, jogando um pouco de neve por onde ele passava. Enquanto andava, poucos pássaros eram vistos voando e cantando, não se via animais maiores e nem mesmo os insetos saiam de seus esconderijos. Algumas teias congeladas podiam ser deslumbradas a cada arbusto que se encontrava no caminho, talvez suas donas estivessem congeladas por aqui também.
Assim que chegou na margem daquele lago, respirou profundamente sentindo o ar congelando seus pulmões em uma tentativa de evitar o enjoo que sentia desse lugar. Ainda com temor, pisou e andou no gelo até o centro daquela área, então se ajoelhou organizando suas coisas sobre a água expeça. O frio incomodava, mesmo com os casacos de pele.
Depois de organizar seus equipamentos, empunhou seu machado e, com sua força, começou a surrar o gelo. Assim que a primeira rachadura foi feita, com um brusco pulo para traz, empunhou seu machado com mais força focando seu olhar pálido para a figura de uma mão puxando o gelo por dentro da agua. Em um momento de desespero, ele balançou a cabeça fechando os olhos como se quisesse que fosse apenas uma pequena alucinação causada pelo frio intenso. Mas não, outra mão foi apoiada e o rosto de uma mulher pálida surgiu do breu do lago.
No mesmo instante ele a reconheceu, e com a adrenalina no corpo começou a bater seu machado no gelo com toda sua força, rachando cada vez mais. Assim que conseguiu abrir um buraco, com as mãos nuas começou a tirar os cubos de gelo que estavam em sua frente. A mulher começou a afundar, desaparecendo nas sombras, e com o coração batendo mais forte que seu machado, prendeu sua respiração e pulou na água sem pensar duas vezes.
Suas roupas quentes queimavam sua pele com a temperatura baixa da água, quase não conseguia manter seus olhos abertos e mesmo assim tentava. Se mexeu em todos os sentidos tentando enxergar a mulher, nadou um pouco mais para o fundo e o que viu foram peixes roendo e passando por pilhas de ossos soltos flutuando, fazendo ele soltar algumas bolhas de ar. Um cadáver, no meio do breu, estava usando roupas familiares, mas no meio do desespero, ninguém pararia para pensar nisso. Ele tentou voltar para cima, mas não achava o buraco que havia feito. Seu coração quase na boca o mandava bater no gelo para abrir um novo buraco, e então viu outras mãos, brancas e machucadas seguidas de um rosto feminino se debruçando em lágrimas, quase sendo tampado pelos cabelos compridos da menina. Ela tentava bater no gelo com suas mãos nuas, mas de repente, uma pancada feita de um desgastado, grande e velho machado, vinda de outra mulher mais idosa que a menina, quebra o gelo.
O homem sente o alĂvio do resgate, enquanto perdia suas forças. NĂŁo fazia mais sentido tentar nadar se estava sendo resgatado. E entĂŁo seu corpo começou a afundar, a envelhecer e a corroer atĂ© os ossos com o destino no infinito breu do lago.
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